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Resumo - Câncer de Mama

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Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
SAÚDE DA MULHER: 
CÂNCER DE MAMA: 
ASPECTOS SOBRE A MAMA FEMININA: 
A mama feminina é formada por um conjunto 
de glândulas apoiado na parede torácica, 
sendo envolto por fáscia e recoberto pela 
pele, esse agrupamento se estende até a 
região da axila (prolongamento axilar). No 
centro da mama encontra-se a aréola, região 
cutânea modificada de onde emerge a 
papila, constituindo assim o complexo 
areolopapilar. 
O corpo glandular é formado por dois 
sistemas, o ductal, composto por ductos que 
iniciam na papila e possuem várias 
ramificações, e o sistema lobular, composto 
por lóbulos, localizados nas extremidades 
das ramificações ductais. Os lóbulos são 
responsáveis pela formação de leite, que é 
transportado por meio dos ductos até sua 
exteriorização na papila. Ambos os sistemas 
são sustentados por tecido conjuntivo e 
gordura, por onde passam nervos, vasos 
sanguíneos e linfáticos. A drenagem da linfa 
é encaminhada principalmente para os 
linfonodos das cadeias axilar e mamária 
interna. 
O assoalho muscular é composto 
principalmente pelos músculos peitoral 
maior, peitoral menor e serrátil anterior, que 
se relacionam com a face profunda da 
mama, isolando-a do gradil costal. 
 
Para facilitar o exame clínico, é possível 
dividir as mamas em quadrantes superiores, 
inferiores, laterais e mediais, organização 
que permite a descrição acurada de 
possíveis achados durante a execução de 
exames de imagem ou do exame de 
palpação das mamas. 
As mamas normalmente não apresentam o 
mesmo tamanho, havendo uma pequena 
assimetria entre elas. O formato dessas 
estruturas é variável, dependendo 
intrinsecamente da idade da mulher, do 
período do ciclo menstrual no qual se 
encontra, da presença de obesidade ou da 
lactação ou gestação em curso. 
O CÂNCER DE MAMA: 
O câncer de mama é o produto da 
proliferação descontrolada de células 
anormais que se desenvolvem devido a 
alterações genéticas, que podem ser 
hereditárias ou adquiridas pela exposição a 
algum agente nocivo. Essas mudanças 
podem provocar distúrbios no mecanismo de 
replicação ou apoptose celular, formando 
assim um tumor. 
Essa entidade representa um problema de 
saúde pública, englobando um conjunto de 
doenças com manifestações variadas, 
evidentes nos diversos achados no exame 
clínico, na “assinatura genética” celular e na 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
morfologia dessa tumoração, o que implica 
em múltiplas respostas terapêuticas. 
A carcinogênese é um evento lento, que 
pode se estender por anos até que uma 
massa minimamente palpável seja formada, 
apresentando os seguintes estágios: 
iniciação (momento da interação entre os 
genes e os fatores cancerígenos), promoção 
(ação de agentes oncopromotores em 
células já alteradas), e progressão (etapa de 
multiplicação exacerbada das células). 
As lesões precursoras do carcinoma 
mamário como a hiperplasia ductal atípica, a 
neoplasia lobular e carcinoma ductal in situ 
apresentam alterações genéticas comuns 
aos carcinomas. As neoplasias lobulares são 
lesões não invasivas, localizadas ou 
extensas, que comprometem a unidade 
lobular e podem disseminar-se para os 
ductos, tendendo a ser bilaterais e 
multicêntricas. 
O carcinoma ductal in situ representa uma 
proliferação epitelial neoplásica na porção 
interna dessas estruturas, não se 
expandindo para além da membrana basal. 
Podem ser classificados como de baixo e 
alto grau (referindo-se à agressividade da 
lesão), de acordo com o volume nuclear, a 
distribuição da cromatina e as características 
dos nucléolos. 
O carcinoma invasivo de mama, por sua vez, 
é formado por um conjunto de tumores 
epiteliais que atravessam a membrana basal 
dos ductos terminais de forma a invadir o 
estroma, a partir de onde apresenta intenso 
poder metastático. O tipo mais prevalente 
dessa forma de tumoração é o carcinoma 
ductal infiltrante, que pode apresentar 
prognóstico positivo (ex.: estruturas 
medulares, tubulares e mucinosas). Algumas 
outras neoplasias mais agressivas, como 
linfomas, sarcomas e mielomas, também 
podem aparecer no tecido mamário, mesmo 
que raramente. 
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde 
(OMS), o câncer de mama é a neoplasia de 
maior incidência e mortalidade em mulheres, 
correspondendo também à 5ª causa de 
morte dentre todos os tipos de câncer. No 
Brasil à exceção dos tumores de pele não-
melanoma, o CA de mama é também o mais 
incidente em pessoas do sexo feminino (49 
casos a cada cem mil pessoas), menos na 
direção Norte, na qual o câncer de colo de 
útero atinge a primeira colocação. 
 
Na distribuição proporcional do total de 
mortes por câncer no período de 2005 a 
2009, os óbitos por câncer de mama ocupam 
o primeiro lugar no País, com 15,7%. O 
sudeste conta com a maior taxa de 
mortalidade proporcional, com 17%, ao 
passo que o nordeste apresenta índice de 
14,4%. Nota-se que tanto a incidência 
quanto a mortalidade pelo carcinoma de 
mama aumentam com a idade. 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
 
HISTÓRIA NATURAL DO CARCINOMA DE MAMA: 
O câncer de mama apresenta, em sua 
história natural, uma fase pré-clínica, que se 
estende desde o aparecimento de uma 
célula maligna até o desenvolvimento do 
tumor identificável, e fase clínica, deflagrada 
a partir de então. 
A sequência de eventos primários do 
desenvolvimento de um carcinoma de mama 
ainda é incerta. Inicialmente, supunha-se 
que essas tumorações se iniciavam como 
massas ductais in situ, respeitando as 
delimitações da membrana basal até o ponto 
de desenvolvimento de formas infiltrativas ou 
invasoras. Atualmente, no entanto, se 
acredita que nem toda lesão tenha que 
passar por uma fase inicialmente ductal, 
podendo tanto manter-se fixa à mama por 
um período de tempo como também 
disseminar-se por meio de vasos linfáticos 
ou sanguíneos, sendo os primeiros os 
principais responsáveis pela permeabilidade 
de células anômalas em direção ao linfonodo 
sentinela. Essa estrutura então se torna um 
segundo foco de propagação celular, que irá 
estender seu percurso rumo às cadeias de 
drenagem axilar. 
Graças a essa capacidade de movimentação 
por fluidos linfáticos e hematológicos, é 
possível observar a formação de implantes 
tumorais metastáticos ao longo do 
organismo, principalmente nos ossos, 
pulmões/pleura e fígado. 
Geralmente o câncer da mama cresce 
lentamente, porém eventualmente apresenta 
crescimento rápido e maior possibilidade de 
disseminação. Esse comportamento 
heterogêneo está relacionado a 
características próprias do tumor, tais como 
grau de diferenciação histológica e presença 
de receptores moleculares, que determinam 
sua velocidade de crescimento e potencial 
de originar metástases, podendo ainda ser 
influenciado por outros fatores, como a 
exposição a estímulos hormonais, resposta 
imune e estado nutricional. 
FATORES DE RISCO: 
Os fatores que mais favorecem o 
desenvolvimento do câncer de mama são: 
 Idade: cerca de 80% desses carcinomas 
são identificados em mulheres com mais 
de 50 anos; 
 Aspectos endócrinos: a exposição 
estrogênica (seja ela de origem 
endógena ou exógena) aumenta o risco 
para o desenvolvimento de tumorações 
de forma proporcional ao tempo de 
apresentação ao estímulo. Nesse grupo 
destacam-se as mulheres com menarca 
precoce (antes dos 12 anos), menopausa 
tardia (após os 50 anos), com primeira 
gestação após os 30 anos de idade, 
mulheres nulíparas e que fazem terapia 
de reposição hormonal pós-menopausa 
(principalmente se o tratamento se 
estender por cinco anos ou mais); 
o Ainda existem controvérsias sobre o 
impacto do uso de contraceptivos 
orais para o desenvolvimento desse 
quadro. 
 Predisposição genética: diagnóstico com 
idade menor que 50 anos acompanhado 
por história familiar de carcinoma de 
mama indicam a possibilidade de 
mutaçõesnum determinado gene. O 
câncer de origem hereditário, no entanto, 
só corresponde a cerca de 5 a 10% do 
número total de casos. 
 Exposição à radiação ionizante antes dos 
40 anos; 
 Consumo regular de bebidas alcoólicas 
(mesmo que em quantidade moderada); 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
 A obesidade (com destaque para o ganho 
de peso pós-menopausa); 
 
 Sedentarismo (a prática de exercícios é 
um fator protetor). 
O “Documento de Consenso do Câncer de 
Mama” de 2004 pontua como grupos com 
risco muito elevado para o desenvolvimento 
desse carcinoma as mulheres com: 
 História familiar de ao menos um parente 
de 1º grau com diagnóstico de câncer de 
mama antes dos 50 anos; 
 História familiar de ao menos um parente 
de primeiro grau com câncer de mama 
bilateral ou câncer de ovário em qualquer 
grupo etário; 
 História de câncer de mama masculino na 
família; 
 Diagnóstico histopatológico que aponte 
para lesões proliferativas atípicas ou 
neoplasias tubulares in situ. 
Essa categoria, mesmo que contemple um 
contingente populacional mínimo, deve ser 
monitorada atentamente, com indicação 
para rastreamentos anuais. 
QUADRO CLÍNICO: 
O surgimento de uma nodulação, 
comumente dura, irregular e indolor, é o 
sintoma mais comum para o câncer de 
mama (90%), porém é necessário pontuar 
que, devido às diversas naturezas 
neoplásicas, alguns deles podem 
apresentar-se com características 
totalmente opostas. 
Outros possíveis sinais de câncer de mama 
incluem: 
 Saída de secreção pelo mamilo 
(necessária atenção especialmente 
quando é transparente ou avermelhada, 
unilateral e espontânea); 
 Pele da mama avermelhada; 
 Edema cutâneo semelhante à casca de 
laranja; 
 Retração cutânea na mama; 
 Dor, descamação, ulceração ou inversão 
no mamilo; 
 Linfonodos axilares palpáveis. 
 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA EM CÂNCER DE MAMA: 
A prevenção primária tem como finalidade 
controlar os fatores de risco reconhecidos 
para o desenvolvimento do carcinoma de 
mama, atuando em todos os níveis de 
atenção à saúde, com destaque para a 
Atenção Básica. Os direcionamentos devem, 
principalmente, orientar para o controle do 
peso e a prática de atividade física. 
Mesmo sendo impossível controlar aspectos 
hereditários e reprodutivos, fatores 
relacionados ao estilo de vida feminino, 
como o sedentarismo, o consumo elevado de 
bebidas alcoólicas, a obesidade pós-
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
menopausa, o aleitamento materno e a 
terapia de reposição hormonal podem ser 
abordados de forma a induzir mudanças 
comportamentais capazes de diminuir, 
mesmo que parcialmente, o risco de 
ocorrência dessa doença. Medicamentos 
quimioprofiláticos (tamoxifeno e raloxifeno, 
que se associam aos receptores de 
estrogênio, alterando sua estrutura e 
incentivando a interrupção da replicação 
celular desses ligantes) estão sendo 
analisados, não devendo ser indicados para 
mulheres assintomáticas de baixo ou médio 
risco, uma vez que apresentam um aumento 
na probabilidade de desenvolver câncer 
endometrial, quadros tromboembólicos ou 
de AVC. 
A realização da mastectomia profilática 
também tem sido estudada como forma de 
prevenir o desenvolvimento de câncer de 
mama em mulheres com risco muito elevado 
para seu desenvolvimento, porém ainda não 
há evidências suficientes para comprovar a 
efetividade desse método. 
MECANISMOS DE DETECÇÃO E DIAGNÓSTICO 
PRECOCES: 
A detecção do câncer de mama em estágios 
inicial de seu desenvolvimento (quando as 
tumorações apresentam manos de 2 cm de 
diâmetro) é preditora de bons prognósticos, 
sendo assim necessário implementar 
medidas que favoreçam a identificação da 
doença de forma precoce. 
O down-staging, é uma estratégia de 
diagnóstico precoce que incentiva a redução 
do estágio de apresentação do carcinoma, 
sendo fundamental assegurar a educação da 
mulher e dos profissionais de saúde acerca 
do reconhecimento dos sinais e sintomas 
iniciais desse quadro, além de promover o 
acesso com facilidade e agilidade aos 
serviços de saúde. 
Para que os efeitos dessa metodologia 
sejam potencializados, é necessário 
incorporar a mulher ao processo de 
prevenção de forma ativa, por meio da 
palpação do tecido mamário. 
A partir da década de 1990, momento no 
qual o autoexame das mamas teve seus 
resultados inicialmente comprovados, 
diversos países adotaram tal técnica como 
parte da política de alerta à saúde das 
mamas. Nos anos 2000, entretanto, novos 
estudos apontaram que o autoexame 
poderia causar mais possíveis malefícios 
que benefícios (ex.: aumento no número de 
punções e mastectomias desnecessárias), 
passando a ser desestimulado como medida 
de rastreamento. 
 
Os profissionais de saúde devem estimular 
que a palpação das mamas pela mulher seja 
feita sempre que ela se sentir confortável, 
não havendo mais a obrigatoriedade de 
realização mensal, sem qualquer técnica 
necessária, valorizando assim achados 
casuais de pequenas alterações. Essa 
medida pode aumentar a demanda de 
unidades de saúde, que devem estar 
preparadas para acolher as mulheres, 
esclarecendo as suas dúvidas e 
encaminhando-as para os exames 
diagnósticos adequados. 
Os cinco sinais de alerta que devem chamar 
a atenção da mulher durante a palpação são: 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
 Presença de nódulos ou espessamentos 
que aparentem ser diferentes do tecido 
do restante da mama: 
 Alterações no contorno das mamas; 
 Dor ou desconforto contínuo em seio 
unilateral; 
 Mudanças na posição e aspecto dos 
mamilos; 
 Presença de secreção espontânea pelo 
mamilo (principalmente se unilateral). 
RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA: 
A mamografia é a estratégia de saúde 
pública empregada no Brasil, sendo capaz 
de identificar nódulos não palpáveis no seio. 
Esse método beneficia principalmente 
mulheres de 50 a 69 anos. 
 
O exame clínico das mamas pode também 
ser usado como ferramenta de rastreamento, 
tanto de forma isolada, em locais sem 
acesso ao aparelho, ou de forma combinada 
com a mamografia (há poucos estudos que 
comprovem esse benefício), havendo 
correlações positivas entre esse exame e a 
sobrevida das pacientes. 
A ressonância magnética tem sido usada em 
associação à mamografia em mulheres 
pertencentes a grupos de alto risco para 
esse carcinoma, como aquelas com 
mutações genômicas em BRCA1 e 2, história 
prévia de CA de mama em si ou em familiar 
próximo, com nodulações subclínicas e que 
fizeram radioterapia torácica antes dos 30 
anos. De forma geral, as integrantes desse 
grupo são jovens, com mamas densas e 
parênquima sensível à radiação ionizante, 
situação em que a capacidade de detecção 
da mamografia é reduzida, justificando a 
sobreposição de métodos. 
Os benefícios do rastreamento para a 
redução da mortalidade e tratamentos 
menos agressivos devem ser sempre 
ponderados em relação aos malefícios e 
riscos relativos à adoção dessa estratégia. 
Ao oferecer exames de mamografia à 
população assintomática, os efeitos 
prejudiciais incluem a indução do câncer de 
mama por radiação, a taxa de resultados 
falso-positivos que implicam em exames 
complementares e maior ansiedade nas 
mulheres, o sobrediagnóstico e 
sobretratamento de lesões malignas de 
comportamento indolente que serão 
identificadas e tratadas sem a certeza de sua 
evolução. 
 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
 
INVESTIGAÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: 
EXAME CLÍNICO DAS MAMAS (ECM): 
O exame clínico das mamas é o 
procedimento realizado para avaliar sinais e 
sintomas referidos pelas pacientes a fim de 
realizar o diagnóstico diferencial entre 
achados suspeitos de câncer e aqueles 
relacionados a condições benignas. O ECM 
também representa o momento ideal para a 
orientação feminina acerca da importância 
do toque das mamas, indicando os sinais de 
alarme e as características fisiológicas dessa 
estrutura.O ECM deve contemplar tanto a inspeção 
estática quanto dinâmica das mamas, a 
palpação do tecido mamário e das cadeias 
ganglionares anexas (axilares e 
supraclaviculares). 
A inspeção estática visa identificar sinais 
visualmente indicativos de câncer, como 
alterações no traçado mamário, ulcerações 
cutâneas ou da região areolopapilar. A 
comparação entre os seios é fundamental, 
observando assimetrias, diferenças na cor 
da pele ou em sua textura, além do padrão 
do trajeto venoso. A paciente, nessa etapa, 
pode estar sentada com os braços ao lado 
do corpo ou levantados acima da cabeça. 
 
Na inspeção dinâmica, a mulher é solicitada 
a levantar e abaixar seus braços lentamente, 
contrair a musculatura peitoral, comprimindo 
a palma das mãos em frente ao tórax ou 
colocando as mãos sobre a cintura. 
 
A palpação das mamas deve avaliar todo o 
tecido da mama e os linfonodos que recebem 
drenagem dessa área. Na avaliação da 
cadeia axilar, a paciente deve encontrar-se 
sentada, com o braço ipsilateral ao exame 
relaxado e o antebraço repousando sobre o 
antebraço do examinador. Para avaliar os 
linfonodos supraclaviculares, a mulher deve 
inclinar-se delicadamente para o lado, com a 
cabeça em semiflexão. 
 
A palpação das mamas é feita com a 
paciente em decúbito dorsal, com a mão 
homolateral à mama em análise sendo 
colocada atrás da cabeça. Cada área 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
examinada deve ser pressionada com três 
níveis distintos de pressão sendo aplicados 
em sequência, permitindo a interpretação de 
alterações cutâneas (leve), subcutânea 
(moderado) e da parede torácica (profunda). 
Movimentos circulares com a polpa dos 
dedos indicador, médio e anelar devem ser 
executadas de tal forma a simular o contorno 
de uma moeda. O complexo areolopapilar 
deve ser palpado, não comprimido. No 
exame de uma mulher mastectomizada é 
feita a palpação da pele, da parede do tórax 
e da cicatriz cirúrgica. 
Devem ser investigadas possíveis mudanças 
na temperatura da pele e a presença de 
nódulos, descritos conforme seu tamanho, 
consistência, delimitação, aspecto da 
superfície, mobilidade e localização (em 
quadrantes). 
 
Para avaliar a descarga papilar, o 
examinador faz uma pressão unidigital e leve 
na região areolar, em movimentos radiais, 
contornando a papila. A saída da secreção 
pode ser provocada pela compressão de um 
nódulo ou área de espessamento, que pode 
estar em qualquer região da mama. A 
descrição dessa descarga deve informar se 
é uni ou bilateral, uni ou multiductal, 
espontânea ou provocada, sua coloração e 
relação com alguma alteração palpável. 
Caso haja resultados alterados ao longo do 
ECM, esses devem ser avaliados e, caso 
necessário, encaminhados para 
investigação em centros de referência para o 
câncer de mama. Os principais achados que 
devem ser endereçados a esses locais são: 
 Nódulo mamário de consistência 
endurecida e fixo, independente da idade; 
 Nódulo mamário persistente por mais de 
um ciclo menstrual em mulheres com 
mais de 30 anos ou presente depois da 
menopausa; 
 Nódulo mamário em mulheres com 
história prévia de câncer de mama; 
 Nódulo mamário em mulheres com alto 
risco para câncer de mama; 
 Alteração unilateral na pele da mama, 
como eczema, edema cutâneo 
semelhante à casca de laranja, retração 
cutânea ou distorções do mamilo; 
 Descarga papilar sanguinolenta unilateral 
e espontânea (averiguar também 
secreções transparentes ou rosadas); 
 Homens com 50 anos ou mais com 
massa subareolar unilateral de 
consistência firme com ou sem distorção 
de mamilo ou associada a mudanças na 
pele. 
MÉTODOS DE IMAGEM: 
Os exames de imagem são empregados 
tanto no rastreamento como também para a 
definição do diagnóstico. Nessa primeira 
situação, tais procedimentos têm como 
finalidade detectar precocemente o câncer 
de mama, para permitir tratamento menos 
radical, melhorar a qualidade de vida, reduzir 
as taxas de mortalidade e morbidade e 
reduzir gastos no tratamento. Na segunda 
aplicação proposta, a utilização de imagens 
permite confirmar (ou não) a hipótese de 
câncer de mama inicialmente construída a 
partir de indícios clínicos. Os métodos mais 
utilizados são a mamografia, a 
ultrassonografia e a ressonância magnética. 
MAMOGRAFIA: 
Os resultados do exame mamográfico são 
classificados de acordo com o Breast 
Imaging Reporting and Data System (BI-
RADS), sistema que utiliza categorias de 0 a 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
6 para descrever os achados e propor 
recomendações de conduta terapêutica. 
 
O esquema de classificação BI-RADS é também 
usado para classificar achados ultrassonográficos e 
de ressonância 
Para fins diagnósticos, a mamografia deve 
ser realizada nas mulheres com sinais ou 
sintomas de câncer de mama, não sendo 
recomendada para aquelas que referem 
mastalgia, uma vez que esse não é um 
sintoma-chave do carcinoma e não 
apresenta implicações em análises de 
imagem. Outras situações com indicação de 
mamografia são o controle radiológico de 
lesão categoria 3 BI-RADS e a avaliação de 
mama masculina. 
ULTRASSONOGRAFIA: 
A ultrassonografia tem como principais 
indicações de uso diagnóstico: 
 Diagnóstico diferencial entre lesões 
sólidas e císticas; 
 Lesões palpáveis ao ECM, mas com 
resultados mamográfico negativos ou 
inconclusivos; 
 Em jovens com lesões palpáveis (mamas 
densas afetam a mamografia); 
 Alterações no ECM durante o ciclo 
gravídico-puerperal; 
 Em casos de doença inflamatória e 
abcessos; 
 No diagnóstico de coleções de líquido. 
A complementação da mamografia com a 
ultrassonografia pode obrigatória e com 
grande benefício no diagnóstico quando há 
lesão palpável sem expressão na 
mamografia; nos nódulos regulares ou 
lobulados, que possam representar cisto; e 
nas lesões densificantes (assimetria difusa, 
área densa) que podem representar lesão 
sólida, cisto ou parênquima mamário. 
 
A complementação não está indicada nas 
lesões categoria 2, categoria 5, nas 
microcalcificações e na distorção focal da 
arquitetura, podendo ser dispensada nos 
pequenos nódulos de aspecto benigno em 
mamas adiposas. 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: 
A ressonância magnética é usada em casos 
que não apresentaram resultados 
conclusivos nos métodos supracitados, na 
detecção de carcinomas ocultos, na 
formulação de estratégias terapêuticas, na 
avaliação de resultados quimioterápicos, 
para a investigação em casos de recidivas ou 
complicações pós-implantes. 
MÉTODOS INVASIVOS DE DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico final do câncer é feito por meio 
do achado histopatológico, que pode ser 
obtido a partir de diversos métodos, graças à 
localização favorável da mama. A biópsia 
excisional (cirúrgica) é o padrão-ouro, porém 
procedimentos minimamente invasivos 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
podem apresentar melhor custo-benefício 
em casos de carcinomas em estágio 
avançado. 
O tipo de procedimento de investigação 
diagnóstica complementar depende da lesão 
encontrada nos achados clínicos (lesões 
palpáveis ou não) e dos resultados 
radiológicos. Essa indicação compete ao 
especialista do serviço de referência, 
levando em conta a disponibilidade de 
procedimentos na região e as condições de 
saúde da usuária, além da classificação de 
BI-RADS, do tipo, localização e composição 
da lesão, bem como do tamanho da mama 
da paciente. 
Nas lesões não palpáveis da mama 
classificadas como categoria 4 e 5 e, 
eventualmente, nas lesões categoria 3, a 
obtenção de material para exame 
histopatológico pode ser feita por meio de 
biópsia cirúrgica e biópsia percutânea 
(agulha grossa e vácuo). A punção por 
agulha fina (PAAF) pode ser usada para 
lesões palpáveis e impalpáveis, de conteúdo 
cístico ou sólido. 
 Biópsia cirúrgica: 
A biópsia cirúrgica, procedimento 
denominado biópsia exérese de nódulo de 
mama na tabelade procedimentos do SUS, 
é o método mais tradicional e com maior 
disponibilidade. Pode ser incisional, quando 
há retirada de parte da lesão, e excisional, 
quando ocorre retirada total da lesão. 
No caso de lesões não palpáveis, a biópsia 
deve ser orientada por marcação pré-
cirúrgica, com a finalidade de marcar a lesão, 
proporcionando a retirada econômica de 
tecido mamário, importante parâmetro a ser 
considerado, principalmente se a lesão for de 
natureza benigna. 
 Biópsia percutânea com agulha grossa 
(PAG): 
A punção por agulha grossa ou core biopsy, 
é um procedimento ambulatorial, realizado 
sob anestesia local, que retira fragmento de 
tecido mamário para o exame 
histopatológico por meio de dispositivo 
automático para biópsia (pistola). 
A introdução da PAG oferece uma opção 
minimamente invasiva para o diagnóstico 
das lesões da mama. Com desempenho 
semelhante à biópsia cirúrgica, esse 
procedimento tem menor custo; não 
necessita internação e raramente apresenta 
complicações; causa menor trauma local 
com mínimo de lesões cicatriciais; é um 
procedimento rápido e bem tolerado, com 
recuperação mais rápida e, portanto, menor 
afastamento das atividades do lar e do 
trabalho; e tem excelente resultado estético. 
 Punção por agulha fina (PAAF): 
A punção por agulha fina é um procedimento 
ambulatorial, de simples realização e baixo 
custo. A PAAF pode ser utilizada tanto na 
abordagem das lesões palpáveis como de 
não palpáveis, sendo a única forma de 
abordagem para os cistos. O limite deste 
método é apenas fornecer material para 
estudo citopatológico e não fornecer 
diagnóstico de invasão tumoral. 
 Biópsia percutânea a vácuo 
(mamotomia): 
Em comparação com a biópsia percutânea 
com agulha grossa, a biópsia a vácuo tem as 
vantagens de obter maior número de 
fragmentos, maiores e mais consistentes, 
com melhor desempenho nas 
microcalcificações, com uma única inserção 
da agulha, porém é um procedimento mais 
caro e menos disponível na prática cotidiana. 
CONDUTAS EM LESÕES PALPÁVEIS: 
Em mulheres com menos de 35 anos a 
ultrassonografia é o método de escolha para 
avaliação das lesões palpáveis. A partir dos 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
35 anos, recomenda-se a mamografia, que 
pode, em caso já mencionados, ser 
complementada pela ultrassonografia. 
Pacientes com achados benignos sem 
indicação cirúrgica devem permanecer em 
acompanhamento de rotina na unidade de 
atenção primária, enquanto aquelas com 
achados benignos com indicação cirúrgica 
(nódulos sólidos com mais de 3cm, 
descargas papilares profusas, abscesso 
subareolar recidivante) devem ser 
encaminhadas para uma unidade de 
referência na atenção secundária. 
Todas as mulheres com achados clínicos 
suspeitos, mesmo com exame de imagem 
negativo, devem ser submetidas à 
investigação PAAF, PAG ou Biópsia 
Cirúrgica, dependendo de sua 
disponibilidade e das características da 
lesão, sendo realizados em unidades 
ambulatoriais de referência. 
CONDUTAS EM LESÕES NÃO PALPÁVEIS: 
Mulheres com resultado BI-RADS 1 e 2 
devem ser orientadas para 
acompanhamento de rotina, na unidade de 
atenção primária, com repetição do exame 
de acordo com a faixa etária. 
Por sua vez, pacientes com BI-RADS 3 
devem permanecer em acompanhamento 
por três anos, com repetição do exame a 
cada seis meses no primeiro ano e anual nos 
dois anos seguintes. Devem ser 
acompanhadas pelo especialista, 
preferencialmente na unidade de atenção 
secundária. Quando for confirmada a 
estabilidade da lesão, as mulheres deverão 
retornar para o acompanhamento na unidade 
de atenção primária de acordo com a faixa 
etária. 
O estudo histopatológico nessa categoria é 
indicado quando houver dificuldade em 
manter o acompanhamento, quando a lesão 
for encontrada junto a outro achado suspeito 
homo ou contralateral, ou em mulheres com 
indicação para terapias de reposição 
hormonal. 
As mulheres com resultado BI-RADS 4 ou 5 
deverão ser encaminhadas para a unidade 
de referência secundária para investigação 
por exame histopatológico da lesão, 
preferencialmente por meio de PAG 
orientada por método de imagem. Uma vez 
confirmada a malignidade, deverão ser 
encaminhadas para a unidade de referência 
terciária para início do tratamento. Se a PAG 
for inconclusiva, o encaminhamento deve ser 
feito para a biópsia cirúrgica, em unidade 
secundária ou terciária. 
Mulheres com BI-RADS 0 devem ser 
reavaliadas para realizar novos exames de 
imagem, moldando a conduta a partir dos 
novos resultados. Casos com BI-RADS 6 são 
raros na Atenção Básica, uma vez que essas 
pacientes com diagnóstico confirmado de 
câncer devem estar internadas para o 
tratamento. 
TRATAMENTO: 
O tratamento do câncer de mama, conforme 
prevê a Política Nacional de Atenção 
Oncológica, deve ser feito em Unidades de 
Assistência de Alta Complexidade em 
Oncologia (Unacon) e Centros de 
Assistência de Alta Complexidade em 
Oncologia (Cacon), que fazem parte de 
hospitais de nível terciário. Tais instituições 
devem ser capacitadas para fazer o 
estadiamento do tumor, tratar e assegurar a 
qualidade da assistência oncológica à 
paciente. 
 
Júlia Figueirêdo – PINESC IV 
A doença deve ser tratada dentro de um 
contexto multidisciplinar, onde a cirurgia e a 
radioterapia têm papel fundamental no 
controle de tumorações locais, e a 
quimioterapia, a hormonioterapia e a terapia 
biológica no tratamento sistêmico. Dessa 
forma, o tratamento deve ser individualizado, 
e orientado não apenas pela extensão da 
doença, mas também por suas 
características biológicas, e condições da 
paciente 
O tratamento conservador atualmente 
consiste na retirada do segmento ou setor 
mamário onde se localiza o tumor com 
margens de tecido mamário 
microscopicamente sadio, associada à 
radioterapia complementar pós ou pré-
operatória, obrigatória em qualquer tipo de 
cirurgia conservadora. Seu objetivo principal 
é eliminar lesões microscópicas 
eventualmente não extirpadas pela cirurgia, 
e reduzir o risco de recidiva local. 
Para indicação dessa modalidade 
terapêutica, deve-se levar em conta a 
possibilidade de controle da doença com 
bom resultado estético, devendo ser indicada 
em tumores pequenos, palpáveis ou não, 
sem evidência de multicentricidade, e sem 
metástases a distância. Do ponto de vista 
oncológico, está contraindicado no câncer da 
mama masculino e nos tumores extensos ou 
multicêntricos. Esteticamente, deve ser 
evitada quando a relação entre o tamanho do 
tumor e o tamanho da mama não permite 
uma ressecção adequada sem causar 
grande deformidade. 
O tratamento sistêmico será determinado de 
acordo com o risco de recorrência (depende 
da idade da paciente, do comprometimento 
linfonodal, tamanho tumoral, grau de 
diferenciação) e as características tumorais. 
Na doença localmente avançada, o 
tratamento deve ser inicialmente sistêmico, e 
o tratamento cirúrgico estará indicado após 
resposta adequada com redução do tumor. 
Havendo metástases a distância, o 
tratamento cirúrgico tem indicações restritas, 
sendo o tratamento sistêmico a principal 
opção, nesses casos é fundamental que a 
decisão terapêutica busque o equilíbrio entre 
a resposta tumoral e o possível 
prolongamento da sobrevida, levando-se em 
consideração os potenciais efeitos colaterais 
decorrentes do tratamento. 
Entre as possíveis complicações do 
tratamento, o edema linfático de membro 
superior (linfedema) pode ocorrer após 
esvaziamento axilar e configura-se como 
condição crônica e incapacitante, o que 
resulta em alterações físicas, psicológicas e 
sociais. O sintoma inicial é a sensação de 
peso no braço e o tratamento preconizado é 
a terapia física complexa.

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