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COSMECÊUTICOS APLICADOS À ESTÉTICA Kátia C. Cavalcante de Oliveira Kátia C. Cavalcante de Oliveira COSMECÊUTICOS APLICADOS À ESTÉTICA Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Kátia C. Cavalcante de Oliveira Luana Magri Tunin Aline Scaliante Coelho Baggetti Regiane Rosa © Universidade Positivo 2018 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © 123RF VG CONSULTORIA EDUCACIONAL Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunização bidirecional entre os atores educacionais. O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendiza- gem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextuali- zação teórica-prática e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos: valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Compreenda seu livro Metodologia Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: Pergunta norteadora Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Tópicos que serão estudados Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. Boxes São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. Recapitulando É o fechamento do capítulo. Visa sinte- tizar o que foi abordado, reto mando os objetivos do capítulo, a pergunta nortea- dora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo. Pausa para refletir São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo. Contextualizando o cenário Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. Objetivos do capítulo Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessida- des de aprendizagem do seu curso. Proposta de atividade Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. Referências bibliográficas São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. Compreenda seu livro Percurso ASSISTA AFIRMAÇÃO ESCLARECIMENTO » afi rmação: citações e afi rmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. » assista: indicação de fi lmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofun- dadas sobre o conteúdo estudado. » biografi a: dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. » Conceito: defi nição, caracterização de um conceito específi co da área de conhecimento trabalhada. » Curiosidade: informação que revela algo desco- nhecido e interessante sobre o assunto tratado. » dica: um detalhe específi co da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privi- legiada sobre o conteúdo trabalhado. » esclarecimento: explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específi ca da área de conhe- cimento trabalhada. » exemplo: informação que retrata de forma obje- tiva determinado assunto. Ícones CONCEITO DICA BIOGRAFIA CURIOSIDADE EXEMPLO Sumário A autora .......................................................................................................................... 21 Capítulo 1 Contextualizando o cenário ........................................................................................... 24 1.1 Cosmecêuticos e Veículos ........................................................................................ 25 1.1.1 Conceito ............................................................................................................................................................... 27 1.1.2 Função.................................................................................................................................................................. 30 1.1.3 Interação veículo-pele ......................................................................................................................................... 30 1.1.4 Desenvolvimento tecnológico de veículos .............................................................................................................................32 1.2 Princípios Ativos, Vasodilatadores e Drenantes ..............................................................33 1.2.1 Ação fisiológica dos vasodilatadores e drenantes .............................................................................................. 33 1.2.2 Ativos que atuam na microcirculação ................................................................................................................. 34 1.3 Princípios Ativos Lipolíticos e Fibroblásticos ........................................................... 35 1.3.1 Ativos que reduzem a lipogênese e estimulam a lipólise .................................................................................. 35 1.3.2 Ação fisiológica dos ativos lipolíticos .................................................................................................................. 36 1.3.3 Ação fisiológica dos fibroblastos ......................................................................................................................... 37 1.3.4 Ativos fibroblásticos ............................................................................................................................................ 37 1.4 Princípios Ativos Hidratantes e Tensores ................................................................. 38 1.4.1 Hidratação fisiológica da pele ............................................................................................................................. 38 1.4.2 Ação fisiológica dos hidratantes ......................................................................................................................... 38 1.4.3 Relação entre os tipos de pele e a formulação dos hidratantes ......................................................................... 39 1.4.4 Tensores ................................................................................................................................................................ 40 Proposta de Atividade .................................................................................................... 41 Recapitulando ................................................................................................................ 42 Referências .....................................................................................................................43 Capítulo 2 Contextualizando o cenário ........................................................................................... 46 2.1 Permeabilidade Cutânea ......................................................................................... 47 2.1.1 Fibro Edema Geloide (FEG) ................................................................................................................................. 50 2.1.2 Lipodistrofia localizada (LL) ................................................................................................................................ 51 2.1.3 Estrias ................................................................................................................................................................... 52 2.1.4 Flacidez tissular ................................................................................................................................................... 54 2.2 Ultrassom ................................................................................................................. 55 2.2.1 Fonoforese ........................................................................................................................................................... 60 2.2.2 Protocolo para FEG .............................................................................................................................................. 61 2.2.3 Manthus ............................................................................................................................................................... 62 2.2.4 Protocolo de manthus ......................................................................................................................................... 62 2.3 Microcorrentes e Corrente Galvânica (Iontoforese) ................................................. 63 2.3.1 Microcorrentes ..................................................................................................................................................... 63 Segurança e Higiene de alimentoS 11 2.3.2 Protocolo de microcorrentes ................................................................................................................................ 65 2.3.3 Iontoforese ........................................................................................................................................................... 66 2.3.4 Protocolo de iontoforese ..................................................................................................................................... 67 2.4 Hidratação Corporal e LED ....................................................................................... 67 2.4.1 Mecanismos de hidratação ................................................................................................................................. 69 2.4.2 Protocolo de hidratação corporal ........................................................................................................................ 69 2.4.3 Aplicação do LED ................................................................................................................................................. 70 2.4.4 Protocolo de LED .................................................................................................................................................. 71 Proposta de Atividade .................................................................................................... 42 Recapitulando ................................................................................................................ 73 Referências ..................................................................................................................... 74 Capítulo 3 Contextualizando o cenário ........................................................................................... 78 3.1 Fisiopatologia E Etiologia Das Afecções .................................................................. 79 3.1.1 Fibro Edema Geloide (Celulite) ............................................................................................................................ 79 3.1.2 Lipodistrofia Localizada ....................................................................................................................................... 82 3.1.3 Estrias ................................................................................................................................................................... 84 3.1.4 Flacidez Tissular ................................................................................................................................................... 85 3.2 Anamnese ................................................................................................................ 87 3.2.1 Dados pessoais .................................................................................................................................................... 87 Segurança e Higiene de alimentoS12 3.2.2 História do distúrbio estético atual ..................................................................................................................... 88 3.2.3 Hábitos de vida .................................................................................................................................................... 88 3.2.4 Planejamento do Tratamento com Cosmecêuticos ........................................................................................... 89 3.3. Perimetria e índice de massa corporal (IMC) ......................................................... 90 3.3.1 Medidas e Circunferência .................................................................................................................................... 90 3.3.2 Aplicação ............................................................................................................................................................. 91 3.3.3 Dados Antropométricos ..................................................................................................................................... 92 3.3.4 Classificação do IMC ............................................................................................................................................ 93 3.4 Dobras cutâneas e fotodocumentação ................................................................... 93 3.4.1 Tipos de Dobras ................................................................................................................................................. 94 3.4.2 Procedimentos e Avaliações ................................................................................................................................ 95 3.4.3 Enquadramento e Distância ................................................................................................................................ 96 3.4.4 Fundo e Ângulo ................................................................................................................................................... 97 Proposta de Atividade .................................................................................................... 98 Recapitulando ................................................................................................................ 99 Referências ................................................................................................................... 100 Capítulo 4 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 104 4.1 Avaliação e testes específicos ................................................................................ 105 4.1.1 Alterações fisiopatologia do FEG ....................................................................................................................... 105 Segurança e Higiene de alimentoS 13 4.1.2 Fases do FEG .....................................................................................................................................................108 4.1.3 Classificação e localização ................................................................................................................................. 109 4.2 Cosmecêuticos e tratamentos manuais e com aparelhos..................................... 115 4.2.1 Esfoliação e drenagem linfática ........................................................................................................................ 115 4.2.2. Massagem modeladora e 3D ........................................................................................................................... 116 4.2.3 Ultrassom, radiofrequência e endermologia .................................................................................................... 119 4.2.4 Eletrolipoforese e Microcorrentes ...................................................................................................................... 121 4.3 Princípios ativos ..................................................................................................... 122 4.3.1 Agentes que ativam a microcirculação e estimulam hormônios ..................................................................... 122 4.3.2 Ativos relacionados à lipogênese, lipólise e edema ......................................................................................... 123 4.3.3 Ativos que restauram a estrutura normal da derme e do tecido conjuntivo ................................................... 124 4.3.4 Ativos antioxidantes e drenantes ...................................................................................................................... 125 4.4. Protocolos ............................................................................................................. 125 4.4.1 Substâncias vasoativas ..................................................................................................................................... 125 4.4.2 Substâncias metilxantinas (efeito lipolítico) .................................................................................................................................... 125 4.4.3 Microcorrentes, Fonoforese e Phono-ionto-poração ........................................................................................ 126 4.4.4 Eletrolipoforese e Endermologia ....................................................................................................................... 128 Proposta de Atividade .................................................................................................. 130 Recapitulando .............................................................................................................. 131 Referências ................................................................................................................... 132 Segurança e Higiene de alimentoS14 Capítulo 5 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 136 5.1 Avaliação ................................................................................................................ 137 5.1.1 IMC ..................................................................................................................................................................... 137 5.1.2 Adipometria ....................................................................................................................................................... 139 5.1.3 Perimetria .......................................................................................................................................................... 142 5.1.4 Bioimpedância ................................................................................................................................................... 144 5.2 Cosmecêuticos e Tratamentos Manuais e Com Aparelho ..................................... 145 5.2.1 Massagem modeladora e massagem de bambu ............................................................................................. 145 5.2.2 Drenagem linfática e massagem redutora ...................................................................................................................................... 148 5.2.3 Eletrolipoforese e microcorrentes ...................................................................................................................... 148 5.2.4 Ultrassom e manthus ....................................................................................................................................... 149 5.3 Princípios Ativos .................................................................................................... 150 5.3.1 Ativos que atuam na circulação ........................................................................................................................ 150 5.3.2 Ativos que atuam na lipólise ............................................................................................................................. 151 5.3.3 Ativos que atuam na remodelagem do tecido adiposo ................................................................................... 152 5.3.4 Ativos antioxidantes .......................................................................................................................................... 153 5.4 Protocolos .............................................................................................................. 153 5.4.1 Redução de medidas ......................................................................................................................................... 154 5.4.2 Detox redução .................................................................................................................................................... 154 5.4.3 Fonoforese e phono-ionto-poração .................................................................................................................. 155 Segurança e Higiene de alimentoS 15 5.4.4 Eletrolipoforese .................................................................................................................................................. 157 Proposta de Atividade .................................................................................................. 158 Recapitulando .............................................................................................................. 159 Referências ................................................................................................................... 160 Capítulo 6 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 164 6.1 Avaliação ................................................................................................................ 165 6.1.1 Localização ......................................................................................................................................................... 167 6.1.2 Aspecto .............................................................................................................................................................. 169 6.1.3 Classificação ....................................................................................................................................................... 169 6.1.4 Fotodocumentação ............................................................................................................................................ 170 6.2 Cosmecêuticos e Tratamentos Manuais e com Aparelhos .................................... 171 6.2.1 Esfoliação química ............................................................................................................................................. 172 6.2.2 Vacuoterapia e microdermoabrasão ................................................................................................................. 174 6.2.3 Galvanopuntura e microagulhamento roller .....................................................................................................175 6.3 Princípios Ativos .................................................................................................... 178 6.3.1 Estimulantes de circulação ................................................................................................................................ 178 6.3.2 Regeneradores ................................................................................................................................................... 179 6.3.3 Hidratantes ........................................................................................................................................................ 180 6.3.4 Emolientes ......................................................................................................................................................... 181 Segurança e Higiene de alimentoS16 6.4 Protocolos .............................................................................................................. 181 6.4.1 Esfoliação química ............................................................................................................................................. 181 6.4.2 Microdermoabrasão .......................................................................................................................................... 183 6.4.3 Derma Roller ...................................................................................................................................................... 184 Proposta de Atividade .................................................................................................. 185 Recapitulando .............................................................................................................. 186 Referências ................................................................................................................... 187 Capítulo 7 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 190 7.1 Avaliação ................................................................................................................ 191 7.1.1 História da disfunção atual ................................................................................................................................ 193 7.1.2 Classificação ....................................................................................................................................................... 194 7.1.3 Palpação ............................................................................................................................................................. 195 7.1.4 Fotodocumentação ............................................................................................................................................ 196 7.2 Tratamentos ........................................................................................................... 197 7.2.1 Corrente russa .................................................................................................................................................... 198 7.2.2 Radiofrequência ................................................................................................................................................. 199 7.2.3 Microcorrentes, microagulhamento e LED ...........................................................................................................................200 7.2.4 Crioterapia.......................................................................................................................................................... 202 7.3 Princípios Ativos .................................................................................................... 203 Segurança e Higiene de alimentoS 17 7.3.1 Vasodilatadores .................................................................................................................................................. 204 7.3.2 Tensores .............................................................................................................................................................. 204 7.3.3 Fibroblásticos ..................................................................................................................................................... 205 7.3.4 Hidratantes ........................................................................................................................................................ 206 7.4 Protocolos .............................................................................................................. 207 7.4.1 Radiofrequência ................................................................................................................................................ 207 7.4.2 Bandagem crioterápica, corrente russa, microcorrentes, microagulhamento e LED ....................................... 208 7.4.3 Corrente russa e cosméticos com massagem ................................................................................................... 211 7.4.4 Radiofrequência e plataforma ........................................................................................................................... 212 Proposta de Atividade .................................................................................................. 214 Recapitulando .............................................................................................................. 215 Referências ................................................................................................................... 216 Capítulo 8 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 222 8.1 Neurocosméticos ................................................................................................... 223 8.1.1 Definição ............................................................................................................................................................ 223 8.1.2 Função................................................................................................................................................................ 224 8.1.3 Neurobiologia da pele ....................................................................................................................................... 224 8.2 Princípios Ativos Neurocosméticos ....................................................................... 226 8.2.1 Endorphin® ........................................................................................................................................................ 227 Segurança e Higiene de alimentoS18 8.2.2 Happybelle-PE® ................................................................................................................................................ 227 8.2.3 Neuroxyl® ........................................................................................................................................................... 228 8.2.4 Dietilaminoetanol (DMAE) ................................................................................................................................ 228 8.3 Nanocosméticos .................................................................................................... 228 8.3.1 Definição ............................................................................................................................................................ 229 8.3.2 Classificação das nanopartículas para uso de cosmecêutico ........................................................................... 229 8.3.3 Generalidades .................................................................................................................................................... 233 8.3.4 Aplicação em cosmecêuticos ............................................................................................................................234 8.4 Cosmecêuticos Botânicos ...................................................................................... 234 8.4.1 Valorização de produtos .................................................................................................................................... 235 8.4.2 Naturais em cosméticos .................................................................................................................................... 236 8.4.3 Matéria-prima de ingredientes vegetais .......................................................................................................... 236 8.4.4 Produtos cosmecêuticos orgânicos ................................................................................................................... 238 Proposta de Atividade .................................................................................................. 239 Recapitulando .............................................................................................................. 240 Referências ................................................................................................................... 241 Apresentação O cosmecêutico pode ser definido como uma terceira categoria de produto que combi- na os benefícios de um cosmético com um fármaco, porém, antes de colocar todas as suas expectativas em um cosmecêutico, é preciso considerar que os resultados dependem de muitos fatores, dentre eles, conhecer muito bem sua função. Na composição dos cosmecêuticos, há bioativos que, cada vez mais, são emprega- dos na melhoria da pele (manchas, acnes, cicatrizes, sinais de envelhecimento), como pro- tetores dos fatores externos, que prejudicam a pele, e como otimizadores dos protocolos estéticos. Dessa forma, é importante ter conhecimento acerca dos tipos de veículos, princípios ativos, das formas e funções antes de utilizá-los, para que seja possível fazer a escolha do melhor cosmecêutico, para cada tratamento, na prática clínica. A autora A professora Kátia C. Cavalcante de Oliveira é Mestre em Promoção da Saúde, pelo Centro Universitário de Maringá – Unicesumar (2018). Especialista em Estética facial e cor- poral, pelo Centro Universitário de Maringá – Unicesumar (2014). Especialista em Análises Clínicas, pelo Centro Universitário Ingá – Uningá (2011). Graduada em Biomedicina, pela Centro Universitário Ingá – Uningá (2009). Atua como biomédica esteta em uma clínica de estética e la- ser, atendendo aos procedimentos estéticos minimamente invasivos. É docente em cursos de especialização em Biomedicina estética e Saúde estética. Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/9982937286338122> Dedico este trabalho, exclusivamente, a Deus, pela força que me concede todos os dias, e às pessoas importantes em minha vida, em especial, ao meu marido William, que é o meu suporte e maior incentivador!. Segurança e Higiene de alimentoS 23 ObjetivO dO CapítulO • Compreender o que são cosmecêuticos e os seus princípios ativos, bem como sua função. 1 tópiCOs de estudO Cosmecêuticos e veículos • Conceito. • Função. • Interação veículo-pele. • Desenvolvimento tecnológico de veículos. 3 Princípios ativos lipolíticos e fibroblásticos • Ativos que reduzem a lipogênese e estimulam a lipólise. • Ação fisiológica dos ativos lipolíticos. • Ação fisiológica dos fibroblastos. • Ativos fibroblásticos. 2 Princípios ativos vasodilatadores e drenantes • Ação fisiológica dos vasodilatadores e drenantes. • Ativos que atuam na microcirculação. 4 Temas pedagógicos: liberalismo • Hidratação fisiológica da pele. • Ação fisiológica dos hidratantes. • Relação entre os tipos de pele e a formulação dos hidratantes. • Tensores. Capítulo 1 Cosmecêuticos e seus princípios ativos Kátia C. Cavalcante de Oliveira Segurança e Higiene de alimentoS24 Contextualizando o cenário Os avanços tecnológicos alcançaram todos os segmentos e, no setor da cosmetologia, têm proporcionado benefícios às pessoas, devido ao surgimento dos cosmecêuticos. O aumento da expectativa de vida nos últimos anos tem exigido mudanças quanto ao desenvolvimento de produtos que retardam o envelhecimento e/ou promovem rejuvenescimento da pele. Nesse sentido, os cosmecêuticos disponíveis no mercado contêm ativos que proporcionam resultados satisfatórios no que se refere à melhora da aparência, seja do rosto, seja do cor- po. A procura por esses produtos tem se tornado cada vez mais frequente, para que seja possível a manutenção da saúde estética. de acordo com esse contexto, como um cosme- cêutico pode contribuir com os tratamentos estéticos? Segurança e Higiene de alimentoS 25 1.1 Cosmecêuticos e Veículos Dessa forma, na composição dos cosmecêu- ticos, há bioativos que, embora não sejam medicinais, estão embasados em atributos funcionais mensuráveis. Os cosmecêuticos, ou produtos cosméticos, são constituídos por componentes bioativos cada vez mais usados na prevenção do envelhecimento, na melhora da aparência da pele, nos casos de manchas, acnes, cicatrizes, sinais de enve- lhecimento, e como protetores dos fatores externos. Além disso, esses produtos são uti- lizados como otimizadores dos protocolos estéticos para o tratamento das disfunções estéticas que incomodam as pessoas, espe- cialmente as mulheres. O termo cosmecêutico foi populariza- do na década de 1980, pelo doutor Albert Kligman, dermatologista americano, o qual afirmou que até mesmo a água pode alterar a estrutura e a função da pele (DRAELOS, 2005). Em suas pesquisas, o Dr. Kligman ob- servou que a pele exposta à água, por 48 horas, libera citocinas, produzindo uma con- dição conhecida como dermatite de hidra- tação. Sob microscopia eletrônica, a água pode produzir mudanças na função de cé- lulas, ou seja, tudo o que é aplicado sobre a pele pode se tornar um medicamento. Nesse raciocínio, Dr. Kligman, consi- derado o pai dos cosmecêuticos, supôs que, se a água, que é inócua, poderia causar essa mudança na pele, deveria existir uma tercei- ra categoria de produtos que, devido à jun- ção de mais duas categorias, um cosmético e um fármaco, e em contato com pele, ane- xos cutâneos e mucosas, pudesse provocar alterações estruturais e/ou funcionais onde fosse aplicada, sem pretensão terapêutica. Nesse caso, além de ser utilizado para o em- belezamento, o produto teria uma possível ação preventiva (COSTA, 2012). Para entender melhor o surgi- mento dos cosmecêuticos, leia “Cosmecêuticos: procedimentos em dermatologia cosmética” (2005). Trata-se de uma entrevista completa com o Dr. Kligman, na qual Zoe Diana Draelos fez interessantes perguntas ao pesquisador que inventou o termo cosmecêutico. Segurança e Higiene de alimentoS26 De acordo com Costa (2012), existe uma grande variedade de ativos classificados como cosmecêuticos. São eles: despigmentantes, retinoides, filtros solares, vitaminas, antio- xidantes, minerais, hidroxiácidos, fatores de crescimento, proteínas, hidratantes, lipídios, botânicos, metais, esfoliantes e peptídeos. Para que um cosmecêutico haja ade- quadamente na pele, Costa (2012) afirma que, como qualquer produto de uso tópi- co, ele não pode se limitar à camada cór- nea, mas deve passar por ela. Dessa forma, o cosmecêutico deve respeitar os princípios da farmacocinética, que são: • dissolução da substância ativa; • cobertura completa da epiderme; • solubilização da substância ativa; • permeação da substância ativa; • migração na epiderme e na derme; • possibilidade de remoção por transporte vascular e metabólico. Portanto, um cosmecêutico pode agir adequadamente em seu local de ação e pro- mover resultados efetivos seja qual for a ne- cessidade da pessoa, porém, geralmente, é empregado para melhorar o aspecto da pele e retardar o processo de envelhecimento. © lu pl up m e / / 1 23 R F. Segurança e Higiene de alimentoS 27 Os cosmecêuticos são compostos por veículo, princípio ativo e ingrediente, que originam asformulações empregadas em diversos tratamentos estéticos. Os veícu- los são substâncias que têm a finalidade de dar a forma final ao cosmecêutico, além de terem o objetivo de transportar, favo- recer ou diminuir o efeito dos princípios ativos. Assim, toda a formulação é respon- sável pela função do cosmecêutico na pele e, por isso, a escolha do veículo deve ser adequada ao tipo de pele de cada pessoa (GOMES, DAMAZIO, 2009; COSTA, 2012). 1.1.1 Conceito Os veículos são as substâncias mais importantes que compõem os cosmecêuti- cos, pois transportam os ativos para a pele e podem aumentar ou reduzir os efeitos dos princípios ativos. Dessa forma, é preci- so considerar a melhor estabilidade quími- ca, o aproveitamento e a compatibilidade entre os componentes (DRAELOS, 2005; BORGES, 2010). Ademais, os veículos cos- méticos podem ser: emulsões, géis, óleos, dentre outros (BORGES, 2010; VANZIN, CAMARGO, 2011; COSTA, 2012). emulsões As emulsões são compostos constituídos por duas fases imiscíveis (uma aquosa e uma oleosa), estabilizadas por um terceiro com- ponente, os agentes emulsionantes, os quais são os estabilizadores das emulsões e perten- cem à família dos tensoativos ou surfactantes. Isso porque, quimicamente, os agentes emul- sionantes apresentam estrutura anfifílica, ou seja, composta por uma parte polar (hidrofíli- ca) e uma parte apolar (lipofílica). Geralmente, as emulsões são brancas e homogêneas. As formulações com maior vis- cosidade são denominadas cremes, enquan- to as de baixa viscosidade recebem o nome de loções. Os emulsionantes mais utilizados em cosmetologia são sintéticos, classificados como aniônicos, catiônicos e não iônicos. A evolução no desenvolvimento das emulsões proporcionou o surgimento de di- ferentes tipos de emulsionantes, o que con- fere ao veículo importantes propriedades além da estabilidade. Atualmente, é possí- vel encontrar agentes emulsionantes pre- cursores de hidratantes para a pele, como também os que são quimicamente pareci- dos com os componentes químicos da pele. Segurança e Higiene de alimentoS28 Por serem gordurosas, as emulsões ge- ralmente são indicadas para o preparo de for- mulações hidratantes para peles secas, mas também podem ser indicadas para peles nor- mais. Tudo depende da prescrição quanto ao tipo de reologia para o uso do paciente. Géis O géis são constituídos por uma fase líquida (água) e uma fase sólida (agentes gelificantes) que proporciona consistência a uma solução. Como são veículos simples, predominantemente compostos por água, são indicados para tratamento de peles oleosas e acneicas. Ademais, os géis são formulações se- missólidas, pois os agentes gelificantes sus- pendem e modificam o estado físico da água. Portanto, conforme a quantidade de agentes gelificantes presentes no gel, há diferentes ti- pos de reologias (BORGES; SCORZA, 2016). Para entender o que significa o termo reologia, leia o artigo “Avaliação do com- portamento reológico de diferentes géis hidrofílicos”, de Nágila Maluf Corrêa e demais auto- res. Trata-se de um material muito interessante. óleos Os óleos são produzidos com a mis- tura de óleos de origem vegetal, animal ou sintética e princípios ativos oleosos. Gel-creme O gel-creme, geralmente, é muito bem aceito pelos consumidores, pois apre- senta boa espalhabilidade e é sensorial ao toque, além de ter grande compatibilida- de com diferentes tipos de pele e princípios ativos. Essa categoria de veículo contém agentes gelificantes, emulsionantes, óleos e água, tornando-a uma das mais utilizadas em países tropicais como o Brasil. pseudoemulsões São denominadas pseudoemulsões as constituições químicas diferentes do tradi- cional conceito de emulsão (óleo + água + emulsionante). Algumas pseudoemulsões são compostas por silicones, responsáveis por promover emoliência e sensação hidra- tante, como as proporcionadas pelos óleos. É por meio dessa categoria que são prepa- rados os veículos oil free. Segurança e Higiene de alimentoS 29 As pseudoemulsões são bem requisi- tadas no exterior e estão se fortalecendo no Brasil, com o conceito de emulsifier free (óleo + água sem emulsionante). Isso é possí- vel pela presença de um gelificante que con- segue reticular as micelas de óleo com a fase externa aquosa. Entender quais são os veículos isentos de emulsionantes é importante para o pre- paro de formulações para pacientes com dermatite atópica. Além disso, esses veícu- los destacam-se por serem indicados para a associação com ativos lipossomados. Gloss As possibilidades de tratamento com o gloss variam desde hidratação, prote- ção e correção até preenchimento. O gloss pode ser encontrado nas farmácias de ma- nipulação semipronto, faltando adicionar somente os princípios ativos. Esse veículo também pode ser associado a pigmentos e à proteção solar. Ademais, apenas o pró- prio gloss já confere hidratação e um suave preenchimento aos lábios. Musse Por meio da musse, constituída por tensoativos biocompatíveis e ainda pou- co explorada em formulações, é possível manipular princípios ativos voltados para a higiene e a limpeza, bem como hidratan- tes e produtos para tratamentos anti-a- ging, mas é preciso cuidado com relação às associações. Isso porque lipossomas, por exemplo, perdem estabilidade ao serem adicionados às musses, e substâncias com pH ácido também podem comprometer a qualidade da espuma. Conforme exposto anteriormente, é possível afirmar que os veículos são com- postos por vários ingredientes, que re- sultam em misturas com características específicas, nas quais cada ingrediente in- fluencia a interação entre os veículos e seus compostos. Dentre esses ingredien- tes, vale destacar os mais importantes na formulação dos cosmecêuticos, que são: água, surfactantes, umectantes, conser- vantes, essências, corantes e pigmentos, espessantes e aditivos reológicos e emo- lientes (COSTA, 2012). Para entender melhor a atuação de um cosmecêutico, leia este arti- go: “Desenvolvimento e eficácia an- ti-inflamatória não clínica de uma formulação antiacne”, de Francisco Gilvan Lima e demais autores. Esse é um ótimo artigo, que explica a ação de alguns ativos. Segurança e Higiene de alimentoS30 pausa para refletir • Qual é a importância da interação dos princípios ativos com o veículo para a efe- tividade dos cosmecêuticos? De acordo com Borges (2010), o for- mulador é quem decide o estado físico do veículo, para que ele corresponda melhor ao tratamento. Logo, a opção entre géis, cremes, emulsões, dentre outros veículos, depende do princípio ativo escolhido para atender à necessidade do paciente e tornar o tratamento efetivo. 1.1.2 Função O veículo tem a função de levar o ativo para a pele. Dessa forma, ele pode aumen- tar a eficácia do ativo e a permeabilidade da barreira cutânea. Sendo assim, deve haver uma boa relação entre o ativo e o veículo, ou seja, a escolha do veículo não pode ina- tivar o princípio ativo, durante o tratamento do paciente. Além disso, o veículo deve ser toxicologicamente seguro, ter boa apresen- tação sensorial e bom custo benefício. 1.1.3 Interação veículo-pele Segundo Vanzin e Camargo (2011), a interação do veículo cosmecêutico com a pele pode ocorrer por meio de diversas substâncias, dentre as quais estão as vita- minas, os minerais, as proteínas, os fatores de crescimento, dentre outras. Na cosme- tologia, a penetração de ativos por meio da barreira cutânea é um grande desafio, pois a pele tem diversas características relacio- nadas às diferentes regiões anatômicas, à etnia, à idade ou, até mesmo, aos aspectos individuais de cada tipo de pele. Em tratamentos, geralmente, as ca- racterísticas que mais se destacam são: peles com oleosidade excessiva; pe- les sensíveis e atópicas; peles xeróticas Segurança e Higiene de alimentoS 31 (desidratadas, com coceiras, descamação, fissuras), as quais exigem a formulação de veículos adequados, exclusivos paraas ne- cessidades de cada tipo de pele. Por exemplo, para peles sensíveis ou atópicas, a formulação deve ser desenvolvi- da com produtos hipoalergênicos e não ir- ritantes, pois os veículos podem conter substâncias comumente alergênicos e irritan- tes. Quanto às peles oleosas, os veículos uti- lizados devem conter menos lipídios ou não podem conter produtos comedogênicos. A pele xerótica ou seca pode ter sua fun- ção de barreira prejudicada e, por esse moti- vo, devem ser utilizados veículos com grande capacidade hidratante. A estrutura e a renova- ção diária do estrato córneo permitem que a pele seja uma barreira consideravelmente efe- tiva durante toda a vida (COSTA, 2012). Nesse sentido, de acordo com Borges e Scorza (2016), antes de ser iniciado qualquer tipo de tratamento facial, é necessária uma avaliação no paciente, para saber qual é o tipo de pele dele, pois cada indivíduo tem características e tipos de pele diferentes. pausa para refletir • Qual é a importância da anamnese deta- lhada de um paciente? Classificação da pele • Classificação 1: pele alípica ou seca. Apresenta pouca produção de sebo, é uma pele frágil, fina, descamativa, com pH mais ácido e com tendência a rugas. • Classificação 2: pele lipídica ou oleo- sa. Tem produção de sebo aumentada, apresenta brilho, poros dilatados, come- dões, pH alcalino, é espessa e envelhece mais lentamente. • Classificação 3: pele normal ou eudérmi- ca. É lisa, sem brilho, sem poros dilatados, com teor hídrico abundante e pH neutro. • Classificação 4: pele mista. Apresenta abundante produção de sebo e tem po- ros na zona T (nariz, queixo e testa), além de os poros serem dilatados. Na parte lateral da face, é normal ou alípica. Além dessas classificações, existem outras subclassificações importantes, as quais estão expostas a seguir. • pele sensível: tem aspecto frágil, fino, avermelhado e, normalmente, reage mais à aplicação de produtos. Além dis- so, apresenta telangiectasias (vasinhos). • pele acneica: apresenta as mesmas carac- terísticas da pele oleosa, mas com come- dões, pápulas, pústulas, cistos e cicatrizes. Segurança e Higiene de alimentoS32 • pele desidratada: é de cor opaca, ás- pera ao tato e com rugas superficiais, além de ter espessura fina, hipotônica e descamativa. • pele espessa: sem viço, opaca e grossa. • pele desvitalizada: flácida, sem viço e opaca. Conhecer o fototipo da pele é fun- damental para os procedimentos estéti- cos faciais. De acordo com a classificação de Fitzpatrick, os fototipos estão expostos a se- guir, com base em Borges e Scorza (2016). • fototipo 0: pele albina, que não pode ser exposta ao sol (muito sensível). • fototipo 1: pele muito clara, que sem- pre queima, e nunca bronzeia (muito sensível). • fototipo 2: pele clara, que geralmente queima, mas bronzeia pouco (sensível). • fototipo 3: pele pouco clara, que quei- ma moderadamente e bronzeia com fa- cilidade (normal). • fototipo 4: pele morena clara, que rara- mente queima e sempre bronzeia (normal). • fototipo 5: pele morena escura, que nunca queima e sempre bronzeia (pouco sensível). • fototipo 6: pele negra, que nunca quei- ma e bronzeia muito (sensível). Na prática clínica, é importante enten- der essa classificação, pois quanto mais me- lanina a pele tem, maiores são as chances de haver hiperpigmentação após alguns proce- dimentos estéticos, como peelings e lasers (VANZIN; CAMARGO, 2011). Mesmo com es- sas informações, é fundamental perguntar ao paciente o seu histórico de alergias, me- dicamentos, cosméticos e alimentos, como também os aspectos relacionados aos hábi- tos de vida e higiene, para que seja possível fazer uma boa anamnese e determinar o me- lhor ativo (VANZIN; CAMARGO, 2011). Nesse sentido, a anamese é impor- tante para que o profissional de estética possa conhecer o paciente e o seu tipo de pele, a fim de orientá-lo quanto aos melho- res tratamentos e/ou cosmecêuticos que serão utilizados tanto em consultório quan- to em casa (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 1.1.4 Desenvolvimento tecnológico de veículos O desenvolvimento tecnológico de veículos cosmecêuticos está relacionado às estruturas, propriedades e aos processos que envolvem materiais específicos, que contêm princípios ativos capazes de pene- trar nas camadas mais profundas da pele, potencializando os efeitos do produto. Segurança e Higiene de alimentoS 33 Assim, a tecnologia empregada nos cosme- cêuticos é de interesse dos esteticistas, que usam esses produtos em seus atendimentos. Nesse sentido, é importante conhecer quais são os veículos que se destacam por melhorarem a permeação dos ativos. São eles: micropartículas, cristais líquidos, na- noemulsões e emulsões múltiplas, os quais estão explicados a seguir, segundo os crité- rios defendidos por Costa (2012). • Microemulsões: são dispersões de óleo e água estáveis, transparentes, desenvolvi- das por um filme interfacial de moléculas de surfactantes, que permitem formação de pequenas gotículas (100 nm). • Cristais líquidos: são preparações inter- mediárias entre o sólido e o líquido, que promovem solubilidade, estabilidade e controle na liberação dos ativos. • Nanoemulsões: diferentes das mi- croemulsões, elas não são feitas de forma espontânea e, por isso, precisam de tec- nologia avançada. As nanoemulsões são partículas menores do que 300 nm e faci- litam a entrada dos ativos lipossolúveis. • emulsões múltiplas: podem ser feitas de dois tipos: 1. Emulsões água/óleo/água (A/O/A), nas quais a fase interna é oleosa e há gotí- culas de água dispersas em seu interior. 2. Emulsões óleo/água/óleo (O/A/O), nas quais a fase interna é água e há gotícu- las de óleo dispersas em seu interior. Portanto, o veículo é de suma importân- cia para a preparação de um cosmecêutico, visto que ele conduz o princípio ativo para pe- netrar profundamente na pele, chegando até a camada basal (BORGES; SCORZA, 2016). 1.2 Princípios Ativos, Vasodilatadores e Drenantes A cosmetologia utiliza ativos com veícu- los que têm grande capacidade de permeação, capazes de promover o aumento das circula- ções sanguínea e linfática. Os vasodilatadores e drenantes ajudam a eliminação dos exsudatos celulares e a reabsorção de edemas que melho- ram a circulação periférica (BORGES, 2010). 1.2.1 Ação fisiológica dos vasodilatadores e drenantes Os vasodilatadores e drenantes são substâncias (químicas ou biológicas) que pro- movem a dilatação dos vasos sanguíneos, ou seja, aumentam o diâmetro do vaso, para me- lhorar fluxo de sangue e, consequentemente, facilitam o transporte de oxigênio e nutrientes Segurança e Higiene de alimentoS34 para os músculos. Esses ativos, presentes em cosmecêuticos de uso tópico, atuam nos sis- temas venoso e linfático, melhorando a circu- lação, a absorção de hematomas, infiltrados e edemas, fortalecendo as paredes dos vasos (VANZIN; CAMARGO, 2011). 1.2.2 Ativos que atuam na microcirculação A microcirculação é composta por arteríolas, vênulas e sistema linfático. Fatores endógenos, como o aumento de tecido adiposo local, ou exógenos, como a compressão da pele e longas permanências na mesma postura corporal, podem alterar o equilíbrio da rede de microcirculação. Nesse sentido, as disfunções circulató- rias sanguíneas podem aumentar a fragili- dade capilar, resultando em telangiectasias (pequenos vasos), extravasamento sanguí- neo na pele, sensação de peso e edema ou alterações funcionais mais importantes (BORGES, 2010). A seguir, há alguns ativos que agem na microcirculação e provocam melhora nesse caso. • Ginkgo biloba: rico em flavonoides, re- duz a viscosidade do sangue e melhora a perfusão sanguínea periférica nos capi- lares e nas arteríolas. • Pentoxifilina: melhora a circulação, em virtude de sua ação nas células sanguí- neas, agregação plaquetária e concen- tração plasmática de fibrinogênio. • Centella asiática: estimula a drenagem linfática, a atividade dos fibroblastos e a síntese de colágeno.• Ruscus meliotus: rico em flavonoides e ácido hidroxicumarínico, promove o au- mento da resistência dos capilares, dimi- nui a permeabilidade vascular, o edema e melhora a drenagem. • Silício: componente estrutural dos teci- dos conectivos, regula o metabolismo e a divisão celular, além de proporcionar melhora na microcirculação. • Carica papaya (papaia) e Ananás sativus (abacaxi): apresentam efeito anti-infla- matório e redutor de edema. • Cynara scolymus: apresenta atividade diuré- tica, reduz edema e melhora a circulação. • Melilotus officinalis: reduz a permeabilida- de capilar e melhora a drenagem linfática. • Vitis vinifera (uva rosa): tem como prin- cípios ativos a leucocianidina e a pro- cianidina, que melhoram a drenagem linfática e a microcirculação. Segurança e Higiene de alimentoS 35 • Hedera helix (hera comum): contém flavo- noides e saponinas, que atuam na celulite, promovendo redução do edema e melhora na drenagem venosa e linfática. Esses ativos, portanto, melhoram o fluxo sanguíneo nas veias superficiais e nos vasos linfáticos, facilitam a troca de fluidos no tecido, melhoram a nutrição e a oxige- nação tecidual e diminuem o edema local (COSTA, 2012). 1.3 Princípios Ativos Lipolíticos e Fibroblásticos A hidrólise de gorduras no organis- mo é realizada por ativos que têm como mecanismo de ação o bloqueio dos re- ceptores adrenérgicos (presentes na membrana dos adipócitos), a inibição da enzima fosfodiesterase, o aumento do AMPc (adenosina monofosfato cíclico), a emulsão de triglicerídeos intra-adipoci- tários e hidrólise dos ácidos graxos, para que haja maior combustão das gorduras acumuladas em excesso. 1.3.1 Ativos que reduzem a lipogênese e estimulam a lipólise Existem ativos que são capazes de re- duzir a lipogênese, além de estimularem a lipólise, os quais estão expostos a seguir. • Metilxantinas (cafeína, aminofilina e teo- filina). A aminofilina tem efeito lipolítico, por meio do estímulo dos receptores B2- adrenérgicos. A cafeína, por sua vez, é a mais segura e mais utilizada nos produtos anticelulíticos, visto que atua diretamen- te no adipócito, por meio da inibição da fosfodiesterase, e age na microcirculação. • Sinefrina (extraída da laranja amarga): substância natural, semelhante estru- turalmente à adrenalina. Dessa forma, a atividade da sinefrina ocorre pelos re- ceptores adrenérgicos dos adipócitos, sendo capaz de estimular a lipólise. • Agonistas beta-adrenérgicos (epinefrina e isoproterenol): promovem lipólise, por meio da inibição da fosfodiesterase. • Antagonistas alfa-adrenérgicos (di-hidroer- gotamina, ioimbina, piperoxan e fentolami- na): também promovem lipólise, por meio da inibição da fosfodiesterase. Segurança e Higiene de alimentoS36 • Sinefrina + cafeína: ativo indutor da li- pólise, de uso exclusivamente tópico, que pode ser incorporado a géis e emul- sões, para redução de gordura localizada (VANZIN; CAMARGO, 2011). 1.3.2 Ação fisiológica dos ativos lipolíticos As células que armazenam gordu- ras, os adipócitos, possuem, em sua mem- brana, receptores importantes para o controle e a regulação do metabolismo de lipídios, denominados receptores be- ta-adrenérgicos (estimulam efeitos lipo- líticos) e alfa-2-adrenérgicos (estimulam efeitos antilipolíticos). Essas células tam- bém possuem duas enzimas: a adipocitária adenilciclase, que é lipolítica, ativada por receptores beta da membrana adipocitária, e a enzima fosfodiesterase (antilipolítica) (VANZIN; CAMARGO, 2011). A existência dessas enzimas dentro do adipócito intervém diretamente na lipólise, mas existem alguns agentes que ativam os receptores beta-adrenérgicos e estimulam a lipólise ou a redução do tamanho dos adi- pócitos, além dos agentes que bloqueiam os receptores alfa-2-adrenérgicos e inibem a lipogênese. Os ativos lipolíticos também atuam em algumas situações, como: • estímulo dos receptores beta-adrenérgicos; • bloqueio dos receptores alfa-2-adrenérgicos; • estímulo da atividade da enzima lipase, promovendo a quebra dos triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol; • inibição da enzima fosfodiesterase, aumen- tando o AMPc e estimulando a lipólise; • estímulo do receptor beta-adrenérgi- co, que também ativa a adenilciclase de membrana, aumentando o AMPc. A lipólise é uma reação bioquímica que acontece nos adipócitos, geralmente, inicia- da por ação da adrenalina, que se liga aos receptores adrenérgicos presentes nos adi- pócitos e desencadeia a liberação do men- sageiro AMPc, responsável pela ativação da enzima fosfodiesterase e da lipase (BORGES; SCORZA, 2016). Nesse sentido, o uso de pro- dutos tópicos indutores de lipólise auxilia, de forma eficiente, a redução de medidas, porém não exclui a necessidade da adoção de hábitos de vida saudáveis, como alimentação hipoca- lórica e prática de atividades físicas regulares. Segurança e Higiene de alimentoS 37 1.3.3 Ação fisiológica dos fibroblastos Os fibroblastos são as moléculas men- sageiras mais comuns do tecido, responsá- veis pela constituição das fibras e do material intercelular amorfo. Essas células também sintetizam colágeno, mucopolissacarídeo e fibras elásticas que exercem a função fun- damental de fornecer resistência e integri- dade estrutural a diversos órgãos e tecidos (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 1.3.4 Ativos fibroblásticos No que se refere aos ativos fibroblás- ticos, o Silanetriol arginate atua por co- municação celular, ou seja, não penetra o subcutâneo para promover lipólise. Basta apenas que os queratinócitos, tratados com Silanetriol arginate, produzam moléculas mensageiras, capazes de atingir as camadas profundas da pele, para que haja a lipólise. © O lg a M ilt so va / / 1 23 R F. Segurança e Higiene de alimentoS38 Estudos recentes mostram que o óxi- do nítrico, um mediador biológico, tem en- volvimento no metabolismo dos adipócitos. O tecido adiposo sintetiza quantidades sig- nificativas desse mensageiro celular, devido à presença de uma enzima específica: NO- sintetase. Ademais, alguns estudos mostram que substâncias secretadas pelos fibroblastos estimulados pelo Silanetriol arginate promo- vem potente ação lipolítica e prevenção de fi- brose (VANZIN; CAMARGO, 2011). 1.4 Princípios Ativos Hidratantes e Tensores Para manter a pele hidratada, é neces- sário preservar o manto hidrolipídico, que fica exposto a todas as agressões do meio am- biente (ar seco, vento, sol, poeira, poluição, dentre outras). Assim, deve haver uma bar- reira protetora, que impeça a perda de água e nutrientes do estrato córneo, evitando seu ressecamento e envelhecimento precoce. 1.4.1 Hidratação fisiológica da pele A barreira epidérmica é composta por matriz proteica celular e intracelular. A ma- triz proteica, por sua vez, é formada por corneócitos, enquanto a intracelular, por uma bicamada lipídica. Essas camadas celulares epidérmicas repelem água e as profundas re- têm água, constituindo o balanço hídrico. Também há algumas substâncias que formam o fator natural de hidratação (FNH), que são: aminoácidos, pentaglicanos, ureia, ácido pirrolidona carboxílico (PCA), ácido hialurônico, sulfato de condroitina, dentre outras. Quando essas substâncias são as- sociadas à água e ao óleo do sebo cutâneo, formam verdadeiros cosméticos emulsiona- dos, naturais e hidratantes. Em cosmetolo- gia, a associação de alguns princípios ativos do FNH com alguns óleos de origem animal e vegetal, além dos modificados e dos umec- tantes, é fundamental para a manutenção da hidratação da pele (BORGES, 2010). 1.4.2 Ação fisiológica dos hidratantes Os hidratantes são classificados con- forme o mecanismo de ação dos seus componentes, que podem ser: oclusivos, umectantes e emolientes. A composição de um hidratante é a garantia do seu su- cesso (COSTA, 2012). Os oclusivos são ricos em componen- tes que retardam a evaporação e a perda epidérmica de água. Frequentemente, são Segurança e Higiene de alimentoS 39 gordurosos,mas podem apresentar versões oil free. Os umectantes, por sua vez, são com- postos por substâncias que retêm água na ca- mada córnea. Os emolientes são ricos em compostos oleosos e lipídicos não gordurosos, com boa espalhabilidade, conferindo melhor textura, maciez, viço e flexibilidade à pele. Atualmente, existem novas catego- rias de hidratantes cutâneos comerciais, denominados reparadores proteicos e res- tauradores de barreira. Os reparadores proteicos contêm compostos proteicos em sua formulação, considerados capazes de reparar estruturas proteicas dérmicas, por exemplo, o colágeno. Os restauradores de barreira são componentes que têm afi- nidades com os lipídios cutâneos, os quais formam a barreira cutânea. Por exemplo: ceramidas, ácidos graxos poli-insaturados, complexo Ômega-3, dentre outros. Os ativos para hidratação da pele têm o objetivo de recompor o fator natural de hi- dratação (NMF) e aumentar o teor de água da pele, revertendo os efeitos negativos da secura e restaurando a elasticidade do es- trato córneo, o que torna a pele mais firme, rejuvenescida e saudável (BORGES, 2010). 1.4.3 Relação entre os tipos de pele e a formulação dos hidratantes Para cada tipo de pele, existe a for- mulação ideal de hidratante. A seguir, essa relação entre tipo de pele e de formulação está mais bem explicada. • pele seca. Para esse tipo de pele, o hi- dratante deve ser mais oleoso e concen- trado, a fim de fazer a manutenção do manto hidrolipídico. • pele oleosa. Apesar de ser uma pele com maior produção de gordura e com pre- disposição ao desenvolvimento de acne, também precisa de hidratação. Dessa forma, o hidratante ideal para pele oleosa é em gel ou uma loção oil free. © p uh hh a // 1 23 R F. Segurança e Higiene de alimentoS40 • pele mista. Essa é a pele que tem a da famosa zona T: queixo, nariz e testa mais oleosos e bochechas mais resseca- das. O creme hidratante para pele mista deve ser equilibrado, hidratando a área ressecada, sem aumentar a oleosidade da zona T. A melhor indicação é o hidra- tante em gel ou gel-creme. • pele normal. Tem mais equilíbrio hídri- co e sebáceo, mas também precisa ser hidratada. O hidratante ideal para pele normal é em loção, com base aquosa, que hidrata, sem prejudicar o equilíbrio natural da pele. Como cada tipo de pele precisa de um cuidado especializado, o profissional deve estar atento às indicações de hidratante para cada tipo (VANZIN; CAMARGO 2011). 1.4.4 Tensores De acordo com Vanzin e Camargo (2011), os tensores são produtos com pro- priedade tensoras, de efeito imediato. Trata-se do conhecido “efeito cinderela”. Os ativos que podem aparecer nesses ca- sos estão expostos a seguir. Segurança e Higiene de alimentoS 41 • Pisum sativum: proteínas que formam um “filme” sobre a pele, que se retrai após a secagem, provocando efeito tensor ime- diato, conhecido como “efeito cinderela”. • Dimetilaminoetanol acetoamidobenzoato (DMAE): é um análogo sintético da coli- na, que estimula a liberação da acetilcoli- na que, por sua vez, estimula os músculos da face, ocasionando um efeito tensor na pele, o qual pode amenizar linhas de ex- pressão, diminuir rugas e devolver o tô- nus muscular, melhorando a aparência. • proteínas do trigo: formam um filme elástico resistente na superfície da pele. É um tensor de ação quase imediata, que di- minui a flacidez e as linhas de expressão. • polissacarídeo e goma acácia: são ati- vos tensores de efeito imediato, com- postos por um polissacarídeo, obtido por meio da fermentação e por goma acácia (Acacia senegal). • l-fucose e l-ramnose: combinação que age na derme e na epiderme, aumentan- do essas camadas, por meio do estímu- lo da proliferação celular e da síntese de moléculas da matriz extracelular. • Glicoproteínas e polissacarídeos da soja: fortalecem a estrutura molecular da der- me, aumentando a firmeza e a tonicidade. Esses são considerados os principais ativos de efeitos tensores, capazes de pro- vocar efeito imediato na pele e no preen- chimento de rugas, devido à ação nas fibras de colágeno e elastina, o que pro- move uma incrível melhora no tônus, deixa a pele mais firme, melhorando o contor- no facial. Esse tipo de produto é uma nova tendência, que surgiu para suprir a deman- da de pessoas exigentes que, cada vez mais, querem se sentir melhores consigo mesmas, no processo natural de envelheci- mento (COSTA, 2012). prOpOsta de atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um protocolo com os produtos corretos e seus ativos de tratamento para uma mulher de meia-idade, insatisfeita com sua aparência, com fototipo II e pele apresentando sinais típicos de envelhecimento, destacando as princi- pais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu protocolo de tratamento, considere as lei- turas básicas e complementares realizadas. Segurança e Higiene de alimentoS42 Recapitulando Desse modo, é importante uma boa intera- ção do veículo com o ativo, pois o veículo, muitas vezes, pode aumentar, beneficiar ou inativar o efeito desse ativo. Nesse sentido, é muito importante que o profissional, antes de iniciar qualquer tratamento, faça uma anamnese com seu paciente, para entender qual é o tipo de pele dele (seca, normal, oleosa, mista), o fototipo (0, I, II, III etc.), os hábitos de vida, o histórico de alergias, dentre outros as- pectos. Conhecendo as características des- sa pele, o profissional pode escolher, com segurança, o melhor produto, sem causar transtornos para o paciente, durante ou após os tratamentos estéticos. Este capítulo expôs que os cosmecêu- ticos surgiram na indústria cosmetológi- ca, a partir da associação de um cosmético com substâncias biologicamente ativas, as quais proporcionam que os ativos ajam nas camadas mais profundas da pele. Nesse sentido, um cosmecêutico pode contribuir, efetiva e positivamente, com afecções es- téticas como: celulite, estrias, gordura lo- calizada, acne e envelhecimento cutâneo. Contudo, para que um cosmecêuti- co promova a melhoria da pele, o tipo de veículo que compõe esse produto é im- portante (emulsões, géis, óleos etc.), pois ele transporta o ativo e facilita sua entra- da nas camadas mais profundas da pele. Segurança e Higiene de alimentoS 43 Referências BORGES, F. dos S. dermatofuncional: Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. ______; SCORZA, F. M. terapêutica em estética: Conceitos e Técnicas. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2016. CORRÊA, N. M. et al. Avaliação do Comportamento Reológico de Diferentes Géis Hidrofílicos. revista brasileira de Ciências farmacêuticas, v. 41, n. 1, p. 73-78, 2005. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rbcf/v41n1/v41n1a07.pdf>. Acesso em: 16/07/2018. COSTA, A. tratado internacional de Cosmecêuticos. 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Segurança e Higiene de alimentoS 45 ObjetivO dO CapítulO • Elaborar protocolos com princípios ativos para aumentar a permeabilidade cutânea. 1 tópiCOsde estudO Permeabilidade cutânea • Fibro Edema Geloide – FEG • Lipodistrofia localizada – LLL • Estrias • Flacidez tissular 3 Microcorrentes e corrente galvânica (iontoforese) • Microcorrentes • Protocolo de microcorrentes • Iontoforese • Protocolo de iontoforese 2 Ultrassom • Fonoforese • Protocolo para FEG • Manthus • Protocolo de manthus 4 Hidratação corporal e LED • Mecanismos de hidratação • Protocolo de hidratação corporal • Aplicação do LED • Protocolo de LED Capítulo 2 Protocolos para o aumento da permeabilidade celular Kátia C. Cavalcante de Oliveira Segurança e Higiene de alimentoS46 Contextualizando o cenário A pele é um órgão que tem diversas estruturas funcionais que visam garantir equilíbrio e proteção para o organismo frente a agentes externos (físicos, químicos ou biológicos). Essa ação de proteção chama-se barreira cutânea e controla ou impede a penetração de subs- tâncias. Essa barreira funciona também para os ativos cosméticos utilizados nos tratamen- tos das afecções estéticas, como: fibro edema geloide, lipodistrofia localizada, estrias e flacidez tissular. No mercado de estética, também existem alguns recursos terapêuticos que aumentam a permeabilidade da pele, facilitando a entrada desses ativos farmacológicos. Dentre esses recursos, destacam-se: ultrassom (fonoforese), microcorrentes (iontoforese) e LED, que contribuem, efetivamente, com os protocolos estéticos. Diante desse cenário, quanto à permeabilidade cutânea, surge uma questão importante: a permeação de princípios ativos pode ser afetada por alterações na pele? Segurança e Higiene de alimentoS 47 2.1 Permeabilidade Cutânea massagens e hidratação corporal, tem o objetivo de otimizar os resultados. Há a ação fisiológica e físico-quími- ca presente nas camadas da epiderme, conforme apresenta a figura “Anatomia da pele”. Dessa forma, a epiderme é ca- paz de “selecionar” o que passa ou não por ela, permitindo, assim, a entrada de ativos que serão absorvidos pelas estruturas mais profundas, chegando, inclusive, à corrente sanguínea (BORGES, 2010). De acordo com Borges e Scorza (2016), permeabilidade cutânea é a ca- pacidade que a pele tem de deixar deter- minadas substâncias penetrarem em seu interior. Nesse sentido, alguns recursos es- téticos facilitam a permeação de ativos, importantes para o tratamento de algu- mas afecções estéticas. Dentre esses recur- sos, destacam-se: ultrassom (fonoforese), microcorrentes (iontoforese), LED, den- tre outros. Além disso, o uso de princípios ativos em procedimentos manuais, como Anatomia da pele © g un iit a / / 1 23 R F. Segurança e Higiene de alimentoS48 A pele íntegra é uma eficiente barreira contra a penetração e a permeação de subs- tâncias exógenas. Sendo assim, o que repre- senta uma proteção para o ser humano torna-se um fator limitante na ação das subs- tâncias terapêuticas e cosméticas, aplicadas topicamente (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Para entender melhor o conceito rela- cionado à permeação de ativos, leia o artigo “Permeação cutânea: desafios e oportunidades”, de Margarida Soares e demais au- tores, o qual mostra, de forma clara, como é possí- vel melhorar a permeação dos fármacos na pele. Segundo Gomes e Damazio (2009), alguns fatores modificam a permeabilidade cutânea, como biológicos, fisiológicos, cos- metológicos e físico-químicos. A seguir, es- ses fatores estão mais bem explicados. fatores biológicos • Espessura: a epiderme hiperceratinizada tem menor permeabilidade. • Idade: o envelhecimento natural provoca a diminuição da hidratação da pele, favorecendo o espessa- mento do estrato córneo e a menor permeabilidade. • Região anatômica: mucosas, áreas com maior número de folículos pilossebáceos e áreas mais vascu- larizadas têm maior permeabilidade. fatore fisiológicos • Fluxo sanguíneo: maior fluxo sanguíneo provoca hiperemia e o aumento da permeabilidade. • Hidratação: peles mais hidratadas têm maior permeabilidade. fatores cosmetológicos • Concentração: a permeação é diretamente proporcional à concentração do ativo e ao tamanho das moléculas. • Solubilidade: quanto mais lipossolúvel, maior a permeabilidade. • Veículos: os vetoriais têm permeação garantida. • Tempo de exposição: quanto maior o tempo de exposição, maior a penetração. Segurança e Higiene de alimentoS 49 procedimentos estéticos que modi- ficam a permeabilidade A pele é um órgão complexo que tem a capacidade de manter inúmeras funções, graças a sua arquitetura anatômica e histo- lógica, portanto, é o órgão mais sensível. Além disso, a pele é uma eficiente bar- reira de proteção contra fatores externos (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Dessa forma, para otimizar os trata- mentos estéticos, é preciso facilitar a en- trada de cosmecêuticos, os quais atuam diretamente nas afecções estéticas e pro- movem resultados satisfatórios. A seguir, há alguns procedimentos que aumentam a permeabilidade cutânea. • Limpeza de pele: a desobstrução dos ós- tios aumenta a permeabilidade. • Hidratação: a pele bem hidratada au- menta a permeabilidade. • Peeling: a diminuição do estrato córneo contribui para a permeação dos ativos. • Alteração do pH: normalmente, o pH da pele é ácido, portanto, alcalinizá-la au- menta a permeabilidade. • Ultrassom: fonoforese e manthus. • Microcorrentes e corrente galvânica (iontoforese). • Ledterapia. • Massagens, calor, hiperemiantes, vapor de ozônio, dentre outros, são recursos que aumentam o fluxo sanguíneo, con- sequentemente, a permeabilidade cutâ- nea (GOMES; DAMAZIO, 2009). fatores físico-químicos • Peso molecular: ativos com baixo peso molecular têm maior permeabilidade. • Substâncias iônicas: pela característica da pele, substâncias de polaridade positiva (cátions monova- lentes) são permeadas com maior eficiência do que as de polaridade negativa (ânions monovalentes). • Capacidade de difusão do ativo: refere-se à capacidade de passar pela membrana plasmática. • Temperaturas elevadas na pele: aumento da permeabilidade. • Alteração do pH: normalmente, o pH da pele é ácido. Assim, a alteração do pH para alcalino aumenta a permeabilidade. • Tipo de veículo: produtos que contêm vetores que carreiam os ativos até as camadas mais profundas podem aumentar a permeabilidade. Segurança e Higiene de alimentoS50 pausa para refletir • Atravessar a barreira cutânea é um dos desafios mais importantes para a obten- ção de resultados efetivos nas afecções estéticas? A compreensão dos mecanismos que envolvem a absorção cutânea tem sido de- terminante para o melhor aproveitamento das substâncias pelo organismo e a efi- ciência de propriedades terapêuticas dos produtos de uso tópico na prevenção, na manutenção e no equilíbrio da pele saudá- vel. Os ativos farmacológicos mais utiliza- dos nas disfunções estéticas mais comuns são fibro edema geloide (FEG), lipodistro- fia localizada (LL), estrias e flacidez tissu- lar, descritos a seguir. 2.1.1 Fibro Edema Geloide (FEG) Os ativos farmacológicos emprega- dos no tratamento do FEG agem no teci- do conjuntivo ou na microcirculação, sendo aplicados por via tópica, sistêmica ou transdérmica (VANZIN; CAMARGO, 2011). Os tratamentos para FEG, por meio de pro- dutos tópicos, têm o propósito de melho- rar, simultaneamente, a microcirculação, devido à otimização do retorno venoso, e o reforço da parede dos capilares. Dependendo do grau celulítico, alguns ativos lipolíticos também são necessários para o tratamento. A seguir, há os ativos far- macêuticos mais utilizados em formulações cosméticas para o FEG, conforme expõem Vanzin e Camargo (2011) e Costa (2012). • Centelha asiática: atua na microcirculação e na síntese de colágeno. Além dos efeitos na derme, apresenta ação anti-inflamatória. • Ruscus Melilotus: rico em flavonoides e ácido hidroxicumarínico, promove au- mento da resistência dos capilares, dimi- nui a permeabilidade vascular, o edema e melhora a drenagem. • Metilxantinas (cafeína, aminofilina
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