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SP1 - DOR PROBLEMAS:• Identificação: Carmen, 64 anos Estava desanimada para realizar suas atividades domésticas;○ Dor intensa ao esbarrar no ferro quente;○ Dor no cotovelo direito, que se intensificou após algumas horas, por conta do movimento brusco realizado que culminou na batida na parede; ○ Ao colocar a mão queimada na água fria corrente teve sensação de alívio;○ Fez uso de paracetamol 750mg (1 comprimido a cada 4 horas) sem prescrição médica, sendo que no dia seguinte se sentiu pior; ○ Alta sensibilidade no local da lesão do cotovelo;○ Médico constatou queimadura de segundo grau na mão direita e contusão no cotovelo direito;○ Após 24 horas, mesmo sob medicação, o cotovelo ainda estava doendo e apresentava sensibilidade ao contato;○ Uso inadequado de medicações;○ → HIPÓTESES:• No caso da queimadura, podemos correlacionar a um processo em que o rompimento de membrana propicia a liberação de fosfolipídios de modo a entrar na cascata do ácido araquidônico, culminando na liberação de prostaglandinas pela via COX-2, causando a sensação de dor, uma vez que a substância pode causar uma sensibilização nos nocirreceptores, o que explica o quadro evidenciado por dona Carmen. A) Ao tocar no ferro quente, houve uma ativação da via espinotalâmica, que seria a via relacionada ao processo de B) (5º sem) - SP1: "Passando mal" quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021 14:23 Página 1 de NCS Ao tocar no ferro quente, houve uma ativação da via espinotalâmica, que seria a via relacionada ao processo de percepção de dor e temperatura. Por conta do ocorrido, os nociceptores ficaram intensamente ativados, o que propiciou um decaimento do limiar de dor e, com isso, alta sensibilidade no local. B) O reflexo de retirar a mão bruscamente do ferro quente decorre da via arco reflexo que ocorre, de modo simplificado, por meio dos nocirreceptores que enviam aferências até o sistema nervoso, que devolvem a resposta motora por meio de eferências, propiciando à dona Carmen o reflexo de retirar a mão do objeto que está causando a dor. C) Como a classificação da lesão de Carmen foi queimadura de segundo grau, evidencia-se que houve um acometimento da camada da derme da pele, atingindo um grande número de nocirreceptores, assim, como se trata de uma camada com alta vascularização, a água corrente propiciou uma vasoconstrição que reduziu a sensação de dor. D) O uso inadequado do medicamento (sem prescrição médica) ultrapassou a dose diária que pode ser consumida, o que poderia acarretar uma sobrecarga hepática, além de não possibilitar uma ação correta. Carmen continuou com alta sensibilidade após 24 horas da contusão pois estava realizando o uso de um analgésico, sendo necessário o uso de um fármaco com ação voltada em reduzir a inflamação no local. E) A dor é uma sensação desagradável resultantes de anomalias no funcionamento fisiológico normal do corpo, podendo ser resultante de causas externas e internas. A via da dor possui 3 neurônios, variando o percurso de acordo com seu tipo: crônico ou agudo. F) QUESTÕES DE APRENDIZAGEM: Caracterize o que é dor, suas classificações e como tratar cada uma delas (escala medicamentosa).1. Explique a fisiopatologia da dor segundo suas classificações (vias).2. Descreva o mecanismo do arco reflexo da dor.3. Qual a fisiopatologia da queimadura? Explique suas classificações e os devidos protocolos de tratamento.4. Explique a farmacologia do paracetamol e sua posologia.5. Quais as consequências da automedicação para o organismo do indivíduo e evidencie, mais detalhadamente, as consequências da superdosagem de paracetamol 6. Quais são as medicações disponíveis no SUS para o tratamento da dor? Como ocorre a dispensa segura dessas medicações.7. Respostas das questões: Caracterize o que é dor, suas classificações e como tratar cada uma delas (escala medicamentosa): 1. A dor é um elemento de alerta para o indivíduo, pois é por meio dela que conseguimos detectar estímulos físicos e químicos, e nocivos que podem estar prestes ou que já tenham causado algum dano/lesão. Os canais sensitivos são adaptados morfologicamente para capturar, transmitir e processar as informações. O Comitê de Taxonomia da Associação internacional para o Estudo da Dor (IASP), conceituou a dor, como:" Experiência sensitiva e emocional desagradável decorrente ou descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais". Portanto, a dor é considerada algo subjetiva, de forma que cada indivíduo pode descrever ela de uma forma personalizada, ou seja, individualizada, podendo se basear em suas experiências prévias. No entanto, essas definições não se aplicam aos indivíduos que estão nas fases pré-verbais ou com transtornos cognitivos. Quando se tem estímulos químicos (radicais ácidos, capsaicina intensa, bradicinina), mecânicos (pressão) ou térmicos (calor, frio), podem alterar as propriedades da membrana dos nociceptores e deflagram potenciais de geração nos nociceptores que, somados, deflagram os potenciais de ação nas fibras aferentes primárias. As dores agudas apresentam valor biológico fundamental ao ser humano, pois o coloca em situação de alerta para a possibilidade de lesão tecidual ou em vias de se instalar. Enquanto as dores crônicas, por serem conduzidas por fibras amielínicas, o processo demora mais a ocorrer a se instalar, porém, pode causar problemas ainda maiores, que não só os da dor. Página 2 de NCS /, TRATAMENTO: o tratamento da dor é muito desafiador, uma vez que a sensação doloroso não se restringe apenas aos estímulos nociceptivos, mas também pelas experiências prévias vividas, emoções, crenças, atitudes e valores. Nesse contexto, a avaliação e o tratamento da dor devem contemplar métodos e procedimentos multipontos com abrangências multimodais e multidisciplinares. Terapia multimodal: utilização de diferentes modalidades terapêuticas farmacológicas ou não farmacológicas, podendo incluir tratamentos cirúrgicos e anestesiológicos, medicina física, reabilitação e as terapias educativas, psicoemocionais e comportamentais. Página 3 de NCS Tratamento multidisciplinar: avaliação e tratamento da dor realizado por vários profissionais de especialidades variadas, além de médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais etc. Para realização do tratamento da dor, deve-se partir do princípio de definir um diagnóstico, baseado na anamnese, exame físico, avaliação da dor. Após análise de todas as variáveis e suas causas, estabelece-se um tratamento farmacológico e/ou não-farmacológico mais adequado para cada indivíduo. Umas das classificações mais comuns da dor, são de caráter agudo ou crônica, de forma que nas dores crônicas o paciente pode apresentar também, comprometimento emocional, social e espiritual, podendo ter alterações de sono e fadiga, além de um quadro depressivo, ansiedade e outros. Além disso, podemos classificar como sendo uma dor nociceptiva, neuropática e/ou psicogênica, pode ainda, ser mista, envolvendo mais de uma característica. As intervenções para controle de dor deve se considerar alguns aspectos, como respeitar a individualidade de cada paciente, respeitar a farmacodinâmica e a farmacocinética de cada fármaco; considerar as contraindicações de cada indivíduo, selecionar a via mais adequada para administração do fármaco, conhecer, avaliar e tratar eventos adversos; considerar o nível de evidência dos estudos sobre a efetividade das intervenções escolhidas. Página 4 de NCS considerar o nível de evidência dos estudos sobre a efetividade das intervenções escolhidas. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: o tratamento farmacológico para a dor, deve ser baseada em guidelines propostos, sendo o mais utilizado o da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Escala Analgésica da OMS (WHO analgesic ladder). Essa escala propõe que a intensidade da dor e a potência do analgésico devem ser as principais considerações na seleção dosanalgésicos. Além disso, preconiza a utilização de outros tratamentos, como técnicas anestésicas, neurocirurgias, psiquiátricas e psicológicas, tratamentos não-farmacológicos e o tratamento primário da causa da dor, e apenas deve-se recomendar tratamentos mais invasivos, quando as drogas da escola não promovem alívio adequado a dor. Ainda, a seleção de fármacos deve ser realizada considerando os três degraus da Escala Analgésica que se relaciona com a intensidade da dor, mensurada pela escala numérica. Primeiro degrau: pacientes com dor fraca a moderada (1 a 3) devem ser tratados com analgésicos não- opioides/antipiréticos e AINHs combinados com analgésicos adjuvantes, caso haja indicação. Segundo degrau: pacientes com dor moderada (4 a 7), não aliava com medidas do primeiro degrau, devem ser tratados com a combinação de analgésico opioide fracos (codeína, oxicodona, proproxifeno, tramadol), e não-opioides (dipirona, paracetamol, naproxeno, ibuprofeno, celecoxibe, etc.), podendo ser associado aos adjuvantes (antidepressivos, neurolépticos, anticonvulsivantes, corticoides, laxantes ou antieméticos). Terceiro degrau: pacientes com dor intensa (8 a 10) ou sem alívio com as medidas do degrau anterior, devem ser tratados com opioides fortes (morfina, metadona, fentanil etc.), associado aos fármacos dos degraus anteriores e adjuvantes, se indicados. Os analgésicos devem ser administrados preferencialmente, por via oral, em horários padronizados, de acordo com a escala da OMS, em doses e prescrições individualizadas, e uso de adjuvantes, quando indicados. A prevenção da dor, ela ocorre pela administração das drogas em horários fixados e baseados na meia-vida plasmática dos fármacos. Página 5 de NCS Página 6 de NCS Explique a fisiopatologia da dor segundo suas classificações (vias).2. SENSAÇÃO DOLOROSA: estimulação mecânica, elétrica ou química, mas com potencial lesivo, são convertidos em potenciais de ação pelas terminações nervosas livres das fibras C ou A-delta do sistema nervoso periférico. Em todas as vias estudadas, devemos sempre estudar quatro elementos: receptor, trajeto periférico, trajeto central e área de projeção cortical. O receptor é sempre uma terminação nervosa sensível ao estímulo que caracteriza a via, de forma que existem receptores especializados para cada uma das modalidades de sensibilidade. O trajeto periférico compreende um nervo espinhal ou craniano e um gânglio sensitivo anexo a esses nervos. O trajeto central em seu trajeto pelo sistema nervoso central, as fibras que constituem as vias aferentes, se agrupam em feixes (tratos, fascículos, lemnisco); compreendendo ainda os núcleos relés, onde se localizam a partir do 2º neurônio. E área de projeção cortical está no córtex cerebral ou no córtex cerebelar, onde no primeiro a via permite distinguir diversos tipos de sensibilidades, e é consciente; enquanto a segunda, o impulso ele não vai determinar qualquer manifestação sensorial, onde ocorre integração motora e essa via é inconsciente. De forma geral, as vias inconscientes (cerebelares), são constituídas por apenas 2 neurônios, enquanto as vias conscientes (cerebrais), geralmente são formadas por 3 neurônios. (1) Neurônio 1: normalmente, é localizado fora do sistema nervoso central, em um gânglio sensitivo; é um neurônio sensitivo, pseudounipolar, de forma que o seu dendraxônio, e se bifurca em “T”, dando um prolongamento periférico e outro central. Enquanto o periférico se liga ao receptor, e o central penetrando o prolongamento central penetra o sistema nervoso central. (2) Neurônio 2: localiza-se na coluna posterior da medula ou em núcleos de nervos cranianos do tronco encefálico. Origina axônios que geralmente cruzam o plano mediano logo após a origem e entram na formação de um trato ou lemnisco. (3) Neurônio 3: localiza-se no tálamo e origina um axônio que chega ao córtex por uma radiação talâmica. VIA DE DOR E TEMPERATURA: os receptores de dor são terminações nervosas livres. De forma que existem duas principais vias através dos quais os estímulos de dor e temperatura chegam ao cérebro: uma mais recente neoespinotalâmica (constituída pelo trato espinotalâmico lateral, que vai diretamente ao tálamo) e outra via mais antiga, paleoespinotalâmica (constituída pelo trato espino-reticular e pelas fibras retículo-talâmicas – via espino-retículo- talâmica. VIA NEOESPINOTALÂMICA: trata-se da via clássica de dor e temperatura, onde o principal, é o trato espinotalâmico lateral, e ainda, essa via é constituída pelos 3 neurônios. Neurônio I: estão localizados nos gânglios espinhais, que por sua vez, estão localizados nas raízes dorsais. Ainda, os prolongamentos periféricos desses, se ligam aos receptores por meio dos nervos espinhais. Enquanto o prolongamento central, penetra na medula e termina na coluna posterior, fazendo sinapse com o neurônio II. o Neurônio II: os axônios desses neurônios cruzam o plano mediano pela comissura branca, chegam ao funículo lateral do lado oposto, e sobem sentindo cranial para constituir o trato espinotalâmico lateral. Quando chega ao nível da ponte, as fibras do trato se unem para constituir o lemnisco espinhal, que termina no tálamo fazendo sinapse com o neurônio III. o Neurônio III: estão localizados no tálamo, no núcleo ventral posterolateral. Esses axônios formam radiações talâmicas que, pela cápsula interna e coroa radiada, chegam à área somestésica do córtex cerebral, situado no giro pós-central (áreas 3, 2 e 1 de Brodmann). o Página 7 de NCS pós-central (áreas 3, 2 e 1 de Brodmann). É por meio dessa via que os estímulos dolorosos chegam ao córtex cerebral, estímulos provenientes do tronco e membros dos lado oposto. Essa via é responsável pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do corpo, correspondendo à dor em pontada. VIA PALEOESPINOTALÂMICA: responsável por um tipo de dor pouco localizada, sendo uma dor profunda e crônica, correspondendo a chamada dor em queimação – essa via não apresenta uma organização somatotópica. Neurônio I: estão localizados nos gânglios espinhais, e seus axônios penetram na medula do mesmo modo da neoespinotalâmica. o Neurônio II: estão localizados na coluna posterior. Os axônios eles se dirigem para o funículo lateral do mesmo lado e do lado oposto, e sobem sentindo cranial para formar o trato espino-reticular. De forma que esse sobe na medula junto ao trato espinotalâmico lateral, e termina fazendo sinapse com os neurônios III, em vários níveis da formação reticular. o Neurônio III: estão localizados na formação reticular, e dão origem às fibras retículotalâmicas, que irão terminar nos núcleos do grupo medial do tálamo, especialmente nos núcleos intralaminares. Esses núcleos intralaminares projetam-se para territórios muito amplos do córtex cerebral. Ainda, alguns neurônios III localizados na formação reticular, possuem projeções para a amigdala, contribuindo para o componente afetivo da dor. o Página 8 de NCS FISIOPATOLOGIA DA NOCICEPÇÃO: para ocorrer de fato, a sensação dolorosa, inicia-se com a transformação dos estímulos ambientais, físicos ou químicos intensos em potenciais de ação. Dessa forma, são transferidos das fibras nervosas do sistema nervoso periférico (SNP) para as fibras do sistema nervoso central (SNC). Para que ocorra a transdução dos eventos térmicos, químicos e/ou mecânicos, em potenciais de ação, deve entrar em contato com a membrana axonal, que de forma geral, formam o nociceptor ou a terminação nervosa livre. Página 9 de NCS Esses neurônios receptores sensoriais têm conexões específicas com estruturas do sistema nervoso central, que quando se tornam ativas, orquestram um complexo conjunto de eventos fisiológicos e comportamentais. As sensações protetoras mobilizam as ações do individuo para ajudar a garantir a remoção do estímulo e evitam os danos corporais. Além disso, podemos observar que as conexões dosistema de dor, temperatura e prurido possuem mais conexões com diversas áreas cerebrais, do que o tato por exemplo. Os estímulos que produzem dor, temperatura e prurido, são percebidos por conjuntos específicos de neurônios receptores sensoriais que inervam toda a superfície corporal (pele, músculos, ossos e órgãos viscerais). Estímulos químicos, mecânicos ou térmicos intensos, conseguem por sua vez alterar as propriedades da membrana dos nociceptores e por sua vez, deflagram os potenciais de ação. Ainda, podem ter uma subpopulação de neurônios que apenas são ativados quando se tem estímulos intensos, a ponto de ter alta possibilidade de lesar os tecidos. Assim, pode ocorrer também, os receptores podem sofrer fadiga e uma sensibilização, de forma que a aplicação repetidamente de estímulos, reduz a percepção de muitas sensações. No entanto, se ocorrer de fato a lesão tecidual, ocorre uma sensibilização dos nociceptores e instala-se a hiperalgesia. Os neurônios aferentes podem ser classificados em três tipos, de acordo com as dimensões do corpo celular e seus axônios: fibras de pequeno diâmetro, amielinizadas e com velocidade de condução inferior a 2m/s (fibras C); fibras de médio diâmetro, discretamente mielinizadas e com velocidade de condução de 25 a 50 m/s (fibras A-delta); ou fibras de grande diâmetro, intensamente mielinizados e com elevada velocidade de condução (fibras A-beta e A-alfa). 20% das fibras A-alfa e A-beta são nociceptivas e a maior parte das fibras C e A-delta também são nociceptivas. Os nociceptores podem ser classificadas como terminações nervosas livres das fibras A-delta e C, de forma que os nociceptores relacionados às fibras C, respondem à estímulos mecânicos, térmicos e químicos. Os nociceptores relacionados às fibras A-delta reagem à estimulação mecânica e térmica. Transdução dos estímulos térmicos: esse processo envolve proteínas de membranas ou moléculas efetoras intracelulares com elevado coeficiente de temperatura. Os receptores de capsaicina e os térmicos são membros da família dos receptores de potenciais transitórios (RPT) e são denominados de vaniloides (VR1 ou VRL-1). Esses receptores estão localizados predominantemente nas fibras C e A-delta do tipo II, sendo sensíveis ao calor nocivo moderado (≥ 43°C). Várias substâncias são liberadas no momento que o tecido é lesado, e elas modulam a excitabilidade dos nociceptores, tornando-os mais sensíveis aos estímulos térmicos ou mecânicos. Exemplos de substâncias sensibilizadoras são a bradicinina, as prostaglandinas e a substância P. A bradicinina também estimula mudanças intercelulares de longa duração, que tornam mais sensíveis aos canais iônicos ativados pelo calor. As prostaglandinas são substâncias produzidas pela clivagem enzimática dos lipídeos da membrana celular, elas não causam dor em si, mas aumentam a sensibilidade dos nociceptores a outros estímulos. A aspirina e outras drogas anti-inflamatórias não esteroidais são um tratamento utilizado para tratar a hiperalgesia, porque inibem as enzimas necessárias à síntese de prostaglandinas. A substância P é um peptídeo sintetizado pelos próprios nociceptores. A ativação de um ramo do neurito periférico do nociceptor pode levar à secreção de substância P por outras ramificações mesmo nociceptor nas áreas vizinhas da pele. Essa substância causa vasodilatação e a liberação de histamina dos mastócitos. A sensibilização de outros nociceptores, nas vizinhanças da lesão, por ação da substância P é uma das causas da hiperalgesia secundária. Hiperalgesia: trata-se de uma sensibilidade excessiva ou sensibilidade à dor. Hiperalgesia primária: Uma sensibilidade aumentada na área ferida predominantemente devido à sensibilização do nociceptor periférico. o Hiperalgesia secundária: Uma sensibilidade aumentada circundante a área não ferida, centralmente mediada.o Mecanismos do SNC também contribuem à hiperalgesia secundária. Após a lesão, a ativação dos axônios mecanorreceptivos Aβ por um toque leve pode resultar em dor. Portanto, outro mecanismo de hiperalgesia envolve uma linha cruzada entre a via da dor na medula espinhal. Página 10 de NCS Descreva o mecanismo do arco reflexo da dor.3. A pele é o órgão mais extenso do corpo humano, de forma a apresentar grandes quantidades de receptores sensitivos a nível cutâneo, como os nociceptores, que são receptores com terminações livres, que por sua vez, são ativados quando ocorre um estímulo sensível de calor e dor. De forma que quando ativa esses receptores sensitivos eles produzem um potencial de ação que são levados por meio desse neurônio I o impulso até a coluna posterior da medula espinal (onde possui nervos sensitivos), onde na medula apresentam diversos neurônios motores, realizando novas sinapses, e ativa-os a fim de estimular uma resposta motora rápida. Assim, esses neurônios motores saem da parte da coluna anterior da medula e vão em direção aos músculos para gerar a resposta de reflexo de retirada. Qual a fisiopatologia da queimadura? Explique suas classificações e os devidos protocolos de tratamento.4. Classificação de queimaduras: essas são classificadas quanto a sua extensão e a profundidade. A extensão é calculada rapidamente pela "Regra dos Nove", em que o corpo humano é dividido em 11 segmentos de 9% de superfície corporal (cabeça e pescoço; membro superior direito; membro superior esquerdo; coxa direita; coxa esquerda; perna e pé direitos; Página 11 de NCS (cabeça e pescoço; membro superior direito; membro superior esquerdo; coxa direita; coxa esquerda; perna e pé direitos; perna e pé esquerdos; tórax anterior; tórax posterior; abdome; flancos e região sacral) e 1% aos órgãos genitais. Em crianças, utiliza-se uma adaptação dessa regra devido a desproporção cefalocorporal. Atribui-se 18% para o segmento de cabeça e pescoço em menores de um ano. A partir dessa idade, calcula-se 18 menos a idade, acrescentando esse valor às coxas. Pode-se também fazer um cálculo mais apurado pela Tabela de Lund e Browder, que descreve a porcentagem de superfície corporal de cada segmento relacionado à idade. A profundidade das lesões é dada em relação à espessura da pele destruída: Espessura parcial superficial ou primeiro grau: destruição dos planos superiores à derme papilar, sendo basicamente a epiderme. Sendo caracterizado por eritema intenso e ardência com auto-resolução em 24 a 48h. a. Espessura parcial intermediária ou segundo grau: destruição em profundidade variável da derme reticular, mas ainda preservando grandes quantidades de anexos para uma regeneração espontânea do tecido. Ocorre a formação de bolhas, são lesões extremamente dolorosas, devido a lesão atingir os receptores nociceptivos, por sendo também, sensíveis as substâncias liberadas com o dano tecidual. Apresentam uma regeneração mais lente com contração tecidual variável, mas ainda, com uma regeneração das terminações nervosas. b. Espessura parcial profunda ou de segundo grau profundo: destruição da derme reticular, porém, inclui a maior parte dos anexos, dificultando a regeneração espontânea. São bastante dolorosas, e possuem uma regeneração mais lenta, e muitas vezes necessita de insumos adicionais, como enxertia. c. Espessura total ou de terceiro grau: destruição da espessura total da pele e tecido celular subcutâneo, podendo ou não atingir planos mais profundos. Por definição, não apresenta a capacidade de regeneração sem a mobilização de tecidos circunjacentes ou à distância. As áreas de espessura total geralmente são indolores após devido à destruição completa dos nociceptores cutâneos, porém, normalmente são circundados por lesões menos profundas, causando a sensação dolorosa. d. Página 12 de NCS Cuidados: as trocas de curativos podem acontecer duas vezes ao dia, e ainda, recomenda-se a realização de fisioterapia, com foco nos movimentos de articulações atingidas, pelo menos 1 vez ao dia. Bem como a terapia ventilatória, porvibrações e exercícios ativos, para reduzir o acúmulo de secreções. Cuidados Imediatos: Parar o processo da queimadura; o Lavar com água corrente até a dor passar; o Proteger com tecido seco, estéril ou limpo. o Cuidados Iniciais: Remoção de roupas queimadas ou intactas nas áreas da queimadura; o Avaliação clínica completa e registro do agente causador da extensão e da profundidade da queimadura; o História médica pregressa, como alergias ou doenças prévias; o Pesquisar sobre maus tratos nas crianças; o Pesquisar história do episódio; o Profilaxia de tétano; o Internação ou marcar retorno (no caso de pacientes tratados ambulatorialmente, prescrever analgésicos orais). o Cuidados Locais: Remoção de contaminantes ou medicamentos caseiros; o Limpeza local (se necessário) com sabão neutro ou glicerinado, sabão de coco ou sabão líquido e lavagem abundante com água corrente; o Verificar lesões de córnea com colírio de fluoresceína; o Resfriar agentes aderentes (por exemplo piche) com água corrente, mas não tentar a remoção imediata; o Em casos de queimaduras por agentes químicos, irrigar abundantemente com água corrente de baixo fluxo (após retirar o excesso do agente químico em pó, se for o caso), por pelo menos 20 a 30 minutos; o Não aplicar agentes neutralizantes, pois a reação é exotérmica, podendo agravar a queimadura; o Após a limpeza das lesões, os curativos deverão ser realizados com tópico de escolha, seguido de curativo estéril, de acordo com a rotina do serviço; o Utilizar preferencialmente curativos oclusivos, exceto em lesões de orelha ou períneo.o Desbridamento Cirúrgico: É a remoção do tecido desvitalizado presente na ferida, até que haja a exposição de tecido saudável, usando técnicas mecânicas, e/ou químicas. As feridas, quando comprometidas pela presença de tecidos necróticos, requerem desbridamento. O tecido necrosado, também chamado de desvitalizado, morto ou inviável, surge como consequência da morte celular e representa uma lesão celular irreversível. A presença de necrose aumenta o risco de infecção e de outras complicações como formação de abscessos, túneis e fístulas, além de retardar o processo de cicatrização, sendo assim, independentemente da cor ou da consistência do tecido necrosado, sua remoção é importante para que a ferida possa cicatrizar-se. Página 13 de NCS para que a ferida possa cicatrizar-se. Análise de queimaduras em crianças e a correlação com os maus tratos que elas podem estar sofrendo: 4802-Articl e Text-23... - https://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2017/05/17114.pdf Explique a farmacologia do paracetamol e sua posologia.5. A dor é complexa e por isso, seu tratamento segue a mesma linha de dificuldade para essas medidas de tratamento, e a linha mais utilizada é a dos analgésicos. Os Analgésicos não-opioides são utilizados para o alívio de dor leve a moderada; dividindo em três categorias: salicilatos, não-salicilatos (paracetamol) e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). NÃO SALICILATOS: o principal representante dessa classe é o paracetamol; AÇÃO: o mecanismo de ação específico não é conhecido, porém suas atividades analgésicas e antipiréticas são similares aos da classe dos salicilatos. De forma que a redução de temperatura corporal ocorre por meio da dilatação dos vasos sanguíneos periféricos. O sangue flui para as extremidades, resultando na dissipação do calor da febre, ocasionando o resfriamento do organismo. Já a sua ação analgésica, se deve à inibição das prostaglandinas encontradas em quase todos os tecidos e líquidos corporais. De forma que quando ocorre a liberação de prostaglandinas, a sensibilidade dos receptores no tecido aumenta, de modo que o paciente tem maior probabilidade de sentir dor. De forma que o salicilato inibe a produção de prostaglandinas, e assim, os receptores de dor têm menos tendência a enviar mensagens de dor ao cérebro. Quais as consequências da automedicação para o organismo do indivíduo e evidencie, mais detalhadamente, as consequências da superdosagem de paracetamol 6. "No Brasil pelo menos 35% dos medicamentos adquiridos são feitos através de automedicação (AQUINO, 2008)" "O amplo uso de medicamentos sem orientação médica, quase sempre acompanhado do desconhecimento dos malefícios que pode causar, é apontado como uma das causas destes constituírem o principal agente tóxico responsável pelas intoxicações humanas registradas no país (LESSA, et al., 2008). Dessa forma, o uso indiscriminado de medicamentos tornou-se uma das grandes dificuldades enfrentadas pela saúde no âmbito mundial." "Um estudo sobre farmácia caseira observou que 97% das residências visitadas possuíam pelo menos um medicamento estocado, e o número de medicamentos estocados variou de 1 a 89 itens (média de 20 itens). Cerca de 55% dos medicamentos em estoque foram adquiridos sem prescrição médica. Do total, 25% estavam vencidos e destes, 24% continuavam sendo utilizados (FERNANDES, 2000). " "Existem diferentes motivos que fazem com que a pessoa venha a se automedicar, sendo a principal destas, a dor. Indivíduos que vivenciam uma experiência dolorosa buscam alívios através de aconselhamento médico, terapias complementares e até mesmo automedicação com fármacos. Um estudo realizado na Espanha mostra que de 1.964 pessoas, com idades diferentes e de ambos os sexos, diante de um sentimento de dor, 27,6% se automedicam, sem pensar em procurar atendimento médico (BASSOLS et al., 2002)." "Ainda de acordo com Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o mercado farmacêutico (ICTQ) o índice de automedicação no Brasil foi de 76,4% no ano de 2017, sendo que somente 23,6% consumem medicamento somente a partir de prescrição médica, de dentista ou farmacêuticos. Para o ICTQ os medicamentos mais consumidos na automedicação de adultos estão os analgésicos, anti-inflamatórios, antialérgicos, antibióticos e ansiolíticos (ICTQ, 2016) (Figura 1)." Página 14 de NCS "Os analgésicos que são os fármacos mais usados na automedicação ocupam destaque também entre os idosos, sendo mais utilizados para tratamento de dor e inflamação, sintomas bastante comuns nessa fase. As reações adversas advindas da automedicação em idosos é três vezes maior do que em jovens, apresentando incidência anual de 26 por mil leitos de pacientes hospitalizados (OLIVEIRA et al., 2012). Cascaes et al. (2008) explanam que entrevistando 77 idosos, 80,5% destes realizavam automedicação, em especial com medicamentos de venda livre, tal como analgésicos e plantas medicinais. Os mesmos ainda afirmam que a maioria era medicado por amigos, vizinhos e familiares. Para Sá et al. (2007) os motivos mais apresentados em relação aos sintomas estão a dor, febre, diarreia, pressão alta e tosse, sendo que no estudo, 77,2% dos entrevistados idosos fazem uso de medicamentos sem prescrição quando têm alguma queixa clínica." Intoxicação aguda por paracetamol: pode ocorrer após a ingestão de dose única de 10 a 15g. Doses de 20 a 25g podem ser fatais. Com o uso excessivo, os hepatócitos necrosam (morrem) e pode resultar em uma insuficiência hepática, em casos mais graves, pode chegar ao óbito. Os sinais clássicos de intoxicação aguda, são náuseas, vômitos, confusão, dor a palpação do fígado, hipotensão, arritmias cardíacas, icterícia e insuficiência hepática e renal agudas. Dose diária máxima recomendada: 3.250 mg a 4.000 mg Quais são as medicações disponíveis no SUS para o tratamento da dor? Como ocorre a dispensa segura dessas medicações. 7. O Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas da Dor Crônica, lançado em 2002, com a incorporação do medicamento gabapentina para o tratamento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A Portaria n° 1.083 traz a inclusão do medicamento, além de orientações aos profissionais quanto ao seu uso. As diretrizes trazem critérios de diagnósticos, tratamento, controle e avaliação e é de caráter nacional e dever ser utilizado pelosprofissionais de saúde para garantir o acesso e qualidade no atendimento aos pacientes. Página 15 de NCS A partir do RENAME, temos as seguintes medicações disponíveis essenciais para os tratamentos de dores: Página 16 de NCS A dispensa dessas e outras medicações no SUS, são todas regulamentadas tanto pela ANVISA, quanto pelo Ministério da Saúde, devendo seguir todos os pontos e obrigações disponíveis a cada estabelecimento. Elaborar um cadastro de cada paciente, no sistema de programa informatizado, onde contenha os dados do paciente, informações sobre prescrições anteriores, medicações dispensadas, e o registro sobre a utilização de cada medicação. a. Analisar a prescrição, ou seja, a receita com todos os pontos mínimos emitida pelo médico, verificando o nome completo do paciente, nome do fármaco, dosagem, posologia, interação medicamentosa e alimentos. Em caso de qualquer dúvida, ou incompatibilidade, entrar em contato com o médico e registrar a ocorrência. b. Separar o medicamento, confrontando-o com a receita, no ato da entrega. c. Marcar na receita os itens atendidos e não atendidos e datar a entrega nas duas vias da prescrição, assinar e carimbar. d. Orientar o paciente, avaliando o grau de entendimento das informações prestadas pelo médico, e pelo o que está descrito em sua prescrição. Deve-se sempre solicitar que o paciente repita os pontos importantes, com suas próprias palavras sobre o que entendeu, para uma administração correta da medicação. e. Esclarecer qualquer dúvida existente.f. Registrar no cadastro do paciente as informações pertinentes à dispensação. g. Acompanhar e avaliar o suo. h. Referências: Página 17 de NCS Referências: http://www.blog.saude.gov.br/31223-ms-incorpora-protocolo-de-tratamento-da-dor-cronica http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/rename01.pdf Neuroanatomia Machado. Grandes vias aferentes - Via neoespinotalâmica/Via paleoespinotalâmica. Páginas 290-292. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira. Manual da dor. 2015. Capítulo 4 - Semiologia da dor. Pág. 44-47. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira. Manual da dor. 2015. Capítulo 5 - Avaliação da dor 48-71 Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial. MOTTA. Sarah Buzato de Souza. Desbridamento de feridas. IPSEMG. https://www.scielo.br/pdf/cadsc/v26n1/1414-462X-cadsc-26-1-76.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/premio_medica/pdfs/trabalhos/mencoes/januaria_ramos_trabalho_completo.pdf https://www.unifacvest.edu.br/assets/uploads/files/arquivos/e692c-ereni-de-morais---consequencias-e-quais-os- principais-riscos-da-automedicacao.pdf Manoel, A.N.O.C.C.M.D.C.S.J.T.T.D.;. T. Dor. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2011. 9788536317922. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536317922/. Acesso em: 16 Feb 2021 NOVA SÍNTESE: SÍNTESE DEFINITIV... RECOMENDAÇÕES: A dor é uma das principais causas do sofrimento humano, com diversos problemas psicológicos, que podem ainda, afetar esses pacientes. Analisar a farmacologia da dipirona e aprofundar o paracetamol Livro recomendado: Petter Duus - Diagnóstico topográfico em Neurologia / Wilson Luis Savito - Propedêutica neurológica básica https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15626590/ Página 18 de NCS
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