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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS TEORIA ANTROPOLÓGICA III PROF. PETER SCHRODER DISCENTE DANDARA CAMÉLIA DA SILVA DOMINGUES RESENHA: GEERTZ, C. Um jogo absorvente: Notas sobre a briga de galos balinesa. In: GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2008. cap. 9, p. 185-213 No campo da antropologia contemporânea, Clifford Geertz possui um vasto acervo de publicações. Uma de suas obras mais famosas é “A Interpretação das Culturas”. Esse autor tornou-se conhecido ao cunhar a antropologia interpretativa (hermenêutica) cujo debate é sobre como as sociedades deveriam ser lidas e interpretadas iguais aos textos, tomando em conta a visão do próprio nativo acerca de sua cultura. Clifford James Geertz (23 de agosto de 1926 - 30 de outubro de 2006) foi professor da Universidade de Princeton, em Nova Jérsei, EUA. No Texto “Um jogo absorvente: Notas sobre a briga de galos balinesa”, o teórico apresenta o seu traquejo em uma comunidade balinesa e as narrativas e ligações desses agentes com a popular “briga de galo’’. Para ele, a briga de galo possui um caráter simbólico cuja importância é moral e com cunho de gênero, neste caso, de masculinidade, e de pertencimento à população balinesa. Há uma relação importante entre o proprietário e seus galos, pois trata-se de uma atividade hegemônicamente masculina. Para além do dinheiro arrecadado nessas competições, a honra, a dignidade e o respeito estão em cheque. As disputas, além do objetivo financeiro, possuem caráter simbólico e moral. Porém, vale salientar que por mais que esta atividade disponha de um espaço altamente competitivo, narcisista, sentimental e triunfante, ela em si não tem a capacidade de alterar a posição social de seus competidores, nem de ascensão e nem de descensão social (GEERTZ, 2008, p.206). Sendo um esporte sexista, uma vez que a participação de mulheres não é admitida, a briga de galo também é excludente, considerando apenas aqueles que são vistos como os mais bem sucedidos ou sólidos da comunidade balinesa. É um palco de disputas egóico e machista que também não admite jovens e subordinados (GEERTZ, 2008, p. 210). De forma análoga e com exemplificação cliché, podemos comparar a briga de galo com, na sociedade brasileira, o futebol, onde os jovens e demais atores sociais projetam seus anseios e perspectivas de sucesso e êxito (sobretudo os mais marginalizados e periféricos) em um esporte que pode dar prestígio social e financeiro, sem se importar com a origem econômica e de classe. Além de ser visto como um esporte masculino, mesmo com participação feminina, ainda é estranho ter a ocupação desse gênero no futebol, assim como na briga de galo onda há total ausência feminina. O que podemos tomar como exemplo desses dois esportes é a criação de solidariedade entre agentes sociais, e isso fica nítido no sistema de apostas. A união provocada pelos apostadores gera um sentimento de organização social e família, mesmo não tendo graus de parentesco entre eles. É um sentimento de lealdade entre os grupos. Geertz vai enfatizar a importância desse evento para a cultura dos povos balineses. Mesmo não sendo reconhecido por lei, é a representação da masculinidade balinesa que está sendo explicitada nesse esporte. Por fim, é importante entender a importância dessa briga de galos, pois trata-se de um símbolo público, que pauta a visão de mundo dos indivíduos balineses, sendo uma rede de significados (simbólicos), que conduz a vida corriqueira em Bali. Esse sistema cultural acarreta no papel de atuação do antropólogo\a\e em seu respectivo campo e para a etnografia, indo além de entrevistas, mas compreendendo o significado da vida dos nativos. A participação ativa do cientista no contexto de sua pesquisa e descrição de seus estudos, considerando as diversas particularidades, os pequenos e simples fatos que cercam a vida dos sujeitos no campo e de sua vida social é a descrição densa abordada por Geertz e o papel fundamental que o pesquisador deve tomar.
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