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Distúrbio ácido-base ABORDAGEM FISIOLÓGICA DOS DISTÚRBIOS DE EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO ➢ Definição de Bronsted-Lowry de ácido (doa H+) e base (recebe H+) ➢ Acidemia (pH<7,4) vs acidose (engloba o distúrbio como um todo; tem a ver com a fisiologia do paciente, não só com o pH ➢ Alcalemia (pH>7,4) vs alcalose Equação de Henderson-Hasselbalch ➢ Relação matemática entre pH, bicarbonato (diretamente proporcional ao pH) e pCO2 (inversamente). ➢ Acidose (↓pH) ↓bic (acidose metabólica) / ↑PCO2 (acidose respiratória) ➢ Maior fonte de ácido na dieta tradicional é a proteína da carne (aminoácidos) ➢ Veganos/vegetarianos tendem a produzir menos ácido ➢ Quanto mais hiperproteica a dieta, mais ácido gera ➢ Ácidos orgânicos – Situação de jejum, distúrbios da insulina produzem cetoácidos; hipoxemia muscular favorece a produção de ácido lático (convertido em lactato) ➢ O fígado metaboliza o lactato, mantendo níveis baixos de lactato; situações em que o lactato pode estar aumentado: Pacientes mal perfundidos que são obrigados a fazer respiração anaeróbia (↑ a produção de lactato a ponto de ultrapassar a capacidade do fígado de degradação, ex. choque) Paciente com insuficiência hepática grave e o lactato gerado não é metabolizado indicação de transplante hepático). Principal tampão extracelular: bicarbonato *Permite suavizar as variações de pH quando há aumento de ácidos (ex. ingestão de proteína) AVALIAÇÃO DE UM PACIENTE COM ALTERAÇÃO NO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE 1) História clínica e exame físico ➢Perdas GI? Vômitos (alcalose – perde H+), diarreia (acidose – perde bic), estomias (acidose), sondas (alcalose) ➢Intoxicação? ➢Antecedentes? Gestação (taquipneia transitória leve – 24-28 irpm – alcalose respiratória fisiológica na gestação provocada pela progesterona), doenças crônicas (DPOC, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, cirrose hepática), medicações em uso (diuréticos, bic, laxantes) ➢Sinais vitais (FR, SatO2, FC, PA) ➢Neurológico – nível de consciência (pct rebaixado pode ter alteração do padrão respiratório e causar acidose) ➢Aparelho cardiovascular – sinais de choque/má perfusão periférica (TEC, pele, débito urinário) acidose lática? ➢Aparelho respiratório – padrão respiratório, inspeção do tórax (em tonel – DPOC?), cianose, baqueteamento digital 2) Determinar o distúrbio primário (gasometria) e a resposta secundária esperada *Gasometria venosa – confiável apenas o valor de HCO3 1°) Identificar alteração no pH/pCO2/HCO3? distúrbio ácido-base 2°) pH 7,4 como corte (<7,4 = acidose / >7,4 = alcalose) 3°) Definir padrão respiratório ou metabólico GASOMETRIA ARTERIAL pH = 7,38 – 7,42 pO2 = 70 – 100 mmHg pCO2 = 38 – 42 mmHg HCO3 = 22 – 26 mEq/L BE = -3 – +3 mEq/L Sat O2 = 95 – 98% ELIMINADOS PELOS RINS (CONSOME BIC) ELIMINADOS PELOS PULMÕES 4°) Identificar distúrbios mistos – qual a resposta esperada do ponto de vista respiratório (pCO2) se for um distúrbio metabólico / qual a resposta esperada do ponto de vista metabólico (bic) se for um distúrbio respiratório CASO 1 pH= 7,28 ( Acidose) pCO2= 25 mmHg HCO3= 12mEq/L ( Metabólica) Acidose metabólica pCO2 esperado (1,5x12+8)= 26 pCO2 esperado (intervalo de 2) = 24-28 mmHg Acidose metabólica simples CASO 2 pH= 7,19 ( Acidose) pCO2= 32 mmHg ( +Acidose respiratória) HCO3= 12 mEq/L ( Metabólica) Acidose metabólica pCO2 esperado (1,5x12+8)= 26 pCO2 esperado (intervalo de 2) = 24-28 mmHg Paciente está hipoventilando pois os níveis de CO2 estão altos para este nível de bicarbonato, pode haver uma doença pulmonar associada (ex. DPOC) ou fadiga respiratória Acidose metabólica e acidose respiratória CASO 3 Acidose respiratória simples crônica (DPOC) TTO: broncodilatadores (LABA, LAMA, SABA), O2 domiciliar, corticoide inalatório CASO 4 Acidose respiratória simples aguda (DPOC exacerbado) - Piora da dispneia - Aumento do volume da secreção - Mudança na característica da secreção TTO: VNI (pH<7,35 e pCO2>45) CASO 5 Acidose metabólica simples (cetoacidose diabética) TTO: volume, insulina, K (se <3,3), bic (se pH<6,9) CASO 6 Acidose metabólica com acidose respiratória (diarreia aguda e hipoventilação secundária a hipocalemia) Diarreia e perda de bic Acidose metabólica Diarreia hipocalemia fraqueza muscular hipoventilação TTO: reposição de volume e K, em seguida, correção da acidose (bic) 3) Investigar o componente metabólico do distúrbio *Causas em que há dúvida da causa da acidose metabólica ânion gap → Excesso de ácido lático → Cetoácidos → Intoxicação exógena por um ácido → Diarreia → Acidose tubular renal (túbulo não reabsorve o bic filtrado) ÂNION GAP ➢ Segundo o princípio da eletroneutralidade, a quantidade de íons negativos = quantidade de íons positivos ➢ Os principais íons medidos por exame são: Na+, Cl- e HCO3-; nessas medidas, geralmente a carga positiva é maior ➢ A diferença entre a quantidade de íons positivos e negativos MEDIDOS é chamada de ânion gap ➢ Nas cargas positivas, K, Mg, Ca, gamaglobulinas não são levadas em consideração; nas cargas negativas: albumina, lactato, proteínas plasmáticas ➢ Dos íons medidos, sempre costuma-se ter uma carga positiva > carga negativa *Pacientes com distúrbio na quantidade de albumina (≠VR 4), ex. casos de desnutrição proteico-calórica, sd. nefrótica, etc, deve ser feito o cálculo de correção do AG ACIDOSE COM ÂNION GAP NORMAL/ ACIDOSE POR PERDA DE BICARBONATO Acidose hiperclorêmica – ocorre a perda de bic, que é compensada pelo aumento do cloro, não alterando o AG Sinaliza PERDA DE BIC Perda urinária ou extra-renal? *K é considerado pois a urina tem uma quantidade expressiva de potássio (diferente do sangue, que tem uma quantidade inexpressiva em relação ao sódio) *Bic não entra na conta pois normalmente não é eliminado na urina (totalmente absorvido) NH4+ (amônio) – mecanismo de tampão urinário para eliminar o H+ na urina; quanto mais NH4+ na urina, mais negativo fica o AGU (< -20mEq/L); significa que o rim está dando conta de eliminar mais ácido, ou seja, a causa da acidose é extra- renal (pois o rim está tentando resolver a acidose) Acidose com AG normal e AGU muito negativo CAUSA EXTRA-RENAL Causas de ânion gap urinário negativo ➢ Perdas GI (diarreia, fístula biliar, fístula pancreática) ➢ Acidose por infusão de solução salina (NaCl) CÁLCULO DO ÂNION GAP [Na+] – ([Cl-] + [HCO3-]) NL= 10 mEq/L (8-12) ↓ CORRIGIR PARA ALBUMINA* ÂNION GAP CORRIGIDO AGCalculado + 2,5 x (4,0 – albumina) ÂNION GAP URINÁRIO Eletrólitos urinários: [Na+] + [K+] – [Cl-] NL= -20 mEq/L ➢ Síndrome de hiperalimentação (gera muito ácido por excesso de proteína ingerido) ➢ Intoxicação por ácido clorídrico ou cloreto de amônia ➢ Alguns casos de ATR tipo 2 CAUSA RENAL O rim que está provocando uma acidose não produz muito amônio, tendo uma concentração baixa de NH4+ na urina, fazendo com que a quantidade de Na+ e K+ supere a quantidade de C- e o AGU fique positivo Acidose com AG normal e AGU positivo Causas de AGU positivo *Pensar em doenças do rim... ➢ Acidose associada à IR ➢ Uremia ➢ Acidose tubular renal (impede que o rim reabsorva adequadamente bic ou que elimine amônio com eficiência) ➢ Tipo 1 – genético, lítio, anfotericina, Sd Sjogren ➢ Tipo 4 LIMITAÇÕES DO ÂNION GAP URINÁRIO (AGU) ➢ Não confiar se: ➢ pH urinário >6,5 ➢ Ânion gap sanguíneo aumentado ➢ Sódio urinário <20mmol/L ➢ Poliúria ACÚMULO DE ÁCIDO Consumiu um bic e gerou outro ânion (lactato-) aumento do AG acidose por ACÚMULO DE ÁCIDO ACIDOSE COM ANION GAP AUMENTADO Causas de acúmulo de ácido (Tratar a causa) ➢ Acidose láctica – melhorarperfusão periférica ➢ Cetoacidose (diabética – insulina, jejum prolongado, alcóolica) ➢ Intoxicação exógena (AAS, metanol, etilenoglicol) ➢ Acidose urêmica (acidose da IR) – diálise *Acidose da IR – acidose por perda de bic (AG normal), e, quando o paciente chega em níveis de disfunção renal muito grave, além da perda de bic, o paciente passa a ter dificuldade na eliminação de ácidos fixos, produzidos no metabolismo de aminoácidos (ex. ácido pirúvico, sulfúrico), tendo também uma acidose por acúmulo de ácidos (AG↑) *A acidose da IR por perda de bic pode ser corrigida com reposição de bic; já a acidose da IR por acúmulo de ácidos precisa ser tratada com diálise ATENÇÃO PARA ÂNION GAP ➢ Baixa sensibilidade para acidose láctica (com valores de lactato <5mmol/L o AG pode não alterar) – o lactato pode ser mais sensível para o diagnóstico da acidose láctica ➢ Permite o diagnóstico de: ➢ Acidose hiperclorêmica pós hiper-hidratação na CAD – na CAD, geralmente, o AG está aumentado; com o tto a tendência é que o AG↓ e a acidose se resolva; se o paciente persiste com acidose com a ↓AG, isso sinaliza que a cetoacidose está se resolvendo e que a manutenção da acidose está sendo provocada pelo excesso de volume que está sendo feito *A avaliação do AG na CAD ajuda a definir parâmetros para parar o TTO da CAD (normalização do AG – critério) ↓Bic ↑Ácidos ↑AG ➢ Cetoacidose alcóolica melhor que urina rotina (B-hidroxibutirato) – urina rotina não detecta B-hidroxibutirato, detecta apenas aceto- acetato dos corpos cetônicos ➢ Acidose D-láctica – acidose por hiperproliferação bacteriana (lactato diferente do lactato humano, que é o L-lactato) ou por isquemia mesentérica ÂNION GAP BAIXO OU NEGATIVO ➢ Fazer correção do AG se albumina muito baixa! Causas de AG baixo ou negativo *Acúmulo de cargas positivas no sangue (normalmente não são causa de acidose) ➢ Intoxicação por lítio ➢ Hipergamaglobulinemia (mieloma múltiplo) ➢ Hipercalcemia ➢ Hipermagnesemia *Resumindo: acúmulo de cargas positivas ↓AG, acúmulo de cargas negativas ↑AG VARIAÇÃO DO ÂNION GAP E A GRAVIDADE DA ACIDOSE (em AG aumentado) -0,5 a 5,0 mEq/L – acidose metabólica com AG aumentado < -0,5 mEq/L – acidose por perda de bic + por acúmulo de ácido (2 causas concomitantes da acidose para justificar o distúrbio do paciente) > 5,0 mEq/L – alcalose e acidose metabólica (variação do AG é maior que a variação da acidose, ou seja, tem uma variação muito alta de AG para uma acidose não tão grave; para isso acontecer, deve estar havendo perda de H+, ex. vômitos, SNG) ALCALOSE METABÓLICA ➢ Investigar o CLORETO URINÁRIO Cloreto <25 mEq/L ➢ Perda gastrointestinal (vômitos) ➢ Uso prévio de diuréticos (tiazídicos ou furosemida) ➢ Baixa ingestão de cloreto (rara) ➢ Fibrose cística (perda de sódio e cloro pelo suor) →Alcalose metabólica cloro-sensível – melhora com a hidratação com solução NaCl 0,9% /reposição de K se necessário Cloreto >40 mEq/L →Alcalose cloro-insensível – NÃO responde ao tratamento com SF 0,9% PA NORMAL ➢ Diuréticos ➢ Bartter – tubulopatia que mimetiza o uso do diurético tiazídico ➢ Gitelman – tubulopatia que mimetiza o uso do diurético furosemida PA ALTA ➢ Hiperreninemismo – hiperativação do SRAA ➢ Cushing ➢ Liddle ➢ Hiperaldosteronismo 1ário – hipertensão, alcalose metabólica, hipercalemia ➢ Uso de mineralocorticoide DELTA ÂNION GAP ∆ AG = AG – 10mEq/L ∆ HCO3- = 24 – HCO3- Acidose com AG aumentado = ∆ AG – ∆ HCO3- *Acidose láctica = (0,6 x ∆ AG) – ∆ HCO3- ↑Ca, Mg ↓AG
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