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Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. TÍTULO: “BIM: TRANSFORMANDO A ENGENHARIA” Lucas Gabriel dos Santos Ramon Inácio Coelho Alberto Pais de Menezes Aline da Silva Escórcio Ribeiro Resumo: BIM significa Building Information Modeling o mesmo que Modelagem de Informação da Construção, em português. A adoção do BIM é a chance de tornar o projeto mais visível, facilitando o entendimento por parte dos profissionais que irão atuar nas obras, como engenheiros, arquitetos, instaladores etc. O resultado da melhor representação gráfica do projeto integrado no BIM é a redução de desperdícios, ou seja, maior economia e um projeto confiável e sustentável. O maior desafio para os profissionais de arquitetura e engenharia é a especialização, tornando-os competitivo, e isso implica pleno conhecimento dos fundamentos da modelagem da informação, parametrização e sua aplicação nos diversos softwares de arquitetura, engenharia, gerenciamento de projetos, orçamento, planejamento e outras disciplinas relacionadas à construção. Palavras-chave: BIM. Modelagem da informação da construção. Profissionais. 1. INTRODUÇÃO Uma construção envolve várias etapas, por diversas vezes até mesmo muitas empresas. Com isso, vários tipos de informações são criadas. Sendo assim o sistema Computer Aided Design ou Desenho Assistido por Computador (CAD), surgiu para transformar a elaboração destes trabalhos intensivos em documentação eletrônica eficiente destas etapas separadamente. Contudo, isso deixa o projeto suscetível a redundância de dados, a riscos para segurança das informações e a erros de compatibilização na sua execução. O Building Information Modeling ou Modelagem de Informação da Construção (BIM), surge para mitigar esses possíveis problemas pois é um processo que fornece informações sobre todo o projeto, o qual é elaborado de maneira colaborativa, deste modo não importando a natureza da informação se ela é geométrica, financeira, sobre materiais usados ou cronograma. Com o BIM tudo está disponível no mesmo lugar para as áreas relacionadas. Muitas vezes o BIM é confundido apenas com um software, porém está longe de ser definido como apenas uma ferramenta isolada. BIM representa uma maneira integrada de trabalhar com todos os processos da construção. Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. A adoção do BIM é a chance de tornar o projeto mais visível, facilitando o entendimento por parte dos profissionais que irão atuar nas obras, como engenheiros, arquitetos, instaladores etc. O resultado da melhor representação gráfica do projeto integrado no BIM é a redução de desperdícios, ou seja, maior economia e um projeto confiável e sustentável. No Brasil, a demanda por profissionais especializados enfrenta a desaceleração econômica das grandes empresas, mas com espaço para inovação e oportunidade de mudança de processo como alternativa de evolução e permanência na cadeia produtiva irá demandar profissionais capacitados. O maior desafio para os profissionais de arquitetura e engenharia é a especialização, tornando-os competitivo, e isso implica pleno conhecimento dos fundamentos da modelagem da informação, parametrização e sua aplicação nos diversos softwares de arquitetura, engenharia, gerenciamento de projetos, orçamento, planejamento e outras disciplinas relacionadas à construção. Este trabalho objetiva conhecer o método BIM, analisar suas ferramentas no uso acadêmico e na carreira do engenheiro civil, e como se dá sua abordagem nas condições atuais da formação continuada dos profissionais para a capacitação do uso da plataforma BIM. Tal investigação se dará por meio de estudo de literatura especializada e avaliação de questionários respondidos por professores, discentes em Engenharias e Arquitetura, e profissionais da área da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC). Além disso, esta pesquisa busca relatar a compreensão da comunidade a respeito da importância do BIM no setor da construção civil. Entende-se que por parte das universidades é necessário fazer atualização de sua grade curricular, e para empresas é importante a adequação desta nova metodologia de trabalho, visando a otimização do curso e o competitivo mercado de trabalho para uma melhor formação e capacitação dos profissionais da AEC. 2. JUSTIFICATIVA A integração e a comunicação entre os profissionais envolvidos no processo de construção são essenciais. Nesse contexto surge o BIM, capaz de possibilitar a integração entre os envolvidos na construção. Com isso, a demanda de profissionais da construção que tenham habilidades e conhecimentos BIM tende a aumentar. Sendo assim, a tecnologia BIM vem modificando de forma lenta o ensino e capacitação dos futuros profissionais da engenharia civil, considerando que a partir de Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. janeiro de 2021 o Governo Federal irá exigir que as novas licitações (a princípio apenas para projetos) utilizem a metodologia BIM, atrelada a necessidade eminente de adequação do mercado à proposta do governo pois, até 2028, passará a abranger todo o ciclo de vida da obra, considerando até mesmo atividades do pós-obra. No entanto, a incorporação do BIM no mercado ainda é um desafio, tendo em vista a grande resistência das empresas do setor, que insistem em ainda utilizar processos convencionais para elaborar projetos e conduzir a execução dos empreendimentos. Para que os sistemas BIM sejam inseridos, é necessário que haja mudanças que vão muito além do domínio sob os softwares, exigindo alterações nas formas de trabalho, nos procedimentos de comunicação e nas formas de entrega de projetos. A incorporação do conceito BIM na formação de engenheiros civis também encontra barreiras que se relacionam com a ausência de profissionais capacitados para ensinar sobre a utilização desta metodologia, como também com a falta de recursos e tempo para alterar os currículos vigentes. 3. DEFINIÇÃO 3.1 O que é BIM A sigla BIM significa Building Information Modeling o mesmo que Modelagem de Informação da Construção, em português. O BIM nada mais é que uma maneira eficiente de reunir todas as informações de uma construção de forma integrada e organizada. Podemos observar o “ciclo de vida” de um projeto em BIM, como na figura (1). Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. Figura (1) - Ciclo de vida do projeto em BIM Fonte: (https://www.gmarquiteturaengenharia.com/single-post/2018/03/10/BIM-E-AS-POLITICAS- P%C3%9ABLICAS-DO-BRASIL), Acesso em 05/11/2020. O BIM também incorpora muitas das funções necessárias para modelar o ciclo de vida de uma edificação, proporcionando a base para novas capacidades da construção e modificações nos papéis e relacionamentos da equipe envolvida no empreendimento. Quando implementado de maneira apropriada, o BIM facilita um processo de projeto e construção mais integrado que resulta em construções de melhor qualidade com custo e prazo de execução reduzidos. (Eastman, C T.P.S.R. L.K et al 2014, p. 18). Com o BIM, você pode criar um modelo de construção virtual que não consiste apenas em geometria e texturas para fins de visualização. É uma estrutura virtual correspondente a um edifício real, a qual contém muitos detalhes sobre a composição dos materiais de cada elemento. Em um arquivo BIM, as informações são definidas por meio de relações paramétricas, ou seja, as alterações são processadas em tempo real em todo o modelo, evitando a propagação de erros e melhorando os processos de atualização. Em uma aplicação BIM típica, um projeto de construção é executado agregando elementos estruturais em 2D e 3D. Para cada elemento construtivo, por exemplo uma parede, é possível especificar não apenas os parâmetros geométricos como espessura, comprimento e altura, mas também outros parâmetroscomo o material da parede, as tramas superficiais, propriedades térmicas e acústicas, custos de material e construção, entre outros, permitindo inclusive ao usuário inserir parâmetros a seu critério. Isso permite simular a construção e compreender seu comportamento antes do início da construção real. https://www.gmarquiteturaengenharia.com/single-post/2018/03/10/BIM-E-AS-POLITICAS-P%C3%9ABLICAS-DO-BRASIL https://www.gmarquiteturaengenharia.com/single-post/2018/03/10/BIM-E-AS-POLITICAS-P%C3%9ABLICAS-DO-BRASIL Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. 3.2 O que não é BIM Para evitar confusão e uso indevido do termo BIM, devemos deixar bem claro que BIM não é um software específico, comumente usados no meio acadêmico, portanto, não devemos esquecer que BIM não é apenas Revit. Para lidar com essa confusão, é útil descrever soluções de modelagem que NÃO utilizam a tecnologia BIM. Isso inclui ferramentas que criam os seguintes tipos de modelos: Modelos que só́ contém dados 3D, sem atributos de objetos. Estes modelos podem ser utilizados somente para visualizações gráficas e não possuem inteligência ao nível do objeto. Eles são bons para a visualização, mas não fornecerem suporte para integração de dados e análise de projeto. Modelos sem suporte para comportamento. Estes modelos definem objetos, mas não podem ajustar seu posicionamento ou suas proporções, porque não utilizam inteligência paramétrica. Isso torna as modificações muito trabalhosas e não oferece proteção contra a criação de vistas do modelo inconsistentes ou imprecisas. Modelos que são compostos de múltiplas referências a arquivos CAD 2D que devem ser combinados para definir a construção. É impossível assegurar que o modelo 3D resultante será́ factível, consistente, contabilizável, e que mostrará inteligência com respeito aos objetos contidos nele. Isso permite erros no modelo que são muito difíceis de detectar (é similar a substituir uma fórmula por uma entrada manual em uma planilha eletrônica). (Eastman, C T.P.S.R. L.K et al 2014, p. 32-33). Sendo assim, BIM não é uma forma mais fácil de projetar ou desenhar qualquer coisa, pois exige que as informações sejam inseridas de forma adequada para que os resultados esperados sejam alcançados. 4. DO CAD AO BIM Na história da construção civil, podemos observar a evolução dos croquis que inicialmente eram desenhados a tinta em folhas de papel vegetal, altamente resistentes ao passar do tempo. O armazenamento dos projetos originais ocupava muito espaço, pois eram necessários armários especiais (mapotecas), nos quais as folhas de decalque eram armazenadas horizontalmente ou verticalmente sem dobras, pois podiam danificar os papéis com o tempo. Além dessas dificuldades de armazenamento, os projetos tiveram que ser muito bem pensados neste momento antes de serem executados no papel final, pois eram muito difíceis de corrigir depois. Por ter sido criado para substituir o papel, o CAD é uma ferramenta com a qual podemos desenhar em computador: linhas, figuras geométricas e padrões de preenchimento (hachuras) que representarão o desenho que será feito. De acordo com a Autodesk (2017) o termo “CAD” foi cunhado por Douglas Taylor Loss em meados 1961, embora em 1957 o Dr. Patrick Hanratty tenha sido o pioneiro Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. desenvolvendo o “PRONTO” que serviu de base para as próximas gerações do CAD. Entretanto ainda em 1960 Ivan Sutherland, como parte da tese de conclusão do seu PhD no Massachusetts Institute of Technology (MIT), criou o SKETCHPAD, primeiro software CAD do mundo” (ProConcept, 2018). Dessa forma, os desenhos em papel foram substituídos por desenhos digitais e a indústria da construção e a automobilística passou a ter mais liberdade para modificar os projetos até que a versão final estivesse concluída. Com a evolução do CAD, também se tornou possível criar modelos 3D a partir desta ferramenta, mas esses modelos criados são apenas representações de massas (sem diferenciar materiais ou elementos), e a modificação do modelo 3D não são automaticamente replicadas para todos os desenhos que compõem o projeto. É difícil para os projetistas garantirem a compatibilidade entre as diferentes disciplinas e alguma interferência entre tubos, canos, dutos e estruturas só é observada durante a implementação desses projetos. Além disso, muitas vezes no canteiro de obras, os executores têm dificuldade em compreender esses projetos, resultando em falhas de implementação e retrabalho que não agregam valor ao projeto. A possibilidade de simularmos as obras antes de estas serem executadas nos lembra da importância de focarmos mais tempo projetando para que possamos executar em um tempo menor, com menos retrabalho e desperdícios de mão-de-obra. Um dos pontos mais importantes para que o processo BIM funcione do começo ao fim é a comunicação. O intuito do conceito BIM é promover a troca de informação e o trabalho colaborativo de forma interdisciplinar para tornar o processo mais simples e eficiente. Em 1975 surgiu o primeiro termo sobre o BIM. Ele foi criado por Charles M. “Chuck” Eastman, e sua equipe, e foi chamado de Building Description System (do inglês, Sistema de Descrição da Construção) em uma publicação pelo extinto “Journal AIA”, tal publicação nos traz noções de BIM como conhecemos hoje: “...definir elementos de forma interativa... deriva[ndo] seções, planos isométricos ou perspectivas de uma mesma descrição de elementos... Qualquer mudança no arranjo teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os desenhos derivados da mesma disposição de elementos seriam automaticamente consistentes... qualquer tipo de análise quantitativa poderia ser ligada diretamente à descrição... estimativas de custos ou quantidades de material poderiam ser facilmente geradas... fornecendo um único banco de dados integrado para analises visuais e quantitativas... verificação de código de edificações automatizado na prefeitura ou no escritório do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos podem achar esta representação vantajosa para a programação e para os pedidos de materiais.” (Eastman, 1975) Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. Após a criação deste termo, juntamente com a consolidação do CAD como ferramenta, surgem diversas discussões em busca de novas tecnologias na área. Em 1986 foi registrado pela primeira vez o uso do termo Building Modeling em artigo de Robert Aish. No artigo, o autor já abordava sobre modelagem tridimensional, banco de dados e até sobre as fases da construção. Agora, o termo exato como conhecemos hoje, “BIM”, foi oficializado em 1992 pelos professores G.A van Nederveen e F. Tolman, no artigo Automation in Construction. 5. BIM NA ENGENHARIA CIVIL 5.1 Utilização do BIM no mercado O método BIM tem sido usado ocasionalmente no país e está emergindo nas indústrias de Arquitetura, Engenharia e Construção. Essa ascensão tem ganhado força após o recém-publicado Decreto N° 10.306, de 2 de abril de 2020, que estabelece a utilização da metodologia na execução – direta ou indireta – de obras e serviços de engenharia realizados pelos órgãos e entidades da administração pública federal, aprofundando o alcance da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling (Estratégia BIM BR), por sua vez instituída pelo Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. Portanto, a necessidade de obter informações sobre a tecnologia utilizada neste método, principalmente informações práticas, tem se tornado cada vez mais proeminente, pois sua implementação requer não apenas conhecimentos específicos relacionados a softwares e sistemas, mas também envolve principalmente os objetivos e benefícios que podem ser obtidos com essa tecnologia. Segundo a Estratégia BIM BR (2019), BIM proporciona reduçãode erros de compatibilidade, otimização de prazos, maior confiabilidade dos projetos, processos de planejamento e controle das obras mais precisas, aumento da produtividade, redução de custos, riscos e economia de recursos utilizados nas obras. Por isso, o BIM é entendido como uma questão que diz respeito à toda a cadeia da construção, exigindo uma grande mudança na cultura organizacional e disponibilização de informação e de gestão do processo construtivo. Com tantas partes envolvidas, sua implantação não é simples, especialmente, porque exige uma qualificação adicional de todas as áreas. Na edição de março/2018 a Sondagem da Construção calculada pela Fundação Getúlio Vargas | Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE), incluiu Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. algumas questões relativas ao tema. Conforme a tabela 1 a seguir, o resultado apresentou que ainda é baixa a participação das empresas no uso do BIM: apenas 9,2% utilizam esta ferramenta. Tabela 1 - Participação, em %, das empresas que utilizam o BIM Fonte: (https://blogdoibre.fgv.br/posts/construcao-digital). Acesso em 05/11/2020. Em termos de segmento de mercado, o BIM está mais disseminado entre as empresas de Edificações Residenciais (13,9%). O desafio que o setor tem para difundir o BIM é evidenciado na pesquisa: além do baixo percentual que relata usar essa ferramenta, há um alto sinal das empresas que relataram não saber se usam essa ferramenta, o que é uma indicação de falta de familiaridade/conhecimento. Outro ponto negativo é o fato de nenhuma empresa do segmento de Obras de Acabamento ter relatado a utilização do BIM, o que confirma que essa ferramenta não está disseminada em todo o processo produtivo. Além disso, a pesquisa traz à tona a dificuldade de uma empresa qualquer que já faz uso da ferramenta de usá-la em todo o ciclo de vida da edificação pois, por diversas vezes, um empreendimento não é feito em sua totalidade por uma única empresa. Deste modo, se uma das empresas envolvidas no processo sequer sabe se faz uso do BIM, rompe totalmente o potencial do uso dos conceitos BIM, isto deixa claro que há algo ainda a ser corrigido e mostra que o tamanho do caminho a ser percorrido ainda é https://blogdoibre.fgv.br/posts/construcao-digital Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. enorme para preencher as lacunas de todo o setor. 5.2 BIM na educação Percebe-se que à medida que o mercado e o governo exigem cada vez mais demanda e medidas de incentivo, conforme previsto no Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019, o ritmo da educação está cada vez mais acelerado. Essa observação confirma a importância de avaliar a relação entre o estágio de desenvolvimento do BIM no mercado e seu impacto no ensino. Com o objetivo de promover a modernização e a transformação digital da indústria da construção, o Governo Federal instituiu o Comitê de Estratégia de Implementação do Building Information Modelling (CE-BIM) em junho de 2017 para desenvolver uma estratégia que possa alinhar as ações e iniciativas do setor entre o público e o privado, promover o uso do BIM no país, promover as mudanças necessárias e garantir um ambiente de uso adequado. Entretanto, ao avaliar os artigos abordados nesta pesquisa, verifica-se que muitos estudos têm sido realizados sobre a estratégia de introdução do BIM no ensino de arquitetura e engenharia civil no Brasil, mas há poucos relatos sobre a implementação deste paradigma na área acadêmica. Estes poucos mostram que o processo está se desenvolvendo de forma muito lenta e há evidências de que o processo acompanha a velocidade com a qual a tecnologia está sendo adotada no mercado brasileiro. Embora os benefícios da tecnologia BIM sejam significativos tanto para o mercado quanto para o ensino, ainda existem muitos obstáculos a serem ultrapassados a fim de incluir os conceitos e processos BIM na educação. Os principais obstáculos para integrar o BIM ao currículo são a dificuldade de aprender e usar um software em BIM, os problemas relacionados ao ambiente acadêmico e a incompreensão do processo BIM, sendo esse último obstáculo o mais crítico para Kymmell (2008) porque o principal conceito de BIM a ser ensinado e aprendido é a colaboração. Podemos observar tais desafios também ao analisar os dados do formulário elaborado para este trabalho onde revela que 75% dos universitários entrevistados não tiveram conhecimento do BIM pela universidade (pública e/ou privada) e destes ainda 8,8% sequer tinham conhecimento do assunto. Em nossa universidade particularmente, tal abordagem foi apresentada de uma maneira bem superficial na matéria de Arquitetura e Urbanismo. Imagina-se que neste caso a não incorporação do BIM no ensino não foi feita por falta de profissionais capacitados para ensinar BIM, Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. reforçando a hipótese do não aprofundamento do conceito devido a falta de interesse e recursos para preparar um novo currículo, falta de espaço nos currículos vigentes, falta de equipamentos e materiais necessários para a capacitação em questão. De acordo com os dados coletados em nossa pesquisa, cerca de 37,5% dos respondentes conheceu o BIM através de pesquisas independentes. Por outro lado, com base na experiência de utilização da tecnologia BIM na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), a "Introdução às Disciplinas de Projetos de Engenharia" foi introduzida no currículo de engenharia civil desde 2015, possuindo quatro créditos, sendo metade reservado ao tema BIM (BARISON et al., 2010). De acordo com a pesquisa de Barison e Santos (2011), a estratégia de ensino pode ser diferente de acordo com o nível de habilidade que a universidade pretende atingir, a saber, nível introdutório, nível intermediário e nível avançado. No nível introdutório, o objetivo é aprender as ferramentas BIM mais comumente usadas em certas disciplinas, estabelecer uma boa base para os conceitos BIM e conceitos básicos de modelagem e aprender como comunicar diferentes tipos de informação. No nível intermediário, o aprendizado relacionado ao nível introdutório continua, com o objetivo de aprender outras ferramentas BIM para aplicar técnicas de modelagem avançadas, conhecer os diversos sistemas de edificações e pesquisar funcionalidades de famílias nestas ferramentas. No nível avançado, o objetivo é aprender sobre processos e tecnologias BIM relacionados à compatibilidade, interoperabilidade, outras ferramentas e gerenciamento BIM, processos e dinâmica de construção de equipes. Conforme o levantamento bibliográfico realizado durante o período desta pesquisa, não há relatos sobre a experiência de ensino do BIM neste nível de habilidade. 6. METODOLOGIA Este estudo foi desenvolvido em três etapas. Na primeira, fez-se um levantamento bibliográfico específico em revistas e artigos técnicos acessados via internet através do Google Acadêmico, Scielo, sites especializados e vídeos explicativos, considerando as publicações de estudos realizados no período de 2008 até 2020. Além disso, contará com o levantamento bibliográfico sobre: A conceituação BIM, bem como suas características e vantagens; a evolução das tecnologias de representação gráfica sob um contexto histórico; a abordagem de plataforma em BIM no ensino e no mercado de trabalho nacional. Na segunda etapa, elaborou-se um Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. questionário para levantamento de dados sobre o conhecimento da comunidade acadêmica a respeito do BIM. Por fim, foi feita uma análise qualitativa das respostas obtidas pela aplicação do questionário, a fim de identificar o conhecimento dos alunos e professores sobre esse conceito e ferramentas que vem mudando o cenário da Engenharia. O questionário usado para o levantamento dos dados desta pesquisase apresenta inicialmente com uma série de perguntas com o objetivo de conhecer o perfil do respondente. Perguntas a respeito da área de formação, período de formação, universidade a qual está (ou esteve) vinculado e área de atuação, fizeram parte desta etapa do questionário. Perguntou-se ao participante da pesquisa sua classificação a respeito do BIM com base em seu conhecimento pessoal e por qual meio lhe foi apresentado. Por fim o respondente qualifica a usabilidade desta metodologia em sua área de atuação e como imagina o cenário futuro do BIM no Brasil. Este questionário foi enviado via web para aproximadamente 200 pessoas entre discente, docentes e profissionais. A plataforma computacional utilizada para o envio do questionário foi o Google Docs, pois oferece o recurso para envio via e-mail ou acesso por meio de um link. Trata-se de uma plataforma de manuseio gratuito, fácil e rápido, cujos dados informados pelos que respondem as perguntas são armazenados em uma planilha, gerando automaticamente um resumo contendo os valores absolutos, percentuais e gráficos quantitativos dos valores das respostas. Este questionário ficou disponível para ser respondido durante dois meses. 7. RESULTADOS DA PESQUISA O resultado do levantamento de dados por meio do formulário está baseado em 80 respostas que representam 40% do espaço amostral de 200 pessoas para as quais o questionário foi enviado diretamente, incluindo nossos colegas de trabalho, faculdade e professores, objetivando retratar o cenário ao qual estamos inseridos. Sendo assim, os dados apresentados revelam um resultado que era esperado de acordo com quem respondeu, tendo em vista que em sua maioria, àqueles que responderam o questionário fazem parte do mesmo ambiente acadêmico ao que pertencemos. A pesquisa revelou que, quanto a área de formação, 63,7% encontra-se no campo da Engenharia Civil, deste pôde-se observar que aproximadamente apenas 15% teve contato com o BIM na faculdade, seguido pelos campos de Arquitetura e Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. Urbanismos 16,2% onde apresentou o maior índice de contato por meio da faculdade sendo de aproximadamente 10% dos respondentes, Engenharia Mecânica 10%, Engenharia de Elétrica 5% e Engenharia de Produção 5%. Nestas últimas três, observou-se que em sua maioria o contato com o BIM deu-se por meio de pesquisas independentes, através do trabalho ou sequer tinham ciência do que se tratava. Quanto ao grau de instrução dos respondentes obtivemos os seguintes dados: 43,8% estão no período de graduação do 9º ao 10º semestre do curso de sua formação. Notou-se que apenas aproximadamente 7,5% destes graduandos, já em reta final de seus respectivos cursos, tiveram contato com a metodologia por meio da faculdade. Dos que já completaram sua graduação (35%), apenas 3,75% tiveram contato com o BIM ao longo de seu curso. A pesquisa revelou também que 16,3% estão entre 1º e o 5º semestre e aproximadamente 5% estão entre o 6º e 8º semestre de sua graduação. Os dois grupos somam 21,3% dos respondentes, em sua maioria tiveram conhecimento sobre o BIM através de pesquisas independentes, alguns na faculdade mesmo que de maneira difusa e outros sequer tinham conhecimento do BIM. Constatou-se também que a maioria das respostas obtidas são de universitários ou graduados de instituição privada (91,3%), sendo aproximadamente apenas 8,8% de universidade pública. O levantamento revela que cerca de 33,76% dos universitários ou graduados de instituição privada conheceram o BIM através de pesquisas independentes, quanto aos respondentes de instituição pública nos traz um dado alarmante, em sua maioria conheceram também através de pesquisas independentes ou por meio do trabalho e cerca de apenas 1,26% aproximadamente teve conhecimento através da faculdade. Quanto a área de atuação, observa-se que a maioria se encontra no campo da Construção Civil 43,8%, seguido por 32,5% de Estudantes, 8,8% no campo da Elétrica, Mecânica e Produção, 7,5% Arquitetura e Urbanismo, 5% de Professores e 2,5% na área de Hidráulica, Saneamento e Meio Ambiente. Foi questionado ao respondente sua classificação sobre o BIM, 56,3% classifica com uma Metodologia de Trabalho, 37,5% Apenas como um software, e 6,3% Não sabem o que é BIM. Relacionado a como lhes foi apresentado o BIM, 36,8% Através de pesquisas independentes, 25% por meio da faculdade, 17,5% Através do trabalho, 8,8% Nunca lhe foi apresentado e 11,3% por meio de Cursos complementares. Embora os dados Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. apresentados até aqui serviram para representar uma pequena parcela da totalidade acadêmica, as faculdades públicas de acordo com PEREIRA E RIBEIRO (2015), são locais onde há uma maior concentração no desenvolvimento de pesquisas e estudos das mais diversas áreas. Entretanto a pesquisa até aqui apresentada revelou dados aos quais possam ser diferentes da realidade, tendo em vista que as faculdades que mais são adeptas ao uso do BIM são as públicas e assim poderia haver uma porcentagem maior daqueles que o conheceram através da faculdade. Para os que abordam BIM em suas atividades empregatícia, de acordo com os estágios definidos por Ruschel et al (2011), Tobin (2008) e Succar (2009), os resultados obtidos sugerem que o principal enfoque da abordagem BIM encontra-se no Estágio I 17,5%, caracterizado pela a modelagem paramétrica, em seguida com atividades dentro do Estágio II 7,5%, com o enfoque na interoperabilidade e colaboração conjunta, em seguida no Estágio III 1,2%, com a prática integrada síncrona, e por último, 73,8% Não utilizam o BIM em sua área de atuação. Ainda sobre usabilidade, lhes foi questionado sua pressuposição do BIM no Brasil, no médio/longo prazo. 63,7% acredita que irá substituir os métodos tradicionais de trabalho, 28,7% Como mais uma forma/ferramenta de trabalho e aproximadamente 7,5% não conseguiu opinar. Os gráficos a seguir de (a) à (h) apresentam os resultados das respostas do questionário. Gráfico (a) Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. Gráfico (b) Gráfico (c) Gráfico (d) Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. Gráfico (e) Gráfico (f) Gráfico (g) Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. Gráfico (h) 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se então, que BIM nada mais é do que uma Construção Virtual, que envolve políticas, processos e tecnologias, com a finalidade de simular o nosso ambiente construtivo, para que possamos tomar uma decisão e possamos prever erros em documentações ou projetos, que antes só podíamos vê-los na obra, onde são muito mais caros para serem corrigidos. Mesmo que resumidamente, os objetivos desta pesquisa foram alcançados, entendemos o real significado de BIM, compreendemos também a evolução das ferramentas de desenho e modelagem da AEC. Percebe-se a importância da tecnologia BIM para a indústria da construção civil, também a influência que essa tecnologia tem na educação dos futuros profissionais do setor, por meio das pesquisas e os dados coletados através dos Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos. questionários, pode-se observar que mesmo nos campos acadêmicos onde novas tecnologias e novas metodologias de trabalho devem ser discutidas, o conhecimento do método BIM e suas ferramentas ainda é muito pequeno. Suponha-se que, isso ocorre porque muitas empresas ainda relutam em sair de sua zona de conforto e aderir a ferramentas inovadoras que muitas vezes são consideradas complexas e difíceis de aprender ou ainda devido aos custos elevados para adesão e capacitação dos profissionais. Já para as faculdades de acordo com BARISON E SANTOS (2010), as escolas poderão enfrentar muitos problemas, mas o maior deles é a própria instituição,onde pode-se evidenciar a promoção de integração entre as diferentes áreas do currículo. Embora os dados fornecidos até agora representarem apenas uma pequena parte do número total de acadêmicos, pesquisas revelam que, mesmo as universidades que tiveram a inserção do BIM em seus currículos, ainda enfrentam barreiras para a sua total implementação. Percebe-se que processo acompanha a velocidade com a qual a tecnologia está sendo adotada no mercado de trabalho. A transformação do setor é evidente, apesar da existência de profissionais especialista no assunto, ainda assim é de pouca relevância entre tantos outros que trabalham de maneira tradicional a anos e não pretendem aderir este novo paradigma. De qualquer forma, é um conceito que não podemos descartar, a construção civil em sua totalidade, a cada ano que passa vem sendo revolucionada digitalmente através de tecnologias que proporcionam informações seguras, confiáveis, e o controle total do gestor sobre cada uma das etapas do planejamento e execução das obras, diminuição sensivelmente de erros, inconsistências e incompatibilidades dos projetos, além da eliminação de perdas pelo retrabalho e desperdício, com altos ganhos de eficiência e produtividade. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARISON, Maria Bernardete. Introdução de Modelagem da Informação da Construção (BIM) no currículo – uma contribuição para a formação do projetista, São Paulo, 2015; BARISON, M. B; Santos, E. T. Estratégias de ensino BIM: uma visão geral das abordagens atuais, Paraná, 2010. BENEDETTO, Henrique; Bernardes, Maurício M. 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