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1590128_Material Complementar Direito Tributario - Aula 2

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Princípio da Legalidade 
 
Nos termos do art. 150, I da CF nenhum tributo será instituído ou aumentado, a não ser por intermédio de LEI! 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Dis-
trito Federal e aos Municípios: 
 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça 
 
Além dos tributos só poderem ser instituídos, extinto ou majorados, reduzidos por lei, temos outras matérias, de 
acordo com o art. 97 do CTN que também só podem ser tratadas por meio de lei, e como o CTN menciona apenas 
lei, temos que poderá ser por meio de lei ordinária. 
 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
(…) 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do 
artigo 52, e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 
65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras 
infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de 
penalidades. 
A mera atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo NÃO constitui majoração de tributo, nos 
termos do art. 97, § 2º do CTN, podendo ser realizada por meio de simples Decreto. 
Todos os tributos estão sujeitos ao Princípio da Legalidade, ou seja, só podem ser instituídos ou majorados por 
intermédio de lei. 
Conquanto, a Constituição Federal, em seu artigo 153, § 1º prevê alguns impostos que podem ter as alíquotas 
alteradas, desde que observados os limites e condições estabelecidos em lei, por meio de ato do Poder Executivo, 
o que se dá comumente por decreto presidencial ou por portaria do Ministro da Fazenda. São eles: 
 
Imposto sobre a Importação (II) 
Imposto sobre a Exportação (IE) 
Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) 
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) 
 
O art. 153, § 1º da CF ao estabelecer que o Poder Executivo poderá alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, 
possibilitou, inclusive, que esses tributos tenham suas alíquotas majoradas, por decreto, por exemplo, desde que 
observados os limites e condições estabelecidos em lei, é claro. 
O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da 
Contribuição de intervenção no domínio econômico Combustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio de ato próprio, 
no caso, o decreto presidencial. 
O art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas do ICMS inci-
dência monofásica, nas operações com combustíveis e lubrificantes previstos em lei complementar federal. 
No caso do ICMS combustível os convênios interestaduais, celebrados no âmbito do CONFAZ (Conselho de Política 
Fazendária) é que definirão as suas alíquotas. 
 
Princípio da Isonomia 
 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes 
que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou fun-
ção por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II 
da CF). 
 
Pelo princípio da isonomia deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas 
desigualdades. 
 
 
 
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Enquanto o art. 5º da CF determina a igualdade de modo genérico, o art. 150, II da CF, explora-a de modo específico, 
no campo do direito tributário. 
A concessão de isenção, dispensa legal do dever de pagar tributo, ou tratamento diferenciado para algumas ativi-
dades, não viola o princípio da isonomia, quando se busca tratar desigualmente contribuintes em situações desi-
guais. 
 
A Lei Complementar nº 123/2006, por exemplo, traz tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de 
pequeno porte, pelo fato dessas apresentarem capacidade contributiva distinta das demais empresas. 
 
Princípio da Irretroatividade 
 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores 
ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. (art. 150, III, “a” da CF). 
 
O princípio da Irretroatividade também reflete a segurança jurídica, nos termos do art. 5º, XXXVI da CF, o qual 
determina que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
 
O Código Tributário Nacional prevê três exceções ao princípio da irretroatividade, artigos 106, I e II e art. 144, § 1º. 
Primeira Possibilidade: (art. 106, I, do CTN) - Quando se tratar de lei expressamente interpretativa e desde que 
não comine penalidade. 
 
Uma lei interpretativa apenas esclarece o sentido de uma outra anterior, sem inovar a ordem jurídica e por essa 
razão somente retroagirá se a interpretação que der à lei anterior coincidir com a interpretação que lhe der o Judi-
ciário e havendo qualquer agravação na situação do contribuinte, será considerada ofensiva ao princípio da irretro-
atividade das leis. 
 
Segunda Possibilidade: (art. 106, II, “a” e “b”e “c” do CTN) - A lei tributária poderá retroagir tratando-se de ato 
NÃO definitivamente julgado: 
 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido 
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. 
 
Terceira Possibilidade: (art. 144, § 1º do CTN) - Em se tratando de lançamento tributário, lei que instituir novos 
critérios de apuração ou fiscalização. 
 
Princípio da Anterioridade 
 
O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide com o ano civil, inicia no dia 1º de 
janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham 
transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e 
“c” da CF). 
 
a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITA o Princípio da Anterioridade) 
e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o Princípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser cobrado: IMEDIATA-
MENTE!!!! Sãoeles: 
 
- Imposto extraordinário guerra (IEG) 
- empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, 
- Imposto sobre importação (II), 
- Imposto sobre exportação (IE) 
- Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
 
 
 
 
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b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da 
Anterioridade) MAS precisam aguardar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), 
são: 
 
- IPI 
- casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, 
IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. 
 Contribuição Social (195,§ 6º da CF) 
 
c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade (RESPEITAM o Princípio da Anterioridade 
do Exercício), mas não precisam respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: 
 
-IR 
- alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA 
 
Dizer que esses tributos respeitam a anterioridade do exercício e não respeitam 90 dias significa dizer 
 
NRAE e NR90 
dias 
cobrança 
IMEDIATA! 
GUERRA, (IEG 
e Empréstimo 
Compulsório 
guerra ou cala-
midade pública. 
II IE IOF 
NRAE 
R90 dias 
IPI Reduzir e Restabelecer 
CIDE COMBUSTÍVEL 
Reduzir e Restabelecer 
ICMS 
COMBUSTÍVEL 
Contribuição So-
cial 
RAE NR90 dias IR Alteração Base de cál-
culo IPTU 
Alteração Base de cál-
culo IPVA 
 
 
Importante: o art. 150, III, “b” e “c” que se refere aos princípios da anterioridade do exercício e nonagesimal,só se 
aplicam no caso de instituição ou majoração de tributo. 
 
Exercícios 
 
01) (Procurador Fortaleza CESPE) A respeito das limitações constitucionais ao poder de tributar, julgue os itens 
que se seguem, de acordo com a interpretação do STF. 
 
1.1 A alteração de alíquotas do imposto de exportação não se submete à reserva constitucional de lei tributária, 
tornando-se admissível a atribuição dessa prerrogativa a órgão integrante do Poder Executivo. 
 
1.2 O princípio da anterioridade do exercício, cláusula pétrea do sistema constitucional, obsta a eficácia imediata de 
norma tributária que institua ou majore tributo existente, o que não impede a eficácia, no mesmo exercício, de norma 
que reduza desconto para pagamento de tributo ou que altere o prazo legal de recolhimento do crédito. 
 
1.3 O princípio da isonomia pressupõe a comparação entre sujeitos, o que, em matéria tributária, é efetivado pelo 
princípio da capacidade contributiva em seu aspecto subjetivo. 
 
02) (Promotor RR CESPE) Lei municipal antecipou a data de recolhimento da taxa de coleta de lixo do dia 
dez para o dia sete do mês seguinte ao do fato gerador. Nessa situação, segundo o entendimento do STF, a 
referida lei municipal 
 
A) não se sujeitará nem ao princípio da anterioridade anual nem ao da anterioridade nonagesimal. 
B) sujeitar-se-á ao princípio da anterioridade anual. 
C) sujeitar-se-á ao princípio da anterioridade nonagesimal. 
D) não se sujeitará ao princípio da anterioridade anual, mas sujeitar-se-á ao da anterioridade nonagesimal. 
 
 
 
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03) (Advogado CRQ 18ª QUADRIX) [...] segundo o princípio [...], a vigência da lei que institui ou aumenta 
tributo deve ficar protraída para o ano seguinte ao da sua publicação, momento em que o ato se insere no 
contexto comunicacional do direito. (Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário) 
Considerando o texto acima indicado, bem como os princípios constitucionais em matéria tributária, assi-
nale a alternativa que indica o princípio comentado pelo autor. 
 
A) Princípio da irretroatividade. 
B) Princípio da anterioridade. 
C) Princípio do não confisco. 
D) Princípio da tipologia tributária. 
E) Princípio da estrita legalidade. 
 
04) (Advogado Pref. São Gabriel RS OBJETIVA) O artigo 150, parágrafo I, da Constituição Federal, dispõe: 
“sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. O referido artigo materializa 
qual princípio aplicado ao direito tributário? 
 
A) Direito à proteção jurisdicional. 
B) Legalidade. 
C) Uniformidade. 
D) Anterioridade tributária. 
 
05) (Advogado Câmara de Atibaia SP CAIPIMES) Segundo o CTN, a lei tributária é aplicável a ato ou fato 
pretérito: 
 
I- em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infra-
ção dos dispositivos interpretados; 
II- tratando-se de ato não definitivamente julgado quando deixe de defini-lo como infração. 
III- tratando-se de ato não definitivamente julgado quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exi-
gência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de paga-
mento de tributo. 
IV- tratando-se de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a pre-
vista na lei vigente ao tempo da sua prática. 
É correto o que se afirma em: 
 
A) I, II e III, apenas. 
B) I, II, III e IV. 
C) I e II, apenas. 
D) IV, apenas. 
 
06) (TC/BA – Procurador – FCC). Comparada com a norma de Direito Penal, verifica-se que a norma tributária 
é mais rígida. No Direito Penal, o nullum crimen nulla poena sini lege exige que o delito seja típico, decorra 
de uma previsão legal precisa, mas se permite ao juiz, ao sentenciar, a dosimetria da pena, com relativa 
liberdade, assim como diminuir ou afrouxar a pena a posteriori. No Direito Tributário, além de se exigir seja 
o fato gerador tipificado, o dever de pagar o tributo também deve sê-lo em todos os seus elementos, pois 
aqui são importantes tanto a previsão do tributo quanto o seu pagamento, baseado em fórmulas de 
quantificação da prestação devida, e que a sociedade exige devam ser rígidas e intratáveis (Sacha Calmon 
Navarro Coêlho. Curso de direito tributário brasileiro. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 220). O texto 
acima está se referindo ao princípio explícito da: 
 
A) Legalidade. 
B) Irretroatividade da lei tributária. 
C) Anterioridade da lei tributária. 
D) Segurança jurídica. 
E) Igualdade. 
 
 
 
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07) (Município de Quitandinha/PR – Advogado – RCV Concursos). A Lei n. 5.172/66, Código Tributário 
Nacional, no artigo 97, determina que a instituição de tributos será estabelecida por: 
 
A) medida provisória; 
B) lei; 
C) emenda constitucional; 
D) ato administrativo; 
E) resolução do Congresso Nacional. 
 
08) (Prefeitura Municipal de Iguatu/CE – Fiscal de Tributos – Pró-Município). Caso ocorra tratamento 
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, ou qualquer distinção em razão de 
ocupação profissional ou função por eles exercidas, independente da denominação jurídica dos 
rendimentos, títulos e direitos, estar-se-á quebrando um princípio constitucional tributário da: 
 
A) Legalidade Tributária. 
B) Anterioridade Tributária. 
C) Irretroatividade Tributária. 
D) Isonomia Tributária. 
E) Entidade Tributária. 
 
09) (Juiz Tribunal Regional Federal da 2ª Região – CESPE). Assinale a opção correta acerca do Sistema 
Tributário Nacional: 
 
A) Compete aos estados a instituição de imposto sobre transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, 
de bens imóveis, por natureza ou acessão física. 
B) O produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, 
pertence à União, mesmo que recaia sobre rendimentos pagos pelos estados. 
C) Os municípios e o DF poderão instituir taxa, na forma das respectivas leis, para custeio do serviço de 
iluminação pública. 
D) O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção 
monetária. 
E) O aumento da alíquota do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza deve obedecer aos princípios 
da anterioridade anual e nonagesimal. 
 
10) (FGV – Exame de Ordem). De acordo com o Código Tributário Nacional, aplica-se retroativamente a lei 
tributária na hipótese de: 
 
A) Analogia, quando esta favorecer o contribuinte. 
B) Extinção do tributo, ainda não definitivamente constituído. 
C) Graduação quanto à natureza de tributo aplicável, desde que não seja hipótese de crime. 
D) Ato não definitivamente julgado, quando a lei nova lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei 
vigente ao tempo de sua prática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GABARITO: 
 
1) 1.1 CERTO; 1.2 CERTO; 1.3 CERTO 
2) A 
3) B 
4) B 
5) B 
6) A 
7) B 
8) D 
9) D 
10) D 
 
 
 
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