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Trato digestório motilidade Professora Maíra Valle História • Alexis S Martin levou um tiro no abdômen em 1822 com 28 anos. • Médico: William Beaumont • Viveu até 83 anos! Alimentos Macronutrientes Micronutrientes Carboidratos Lipídeos Proteína Vitaminas Sais minerais Água Energia e Funções celulares Sistema digestório • O sistema digestório é constituído pelo tubo digestivo (boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso) e por glândulas anexas (salivar, fígado e pâncreas) que produzem enzimas e muco. Controle: Sistema Nervoso e Hormonal Funções: 1. Função digestiva 2. Barreira seletiva de proteção entre o meio externo e o meio interno. Histologia Histologicamente, esse tubo consiste em quatro camadas principais: (1) a mucosa, que compreende células epiteliais (enterócitos, células endócrinas, entre outros), a lâmina própria e a mucosa muscular; (2) a submucosa, tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e o plexo submucoso. (3) duas camadas musculares, uma camada interna circular espessa e uma camada externa longitudinal fina e entre elas o plexo mioentérico. (4) a serosa - parte do mesentério Histologia Vias de controle do TGI Vias de controle do TGI Sistema nervoso entérico ou SN intrínseco é composto por neurônios cujos corpos celulares estão na parede do intestino (plexos submucoso e mioentérico). Neurônios entéricos secretam seus neurotransmissores a partir de varicosidades localizadas em colaterais longos do axônio ou ramificações desses neurônios. Assim, o efeito do neurônio neurônio entérico é difundido para uma área ampla, mais abrangente que do neurônio clássico. Dependendo da espécie, o número de neurônios entéricos pode atingir 100 milhões. Esse número, em alguns casos, é superior ao número de neurônios na medula espinhal. SNE - ”segundo cérebro" Sistema nervoso extrínseco (SNA) SN parassimpático (crânio-sacral) SN simpático (toraco-lombar) O SNE é modulado pelo SNA Hormônios e substâncias parácrinas Existe feedback entre os diferentes processo de controle do TGI Emoções Visão, olfato e paladar Os 4 processos do TGI Motilidade A motilidade no trato gastrintestinal tem dois propósitos: (1) transportar o alimento da boca até o ânus e (2) misturá-lo mecanicamente para quebrá-lo uniformemente em partículas pequenas. Essa mistura maximiza a exposição das partículas às enzimas digestórias, uma vez que aumenta a sua área de superfície. Controle via: 1. Sistema nervoso entérico (SNE) 2. Sistema nervoso autônomo (SNA) 3. Secreções endócrinas Motilidade Gastrointestinal Movimentos TGI dependem do músculo liso Músculo Liso Gastrintestinal: • Células longas e finas (500 x 5-20 mm) em feixes. • Conectadas por junções comunicantes • Contração ativada por Ca2+ A = vascular; B = intestinal Músculo liso • Células não possuem um padrão estriado • Organização dos miofilamentos é diferente • Uma malha por toda a superfície da célula • Não há sarcômeros Filamentos de miosina do músculo liso são polarizados. Filamentos de actina mais longos que no músculo esquelético. Filamentos de miosina II do músculo liso Filamentos de miosina II do músculo estriado Músculo liso Organização dos filamentos de contração Músculo liso Organização dos filamentos de contração Os feixes de filamentos possuem sobreposição parcial – miofilamentos se dispõe de maneira oblíqua nas células. A tensão é desenvolvida em todas as direções. Feixes de filamentos de actina e miosina Músculo liso Relação comprimento e tensão • A reorganização dos filamentos de contração no músculo liso alteram dinamicamente a relação comprimento e tensão • O músculo liso pode desenvolver tensão sobre uma faixa maior de comprimentos •Geração de tensão é muito mais lenta do que a musculatura estriada • Fibra lisa é mais econômica: pode gerar grande tensão com pouco gasto de ATP (glicose+O2) Músculo liso Tipos de contração no músculo liso • Músculos lisos de contração tônica e contração fásica • Alguns músculos lisos ficam contraídos tonicamente (por grande período de tempo; esfíncteres e vasos); Fásicas: Segmentação (mistura) Peristáltica (propulsão) Tônicas: esfíncteres (retenção) região fundica do estômago (acomodação) Controle músculo liso do TGI A atividade do músculo liso é modulada, porém não iniciada pelo SN. Há um mecanismo intrínseco de marcapasso. As células intersticiais de Cajal são marcapassos da parede gastrointestinal, que determinam a frequência das ondas lentas Exceção músculo liso da moela aviária e o pré- estômago dos ruminantes, que são ativados por nervos. Eletrofisiologia do Músculo Liso Potencial de repouso: -40 a -70mV células musculares: estável células intersticiais: instável Ondas lentas tem freqüências variadas: de 3 (estômago) a 12 (duodeno) / min (no cão: 5 no estômago e colón, 20 no delgado) As ondas lentas são moduladas (amplitude e freqüência) pelo SNA e hormônios Ondas lentas ou Ritmo Elétrico Básico (REB) As células que exibem despolarização e repolarização cíclicas de seus potenciais de membrana têm potenciais de ondas lentas A maior parte das contrações do músculo liso do TGI são eventos locais: • aumento da pressão local • estimulação de receptores • reflexo local • contração Acoplamento excitação-contração no intestino Em repouso sempre há um tônus mínimo. As medidas do comprimento intestinal feitas durante autópsias são o dobro do que vemos em seres vivos, uma vez que, após a morte, os músculos longitudinais relaxam. Esfíncteres esofágicos Esfíncter esofágico superior (EES): • músculo estriado • maior pressão de todos do TGI • controle: centro da deglutição (bulbo) • (V, IX, X, XII) Esfíncter esofágico inferior (EEI): • músculo liso especializado • controle: tônus miogênico (VIP e NO) e X Engolir é complexo! O esôfago estende-se da faringe ao estômago. Em muitos animais, o músculo estriado está presente em todo o comprimento, porém em outros há uma proporção variável de músculo liso no esôfago caudal. Fase esofágica Motilidade Contrações Peristálticas: movem a comida adiante Deglutição – peristalse no esôfago. Reflexo neural de relaxamento do EEI e acomodação do estômago proximal para receber os alimentos Relaxamento receptivo (região fúndica) Esfíncteres: Desordens do EEI: Por redução do tônus: Refluxo gastroesofágico DISFUNÇÕES MOTORAS DO TGI GI Motility online (May 2006) | doi:10.1038/gimo20 Desordens do EEI: Por aumento do tônus: Acalasia = alteração hipertônica de qualquer músculo circular (megaesôfago) Outra causa – baixa motilidade do esôfago Sintomas: regurgitação, perda peso Esfíncteres: DISFUNÇÕES MOTORAS DO TGI Raças mais predispostas: Schnauzers miniaturas, Pastor Alemão,, Setter Irlandês, Shar Pei, Pug Tratamento megaesôfago Recorre-se a dieta pastosa para tentar evitar mais dilatação e pneumonia por aspiração Funções motoras do estômago 1. Armazenamento: fundo gástrico (relaxamento receptivo durante a deglutição). 3. Propulsão peristáltica: corpo médio e antro. 4. Trituração: região antro-pilórica (contrações fásicas com variável intensidade). 2. Mistura: corpo proximal e médio. antro fundo corpopiloro Padrão de motilidade gástrica resulta em trituração e mistura do alimento com as secreções gástricas levando à redução do tamanho das partículas e por fim liberação para o duodeno. O esvaziamento gástricoé regulado por reflexos vagovagais Velocidade esvaziamento gástrico • Cão • Após a refeição, o material que está no estomago será, lentamente, lançado ao intestino delgado. • A regulação do esvaziamento gástrico é realizada por alterações da motilidade da porção proximal (fundo e corpo) e distal (piloro e duodeno) do estômago. • Há um retardo para o esvaziamento dos sólidos, a que é relacionada ao tempo necessário para reduzir as partículas para menos de 2 mm • Ácido no intestino, CCK e secretina retardam o esvaziamento gástrico. Intestino delgado Mistura e propulsão principalmente por segmentação. Alguma peristalse. Contrações segmentares • Segmentos curtos (1-5 cm) de intestino contraem e relaxam alternadamente • Nos segmentos contraídos, o músculo circular contrai, ao passo que o músculo longitudinal relaxa • Mistura o bolo alimentar, expondo-o ao epitélio absortivo do intestino, não há movimento efetivo adiante Intestino grosso • Ceco • Cólon • Reto Contrações Haustrais (segmentação) Movimento em Massa (peristáltica) para propulsão Ovelha Cólon CÃO – cólon simples CAVALOS - grande desenvolvimento colônico, dependem da fermentação colônica C, Ceco; I, íleo; R, reto. Aparentemente, existe uma considerável semelhança nos padrões de motilidade do cólon entre os animais, apesar da diversidade anatômica Uma característica particular da motilidade colônica é a retropulsão, ou antiperistaltismo. Haustra Resíduo de alimento CONTRAÇÕES HAUSTRAIS Contrações haustrais ou de mistura são movimentos segmentares lentos que movem a massa fecal pelo cólon, favorecem a absorção de água e eletrólitos. Em muitas espécies, como no cavalo e suíno, a segmentação colônica é pronunciada e em algumas áreas resulta na formação de saculações conhecidas como haustras, as quais são visíveis mesmo após a morte. Importantes para as funções tanto absortiva quanto fermentativa Complexo Motor Mioelétrico (CMM) • Entre as refeições, o complexo motor migratório move o alimento restante do TGI proximal para as regiões distais • É uma função de “limpeza da casa” que varre as sobras do bolo alimentar e bactérias do trato GI superior para o intestino grosso Movimento de massa Uma onda de contração diminui o diâmetro de um segmento do colo e manda uma quantidade substancial de material para a frente. Essas contrações ocorrem de 3 a 4 vezes ao dia e são associadas à ingestão alimentar RESÍDUO ALIMENTAR RETO MOVIMENTOS EM MASSA DO CÓLON Propulsão O movimento de massa é responsável pela distensão súbita do reto, que desencadeia a defecação. Esfíncter anal Esfíncter anal interno • músculo liso • controle involuntário Esfíncter anal externo • músculo estriado • controle involuntário e voluntário Reflexo da defecação 1. Aumento da pressão retal 2. Relaxamento do esfíncter anal interno Defecação indesejada: contração do e. anal externo (n. pélvicos) Defecação desejada/possível: 3. Relaxamento do esfíncter anal externo 4. Contração dos músculos abdominais 5. Relaxamento dos músculos pélvicos 6. Flexão das pernas e abaixamento do assoalho pélvico: minimizam o ângulo entre reto e ânus Megacólon – motilidade diminuida, acúmulo de fezes endurecidas VÔMITO (êmese) • DESCARGA SIMPÁTICA 1. Intensa salivação 2. Sudorese 3. Taquicardia e taquipnéia 4. Midríase (dilatação das pupilas) 5. Queda da PA, sensação de desmaio Ânsias Precede o vômito: O vômito é um reflexo complexo coordenado pelo tronco cerebral CICLO DE ÂNSIAS 1. Antiperistalses: iniciam-se nas porções distais do delgado (jejuno distal). 2. Propulsão do conteúdo luminal na direção cefálica. 3. Relaxamento do esfíncter pilórico. 4. Contrações fortes antrais. 5. Relaxamento do esfíncter esofágico inferior. 6. Inspiração profunda e contração da musculatura abdominal (fásica). 7. Gradiente de pressão do abdômen para o tórax, mas esfíncter esofágico superior fechado. 8. Retorno do conteúdo luminal no sentido caudal. 9. Repetição deste ciclo algumas vezes. • 1. Inspiração profunda com a glote fechada, o que eleva a pressão torácica. • 2. Contração do diafragma e dos músculos abdominais, aumentando ainda mais a pressão torácica. • 3. Arcada (movimento de flexão do tronco por contração espasmódica). • 4. Relaxamento do esfíncter esofágico superior e expulsão violenta do conteúdo luminal. Podem ocorrer vômitos sem ânsias e vice-versa: são dois centros neurais distintos. Em geral ocorrem os dois eventos. O VÔMITO OCORRE QUANDO: VÔMITO Vias aferentes Vias eferentes Centros neurais superiores Zona química de gatilho Centro do vômito Área das ânsiasReceptores do labirinto Receptores tacteis da garganta Mecanoreceptores e quimioreceptores do intestino delgado e estômago Músculos respiratórios, abdominais e esofágicos e esfincteres esofágicos Região genital Formação reticular no tronco encefálico (bulbo) Assoalho do quarto ventrículos • Situada fora da barreira hematoencefálica • Estimulada de acordo com a presença de estimulantes na circulação Principais estimulantes: estrógenos, cisplatina (antineoplásico), morfina, ergotamina (alcalóide), estimulantes dos receptores da dopamina e da 5-hidroxitriptamina. ZONA DE GATILHO (zona quimiorreceptora bulbar) • Carnívoros e onívoros (exceto roedores) vomitam com pouca indução Ex.: Suínos frequentemente vomitam com irritação faringe ou estômago • Ruminantes – há ejeção de conteúdo abomasal no pré-estômago em caso de obstrução intestinal • Equinos é extremamente raro – tônus acentuado no esfíncter esofágico inferior – única espécie em que a dilatação gástrica aguda pode provocar a ruptura da parede do estômago. VÔMITO