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CASO CLÍNICO Distúrbios ácido-básicos A.M, 56 anos, masculino, cirrose hepática por vírus da hepatite C. No D17 de transplante hepático (em uso de imunossupressores) evoluiu com hemorragia digestiva alta, choque hipovolêmico, discrasia sanguínea e oligúria, com necessidade de drogas vasoativas e ventilação mecânica. Exames: Gasometria • pH = 7.11 • pCO2 = 32 mmHg • Bic = 10 • Na+ = 132 • Cl- = 107 • Alb = 3,0 Como interpretar esse distúrbio ácido básico através da gasometria? 1. Método fisiológico - avaliar pH, avaliar pCO2 2. Método base excesso 3. Método físico-químico Método fisiológico • Regra 1: Avaliar pH Abaixo de 7,35 → acidemia Acima de 7,45 → alcalemia • Regra 2: Avaliar o distúrbio primário Observar HCO3- e PCO2 → acidose metabólica ou acidose respiratória; alcalose metabólica ou alcalose respiratória • Regra 3: Avaliar as compensações ou distúrbios associados para saber se estamos dentro ou fora da zona de compensação. Olhar o base excess para saber se o distúrbio é agudo ou crônico. • Regra 4: Calcular o AG AG = Uânions - Ucátions GAP verdadeiro = 0 Correção para albumina → AG+ 2,5 x (4 - alb) • Regra: Se acidose metabólica com AG aumentado (normoclorêmica) → acontece por acúmulo de ácidos o Observar aumento de lactato o Observar cetonas céricas ou na urina o Observar lesão renal → acidose consequente da lesão renal aguda • Regra: Se acidose metabólica com AG normal (hiperclorêmica) → acontece por perda de álcalis Avaliação do caso 1. pH ácido → acidemia 2. Bic < 24 → acidose metabólica; pCO2 normal (distúrbio primário) 3. pCO2 esp = (1,5 x 10) + 8 +/- 2 = 21-25 → pCO2 maior → acidose respiratória (2º distúrbio) 4. AG = 132 - (10 + 107) = 15 → corrigindo pela alb → [(4-3) x 2,5] + 15 = 17,5 → AG aumentado (acúmulo de ácidos, esperado que o Bic diminuísse na mesma proporção) → acidose metabólica normoclorêmica. O bic diminuiu muito mais do que deveria. Significa que o cloro está aumentado (acidose metabólica hiperclorêmica) 5. É um distúrbio misto ou triplo! a. Acidose metabólica normoclorêmica (por hipoperfusão e lactato aumentado), metabólica hiperclorêmica (grande quantidade de soro recebido com carga enorme de cloreto), respiratória (ventilação mecânica precisando de ajustes) Outras regras: • Se acidose metabólica com AG aumentado normoclorêmica: ∆𝐴𝐺 ∆𝐵𝑖𝑐 • Na ausência de fator etiológico identificado: calcular GAP osmolar → intoxicação exógena com substancias com poder osmótico • Se acidose metabólica com AG normal (hipercloremica): AG urinário, excreção de amônia na urina • Se alcalose metabólica: dosagem de Cl- urinário • Se distúrbios respiratórios: cálculo do gradiente alvéolo arterial, para identificar acometimentos do parênquima pulmonar • A etapa final é interpretar as causas! Devemos cumprir todos os passos antes.
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