Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO DE APOIO À ESCOLA TÉCNICA - FAETEC ETEFEV ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA Rua General Canabarro, 291 Maracanã - CEP 20271-200 TEL: 2569-0224 TELEFAX: 2569-6927 Curso Técnico de Mecânica – Máquinas Térmicas TERMODINÂMICA BÁSICA A Termodinâmica surgiu simultaneamente à revolução industrial em decorrência do estudo sistemático de máquinas à vapor sobre a conversão de energia térmica em movimento e trabalho mecânico. Não é preciso procurar muito para encontrar áreas de aplicação da termodinâmica. Por exemplo, a termodinâmica tem um papel essencial no projeto e análise de motores de automóveis e de aviões a jato, de centrais térmicas convencionais e nucleares, de sistemas de ar condicionado, de máquinas frigorificas, etc. Por isso, um bom entendimento dos princípios da termodinâmica tem sido uma parte essencial da formação de técnicos. ENERGIA TÉRMICA Todo o sistema termodinâmico se baseia em transporte de energia térmica. A energia térmica corresponde à soma da energia cinética de cada partícula pertencente a este sistema. Como exemplo de um sistema termodinâmico, imagine um recipiente contendo um gás. Se fosse possível ver as microscópicas moléculas do gás, seria possível perceber que elas se movimentam ao acaso com grandes velocidades. Esse movimento denominado de agitação térmica se dá ao acaso e em todas as direções. Fornecendo calor ao gás e aquecendo-o, a energia que ele recebe é transformada em energia cinética microscópica de suas moléculas. Quanto mais quente o gás ficar, mais rápido suas moléculas se movimentarão. Dessa forma, a energia térmica é uma forma de energia cinética microscópica. Apesar de o corpo como um todo estar parado, ao receber energia térmica, suas moléculas passarão a ter uma maior energia cinética. Fig.01: energia térmica de um corpo. Não se deve confundir energia térmica, calor e temperatura. Não se deve pensar que temperatura é uma medida direta da energia térmica de um sistema, pois não o é. A energia térmica representa a quantidade total de energia cinética atrelada às partículas de um sistema termodinâmico, sendo por tal uma grandeza extensiva* - cujo valor depende do número N de partículas encerradas no sistema. A temperatura - uma grandeza intensiva* - está atrelada à razão entre a citada energia térmica de todo o sistema e o número de partículas N encerradas no sistema; ou seja, a temperatura associa-se à energia cinética média de cada uma das partículas desse sistema. * As grandezas intensivas são propriedades físicas que não dependem da extensão do sistema, isto é, são independentes do tamanho ou da quantidade de matéria de um dado sistema. Já as grandezas extensivas, tal como o nome indica, dependem da extensão do sistema, isto é, variam de forma proporcional com o tamanho ou a quantidade de matéria existente num dado sistema. Exemplos: Therme + Dynamis Calor Força Anotações de aula Termodinâmica Básica 2 Grandezas intensivas: temperatura, pressão, massa específica, ponto de fusão, ponto de ebulição), etc. Grandezas extensivas: massa, volume, quantidade de substância, energia interna, capacidade calorífica, etc. MUDANÇA DE ESTADO Como se sabe, a matéria é constituída de átomos e moléculas. Quando estas partículas estão ligadas entre si de maneira tão forte que não permitem mudanças de forma do material, diz-se que ele está no estado sólido. Para desfazer estas ligações, deve-se fornecer energia ao corpo. Assim fazendo, os laços rígidos entre as partículas se enfraquecem e, apesar de o material continuar agregado, as partículas passam a “escorregar” umas em relação às outras. O material não consegue mais manter uma forma própria, assumindo a do recipiente que o contém. Neste caso, diz-se que o material está no estado líquido. Se continuar a fornecer energia térmica ao material, as ligações entre as partículas ficam ainda mais fracas e passam a se mover livremente pelo espaço a seu redor. Neste caso, diz-se que o material está no estado de vapor ou gasoso. Neste caso as partículas se expandem para preencher todo o espaço disponível. As mudanças de estado de agregação recebem nomes particulares: Para cada substância, as mudanças de estado ocorrem em temperaturas fixas, desde que não se altere a pressão. Se você fornecer energia térmica a um bloco de gelo que estava, por exemplo, a –10 ºC, notará o gelo aquecer até que sua temperatura chegue a 0 ºC. Neste momento, todo fornecimento de energia térmica será usado, não mais para aumentar a temperatura, mas sim para desfazer as ligações que mantêm o gelo sólido. Nota-se que o gelo começa a fundir, mas o fornecimento adicional de energia não resultará em aumento da temperatura. Enquanto todo o gelo não se transformar em água, a temperatura do sistema se manterá em 0 ºC. Só depois de completada a fusão é que a energia adicional que está sendo fornecida será consumida para o aumento da energia cinética das moléculas da água. A partir daí, a água resultante da fusão começará a aquecer, aumentando sua temperatura. Fig. 02: Mudança de estado físico. ESCALAS DE TEMPERATURA A temperatura é uma das grandezas básicas do Sistema Internacional de Unidades e está relacionada à energia térmica de um sistema. Para que a temperatura possa ser considerada uma grandeza física, é necessário que se possa medi-la, para que se tenha um conceito quantitativo desta grandeza. Esta medida é feita com termômetros que utilizam diferentes escalas de temperatura. Termodinâmica Básica 3 ESCALA KELVIN Trata-se de uma escala absoluta de temperatura, universalmente adotada. Uma escala de temperatura é dita absoluta quando o “zero” da escala corresponde à temperatura mais baixa possível, o chamado “Zero Absoluto” que corresponde a – 273,15 ºC. Na temperatura de zero absoluto, o grau de agitação das moléculas que compõe um corpo é nulo. É a temperatura de menor energia possível. ESCALA CELSIUS (centesimal ou centígrada) O grau Celsius (ºC) designa a unidade de temperatura, assim denominada em homenagem ao astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744), que foi o primeiro a propô-la em 1742. Esta escala é utilizada em quase todos os países do mundo para as medidas do dia a dia. Esta escala é baseada em dois pontos de calibração: - o ponto de congelamento da água (0 ºC) - o ponto de ebulição da água (100 ºC). A temperatura na escala Celsius TC em termos da escala Kelvin é dada pela equação: ESCALA FAHRENHEIT É a escala utilizada em países de língua inglesa. A escala Fahrenheit também foi originalmente baseada em dois pontos fixos: - o ponto de congelamento da água (32 ºF) - o ponto de ebulição da água (212 ºF) Transformando ºF para ºC: Transformando K para ºF: Fig.03: Escalas de temperatura. EQUAÇÃO TERMOMÉTRICA Uma escala termométrica corresponde a um conjunto de valores numéricos onde cada um desses valores está associado a uma temperatura. Para a graduação das escalas são escolhidos, para pontos fixos, dois fenômenos que se reproduzem sempre nas mesmas condições. Por exemplo: a fusão do gelo e a ebulição da água, ambos sob pressão normal. Por intermédio desta equação pode-se relacionar os valores de temperatura de qualquer escala de medição. ZERO ABSOLUTO = 0 KELVIN (K) TC = TK – 273,15 ºCTermodinâmica Básica 4 Exercícios 1. A que temperatura as escalas Fahrenheit e Celsius coincidem ? R: - 40 2. A que temperatura as escalas Fahrenheit e Kelvin coincidem ? R: 574,25 3. A que temperatura a leitura da escala Fahrenheit é igual a : (a) duas vezes a da escala Celsius ? R: 320 ºF (b) metade da escala Celsius ? R: -12 ºF 4. Suponha que você encontre antigas anotações científicas que descrevem uma escala de temperatura chamada Z, na qual o ponto de ebulição da água é 65 ºZ e o ponto de congelamento é de -14 ºZ. A que temperatura na escala Farenheit uma temperatura T= -98,0 ºZ corresponderia ? R: F = -159,4 ºF 5. Supondo que em um livro de física muito antigo você encontre a referência a uma escala P, cujos pontos fíxos eram -20 ºP para a fusão do gelo e 130 ºP para a água em ebulição. Determine: (a) a relação entre a escala Celsius e essa escala e (b) a temperatura em graus Celsius que corresponde a 70 ºP. R: - - ; 60 ºC Termodinâmica Básica 5 CALOR (Q) O Calor (Q) pode ser definido como sendo uma forma de energia térmica em transição/movimento. Calor é a energia que flui entre um sistema e a sua vizinhança devido a uma diferença de temperatura entre eles. Calor não é uma propriedade dos sistemas termodinâmicos, e por tal não é correto afirmar que um corpo possui mais calor que outro, e tão pouco é correto afirmar que um corpo "possui" calor. Calor representa energia em transição não é uma propriedade de um sistema ou de um corpo. O termo “calor” representa a transição de energia de um corpo mais quente para um corpo mais frio. Obs: Sistema é qualquer parte limitada do universo que, no momento, está sendo observada/estudada. Ambiente ou Exterior é tudo aquilo que não faz parte do sistema. O calor é positivo quando a energia térmica se transfere do ambiente para o interior do sistema de referência (diz-se que o calor é absorvido). O calor é negativo quando se transfere energia térmica do sistema para o seu ambiente (diz-se que o calor é liberado ou perdido). Fig. 04: Se a temperatura de um sistema exceder a do seu ambiente o sistema perde Calor (Q) para o ambiente até que se estabeleça um equilíbrio térmico. Se a temperatura do sistema estiver abaixo da temperatura do ambiente, o sistema absorve calor até se estabelecer o equilíbrio térmico. . Sendo o calor uma espécie de energia, as unidades utilizadas na definição de quantidades de calor são unidades de energia: - cal (caloria) - kcal (quilocaloria) - J (joule) - kJ (quilojoule) - kWh (quilowatt-hora) Calor é uma espécie de energia que é transferida entre dois sistemas em virtude de apenas existir entre eles uma diferença de temperatura. Termodinâmica Básica 6 - BTU (British Termal Unit) OBS: CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE Quando um corpo ganha, ou perde, calor dois casos podem ocorrer: 1) Ele permanece no mesmo estado, mas sua temperatura varia; 2) Ele muda de estado, mas sua temperatura não se altera. No primeiro caso, a quantidade de calor ganha, ou perdida, pelo corpo é denominada calor sensível. No segundo caso, a quantidade de calor ganha, ou perdida, é denominada calor latente. CALOR LATENTE Como foi mencionado, uma substância altera a sua temperatura quando ela troca calor com a sua vizinhança. No entanto, um corpo pode absorver certa quantidade de calor e manter sua temperatura constante. Por exemplo, uma pedra de gelo a 0 °C é retirada do congelador e colocada dentro de um copo na temperatura ambiente de 30 °C. Esse material irá absorver calor da sua vizinhança e transformar-se em água a uma temperatura de 0 °C. No exemplo acima não houve mudança de temperatura, mas houve mudança de estado físico, do estado sólido para o líquido. O mesmo pode ocorrer no caso do corpo ceder calor para o ambiente, como, por exemplo, na evaporação. A propriedade física que define a quantidade de calor (Q) necessária para uma mudança de fase de uma massa m de determinada substância é chamada calor latente, e é definida como: Q = calor recebido / cedido m = massa da substância considerada A unidade mais comum do calor latente é cal/g (unidade de energia / unidade de massa). Calor latente de fusão Lf é o termo usado quando a mudança de fase é do sólido para o líquido (fundir significa “combinar por derretimento"), e o calor latente de vaporização Lv é o termo usado quando a mudança de fase é do líquido para o gasoso (o líquido “vaporiza"). O calor latente de várias substâncias varia consideravelmente. Substância Ponto de Fusão (K) Calor Latente de Fusão (kJ/kg) Ponto de Ebulição (K) Calor Latente de Vaporização (kJ/kg) Água 273 333 373 2256 Prata 1235 105 2323 2326 Oxigênio 54,8 13,9 90,2 213 Mercúrio 234 11,4 630 296 Hidrogênio 14,0 58,0 20,3 455 Cobre 1356 207 2868 4730 Chumbo 601 23,2 2017 858 Termodinâmica Básica 7 CALOR SENSÍVEL Calor sensível é aquele que provoca apenas uma variação de temperatura dos corpos, diferenciando-se do calor latente, que muda a estrutura física dos mesmos. Assim, se o corpo é sólido, continua sólido, se é líquido continua líquido e, se é gasoso, continua gasoso. Ocorre apenas a variação da temperatura. O calor sensível normalmente é medido em cal/g.Cº. Essa medição irá nos informar a quantidade de calor (cal) que uma quantidade de massa (g) leva para aumentar ou diminuir sua temperatura (ºC). Para se calcular o calor sensível de um material, é necessário conhecer o calor específico do mesmo. Considerando o calor específico (c) de um corpo e a variação da temperatura (∆θ), a equação do calor sensível pode ser descrita da seguinte maneira: Q = m . c. ∆θ COMO OBTER O CALOR ESPECÍFICO PARA O CÁLCULO DO CALOR SENSÍVEL ? CAPACIDADE CALORÍFICA (OU TÉRMICA) DE UM CORPO É a razão entre a quantidade de calor (Q) que ele recebe e a variação de temperatura Δθ que ele sofre: ∆ ∆ C = capacidade térmica de um corpo Desse modo pode-se calcular a capacidade térmica de 1 litro de água, de 2 litros de água, 1 litro de azeite, etc. A capacidade térmica caracteriza o corpo, e não a substância que o constitui. Dois corpos de massas e de substâncias diferentes podem possuir a mesma capacidade térmica. Dois corpos de massas diferentes e de mesma substância possuem capacidades térmicas diferentes. A grandeza que caracteriza uma substância é o calor específico. CALOR ESPECÍFICO DE UMA SUBSTÂNCIA Corpos de massas (m) diferentes, constituídos do mesmo material, apresentam capacidades térmicas (C) proporcionais à massa, isto é: Onde c é uma constante cujo valor depende do material e das unidades utilizadas. É uma propriedade do material. Desta forma, o calor específico de um material é definido como sendo a quantidade de calor Q necessária para elevar em 1 ºC a massa de 1 grama de determinado material, ou seja: ∆ ∆ Esta equação possibilita o cálculo do calor sensível. A unidade no SI é J/(kg.K). Uma outra unidade mais usual para calor específico é cal/(g ºC). A tabelaabaixo apresenta o calor específico de algumas substâncias à pressão constante de 1 atm. Substância Calor Específico (cal/g.°C) água 1,0 álcool 0,58 alumínio 0,22 ar 0,24 carbono 0,12 chumbo 0,031 cobre 0,094 ferro 0,11 gelo 0,5 https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lcool https://pt.wikipedia.org/wiki/Alum%C3%ADnio https://pt.wikipedia.org/wiki/Ar https://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono https://pt.wikipedia.org/wiki/Chumbo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro https://pt.wikipedia.org/wiki/Gelo Termodinâmica Básica 8 hélio 1,25 hidrogênio 3,4 latão 0,092 madeira 0,42 mercúrio 0,033 nitrogênio 0,25 ouro 0,032 oxigênio 0,22 prata 0,056 rochas 0,21 vidro 0,16 zinco 0,093 Exemplo: Queremos aquecer 2,0 x 103 kg de água desde 20 ºC até 70 ºC queimando um óleo cujo calor de combustão vale 1,0 x 104 cal/g. Que massa de óleo deverá ser queimada ? ∆ m = 2,0 x 103 kg = 2,0 x 106 g c = 1,0 cal/g °C Δθ °C – 20 °C = 50 °C Logo: Sabe-se que: Onde m’ é a massa de óleo a ser queimada. Exemplo: Qual a quantidade de calor necessária para, sob pressão normal, elevar a temperatura de 400 g de gelo desde – 20°C até 40°C ? Calor específico do gelo = 0,55 cal/g°C Calor latente de fusão gelo = 80 cal/g Como a pressão é normal, quando o gelo atingir a temperatura de 0°C começará a fundir. Permanecerá a 0°C enquanto perdurar a fusão. Só então a sua temperatura voltará a se elevar. Tem-se: Basta calcular Q1, Q2 e Q3 e somar para se ter quantidade de calor Q desejada. ∆ ∆ Exemplo: O gráfico da figura abaixo mostra como a temperatura de 100 gramas de uma substância, inicialmente no estado sólido, varia com a quantidade de calor absorvido. a) Qual a temperatura de fusão da substância ? b) Qual o seu calor latente de fusão ? https://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lio https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrog%C3%AAnio https://pt.wikipedia.org/wiki/Lat%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Madeira https://pt.wikipedia.org/wiki/Merc%C3%BArio_%28elemento_qu%C3%ADmico%29 https://pt.wikipedia.org/wiki/Nitrog%C3%AAnio https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio https://pt.wikipedia.org/wiki/Prata https://pt.wikipedia.org/wiki/Rochas https://pt.wikipedia.org/wiki/Vidro https://pt.wikipedia.org/wiki/Zinco Termodinâmica Básica 9 a) O patamar de 240 °C representa a fusão da substância, logo a temperatura de fusão é 240 °C; b) Durante a fusão, a massa = 100 g da substância absorveu 800 – 200 = 600 cal. Logo, o calor latente de fusão é dado por: CALOR DE COMBUSTÃO Ao se queimar um combustível, obtém-se certa quantidade de calor. É desejável conhecer qual a quantidade de calor obtida ao se queimar a unidade de massa do combustível. Assim, quando se quiser obter uma quantidade de calor determinada, pode-se calcular a massa de combustível a ser queimada a fim de obtê- la. Exemplo: O calor de combustão de certo óleo combustível é 1,2 x 104 cal/g. Que massa de óleo deverá ser queimada para se obter 6,0 x 107 cal ? Calor de Combustão em cal/g Carvão 7,5 x103 Óleo diesel 10 x103 Querosene 11 x103 Gasolina 11 x103 Acetileno 12 x103 Hidrogênio 34 x103 Exercícios 1. Um corpo feito de 250 g de latão é aquecido de 0 °C até 100 °C, para isto foram utilizadas 2300 cal. Calcule: a) O calor específico do latão; R: c= 0,092 cal/g ºC b) A capacidade térmica desse corpo; R: C = 23 cal/ºC c) Se o corpo na situação final perder 1000 cal, qual será a sua temperatura ? R: t = 56,5 ºC 2. Um corpo possui massa de 500 gramas e calor específico 0,4 g/caloC. Determinar: a) A quantidade de calor que o corpo deve receber para que sua temperatura varie de 5oC para 35oC; R: Q=6.000 cal b) A quantidade de calor que o corpo deve ceder para que sua temperatura diminua de 15oC. R: Q = - 3.000 cal Termodinâmica Básica 10 TRANSFORMAÇÃO (EVOLUÇÃO) DE UM SISTEMA TERMODINÂMICO Sistema termodinâmico consiste em uma quantidade de matéria ou região para a qual nossa atenção está voltada. Demarcamos um sistema termodinâmico em função daquilo que desejamos calcular. Tudo que se situa fora do sistema termodinâmico é chamado MEIO ou VIZINHANÇA. O sistema termodinâmico a ser estudado é demarcado através de uma FRONTEIRA ou SUPERFÍCIE DE CONTROLE a qual pode ser móvel, fixa, real ou imaginária. Sistema Fechado - É o sistema termodinâmico no qual não há fluxo de massa através das fronteiras que definem o sistema. Volume de Controle - Ao contrário do sistema fechado, é o sistema termodinâmico no qual ocorre fluxo de massa através da superfície de controle que definem o sistema. Em nosso caso somente serão considerado Sistemas Fechados. Fig. 05: Sistema Termodinâmico Cada estado de um sistema termodinâmico é caracterizado por um conjunto de grandezas que traduzam as propriedades do sistema. Essas grandezas são chamadas de variáveis de estado do sistema. As principais variáveis de estado de um sistema termodinâmico são: a massa, o volume, a pressão e a temperatura. A transformação (evolução) do sistema é qualquer modificação que o sistema experimenta em suas variáveis de estado. Como exemplo de transformação de um sistema termodinâmico, tem-se: a fusão do gelo, o aquecimento de um corpo, a compressão de um gás etc. Algumas transformações recebem nomes específicos: a) Transformação Isotérmica É a que se processa à temperatura constante, sua representação gráfica é chamada de isoterma. Fig.06: Transformação Isotérmica Para uma transformação isotérmica pode-se escrever a seguinte equação: b) Transformação Isobárica É a que se processa à pressão constante. Sua representação gráfica é chamada de isóbara. Fig.07: Transformação Isobárica Para uma transformação isobárica pode-se escrever a seguinte equação: Termodinâmica Básica 11 c) Transformação Isométrica (Isocórica ou Isovolumétrica) É a que se processa à volume constante. Sua representação gráfica é chamada de isócora (ou isômetra). Fig.08: Transformação Isométrica Para uma transformação isométrica pode-se escrever a seguinte equação: d) Transformação Adiabática É a que se processa sem que haja troca de calor entre o sistema e o ambiente. Sua representação gráfica é chamada de adiabática. Fig.09: Transformação Adiabática Para uma transformação adiabática que mantém a massa constante, pode-se escrever a seguinte equação: Repare que pressão, temperatura e volume variam simultaneamente nesta transformação. Observação: quando uma transformação não pode ser classificada como nenhuma das quatro já definidas ela recebe o nome de transformação politrópica. EXERCÍCIOS: 1) O gráfico abaixo representa a variação de temperatura observada no aquecimento de uma determinada substância: Relacione as colunas com informações a respeitodo gráfico em questão: Coluna 1: I. Faixa de temperatura em que a substância permanece sólida; II. Faixa de temperatura em que a substância permanece totalmente líquida; III. Temperatura de ebulição; IV. Temperatura de fusão; V. Tempo que a fusão demora; VI. Tempo em que a substância permanece líquida. Termodinâmica Básica 12 Coluna 2: ( ) 10 minutos. ( ) 20 ºC. ( ) Entre 10 a 20 ºC. ( ) 20 minutos. ( ) Entre 20 a 40 ºC. ( ) 40ºC. 2) O gráfico a seguir representa a curva de resfriamento da água pura à pressão constante de 1 atm. Julgue se são verdadeiras ou falsas as afirmações a seguir: A. O fenômeno que ocorre na região B da curva é a solidificação e há duas fases em equilíbrio. B. Na região C da curva, há somente a fase sólida. C. Nas regiões B e D da curva, a temperatura permanece constante. D. Na região D da curva, coexistem as fases sólida e líquida. 3) Uma substância sólida é aquecida continuamente. O gráfico a seguir mostra a variação da temperatura (ordenada) com o tempo (abscissa): O ponto de fusão, o ponto de ebulição e o tempo durante o qual a substância permanece no estado líquido são, respectivamente: A) 150, 65 e 5 B) 65, 150 e 25 C) 150, 65 e 25 D) 65, 150 e 5 E) 65, 150 e 10 4) Dado o diagrama de aquecimento de um material: A alternativa correta é: A. o diagrama representa o resfriamento de uma substância pura. B. a temperatura no tempo zero representa o aquecimento de um líquido. C. 210°C é a temperatura de fusão do material. D. a transformação de X para Y é um fenômeno químico. E. 80°C é a temperatura de fusão do material. Termodinâmica Básica 13 Resposta Questão 1 (V) 10 minutos. (IV) 20 ºC. (I) Entre 10 a 20 ºC. (VI) 20 minutos. (II) Entre 20 a 40 ºC. (III) 40ºC. Resposta Questão 2 A. Falso. O fenômeno que ocorre na região B da curva é a condensação. B. Falso. Na região C da curva há somente a fase líquida. C. Verdadeiro. D. Verdadeiro. Resposta Questão 3 Alternativa “D”. O ponto de fusão é quando a temperatura permanece constante enquanto toda a substância passa do estado sólido para o líquido, ou seja, é o primeiro “patamar”, que está na temperatura de cerca 65 ºC. O ponto de ebulição é o segundo “patamar”, pois corresponde ao ponto em que a temperatura permanece constante até que todo o líquido passe para o estado gasoso, que é em exatamente 150 ºC. O tempo entre os dois patamares, isto é, entre o ponto de fusão e o ponto de ebulição é quando a substância está no estado líquido, ou seja, 5 minutos (de 20 a 25). Resposta Questão 4 Alternativa “E”. A. Errada. Não é uma substância pura porque no ponto de ebulição a temperatura não permanece constante. B. Errada. No tempo zero temos o aquecimento de um sólido. C. Errada. 210 ºC é a temperatura em que acaba a faixa de temperatura de ebulição do material. D. Errada. A transformação de X para Y é um fenômeno físico. E. Correta. 80°C é a temperatura de fusão do material. Visto que fica em uma temperatura constante. ENERGIA INTERNA (U) Em um sistema termodinâmico, pode-se definir a Energia Interna como sendo a soma das energias cinéticas do movimento caótico das partículas que compõe esse sistema e das energias potenciais de interações dessas partículas entre si. Observa-se que e a energia interna não está relacionada com o movimento do corpo como um todo, ou com a sua posição em relação a um dado referencial. A Energia Interna associa-se à troca de Energia Térmica por intermédio do ganho ou da perda de calor. Portanto, variações de temperatura influenciam a Energia Interna. aumento na temperatura (ΔT > 0) = aumento de energia interna (ΔU > 0) diminuição na temperatura (ΔT < 0) = diminuição de energia interna (ΔU < 0) temperatura constante (ΔT = 0) = energia interna constante (ΔU = 0) O valor da Energia Interna do sistema depende das condições termodinâmicas (pressão/temperatura/troca de calor/variação de volume) no instante considerado. A variação da Energia Interna (ΔU) só depende do estado inicial e do estado final do sistema na transformação. Durante uma transformação, o sistema pode trocar energia com o meio ambiente sob duas formas: calor e trabalho. Como resultado dessas trocas energéticas, a Termodinâmica Básica 14 energia interna do sistema pode aumentar, diminuir ou permanecer constante. 1º Princípio da TERMODINÂMICA A variação da energia interna ∆U de um sistema é expressa por meio da diferença entre a quantidade de calor Q trocada com o meio ambiente e o trabalho W realizado durante a transformação. ΔU = Q – W onde: Q = calor cedido ou recebido pelo sistema W = trabalho cedido ou recebido pelo sistema A convenção de sinais para a quantidade de calor trocada Q e o trabalho realizado W é a seguinte: calor recebido pelo gás: Q > 0 calor cedido pelo gás: Q < 0 trabalho realizado pelo gás expansão (cedido): W > 0 compressão (recebido): W < 0 O primeiro princípio da Termodinâmica foi estabelecido considerando-se as transformações gasosas. No entanto, esse princípio é válido em qualquer processo natural no qual ocorram trocas de energia. Exemplo: Um gás recebe 50 J de calor de uma fonte térmica e se expande, realizando um trabalho de 5 J. Q = 50 J e W = 5 J A variação da energia interna sofrida pelo gás é igual a: ∆U = Q – W = 50 J – 5 J = 45 J CALOR TROCADO EM UMA TRANSFORMAÇÃO GASOSA Um gás pode sofrer inúmeras transformações e, em cada uma, trocar uma quantidade de calor diferente. Mesmo que a variação de temperatura seja a mesma, verifica-se que o calor específico do gás é diferente para cada processo. Podemos então dizer que cada gás possui infinitos calores específicos. Desses, dois apresentam particular importância: o calor específico a pressão constante (Cp) e o calor específico a volume constante (Cv). Então, sendo m a massa de gás e ∆T a variação de temperatura sofrida num processo isobárico, a quantidade de calor trocada pode ser dada por: Q p = m Cp ∆T Do mesmo modo, num processo isocórico (isométrico), para a mesma massa m e para a mesma variação de temperatura ∆T, a quantidade de calor trocada é dada por: QV = m Cv ∆T É importante observar que sempre Cp > Cv Essa diferença se explica tendo em vista que, para uma mesma variação de temperatura ∆T, o gás tem que receber maior quantidade de calor na transformação isobárica, pois uma parte da energia recebida deve ser utilizada na realização do trabalho de expansão. Gás Cp (cal/g K) CV (cal/g K) Argônio 0.125 0.075 Hélio 1.25 0.75 Oxigênio 0.218 0.155 Nitrogênio 0.244 0.174 Hidrogênio 3.399 2.411 Monóxido de carbono 0.25 0.178 Dióxido de carbono 0.202 0.149 Amônia 0.52 0.396 A relação entre o calor específico a pressão constante e o calor específico a volume constante constitui o denominado expoente de Poisson * do gás: Termodinâmica Básica 15 * Siméon Denis Poisson (1781-1840) – matemático e físico francês. TRABALHO E CALOR EM TRANSFORMAÇÕES GASOSAS Transformação ISOBÁRICA O trabalho realizado em uma transformação Isobárica depende da variação do volume (ΔV) dessa transformação. Na expansão isobárica, isto é, quando o volume aumenta, tem-se: ∆V > 0 ⇒ W > 0 Neste caso, dizemos que o gás realizou trabalho, o que representa uma perda de energia para o ambiente. Se o gás sofrer uma compressão isobárica, isto é, se o volume diminuir,teremos: ∆V < 0 ⇒ W < 0 Portanto o ambiente é que realizou trabalho sobre o gás, o que representa para o gás um ganho de energia do ambiente. O trabalho na transformação Isobárica será definido por: W = p · ΔV Onde: p = pressão da transformação isobárica ΔV = variação de volume Pode-se representar esta transformação em um sistema de eixos cartesianos, em que se representa em ordenadas a pressão e em abscissas o volume (chamado de diagrama de Clapeyron*), a transformação Isobárica é representada por uma reta paralela ao eixo dos volumes. Este gráfico tem uma importante propriedade: a área da figura compreendida entre a reta representativa e o eixo dos volumes mede numericamente o módulo do trabalho realizado na transformação. Sendo a área do retângulo o trabalho realizado no processo: * Benoit Paul Émile Clapeyron (1799-1864) foi um engenheiro e físico-quimico francês. Foi um dos fundadores do estudo da termodinâmica. Fig.10: Trabalho realizado em uma transformação isobárica. Embora a propriedade acima tenha sido estabelecida para a transformação Isobárica, ela pode ser generalizada. Assim, qualquer que seja a transformação gasosa ocorrida, a área entre a curva representativa no gráfico e o eixo dos volumes mede numericamente o módulo do trabalho realizado no processo. Observe que só haverá realização de trabalho na transformação, quando houver variação de volume. Fig.11: Trabalho realizado em um diagrama de Clapeyron. Exemplo: Numa transformação sob pressão constante de 800 N/m2, o volume de um gás ideal se altera de 0.02 m3 para 0.06 m3. Determine o trabalho realizado durante a expansão do gás. ∆V = Vf - Vi ∆V = 0.06 m3 - 0.02 m3 Termodinâmica Básica 16 ∆V = 0.04 m3 W = p × ∆V = 800 N/m2 × 0.04 m3 W = 32 Nm = 32 J A quantidade de calor trocada na transformação isobárica será: Q p = m Cp ∆T Transformação ISOCÓRICA / ISOMÉTRICA Na transformação isocórica, em que o volume permanece Constante, não há realização de trabalho, sendo W = 0. No diagrama de Clapeyron, essa transformação é representada por uma reta paralela ao eixo das pressões. Fig.12: Trabalho realizado em uma transformação isocórica A quantidade de calor trocada QV é dada por: Qv =m·Cv·Δθ Tendo-se em vista o primeiro princípio da termodinâmica, para a transformação isocórica (W = 0), teremos: ΔU = Qv Portanto, na transformação isocórica, a variação da energia interna é igual à quantidade de calor trocada pelo gás. Exemplo: Num dado processo termodinâmico, certa massa de um gás ideal recebe calor de uma fonte térmica cuja potência é 20 J/min durante 13 min. Verifica-se que nesse processo o gás sofre uma expansão, tendo sido realizado um trabalho de 60 joules. Determine a variação de energia interna sofrida pelo gás. ∆ ∆ O trabalho realizado pelo gás é portanto positivo, visto que ocorre uma expansão. W = 60 J A variação de energia interna é determinada por: ∆ ∆ Exemplo: Sob pressão constante de 20 N/m², um gás ideal evolui do estado A para o estado B, cedendo, durante o processo 750 J de calor para o ambiente. Determine o trabalho realizado sobre o gás no processo e a variação de energia interna sofrida pelo gás. Termodinâmica Básica 17 Durante a transformação o gás cede 750 J, logo Q = - 750 J O trabalho realizado sobre o gás no processo, já que esse gás sofre uma compressão, pode ser calculado por: ∆ Com a Primeira Lei da Termodinâmica podemos calcular a variação da energia interna: ∆ ΔU = - 450 J Portanto a energia interna no processo diminui. Transformação ISOTÉRMICA Consideremos que, isotermicamente, um gás passe de um estado inicial 1, caracterizado por p1 e V1, para um estado final 2, com p2 e V2. Com já vimos, essas grandezas podem ser relacionadas por p1·V1 = p2 ·V2 No diagrama de Clapeyron, a representação gráfica é uma hipérbole eqüilátera e o módulo do trabalho realizado é dado, numericamente, pela área indicada na figura. Fig. 13: Trabalho em uma transformação isotérmica. De acordo com a Lei de Joule dos gases perfeitos (ver Anexo), como a temperatura permanece constante, a energia interna não varia, isto é: ΔT = 0 → ΔU = 0 Com o primeiro princípio da Termodinâmica, podemos concluir que em uma transformação isotérmica. W = Q Portanto, na transformação isotérmica, o trabalho realizado no processo é igual à quantidade de calor trocada com o meio ambiente. Observe que, para a transformação isotérmica de um gás, embora a temperatura permaneça constante, ocorre troca de calor com o ambiente. As considerações energéticas acima são válidas sempre que a temperatura final do gás é igual à inicial, mesmo que ela tenha variado no decorrer do processo. Transformação ADIABÁTICA Chama-se adiabática a transformação gasosa em que o gás não troca calor com o meio ambiente, seja porque o gás está termicamente isolado, seja porque o processo é suficientemente rápido para que qualquer troca de calor possa ser considerada desprezível. Assim: Q = 0 Verifica-se que as três variáveis de estado (pressão, volume e temperatura) se modificam num processo adiabático. Além da expressão Pode-se utilizar a expressão Onde Termodinâmica Básica 18 Em termos energéticos, ao sofrer uma transformação adiabática, o gás não troca calor com o meio exterior, mas ocorre realização de trabalho durante o processo, uma vez que há variação volumétrica. Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica, tem-se: ΔU = Q - W onde Q = 0 Portanto, numa transformação adiabática, a variação de energia interna ΔU é igual em módulo ao trabalho realizado W, mas de sinal contrário. Fig. 14: Como nas outras transformações, a área indicada no diagrama mede numericamente o módulo do trabalho realizado na transformação adiabática. 2ª LEI DA TERMODINÂMICA A Segunda Lei da Termodinâmica estabelece restrições para à conversão de calor em trabalho, realizada pelas chamadas máquinas térmicas. Para haver conversão contínua de calor em trabalho, um sistema deve realizar continuamente ciclos entre uma fonte quente e uma fonte fria, que permanecem em temperaturas constantes. Em cada ciclo, é retirada uma certa quantidade de calor (Q1) da fonte quente, que é parcialmente convertida em trabalho (W), sendo o restante (Q2) rejeitado para a fonte fria. Fig. 15: transformação de calor em trabalho Por exemplo, numa locomotiva a vapor, a fonte quente é a caldeira de onde é retirada a quantidade de calor Q1 em cada ciclo. Parte dessa energia térmica é convertida em trabalho mecânico W, que é a energia útil. A parcela de calor não aproveitada Q2 é rejeitada para a atmosfera, que faz as vezes da fonte fria. O rendimento de uma máquina térmica é dado pela relação entre o trabalho W obtido dela (energia útil) e a quantidade de calor Q1 retirada da fonte quente (energia total). Assim: η = rendimento de uma máquina térmica Considerando em módulo as quantidades energéticas envolvidas, o trabalho obtido é a diferença entre as quantidades de calor Q1 e Q2. Tem-se então: CICLO DE CARNOT * * Nicolas Léonard Sadi Carnot (1796-1832)foi um físico, matemático e engenheiro francês que deu o primeiro modelo teórico de sucesso sobre as máquinas térmicas, o ciclo de Carnot. ΔU = - W Termodinâmica Básica 19 Carnot demonstrou que o maior rendimento possível para uma máquina térmica entre duas temperaturas T1 (fonte quente) e T2 (fonte fria) seria o de uma máquina que realizasse um ciclo teórico, constituído de duas transformações isotérmicas e duas transformações adiabáticas alternadas. Esse ciclo, conhecido como ciclo de Carnot, está esquematizado na Fig. 15: AB é uma expansão isotérmica, BC é uma expansão adiabática, CD é uma compressão isotérmica e DA é uma compressão adiabática. Fig.16: Ciclo de Carnot No ciclo de Carnot, as quantidades de calor trocadas com as fontes quente e fria (Q1 e Q2) são proporcionais às respectivas temperaturas absolutas (T1 e T2): Substituindo em , obtem-se a expressão que fornece o máximo rendimento entre as duas temperaturas das fontes quente e fria: Observe que o rendimento de uma máquina que realiza o ciclo teórico de Carnot não depende da substancia de trabalho, sendo função exclusiva das temperaturas absolutas das fontes fria e quente. Para que haja 100% de rendimento, todo o calor vindo da fonte quente deverá ser transformado em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte fria deverá ser 0 Kelvin. Desta forma é impossível construir uma máquina térmica com rendimento ideal, isto é, que transforme todo o calor recebido em trabalho mecânico. Termodinâmica Básica 20 EXERCÍCIOS: 1) “Um motor só poderá realizar trabalho se receber uma quantidade de energia de outro sistema. No caso, a energia armazenada no combustível é, em parte, liberada durante a combustão para que o aparelho possa funcionar. Quando o motor funciona, parte da energia convertida ou transformada na combustão não pode ser utilizada para a realização de trabalho. Isso significa dizer que há vazamento da energia em outra forma.” CARVALHO, A. X. Z. Física Térmica. Belo Horizonte: Pax, 2009 (adaptado). De acordo com o texto, as transformações de energia que ocorrem durante o funcionamento do motor são decorrentes de a: A) liberação de calor dentro do motor ser impossível. B) realização de trabalho pelo motor ser incontrolável. C) conversão integral de calor em trabalho ser impossível. D) transformação de energia térmica em cinética ser impossível. E) utilização de energia potencial do combustível ser incontrolável. 2) Com relação às máquinas térmicas e a Segunda Lei da Termodinâmica, analise as proposições a seguir. I. Máquinas térmicas são dispositivos usados para converter energia mecânica em energia térmica com consequente realização de trabalho. II. O enunciado da Segunda Lei da Termodinâmica, proposto por Clausius, afirma que o calor não passa espontaneamente de um corpo frio para um corpo mais quente, a não ser forçado por um agente externo como é o caso do refrigerador. III. É possível construir uma máquina térmica que, operando em transformações cíclicas, tenha como único efeito transformar completamente em trabalho a energia térmica de uma fonte quente. IV. Nenhuma máquina térmica operando entre duas temperaturas fixadas pode ter rendimento maior que a máquina ideal de Carnot, operando entre essas mesmas temperaturas. São corretas apenas A) I e II B) II e III C) I, III e IV D) II e IV E) III e IV 3) Para responder a questão, considere o texto e o gráfico, o qual relaciona o rendimento de uma máquina de Carnot e a razão T2/T1 das temperaturas em que opera a máquina. O ciclo de Carnot é um ciclo termodinâmico especial, pois uma máquina térmica que opera de acordo com este ciclo entre duas temperaturas T1 e T2, com T1 maior do que T2 obtém o máximo rendimento possível. O rendimento η de uma máquina térmica é definido como a razão entre o trabalho líquido que o fluido da máquina executa e o calor que absorve do reservatório à temperatura T1. Pode-se concluir, pelo gráfico e pelas leis da termodinâmica, que o rendimento da máquina de Carnot aumenta quando a razão T2/T1 diminui: A) alcançando 100% quando T2 vale 0ºC. B) alcançando 100% quando T1 é muito maior do que T1. C) alcançando 100% quando a diferença entre T1 e T2 é muito pequena. D) mas só alcança 100% porque representa o ciclo ideal. Termodinâmica Básica 21 E) mas nunca alcança 100%. 4) Calcule o rendimento de uma máquina térmica que segue um ciclo descrito no diagrama, sabendo que ela absorve 4 x 104 J de calor por ciclo. A) 15 % B) 20 % C) 25 % D) 30 % E) 35 % 5) Sobre as transformações termodinâmicas que podem ocorrer com um gás ideal confinado em um cilindro com pistão, assinale como (V) verdadeiro ou (F) falso. ( ) Um gás ideal realiza trabalho ao se expandir, empurrando o pistão contra uma pressão externa. ( ) Em uma transformação adiabática ocorre troca de calor com a vizinhança. ( ) A energia interna de uma amostra de gás ideal não varia, quando este sofre uma transformação isovolumétrica. ( ) Quando o gás ideal sofre uma compressão, o trabalho é realizado por um agente externo sobre o gás ideal. ( ) O gás ideal não realiza trabalho em uma transformação isovolumétrica. 6) Os estudos científicos desenvolvidos pelo engenheiro francês Nicolas Sadi Carnot (1796- 1832) na tentativa de melhorar o rendimento de máquinas térmicas serviram de base para a formulação da segunda lei da termodinâmica. Acerca do tema, considere as seguintes afirmativas: I. O rendimento de uma máquina térmica é a razão entre o trabalho realizado pela máquina num ciclo e o calor retirado do reservatório quente nesse ciclo. II. Os refrigeradores são máquinas térmicas que transferem calor de um sistema de menor temperatura para outro a uma temperatura mais elevada. III. É possível construir uma máquina, que opera em ciclos, cujo único efeito seja retirar calor de uma fonte e transformá-lo integralmente em trabalho. Assinale a alternativa correta. A) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. B) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. C) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. D) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. E) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. Resposta Questão 1 A) Incorreto. É exatamente a liberação de calor, decorrente da queima do combustível dentro do motor, que faz o carro andar. B) Incorreto. É controlável sim. Quem controla é o próprio motorista, quando acelera ou freia o carro, por exemplo C) Correto. A 2° lei da termodinâmica fala exatamente sobre isso. Sempre haverá uma perda de energia nessa conversão. D) Incorreto. É possível sim. E) Incorreto. É controlável. Algo no motor está incontrolável, alguma coisa está errada. Resposta Questão 2 D) I. Incorreto. Máquinas térmicas são dispositivos usados para converter energia térmica em realização de trabalho. II. Correto. Espontâneo na natureza, sempre será de quem tem mais para quem tem menos. No caso da energia, o mais quente possui mais energia, logo o processo natural seria o calor passar para o corpo mais frio, caso contrário é Termodinâmica Básica 22 preciso a realização de trabalho. III. Incorreto. Isso vai contra a 2ª lei da termodinâmica. IV. Correto. A máquina ideal de Carnot é uma máquina que tem um funcionamento apenas teórico. Nenhuma máquina possui um rendimento maior que ela.Resposta Questão 3 E) A segunda lei da Termodinâmica diz que nenhuma máquina térmica, consegue transformar integralmente calor em trabalho, logo o rendimento nunca pode chegar a 100 %. O maior rendimento possível é igual ao da máquina de Carnot. Quando analisamos o gráfico, vemos que, para o rendimento ser de 100 %, a razão T2/T1 teria que ser nula. Para isso T2=0 K, o que é impossível. Resposta Questão 4 Q1 = 40.000 J τ = área interna = 0,1 x 1 x 105 = 104 J ⇒ ⇒ Resposta Questão 5 (V) verdadeiro. Devido à pressão, o gás exerce força sobre o êmbolo, empurrando o pistão, realizando trabalho positivo. (F) falso. Transformação adiabática é aquela em que o gás não troca calor com a vizinhança. (F) falso. A energia interna de um gás ideal depende exclusivamente da sua temperatura absoluta. Portanto, somente não ocorre variação da energia interna, quando a transformação é isotérmica. (V) verdadeiro. Na compressão o gás recebe trabalho de um agente externo. (V) verdadeiro. Se a transformação é isovolumétrica, não ocorre deslocamento do pistão, não havendo realização de trabalho. Resposta Questão 6 D) I. verdadeiro II. verdadeiro III. falso, para que esta proposta fossa verdadeira seria necessário a fonte fria operar a 0 Kelvin. MÁQUINAS TÉRMICAS E REFRIGERADORES Máquinas Térmicas Para que um dado sistema realize um processo cíclico no qual retira certa quantidade de energia, por calor, de um reservatório térmico e cede, por trabalho, outra quantidade de energia à vizinhança, são necessários dois reservatórios térmicos com temperaturas diferentes. Máquina térmica que atue como refrigerador é qualquer dispositivo que permite a um dado sistema realizar um processo cíclico desse tipo. Um refrigerador retira certa quantidade de energia Q2, por calor, de um reservatório térmico de temperatura alta T2, cede uma quantidade de energia menor Q1, também por calor, a um reservatório térmico de temperatura baixa T1 e cede uma quantidade de energia W, por trabalho, à vizinhança. Termodinâmica Básica 23 Fig.17: Esquema máquina térmica Em cada ciclo, o sistema retorna ao estado inicial. Então, quantidade de energia W, cedida, por trabalho, à vizinhança, pode ser escrita: W = Q2 + Q1 Não esquecer que: calor recebido pelo gás: Q2 > 0 calor cedido pelo gás: Q1 < 0 Para caracterizar a qualidade de uma máquina térmica em transformar a energia retirada do reservatório térmico de alta temperatura por calor em energia cedida à vizinhança por trabalho, definimos o rendimento: ou Para a segunda lei da Termodinâmica, nenhum sistema pode realizar qualquer processo cíclico cujo único efeito seja retirar, por calor, certa quantidade de energia de um único reservatório térmico e ceder, por trabalho, uma quantidade igual de energia para a vizinhança. Dessa forma, devemos ter, sempre, Q2 diferente de 0 e, daí, η < 1. O rendimento de uma máquina térmica é sempre inferior a 100%. Portanto, pela segunda lei da Termodinâmica, não podemos construir uma máquina térmica que transforme integralmente a energia retirada do reservatório térmico de alta temperatura por calor em energia cedida à vizinhança por trabalho através de um processo cíclico. Refrigeradores Refrigerador é qualquer dispositivo que permite a um dado sistema realizar um processo cíclico através do qual retira certa quantidade de energia, por calor, de um reservatório térmico de temperatura baixa e cede outra quantidade de energia, também por calor, para um reservatório térmico de alta temperatura. No processo cíclico, é indispensável que o sistema receba certa quantidade de energia como trabalho. Um refrigerador recebe certa quantidade de energia W, por trabalho, da vizinhança, retira uma quantidade de energia Q2, por calor, de um reservatório térmico de temperatura baixa T2 e cede uma quantidade maior de energia Q1, também por calor, para um reservatório térmico de temperatura alta T1. Fig.18: Esquema refrigerador Em cada ciclo, o sistema retorna ao estado inicial. Então, quantidade de energia Q2, cedida ao reservatório térmico de alta temperatura, pode ser escrita: Q2 = W + Q1 Para caracterizar a qualidade de um refrigerador em usar a energia recebida da vizinhança por trabalho para retirar energia do reservatório térmico de baixa temperatura por calor, definimos a eficiência: Termodinâmica Básica 24 Ou Pela segunda lei da termodinâmica, nenhum refrigerador pode realizar qualquer processo cíclico cujo efeito seja retirar, por calor, certa quantidade de energia de um reservatório térmico com temperatura baixa e ceder, também por calor, igual quantidade de energia a um reservatório térmico de alta temperatura. Deve-se se ter sempre W diferente de zero. Portanto não existe refrigerador sem receber trabalho de fonte externa ao sistema. CICLO OTTO Recebe o nome de ciclo de Otto, o ciclo termodinâmico que representa o funcionamento de motores de combustão interna, popularmente conhecidos como motores a explosão. O ciclo foi definido e patenteado pelo engenheiro francês Beaus de Rochas, porém, o engenheiro alemão Nikolaus August Otto (1832-1891) o implementou, sendo o primeiro a construir um motor com base nesse ciclo. O modelo ideal do ciclo de Otto é constituído por quatro processos reversíveis internamente: 1. Admissão isobárica 2. Compressão adiabática 3. Expansão adiabática 4. Exaustão isobárica Fig. 19: Ciclo Otto teórico Motores de automóveis movidos a gasolina, álcool ou gás natural operam com base no ciclo de Otto. 1º - Admissão: nessa primeira fase, a válvula de admissão (entrada) está aberta e a válvula de escape (saída) permanece fechada. O pistão se move de forma a aumentar o volume da câmara de combustão, e a mistura de combustível com o ar entra no cilindro sob pressão praticamente constante. Assim, diz-se que na fase de admissão ocorreu uma transformação isobárica, ou seja, transformação sob pressão constante. 2º - Compressão: agora as válvulas de admissão e de escape estão fechadas e o pistão realiza um movimento rápido, comprimindo a mistura combustível. Com isso, ocorre um aumento de pressão e uma diminuição do volume da mistura, simultaneamente. No fim dessa etapa a pressão do sistema é cerca de 9 vezes a pressão atmosférica. 3º - Combustão/Exaustão: nessa terceira etapa, as válvulas de admissão e escape continuam fechadas, o pistão sobe e a vela (um dispositivo do motor) solta uma faísca, que provoca uma explosão da mistura combustível. Por meio dessa queima, uma grande quantidade de energia térmica é obtida e parte dessa energia será convertida em trabalho mecânico. Com o fornecimento de calor, a pressão do sistema aumenta e o pistão é forçado violentamente para baixo, de modo a aumentar o volume do cilindro. 4º - Exaustão: por fim, no momento em que o pistão chega à posição de maior volume do cilindro, a válvula de escape se abre e a de admissão continua fechada. Isso faz com que o gás quente seja expulso da câmara de combustão, resfriando o sistema. Depois de ocorrer o resfriamento, o pistão se movimenta no sentido de diminuir o volume da câmara de combustão, conduzindo os resíduos da explosão para fora, que serão liberados pelo escapamento. http://www.infoescola.com/fisica/ciclos-termodinamicos/ http://www.infoescola.com/fisica/ciclos-termodinamicos/ http://www.infoescola.com/reacoes-quimicas/combustao/ http://www.infoescola.com/termodinamica/transformacao-isobarica/Termodinâmica Básica 25 Assim que os gases são expulsos, o motor retorna à sua condição inicial, de forma que o ciclo se reinicie. Fig.20: Ciclo Otto Real Fig.21: Motor Ciclo Otto CICLO DIESEL O ciclo Diesel* representa de forma também idealizada o funcionamento de um outro tipo de motor a combustão interna, que opera os motores a diesel de caminhões e utilitários. Nele a ignição do combustível é feita pelo próprio aquecimento causado pela compressão. Foi inventado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel em 1897, e permite taxas de compressão maiores que as dos motores que funcionam com o ciclo Otto. * Rudolf Christian Karl Diesel (1858 —1913) foi um engenheiro mecânico alemão, inventor do motor a diesel. Fig.22: Ciclo termodinâmico DIESEL – teórico A principal diferença entre o motor a gasolina e o motor diesel está na questão da robustez. Têm-se para os motores a gasolina um funcionamento com a taxas de compressão bem inferiores às taxas do motor diesel. Por esta razão, os motores diesel são mais utilizados em trabalhos pesados. Nos motores diesel, não ocorre a aspiração de mistura ar combustível, como ocorre nos motores Otto. Neste tipo de concepção é feita uma injeção de óleo junto com ar (oxigênio), esta mistura é que atuará como combustível no momento em que ocorre a máxima compressão. Sendo assim, têm-se uma alta taxa de oxigênio no volume comprimido fazendo com que o óleo combustível entre em combustão, eliminando assim a necessidade da ignição elétrica para a explosão. Fig.23: Ciclo termodinâmico DIESEL – real Termodinâmica Básica 26 Fig.24: Comparação Ciclo DIESEL x Ciclo OTTO PRINCIPAIS DIFERENÇAS CICLOS OTTO E DIESEL DIESEL OTTO Na compressão, somente ar é comprimido na câmara Na compressão é comprimida uma mistura de ar + combustível O ar é comprimido até atingir uma temperatura acima da de autoignição O ar é comprimido a pressão mais baixas, a temperatura atingida fica abaixo da de auto ignição. O combustível é injetado (quase no final da corrida do pistão) e entra em autoignição O combustível entra em ignição devido à uma faísca Taxas de compressão altas Taxas de compressão mais baixas Aceita combustível menos “nobre”: óleo diesel ou gás natural + 20% óleo diesel Combustível: gasolina, álcool, gás natural Ciclo a ar ideal: o calor entra à pressão constante Ciclo a ar ideal: o calor entra a volume constante CICLO BRAYTON O ciclo Brayton é um ciclo termodinâmico no qual a adição de calor ocorre a pressão constante, utilizado no estudo das turbinas a gás. Trata-se de um ciclo ideal, uma aproximação dos processos térmicos que realmente ocorrem nas turbinas a gás e em turbo geradores de energia, descrevendo variações de estado (pressão e temperatura) dos gases. Fig. 25: Modelo de funcionamento de uma turbina à jato. Entre 1 e 2 o ar é comprimido de forma adiabática por um compressor tipo axial. Ao passar pelo queimador ou câmara de combustão (de 2 a 3), o ar se expande devido ao fornecimento de calor pelo processo de combustão. Isso ocorre supostamente sob pressão constante porque a forma construtiva da câmara oferece pouca resistência ao fluxo. O ar aquecido pela combustão movimenta uma turbina num processo teoricamente adiabático (de 3 a 4). Saindo da turbina, o ar troca calor com o ambiente num processo claramente isobárico. Fig. 26: Arranjo de uma turbina aeronáutica à jato. Termodinâmica Básica 27 Os gases de escape que saem da turbina se expulsam para fora (não se recirculan), o que provoca que o ciclo se classifique como um ciclo aberto. A saída do ar produz o empuxo que joga a turbina para frente. Turbinas a gás são usadas principalmente em aviões e na geração de energia elétrica, mas há também embarcações e mesmo veículos terrestres com esse tipo de motor. Portanto, o trabalho produzido pode ser extraído em forma de acionamento mecânico ou fluxo de ar no caso de uma turbina aeronáutica. O ciclo de turbina de gás aberto, recém escrito, pode ser modelado como um ciclo fechado, do modo que se mostra nas figuras 26 e 27. Neste caso os processos de compressão e expansão permanecem iguais, mas o processo de combustão substitui-se por um processo de adição de calor a pressão constante de uma fonte externa, e o processo de escape substitui-se por um de rejeição de calor a pressão constante para o ar ambiente. O ciclo ideal que o fluído de trabalho experimenta neste ciclo fechado é o ciclo Brayton, que este integrado por quatro processo internamente reversíveis: 1-2 compressão isentrópica (em um compresor); 2-3 Adição de calor a P=constante; 3-4 Expansão isentrópica (em uma turbina); e 4-1 Rejeição de calor a P=constante. Fig.27: Ciclo Brayton: 1-2 compressão adiabática 2-3 adição de calor isobárica 3-4 expansão adiabática 4-1 rejeição de calor isobárica Fig. 28: Ciclo Brayton fechado – modelo de estudo aproximado de uma turbina real EXERCÍCIOS Questão 01: Num recipiente indeformável, aprisiona-se certa massa de gás perfeito a 27 °C. Medindo a pressão exercida pelo gás, obtemos o valor 90 cm Hg. Se elevarmos a temperatura para 170,6 °F, qual será a nova pressão do gás ? Questão 02: Cinquenta gramas de água se encontram à temperatura de -10 ºC. Quantos minutos serão necessários para elevar sua temperatura até 40 ºC, ao receber calor de uma fonte externa a uma de taxa 250 cal/min ? (PETROBRAS - TÉCNICO DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES I - MECÂNICA E METALURGIA – 2005) (Dados: Lf da água = 80 cal/g; calor específico da água = 1,0 cal.g-1.ºC−1; calor específico do gelo = 0,5 cal.g−1 ºC−1; temperatura de fusão da água = 0 ºC) (A) 10 (B) 20 (C) 25 (D) 30 (E) 40 Questão 03: Uma amostra de gás perfeito ocupa um recipiente de 10,0 L à pressão de 1,5 atm. Essa amostra foi transferida para outro recipiente de 15,0 litros, mantendo a mesma temperatura. Qual a nova pressão dessa amostra de gás ? Questão 04: (PUC-SP) Um recipiente contém certa massa de gás ideal que, à temperatura Termodinâmica Básica 28 de 27 °C, ocupa um volume de 15 L. Ao sofrer uma transformação isobárica, o volume ocupado pela massa gasosa passa a ser de 20 L. Nessas condições, qual foi a variação de temperatura sofrida pelo gás ? Questão 05: Certa massa de gás ideal, inicialmente nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão: T = 0 °C = 273 K e p = 1,0 atm), sofre uma transformação isobárica e aumenta seu volume em 80%. Em graus Celsius, qual foi a variação de temperatura sofrida por esse gás ? Questão 06: O cilindro da figura abaixo é fechado por um êmbolo que pode deslizar sem atrito e está preenchido por certa quantidade de gás que pode ser considerado como ideal. À temperatura de 30 °C, a altura h na qual o êmbolo se encontra em equilíbrio vale 20 cm (ver figura; h se refere à superfície inferior do êmbolo). Se mantidas as demais características do sistema e a temperatura passar a ser 60 °C, o valor de h variará em aproximadamente: Questão 07: Um recipiente provido de êmbolo contém um gás ideal, de tal forma que V1 = 2,0 L, p1 = 3,495 atm e T1 = 233 K. O êmbolo é comprimido, reduzindo o volume em 40%. De quanto devemos aquecer esse gás para que a pressão se torne igual a 7,825 atm ? Questão 08: Em relação aos conceitos da termodinâmica, considere as seguintes afirmativas: 1. Uma transformação termodinâmica é umprocesso pelo qual um sistema termodinâmico evolui entre dois estados de equilíbrio. 2. A transformação termodinâmica na qual um sistema não troca calor com o exterior é uma transformação isotérmica. 3. A transformação termodinâmica na qual a pressão é constante é uma transformação isobárica. Assinale a alternativa correta. ITAIPU – BINACIONAL / Técnico em Mecânica ou Eletromecânica / 2015 (A) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. (B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. (C) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. (D) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. (E) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. Questão 09: Um técnico químico realiza um experimento para o qual confina uma massa de gás num recipiente totalmente fechado, equipado com sensores que permitem controlar a variação de pressão, o volume e a temperatura. Considerando um comportamento de gás ideal, o técnico está correto ao afirmar que: (PETROBRAS - TÉCNICO DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES I - MECÂNICA E METALURGIA – 2005) (A) variando o volume, a massa do gás varia. (B) variando a pressão, o volume varia para uma temperatura constante. (C) aumentando a pressão, a temperatura e o volume permanecem constantes. (D) aumentando a temperatura, a pressão se reduz para um volume constante. (E) aumentando o volume, a pressão aumenta para uma temperatura constante. Questão 10: As escalas termométricas usualmente utilizadas na medição de temperatura são a escala Celsius, a escala Fahrenheit e a escala Kelvin. Considere as seguintes temperaturas expressas em diferentes escalas: (A) 5%. (B) 10%. (C) 20%. (D) 50%. (E) 100% Termodinâmica Básica 29 (PETROBRAS - TÉCNICO DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES I - MECÂNICA E METALURGIA – 2005) Considerando as informações acima, é correto afirmar que: (A) T2 = T5 (B) T2 = T8 (C) T4 = T1 (D) T1 – T3 = T8 (E) T6 – T3 = T8 – T7 Questão 11: Uma bomba de encher pneus de bicicleta é acionada rapidamente tendo a extremidade de saída do ar vedada. Consequentemente, o ar é comprimido, indo do estado 1 para o estado 2. Nessas condições, podemos afirmar que a transformação termodinâmica verificada na passagem do estado 1 para o estado 2 aproxima-se mais de uma: (Companhia Pernambucana de Saneamento - Téc. Operacional (Habil. em Mecânica) / 2009) (A) isométrica, porque o volume do ar se mantém. (B) isotérmica, porque a temperatura do ar não se altera. (C) isobárica, porque a pressão do ar não se altera. (D) adiabática, porque devido à velocidade da transformação, praticamente não há troca de calor do ar com o meio exterior. (E) isocórica, porque o volume da câmara se mantém. Questão 12: Comparando o sistema de funcionamento entre motor diesel e motor do ciclo Otto (álcool/gasolina), a principal diferença de funcionamento entre eles é que o motor: (Companhia Pernambucana de Saneamento - Téc. Operacional (Habil. em Mecânica) / 2009) (A) Otto possui sempre velas de ignição e o diesel não necessita. (B) a diesel possui sempre velas de ignição e o Otto não necessita. (C) a diesel possui sistema de carburador. (D) a diesel possui sistema de ignição. (E) Otto possui sistema de vela de aquecimento para partida a frio. Questão 13: A figura abaixo é uma representação esquemática e simplificada das partes principais de motor de combustão interna – ciclo Otto. A característica fundamental das máquinas Otto é a de na admissão (1º tempo) aspirarem uma mistura gasosa de ar e combustível (gasolina, álcool, gás ou outro combustível). (Companhia Pernambucana de Saneamento - Téc. Operacional (Habil. em Mecânica) / 2009) Nos motores diesel, a injeção do combustível efetua-se: (A) no fim da compressão. (B) no ponto morto inferior. (C) no fim da explosão. (D) ao se fechar a válvula de escape. (E) logo após o ponto morto superior. Termodinâmica Básica 30 Questão 14: Parâmetros de desempenho representam o benefício energético dividido pelo custo energético. A máquina de CARNOT estabelece limite possível de eficiência para um motor real. Nesta linha de raciocínio pode-se afirmar que: I. é possível construir uma máquina operando entre dois reservatórios de temperaturas conhecidas com maior eficiência que a máquina de . II. a eficiência de uma máquina de é dependente da substância usada no processo bem como das características do projeto da máquina. III. qualquer máquina reversível, operando entre dois reservatórios de temperaturas conhecidas, tem eficiência maior que a da máquina de sob as mesmas condições. (COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO – Técnico mecânico – 2008) Sobre as afirmativas acima, pode-se dizer que: (A) todas estão corretas; (B) todas estão erradas; (C) apenas III está errada; (D) apenas II está correta; (E) apenas I está correta. Questão 15: O equilíbrio termodinâmico existe quando: (COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO – Técnico mecânico – 2008) (A) as propriedades são constantes de um ponto a outro e quando não há nenhuma tendência a mudança com o tempo; (B) as propriedades são constantes de um ponto a outro e quando há alguma tendência a mudança com o tempo; (C) as propriedades são variantes de um ponto a outro e quando não há nenhuma tendência a mudança com o tempo; (D) as propriedades são variantes de um ponto a outro e quando há alguma tendência a mudança com o tempo; (E) a temperatura é reduzida ao zero absoluto em processo de quase-equilíbrio. Questão 16: Muitos ciclos utilizam gás como fluido de trabalho. O ciclo BRAYTON é o ciclo que modela: (COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO – Técnico mecânico – 2008) (A) o ciclo da turbina a gás; (B) o motor de ignição por centelha; (C) o motor de ignição por compressão; (D) a cilindrada unitária; (E) a razão entre a compressão e a centelha da cilindrada. Questão 17: O calor pode ser definido como a transferência de energia através do contorno de um sistema ocasionada por uma diferença na temperatura entre o sistema e seu meio, e medir o calor como a quantidade de energia transferida. Nesta linha de raciocínio pode-se afirmar que: I. um sistema isolado será sempre considerado como tendo uma transmissão de calor igual a zero. II. calor e trabalho são energeticamente equivalentes e expressos em unidades de energia. III. tanto a transmissão de calor positiva quanto o trabalho positivo adicionam energia a um sistema. (COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO – Técnico mecânico – 2008) Sobre as afirmativas acima, pode-se dizer que: (A) todas estão corretas; (B) todas estão erradas; (C) apenas III está errada; (D) apenas II está correta; (E) apenas I está correta. Questão 18: Sobre os motores de combustão interna, assinale a alternativa INCORRETA. (ELETROSUL – Técnico em mecânica – 2008) (A) Os que utilizam o Diesel como combustível são motores de ignição por compressão, ou seja, não necessitam de centelha elétrica. (B) Motores carburados são aqueles nos quais o combustível é combinado com o ar antes de fechar a válvula de admissão. São aqueles que Termodinâmica Básica 31 a injeção de combustível ocorre nas janelas de admissão. (C) Ponto morto superior é a posição extrema do pistão na parte superior do cilindro. (D) Curso do êmbolo ou do pistão é a metade da distância entre o ponto morto superior e o ponto morto inferior. (E) A cilindrada total de um motor é obtida pelo produto entre a cilindrada unitária de cada cilindro e o número de cilindros do motor. Questão19: Considere as seguintes condições: - o calor específico do gelo vale 0,5 cal/g°C; - o calor específico da água vale 1,0 cal/g°C; - o calor latente de fusão do gelo vale 80 cal/g; - o gelo funde a 0°C. Um bloco de gelo com massa 1 kg e temperatura – 15°C está sob essas condições. Se esse bloco receber 100 kcal, sem que haja perdas, sua condição final será (PROMINP - Inspetor de Ensaios Não Destrutivos – 2008) (A) gelo a temperatura menor do que – 15 °C. (B) gelo a temperatura maior do que – 15 °C. (C) gelo e água a 0 °C. (D) água a temperatura menor do que 15 °C. (E) água a temperatura maior do que 15 °C. Questão 20: O kelvin e o grau Celsius são unidades de temperatura adotadas pelo Comitê Internacional em 1989. (INNOVA - TÉCNICO(A) DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS JÚNIOR – 2012) A relação entre essas duas unidades é tal que (A) um grau Celsius é igual a um kelvin. (B) uma variação de temperatura expressa em graus Celsius é numericamente igual à variação em kelvins. (C) o valor numérico de uma temperatura expressa em graus Celsius é menor do que o expresso em kelvins. (D) o valor numérico de uma temperatura expressa em kelvins é igual a uma constante multiplicada pelo valor da temperatura em graus Celsius. (E) o valor numérico de uma temperatura expressa em kelvins é inversamente proporcional ao valor expresso em graus Celsius. Questão 21: A máquina idealizada pelo ciclo de Carnot é aquela com rendimento máximo possível. Esse rendimento é obtido em função (A) das temperaturas das fontes quente e fria. (B) das compressões adiabáticas. (C) das variações de trabalho e de energia interna. (D) das expansões isotérmicas. (E) do trabalho desenvolvido pelo ciclo. Questão 22: Considere um motor de combustão interna de 4 cilindros, com raio do cilindro de 44 mm e distância entre PMI (Ponto Morto Inferior) e PMS (Ponto Morto Superior) de 86 mm. Desconsiderando o volume da câmara de combustão e considerando π=3, é correto afirmar que esse motor tem cilindrada convencionada de (A) 1,6 litros. (B) 1,8 litros. (C) 2,0 litros. (D) 2,2 litros. (E) 2,4 litros Questão 23: Determinado gás, ao receber uma quantidade de calor 75 J, realiza um trabalho igual a 18 J. Considerando que a energia interna inicial do sistema era de 150 J, antes de receber o calor, a energia interna final, após o recebimento do calor, é (A) 57 J. (B) 168 J. (C) 207 J. (D) 225 J. (E) 243 J Questão 24: Sobre os motores de ciclo Otto, pode-se dizer que: (A) São dispositivos que realizam trabalho líquido negativo à custa de transferência de Termodinâmica Básica 32 calor de um corpo de temperatura baixa para um corpo de temperatura alta. (B) São dispositivos que operam segundo um ciclo termodinâmico fechado completo. (C) Podem ter o rendimento aumentado com a redução da taxa de compressão. (D) O fluido de trabalho não sofre mudança durante o ciclo termodinâmico. (E) São dispositivos que produzem trabalho através da combustão interna. Questão 25: As temperaturas do ponto de congelamento e do ponto de vapor da água, na escala Fahrenheit, correspondem a (PETROBRAS - TÉCNICO(A) DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES JÚNIOR – 2014) (A) 0 ºF e 100 ºF (B) 0 ºF e 273 ºF (C) 32 ºF e 100 ºF (D) 32 ºF e 212 ºF (E) 9/5 ºF e 273 ºF Questão 26: Um sistema termodinâmico é levado do estado inicial A a outro B e depois trazido de volta ao A através do estado C, como ilustra o caminho A-B-C-A no diagrama PV abaixo. O trabalho realizado para o caminho B-C, e o calor absorvido nesse processo termodinâmico, sabendo que sua energia interna é 20 kJ, são, respectivamente, (A) 40 kJ e 20 kJ. (B) 0 kJ e 20 kJ. (C) 20 kJ e 40 kJ. (D) 0 kJ e 40 kJ. (E) 40 kJ 2 – 20 kJ Termodinâmica Básica 33 RESPOSTAS Questão 01: Uma vez que o volume permanece constante, podemos aplicar a Lei de Charles, que é expressa da seguinte forma: Assim, temos: São dados: Transformando 170,6 °F em unidades da escala Kelvin, temos: Substituindo os valores conhecidos na relação (I), encontramos: Questão 02: Calor sensível Qs = m.c.Δθ Calor latente QL = L.m Questão 03: Questão 04: Questão 05: Questão 06: Termodinâmica Básica 34 Questão 07: Questão 08: (C) Questão 09: (B) Questão 10: (A) Questão 11: (D) Questão 12: (B) Questão 13: (A) Questão 14: (B) Questão 15: (A) Questão 16: (A) Questão 17: (C) Questão 18: (D) Questão 19: (D) Questão 20: (B) Questão 21: (A) Questão 22: (C) Questão 23: (C) Utilizar a fórmula ΔU = Q – W Q=75 J e W=18 J, logo ΔU= 57 J ΔU = U2-U1 onde U1 = 150 J U2 = 57+150 = 207 J Questão 24: (E) Questão 25: (D) Questão 26: (A) Utilizar a fórmula ΔU = Q – W Sabendo que ΔU = 20 kJ, neste caso somente será possível se Q = 40 kJ e W = 20 kJ Termodinâmica Básica 35 Anexo Lei de Joule para os gases perfeitos Pode-se dizer que é difícil conceituar energia. Pois a energia está presente em todos os processos da Física e também em todas as categorias de processos da natureza. A energia está associada a relações entre corpos e referenciais, à realização de trabalho mecânico, às trocas de calor, ao transporte de informação e muitas outras situações. Sabe-se que a Termologia se interessa pelas relações existentes entre as trocas de calor entre os corpos e as conversões de energia ligadas à realização de trabalho. Ela também se interessa pela energia interna, ou seja, a energia que está ligada ao sistema. Essa energia depende exclusivamente do estado em que se encontra o sistema. Em relação ao estudo dos gases, a energia interna corresponde ao somatório de várias parcelas de energia, como, por exemplo, a energia cinética média de translação das moléculas, a energia cinética de translação e rotação, etc. A teoria cinética dos gases ideais propõe que a energia cinética média de translação de cada molécula se relaciona com a temperatura absoluta da amostra por meio da equação: Para esse modelo simples, desprezando as demais energias, como a energia de rotação, vibração, etc., a energia interna U da amostra com N partículas será o somatório de todas as energias das partículas, ou seja: Em que n = é o número de mols da amostra. Observe que a energia interna da amostra depende exclusivamente de sua temperatura termodinâmica. Assim, para os gases ideais monoatômicos, a variação da energia interna (ΔU) é determinada pela variação da energia cinética total de suas moléculas. Essa conclusão a respeito da variação de energia interna do gás constitui a Lei de Joule para os gases perfeitos. O estudo matemático da equação nos leva às seguintes possibilidades: - Se , a energia interna (U) do gás aumenta - Se , a energia interna (U) do gás diminui - Se , a energia interna (U) do gás permanece constante
Compartilhar