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Um dos fatores que podem alterar a resposta aos fármacos é a administração concomitante de outros fármacos. Há vários mecanismos por meio dos quais os fármacos interagem, contudo, em sua maioria, esses mecanismos podem ser classificados em farmacocinéticos, farmacodinâmicos ou interações combinadas. O conhecimento acerca do mecanismo por meio do qual ocorre uma interação medicamentosa geralmente é útil clinicamente, uma vez que pode influenciar a forma e o método para evitar a interação. Algumas interações medicamentosas importantes ocorrem como resultado de dois ou mais mecanismos. O desfecho de uma interação medicamentosa pode ser perigoso quando promove aumento da toxicidade de um fármaco. Por exemplo, pacientes que fazem uso de varfarina (fármaco do grupo dos anticoagulantes, usado na prevenção das tromboses) podem ter sangramentos se passarem a usar um anti-inflamatório não-esteróide (AINE) sem reduzir a dose do anticoagulante. Mas, também pode reduzir a eficácia de um fármaco, podendo ser tão nociva quanto o aumento. Por exemplo, tetraciclina (grupo de antibióticos naturais ou semi-sintéticos usados no tratamento de um amplo espectro de bactérias tanto Gram- negativas quanto gram-positivas e alguns protozoários e até alguns fungos) sofre quelação por antiácidos e alimentos lácteos, sendo excretada nas fezes, sem produzir o efeito antimicrobiano desejado. A incidência de problemas é mais alta nos idosos porque a idade afeta o funcionamento dos rins e do fígado, de modo que muitos fármacos são eliminados muito mais lentamente do organismo. As interações medicamentosas podem ser classificadas em interações farmacocinéticas, farmacodinâmicas, de efeito e farmacêuticas. São aquelas em que ocorre alteração da concentração do fármaco que atinge o seu sítio de ação. Isto pode ocorrer na etapa de absorção, distribuição, metabolismo e/ ou excreção. As interações farmacocinéticas são as mais frequentes e promovem, muitas vezes, influência significativa sobre a terapêutica medicamentosa. Ao contrário das interações farmacodinâmicas que são quase sempre previsíveis, as alterações na farmacocinética de uma droga induzida por outra não costumam ser intuitivamente óbvias. 1. Exemplo → Comprimidos de tetraciclina eram fabricados com sais de cálcio, levando à formação de um sal insolúvel de cálcio do antibiótico, o que dava como resultado uma absorção deficiente e níveis sanguíneos baixos e inconstantes. 2. Exemplo → O consumo de leite em paralelo ao uso de medicamentos de pH ácido dificulta a absorção de tais medicamentos (o leite basifica o meio estomacal e modificações do pH gástrico repercutem na ionização e na solubilidade do fármaco e, portanto, na facilidade de difusão através da mucosa). Além disso, alguns fármacos são preferencialmente administrados com alimentos, seja para aumentar a absorção ou para diminuir o efeito irritante sobre o estômago. 3. Exemplo → Os antiácidos podem adsorver fármacos no trato gastrintestinal, reduzindo, assim, sua absorção. Eles tendem a acelerar o esvaziamento gástrico, acelerando a passagem dos fármacos até o sítio de absorção do intestino. Alguns antiácidos (p. ex., hidróxido de alumínio) alcalinizam a urina e alteram a excreção de fármacos sensíveis ao pH urinário. 4. Exemplo → O uso excessivo de laxantes conduz à perda de potássio, potencializando a toxicidade dos digitálicos (grupo de fármacos usados no tratamento de doenças do coração). 5. Exemplo → Os antibióticos de largo espectro, ao destruírem a flora que sintetiza a vitamina K, potencializam os anticoagulantes orais. Ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os efeitos desejados se processam. Um fármaco pode aumentar o efeito do agonista por estimular a receptividade de seu receptor celular ou inibir enzimas que o inativam no local de ação. A diminuição de efeito pode dever-se à competição pelo mesmo receptor, tendo o antagonista puro maior afinidade e nenhuma atividade intrínseca. Ocorrem quando dois ou mais fármacos em uso concomitante têm ações farmacológicas similares ou opostas. Podem produzir sinergias ou antagonismos sem modificar a farmacocinética ou os mecanismos de ações dos fármacos envolvidos. Por exemplo, álcool reforça o efeito sedativo de hipnóticos e anti- histamínicos. Também chamadas de incompatibilidade medicamentosa, ocorrem in vitro, ou seja, antes da administração dos fármacos no organismo, quando se misturam dois ou mais deles em uma seringa ou outro recipiente. Ocorrem por reações físico- químicas que resultam em: Alterações organolépticas → Evidenciadas como mudanças de cor, consistência (sólidos), opalescência, turvação, formação de cristais, floculação, precipitação, associadas ou não a mudança de atividade farmacológica. Diminuição da atividade de um ou mais fármacos originais. Formação de um novo composto (ativo, inócuo, tóxico). Aumento da toxicidade de um ou mais fármacos originais. A ausência de alterações macroscópicas não garante a inexistência de interação medicamentosa. É frequentemente difícil detectar uma interação medicamentosa, sobretudo pela variabilidade observada entre pacientes. Uma solução para esse problema prático é selecionar um fármaco que não produza interação. Se não houver esta alternativa, é frequentemente possível administrar os medicamentos que interagem entre si sob cuidados apropriados. Muitas interações são dependentes de dose, nesses casos, a dose do medicamento indutor da interação poderá ser reduzida para que o efeito sobre o outro medicamento seja minimizado. Pacientes com múltiplas doenças, com disfunção renal ou hepática, e aqueles que fazem uso de muitos medicamentos são os mais suscetíveis. A população idosa frequentemente se enquadra nesta descrição, portanto, muitos dos casos relatados envolvem indivíduos idosos em uso de vários medicamentos. Anticoagulantes, anti-hipertensivos ou antidiabéticos requerem controle cuidadoso de dose. Fonte: Farmacologia Básica e Cli ́nica. 13º ed. KATZUNG, Bertram G. TREVOR, Anthony J / https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farm acia/interacoes-farmaco-x-farmaco/72646 / https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farm acia/interacoes-farmaco-x-farmaco/72646 / https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farm acia/interacoes-farmacocineticas/12475 / https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/645-20- interacoes-medicamentosas-mais-frequentes https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/interacoes-farmaco-x-farmaco/72646 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/interacoes-farmaco-x-farmaco/72646 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/interacoes-farmaco-x-farmaco/72646 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/interacoes-farmaco-x-farmaco/72646 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/interacoes-farmacocineticas/12475 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/interacoes-farmacocineticas/12475 https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/645-20-interacoes-medicamentosas-mais-frequentes https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/645-20-interacoes-medicamentosas-mais-frequentes
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