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Toxoplasmose Parasitose provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que se trata da única espécie de parasito responsável por essa doença parasitária Apresenta distribuição mundial, com alta prevalência sorológica e baixa incidência sintomatológica HD →Felídeos domésticos e selvagens (gatos- reprodução sexuada) Habitat no HD →Intestino delgado (musculatura, SNC, fígado, pulmões, sistema reprodutor) HI →Animais de sangue quente, homeotérmicos (mamíferos, aves, seres humanos-reprodução assexuada) Habitat no HI →Musculatura, fígado, pulmões, cérebro É uma antropozoonose OBS: Felinos podem ser HD e/ou HI na toxoplasmose, pois podem se contaminar tanto com a ingestão dos cistos na musculatura dos HI, quanto na ingestão dos oocistos infectados das fezes de outros felinos contaminados próximos MÉTODOS DE TRANSMISSÃO Ingestão de oocistos esporulados presentes nas fezes dos HD, ingestão de carne crua ou malcozida contendo cistos dos HI, transplacentária (taquizoítos) e transmissão mecânica via vetores (moscas, besouros, formigas, minhocas, ...) EPIDEMIOLOGIA Uma das doenças parasitárias de maior potencial zoonótico do mundo, o que ocasiona perdas econômicas significativas à pecuária (ovinos, suínos, ...) Parasito extremamente oportunista, que não apresenta preferência por sexo ou raça animal para infecção Climas quente e úmido são + favoráveis à multiplicação do parasito Pequenos ruminantes (ovinos e caprinos) são altamente susceptíveis à infecção pela toxoplasmose, porém são mais resistentes a apresentarem sinais clínicos OBS: Estimativas afirmam que 70-95% da população humana se encontra infectada por toxoplasmose e não percebe, pois majoritariamente, a infecção é assintomática ELIMINAÇÃO DE OOCISTOS PELOS HD Liberação de oocistos não esporulados no ambiente (temperatura, umidade 85% e ph ácido) →5 dias Gatos eliminam oocistos infectantes apenas uma vez por vida (filhotes, máximo 28 dias), pela segunda vez já não possuem a capacidade da esporulação Apresentam viabilidade por longos períodos de anos no ambiente →taxa de contaminação ↑ Oocistos contêm internamente 2 esporocistos, contendo 4 esporozoítos cada um, totalizando 8 esporozoítos TOXOPLASMOSE E GRAVIDEZ Se a fêmea se contaminar antes da gravidez, as chances de contaminação para a prole e de abortos são mínimas, porém se a fêmea se contaminar durante a gravidez, as chances de contaminação para prole e de abortos são altíssimas na toxoplasmose CICLO BIOLÓGICO Fase sexuada e fase assexuada característica, com ciclo heteroxeno do parasito PPP varia a depender da forma parasitária: >20 dias (oocistos), >19 dias (taquizoítos) e 3-10 dias (cistos com bradizoítos) RESPOSTA IMUNOLÓGICA O T. gondii estimula a resposta imunológica celular e humoral, normalmente os anticorpos controlam os níveis de parasitas extracelulares na circulação e fluidos teciduais, enquanto a resposta celular é direcionada contra parasitas intracelulares. O T. gondii é um parasita intracelular obrigatório, cujos taquizoítos crescem dentro das células. Assim que o número de taquizoítos intracelular se excede, a célula infectada se rompe liberando-os para invadir outras células. Os elementos imunes mais importantes na infecção por T. gondii são: macrófagos, “natural killers” (NK) e citocinas. Os macrófagos são importantes para a destruição de micro-organismos intracelulares já que produzem óxido nítrico (NO), substância letal para alguns protozoários. Esse mecanismo de destruição ocorre quando as células T sensibilizadas secretam interferom gama (IFN-γ) que ativa os macrófagos, capacitando-os para matar microrganismos intracelulares por permitir a fusão do fagossomo e lisossomo. Contudo, protozoários podem sobreviver dentro dos macrófagos, sendo que o Toxoplasma induz a apoptose dessas células. Os taquizoítos não são destruídos ao adentrarem nos macrófagos, uma vez que podem bloquear a fusão do fagolisossomo, o que possibilita seu crescimento em um ambiente livre de anticorpos e enzimas lisossomais. Os anticorpos junto com o sistema complemento destroem organismos extracelulares. Eles então diminuem o número de microrganismos entre as células, mas terão pouca ou nenhuma influência nas formas intracelulares do parasita. A respostas imunes mediadas por células e anticorpos atuam juntas para assegurar a eliminação do estágio de taquizoítos desse organismo. O desenvolvimento efetivo da resposta celular T CD8+é crucial para o controle de vários patógenos intracelulares, como o T. gondii. Embora ambas as respostas celulares de linfócitos T CD4+e CD8+sejam induzidas durante a infecção aguda por T. gondii, a proteção, ao decorrer da vida contra o parasita, é primariamente dependente da subclasse T CD8+. Uma vez que, são importantes fontes de IFN-γ, importante inibidor da multiplicação intracelular do parasita. A interleucina 12 (IL-12) estimula diretamente a NK a produzir IFN-γ. Entretanto, depois da aquisição de infecção inicial no hospedeiro imunocompetente, o taquizoíta do T. gondii rapidamente se converte em cistos teciduais contendo bradizoítos para estabelecer uma infecção crônica assintomática. Bradizoítos normalmente não podem ser eliminados pelo hospedeiro devido à resposta imunológica fraca que eles produzem, podendo persistir no hospedeiro pelo resto da vida, vindo a rompem em casos de imunossupressão. OBS: o T. gondii não produz toxinas; A via complementar clássica NÃO é ativada nos gatos. IgM →resposta primária do sistema imune, IgG →resposta mais específica (deixa memória imunológica) IgA →extremamente importante na resposta imune PATOLOGIA E SINAIS CLÍNICOS Em infecções maciças, taquizoítos, pela elevada multiplicação, podem causar áreas de necrose em órgãos vitais, como pulmões, miocárdio, fígado e cérebro Lesões com foco central pequeno necrótico associado geralmente a processos de mineralização Leucoencefalomalacia focal devido a anoxia de patologia placentária Indivíduos imunocompetentes geralmente são assintomáticos, sendo a maioria dos casos Indivíduos imunossuprimidos geralmente são sintomáticos, podendo surgir diversos sintomas Febre, cefaleia, mialgia, artralgia, adenomegalia (cervical ou cervical/axilar), esplenomegalia, hepatomegalia, corioretinite, pneumonite, diarreia, icterícia, taquipneia, problemas respiratórios., abortos, apatia, desidratação, mucosas pálidas OBS: Pacientes com HIV altamente susceptíveis Para gestantes e filhotes →doenças congênitas, retardo mental, moderada perda de audição, sendo que a taxa de transmissão aumenta com a idade gestacional DIAGNÓSTICO Necessária confirmação laboratorial pelo alto índice de abortamento e restos placentários, pesquisas diretas como sangue, líquido cefalorraquidiano, saliva, lavado peritoneal, linfonodos, testes sorológicos como melhor alternativa (RIFI e ELISA), bioensaio, imunoistoquímica de restos placentários, parasitológico de fezes não é ideal pela baixa quantidade de oocistos liberados via fezes do animal TRATAMENTO Medicamento de escolha →Clindamicina 25- 50mg/kg/dia a cada 12 horas VO ou IM, 2x por semana (melhor alternativa) Sulfadiazina- Trimetropim 30mg/kg a cada 12 horas VO 14-21 dias Colírio de prednisona 1% tópico 6-8 horas 2x por semana Ácido fólico 0,5-5mg/kg/dia ou ácido folínico 1mg/kg/dia Pirimetamina pura ou associada a sulfa, azitromicina (último caso) PROFILAXIA Evitar carne crua ou malcozida de qualquer animal, controlar a população de gatos nas cidades e em fazendas por meio da castração, limpeza diária em gatis com amônia quaternária, água e sabão, vapor de água, dentre outros, remoção adequada das fezes em incineração e em vasos sanitários, incineração de restos placentários em fazendas, manter os gatos dentro de casa com alimentação a base de ração de boa qualidade, evitar o hábito de coprofagia em algumas espécies, controlede insetos e roedores nas propriedades
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