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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

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24
FACULDADE PROMOVE DE BELO HORIZONTE
LORENA XAVIER PEREIRA DE ALMEIDA 
MATHEUS MACIEL DO CARMO 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
BELO HORIZONTE 
2020
Lorena Xavier Pereira de Almeida 
Matheus Maciel do Carmo 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Trabalho acadêmico apresentado como requisito parcial de avaliação do curso de Direito da Faculdade Promove de Belo Horizonte, na disciplina de Direito Processual Civil IV – Procedimentos Especiais.
Orientadora: Profa. Jordânia Cláudia de Oliveira Gonçalves
Belo Horizonte 
2020
RESUMO
Os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa têm sido cada vez mais utilizados para a resolução de determinadas lides que tem pontos específicos a serem abordados.
Tendo em vista, sua grande utilização, quais ações são cabíveis quando se excluí um sócio da sociedade e mesmo assim pretende-se mantê-la, qual ação é cabível quando seu bem é afetado e você quer protege-lo da irresponsabilidade de terceiros, qual ação é nos casos em que uma pessoa tem interesse em intervir em um processo e por fim qual ação cabível quando algum me deve algo e eu tenho prova documental da dívida, mas não tenho como ajuizar uma execução pela falta no título.
Inúmeras dúvidas que o procedimento especial toma para si como ações determinadas que tem requisitos e procedimentos que não se enquadram com os normais.
Palavras-chave: Procedimentos Especiais. Dissolução parcial de sociedade. Embargos de terceiro. Oposição. Ação monitória.
ABSTRACT
Special procedures of contentious jurisdiction have been increasingly used to resolve certain disputes that have specific points to be addressed.
In view of its great use, which actions are applicable when excluding a partner from society and still intend to keep it, which action is applicable when your property is affected and you want to protect it from the irresponsibility of third parties, which action is in cases where a person has an interest in intervening in a process and finally what action is appropriate when someone owes me something and I have documentary proof of the debt, but I have no way of filing an execution for lack of title.
Countless doubts that the special procedure takes for itself as determined actions that have requirements and procedures that do not fit with the normal ones.
Keywords: Special Procedures. Partial dissolution of company. Third party embargoes. Opposition. Monitoring action
SUMÁRIO
1- INTROUÇÃO.........................................................................................................6
2-DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE	7
2.1 Introdução	7
2.2 Objetivo	7
2.2.1 Falecimento do sócio	8
2.2.2 Exclusão do sócio	8
2.2.2.1 Exclusão por iniciativa da sociedade...........................................................8
2.2.2.2 Exclusão de pleno direito..............................................................................9
2.3 Legitimidade ativa	10
2.3.1 O espólio do sócio falecido	10
2.3.2 Os sucessores do sócio falecido...................................................................11
2.3.3 A sociedade.....................................................................................................11
2.3.4 O sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso.................................11
2.3.5 O sócio excluído..............................................................................................12
2.4 Legitimidade passiva	12
2.5 Do foro competente	13
2.6 Procedimento	14
2.6.1 Petição inicial .................................................................................................15
2.6.2 Citação e contestação....................................................................................15
2.6.3 Decisão............................................................................................................16
2.6.4 Da resolução da sociedade	16
2.6.5 Apuração dos haveres	17
2.6.6 Execução da sentença	18
3- EMBARGOS DE TERCEIRO.................................................................................20
3.1 Introdução...........................................................................................................20
3.2 Legitimidade ativa e passiva.............................................................................21
3.3 Do foro competente............................................................................................22
3.4 Do procedimento................................................................................................23
3.4.1 Petição inicial...................................................................................................23
3.4.2 Contestação e decisão....................................................................................23
4 - OPOSIÇÃO...........................................................................................................24
4.1 Introdução..........................................................................................................24
4.2 Pressupostos da oposição................................................................................24
4.3 Procedimento......................................................................................................25
4.4 Dos artigos e seus comentários......................................................................25
5- DA AÇÃO MONITÓRIA	29
5.1 Do cabimento......................................................................................................30
5.2 Do objeto.............................................................................................................31
5.2.1 Da quantia em dinheiro...................................................................................31
5.2.2 Coisa fungível e infungível.............................................................................31
5.2.3 Bem móvel e imóvel........................................................................................31
5.2.4 Obrigação de fazer e não fazer......................................................................32
5.3 Da competência .................................................................................................32
5.4 Da legitimidade...................................................................................................33
5.5 Procedimento......................................................................................................33
5.5.1 Petição Inicial..................................................................................................33
5.5.2 Citação.............................................................................................................34
5.5.3 Respostas do devedor...................................................................................35
5.5.4 Replica do autor.............................................................................................35
5.5.5 Sentença.........................................................................................................36
6. CONCLUSÃO.......................................................................................................37
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................38
1- 
2- INTROUÇÃO
O presente trabalho irá abordar algumas ações presentes no título III do Código de Processo Civil, que fazem parte dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa.
As referidas ações apresentam particularidades que não podem ser alcançadas pelo procedimento comum, por isso, estão apontadas em parte especiais, conferindo a elas a proteção e respeito necessários. 
O procedimento especial tem por finalidade simplificar e agilizar os processos, com meios específicos que auxiliem na resolução do conflito.
Abordaremos a seguir a Dissolução Parcial da Sociedade, os Embargos de Terceiros, a Oposição e por fim a Ação Monitória.
3- DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE 
2.1 Introdução
Uma sociedade empresáriaé formada pela união de várias pessoas que são denominadas sócios, com o objetivo de desenvolver uma atividade econômica que resulte na produção ou circulação de bens e serviços, visando um lucro para todos os sócios.
O ato constitutivo da sociedade tem natureza de contrato plurilateral, o qual é um contrato sui generis, que de acordo com Marlon Tomazette (2017) “permite distinguir o que diz respeito à adesão de uma parte. Diante disso é possível que, quando a problemas relativos a um sócio, se dissolva apenas o seu vínculo, mantendo-se a sociedade”. 
Desta forma, é possível manter uma sociedade funcionando perfeitamente quando houver um problema a ser resolvido em relação a um único sócio, dissolvendo a sociedade apenas a parte relativa a esse sócio determinado, em outras palavras, a extinção operará apenas em relação ao sócio que por algum motivo (morte, extinção entre outros), não fará, mais parte da sociedade.
Essa dissolução está baseada na preservação da empresa e na função social que a mesma desempenha na sociedade, sendo produtora de riquezas e geradora de empregos. 
2.2 Objetivo
A dissolução parcial da sociedade como já dito acima, trata-se da resolução da parte que cabe a um determinado sócio na sociedade, mediante motivos que justifiquem o desfazimento do vínculo entre o determinado sócio e a sociedade.
O art. 599 do CPC/15 prevê os objetivos da dissolução o parcial:
 Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto:
I - a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e
II - a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; ou
III - somente a resolução ou a apuração de haveres.(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015.)
Falecimento do sócio
Com o falecimento do sócio de acordo com o art. 1028 do Código Civil de 2002, as quotas que cabem ao de cujus, devem ser liquidadas e transferidas aos herdeiros do sócio. 
A natureza personalíssima do sócio na relação com a sociedade impede que os herdeiros ocupem seu lugar na sociedade, salvo se houver acordo com os sócios remanescente ou cláusulas contratuais que determinem a substituição, nesse caso não haverá a dissolução da sociedade, tendo em vista que o herdeiro ocupará o lugar do falecido, recebendo sua quota na sociedade.
Exclusão do sócio
A exclusão de um sócio também se configura uma das hipóteses de resolução da sociedade parcialmente, essa exclusão pode ser feita por iniciativa da sociedade ou de pleno direito.
2.2.2.1 Exclusão por iniciativa da sociedade
A Exclusão por iniciativa da sociedade visa preservar a atividade exercida pela sociedade, desta forma, sempre que um dos sócios colocar em risco a existência da sociedade e a atividade produzida por ela essa medida poderá ser tomada.
Para que a exclusão seja feita é importante que haja um motivo justificável, Marlon Tomazette (2017) aponta como causas da exclusão:
· Grave inadimplência das obrigações sociais[footnoteRef:1]; [1: Fim do dever de cooperação do sócio com a sociedade, para que está alcance seu objetivo.] 
· Incapacidade superveniente[footnoteRef:2]; [2: Inaptidão, perda da capacidade de agir por si mesmo.] 
· Impossibilidade de pagamento de suas quotas[footnoteRef:3]. [3: Inadimplemento do capital social integralizado.] 
Ao iniciar sua participação em uma sociedade o sócio toma conhecimento de seus deveres e obrigações, além da contribuição obrigatória com seu capital social, portanto, nenhuma atitude que ponha em risco a sociedade como um todo pode ser tolerada, justificando, por conseguinte, a exclusão do sócio para a preservação do bem maior, a sociedade.
A quebra do affectio societatis não é justificativa plausível para a retirada do sócio como aponta a jurisprudência abaixo:
EXCLUSÃO DE SÓCIO DE SOCIEDADE LIMITADA. Regime jurídico. Artigo 1085 do Código Civil. Exclusão do sócio, que exige pratica de ato de inegável gravidade, que coloque em risco a continuidade da empresa Desaparecimento da affectio societatis que agora constitui apenas efeito de ato objetivo e sério praticado pelo sócio excluído. Autora que se descurou de demonstrar a efetiva prática de aludidos atos graves. Impossibilidade de invocar negócio jurídico com a natureza de contrato preliminar, ou promessa de distrato, mas pedir a continuidade da empresa, mediante dissolução parcial e exclusão da outra sócia. Embargos rejeitados.
(TJ–SP - EI: 258806320108260577 SP 0025880-63.2010.8.26.0577, Relator: Francisco Loureiro, Data de Julgamento: 25/10;2012, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/11/2012)
Como podemos ver a exclusão do sócio se dá pelo risco em que o mesmo coloca a sociedade com suas decisões e atos prejudiciais para a sociedade. 
Para que esse sócio seja excluído, é necessário o ajuizamento da ação de dissolução da sociedade, foco principal do presente trabalho.
2.2.2.2 Exclusão de pleno direito
Trata-se da exclusão do sócio declarado falido ou aquele cuja quota tenha sido liquidada como previsto no art. 1030, parágrafo único do Código Civil.
Nessas hipóteses aponta Marlon Tomazette
“[...] deixa de existir a quota do sócio, isto é, deixa de existir a sua contribuição para o capital social, não mais se justificando a atribuição da condição de sócio a ele. Nesses casos, fala-se em dissolução de pleno direito, pois ela impede de decisão judicial ou deliberação dos outros sócios”. (TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. p. 407).
Essa hipótese de exclusão do sócio é impositiva, não está ligada ao juízo de conveniência dos sócios e sim ao que a lei determina.
 
2.3 Legitimidade ativa 
Prescreve que podem propor a ação de dissolução parcial da sociedade os legitimados presentes no art. 600 do CPC/15:
Art. 600. A ação pode ser proposta:
I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade;
II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido;
III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social;
IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito;
V - pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou
VI - pelo sócio excluído.
Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio. (grifo nosso). (BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
2.3.1 O espólio do sócio falecido
O espólio[footnoteRef:4] do falecido terá legitimidade para propor a ação de dissolução parcial de sociedade quando todos os herdeiros estiverem de pleno acordo em relação a isso, sendo assim, nenhum dos herdeiros poderá ingressar na sociedade para ocupar o lugar do sócio falecido. [4: Conjunto de bens, direitos e obrigações da pessoa falecida.] 
2.3.2 Os sucessores do sócio falecido
Os sucessores do sócio falecido serão legitimados para propor a ação, depois que a partilha dos bens do de cujus for concluída, nesse caso, é possível que uma parte dos herdeiros pretenda ingressar na sociedade e ocupar o lugar do sócio falecido, portanto, é necessário que a partilha dos bens tenha sido feita, determinando assim o quinhão que cabe a cada herdeiro.
O cônjuge ou companheiro sobrevivente para ser legitimado, deverá ser analisado antes o regime de bens que o casal, tinha, preservando assim, a meação.
2.3.3 A sociedade 
Os sócios sobreviventes em nome da sociedade podem ajuizar a ação, se não pretendem permitir que o espólio nem herdeiros do sócio falecido ingressem na sociedadeem seu lugar, agindo conforme cláusulas determinadas no contrato social.
Pode a sociedade ter a legitimidade ativa quando a lei não autorizar a exclusão os sócio de forma extrajudicial, caso apontado na exclusão por iniciativa da sociedade.
2.3.4 Sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso 
Exerce o direito de retirada aquele sócio que não tem mais intenção de permanecer a sociedade, desta forma, ele com fulcro no art. 5º, XX da CR/88, poderá sair da sociedade.
Já o recesso é um direito dado ao acionista minoritário de sair da sociedade, com o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 137 da Lei 6.404/76.
O sócio que exerceu o direito de retirada ou o recesso, e no prazo de 10 dias, não houve a alteração contratual por inércia dos sócios que permaneceram, tem legitimidade para ajuizar à ação de dissolução parcial da sociedade, tendo em vista que, não foi formalizado seu desligamento.
2.3.5 Sócio excluído
O sócio excluído da sociedade também tem legitimidade para ajuizar a ação, partindo do ponto que é de seu interesse que haja a apuração dos haveres, nesse caso a lei não impõe nenhuma condição para que ele tenha tal direito. 
2.4 Legitimidade passiva 
De acordo com Humberto Theodoro Júnior “[...] poderiam ser identificados como legitimados passivos, (i) a sociedade, (ii) os sócios ou (iii) os dois, em litisconsórcio”. (JÚNIOR, 2017, p. 237).
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE DISSOLUÇAO PARCIAL DE SOCIEDADE. EXCLUSÃO DAS SÓCIAS REMANESCENTES DO PÓLO PASSIVO DA AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. ART. 601, CPC. APELO PROVIDO. Breve histórico: Cuida-se de ação de dissolução parcial de sociedade e apuração de haveres ajuizada contra sociedade limitada e sócias remanescentes. Após regular citação de todos os demandados, apresentação de resposta e instrução do feito, sobreveio sentença que excluiu as sócias remanescentes do pólo passivo da demanda. Apelação que busca reconhecimento da legitimidade ativa das sócias em virtude de litisconsórcio ativo necessário, posto que a liquidação da quota da autora será realizada por perícia contábil a ser rateada pelas partes proporcionalmente. 1. Apelação interposta contra sentença que excluiu as sócias remanescentes do pólo passivo da ação e julgou procedente o pedido de dissolução parcial de sociedade limitada. 1.1. Pretensão da autora de reforma da sentença. Sustenta a existência de litisconsórcio passivo necessário. 2. O litisconsórcio necessário decorre de disposição legal ou da natureza da relação jurídica controvertida, a teor do art. 114 do CPC. 2.1. Ao trata da ação de dissolução parcial de sociedade, Código de Processo Civil, em seu art. 601 estabelece que os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação. 3. Neste caso, o litisconsórcio passivo necessário decorre de expressa previsão legal. 3.1. Também se justifica pela natureza da relação jurídica, pois, ao efetivar o desligamento do quotista, a dissolução acarretará a alteração do contrato social, o que demonstra a exigência de que todos os sócios figurem no pólo passivo da ação. 4. Apelo provido.
(TJ-DF 077238370220188070015 DF 0723837-02.2018.8.07.0015, Relator: João Egmont, Data de Julgamento: 21/08/2019, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 23/08/2019). (Grifo nosso)
Como aponta a jurisprudência acima, a legitimidade passiva das ações de dissolução parcial de sociedade foi motivo de diversos debates, com isso ficou definido que por interesse de ambos na ação a sociedade os sócios remanescentes, por litisconsórcio necessário formam o rol dos legitimados passivos da presente ação, por imposição legal. 
2.5 Do foro competente
De acordo com o art. 63, § 1º do CPC/15:
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. (BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
A ação de dissolução parcial de sociedade será julgada no foro eleito pelos sócios no contrato social.
Em casos de omissão do contrato, conforme prevê o art. 53, III, “a”:
Art. 53. É competente o foro:
[...]
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
[...]
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
[...]. (BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015). (Grifo nosso).
Conforme apontado acima na omissão do contrato o foro será a cidade onde a sociedade tenha sede (competência territorial).
2.6 Procedimento
2.6.1 Petição inicial
 
A petição inicial deverá estar de acordo com os requisitos previstos no art. 319 do CPC/15 e ser instruída conforme as disposições do contrato social, nos termos do art. 599, § 1º do CPC/15. 
O contrato social nesse caso é um documento indispensável para o ajuizamento da ação, haja vista que retrata toda situação da sociedade. 
O requerente poderá nesse caso cumular pedidos conforme o art. 327 do CPC/15:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
O valor da causa deverá seguir os termos do art. 292, II do CPC/15, sedo atribuído de acordo com o valor correspondente a participação, no capital social do sócio na sociedade. Quando houver a apuração de haveres deve ser observado o § 3º do art. 292 do CPC/15, impondo a correção monetária do valor apontado desde a morte, exclusão, retirada ou recesso do sócio.
2.6.2 Citação e contestação
A citação de pessoa jurídica se dá com a entrega do mandado para pessoa responsável pela administração da sociedade ou por funcionário responsável pelo recebimento de correspondência, nos termos do art. 248, § 2º do CPC/15.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO DE COBRANÇA. DISTRIBUIÇÃO DE LUCRO. SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SÓCIO NÃO CONFIGURADA. CITAÇÃO DA SOCIEDADE DESNECESSÁRIA. DOUTRINA E JURISPRUDENCIA DESTA CORTE. PRINCIPIO PROCESSUAL DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. AUDÊNCIA DE PREJUÍIZO CONCRETO. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do novo Código de Processo Civil, razão pela qual devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele prevista, nos termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 09/03/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. Nos termos do art. 601, parágrafo único, NCPC, na ação a citação da sociedade empresária se todos os que participem do quadro social integram a lide. 3. Por isso, não há motivo para reconhecer o litisconsórcio passivo na hipótese de simples cobrança de valores quando toso os sócios foram citados, como ocorre no caso. 4. Na linha dos precedentes desta Corte, o princípio processual da instrumentalidade das formas, sintetizado pelo brocardo pas nullité sans grief e positivado nos arts. 282 e 283, ambos do NCPC, impede a anulação de atos inquinados de invalidade quando deles não tenham decorrido prejuízos concretos. 5. Recurso especial desprovido.
(STJ-REsp: 1731464 SP 2017/0328383-5, Relator: Ministro Moura Ribeiro, Data de Julgamento: 25/09/2018, T3 – Terceira Turma, Data de Publicação: DJE 01/10/2018).
Essa citação será dispensada quando todos os sócios forem citados,ficando a sociedade sujeita aos efeitos da decisão e da coisa julgada (art. 601, parágrafo único, do CPC/15), reafirmando a tese adotada pela jurisprudência, supracitada.
Conforme apontado no tópico da legitimidade os legitimados serão citados e terão o prazo de 15 (quinze) dias para contestarem a inicial, concordarem os com pedidos feitos, apresentarem pedido oposto, incluindo indenização ou ignorar a citação. 
Sendo assim, se houver a concordância com os pedidos, o juiz declarará a dissolução da sociedade, passando assim, para a fase da liquidação, com a apuração dos haveres.
Se houver contestação, o julgamento será feito inicialmente como procedimento comum, até a decretação da dissolução da sociedade o requerido poderá apontar todos os pontos de interesse, como preliminares de mérito, e até mesmo pedido de indenização na forma do art. 602 do CPC/15. Na segunda fase o procedimento será especial, para realizar a apuração dos haveres.
Por fim, o requerido pode ignorar a citação, sendo presumida, portanto, a revelia nos termos do art. 344 do CPC/15. Não descartado a possibilidade de reconvenção, podendo requerer a extinção da sociedade como um todo, ao invés de sua dissolução parcial.
2.6.3 Decisão 
Quando houver a aceitação dos pedidos por parte do requerido, o juiz determinará a dissolução parcial da sociedade, nesse caso, nenhuma das partes será condenada ao pagamento de honorários advocatícios, e as custas serão divididas entre elas.
Humberto Theodoro Júnior (2017) aponta discordância em relação a divisão das custas processuais entre as partes, afirmando que as mesmas deveriam ser de responsabilidade única e exclusiva da sociedade, tendo em vista, que ela continuará produzindo e gerando lucros pra si, mas os herdeiros do falecido, o sócio excluído e os sócios que exerceram direito de retirada ou recesso, não terão nenhum proveito da sociedade mais.
 
Da decisão de determinação da dissolução parcial da sociedade, cabe Agravo de Instrumento (art. 354, parágrafo único do CPC/15).
Com a contestação ou requerimento diverso, será regida inicialmente pelo procedimento comum. Nesse caso, o juiz determinará através de sentença se há dissolução parcial da sociedade ou não, de acordo com Pontes de Miranda (2005, p.303, apud Humberto Theodoro Júnior, 2017, p. 244):
 “[...] Se é a sentença que dissolve a sociedade, não há qualquer dúvida possível: a sentença favorável é constitutiva. Se a sentença não dissolve, apenas proclama que a sociedade estava dissolvida, ou, ocorrendo algum fato, se caracteriza [...] o que mais interessa ao jurista e ao juiz é saber se a dissolução se operou ou se ainda se vai operar, por eficácia sentencial”.
Desta forma, resta evidente que da sentença de indeferiu ou deferiu os pedidos da inicial, cabe Apelação, nos termos do art. 354, caput do CPC/15.
2.6.4 Da resolução da sociedade 
A resolução da sociedade é o momento exato em que o vínculo que existia com a sociedade e o sócio foi desfeito, esse período é de grande importância no processo de dissolução parcial de sociedade, haja vista, que é com base nele que será feita a liquidação de sentença e logo em segui o pagamento dos sócios ou de seus herdeiros da quota que lhes cabe.
Prevê o art. 605 do CPC/15:
Art. 605. A data da resolução da sociedade será:
I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito;
II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante;
III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio dissidente;
IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em julgado da decisão que dissolver a sociedade; e
V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião de sócios que a tiver deliberado.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
O artigo supracitado é cristalino, não deixando nenhuma brecha sobre a data da quebra do vínculo, não restando qualquer dúvida sobre sua aplicabilidade pelo Poder Judiciário.
2.6.5 Apuração dos haveres 
Com a sentença que põe fim a primeira fase do processo de dissolução parcial da sociedade, deverá haver a liquidação da quota do sócio, onde será determinado o patrimônio da sociedade e o quinhão que cabe ao sócio que se afastou da sociedade ou aos seus herdeiros.
Desta forma, passa-se para a apuração dos haveres que é a entrega da parte no patrimônio que o sócio adquiriu ao contribuir com o capital social da sociedade. 
O art. 604, do CPC/15, determina como o juiz deve proceder para que a apuração seja feita:
 Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz:
I - fixará a data da resolução da sociedade;
II - definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no contrato social; e
III - nomeará o perito.
§ 1º O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos.
§ 2º O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos sucessores.
§ 3º Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado o que nele se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
Se houver no contrato social da sociedade cláusulas que determinem como o procedimento da apuração dos haveres deve ser feita, elas serão seguidas, observando sempre os critérios de aplicação da boa-fé objetiva, afim de não prejudicar nem favorecer nenhuma das partes.
Caso haja uma omissão do contrato, o juiz seguirá os critérios do artigo supracitado, fazendo o balanço patrimonial da sociedade, tomando a data de resolução do contrato apontada anteriormente, como critério essencial, haja vista que o ex- sócio, até esse determinado momento fazia parte da sociedade devendo receber as participações de lucro, os juros de capital declarados pela sociedade, e até o valor referente à atuação do ex-sócio como administrado, quando for o caso.
No balanço patrimonial serão avaliados os bens e direitos ativos, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, e o passivo, analisando cada caso para determinar o que patrimônio real da sociedade e o que a move como um todo.
Essa operação pelo seu nível de complexidade dever ser feita por um perito, que será capaz de determinar corretamente o valor que cabe ao ex-sócio ou a seus herdeiros.
2.6.6 Execução da sentença
Depois de liquidados os haveres, partimos para a fase final do processo de dissolução parcial da sociedade, que é a entrega do valor a quem tem direito.
 Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos conforme disciplinar o contrato social e, no silêncio deste, nos termos do § 2º do art. 1.031 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) .
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
Sendo assim, caberá à sociedade efetuar o pagamento aos ex-sócios ou a seus herdeiros conforme esteja disposto no contrato social.
Em casos de omissão, serão seguidas as disposições do art. 1031, §2º do CC/02:
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.  
§1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota. 
§2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
(BRASIL. Presidência da República. Código Civil, 2002). (grifo nosso)
Conforme determinado, a sociedade deverá efetuar o pagamento em dinheiro, dentro do prazo de 90 (noventa) dias contados da data da liquidação.
Se não houver o pagamento voluntário, serão aplicadas as regras do cumprimento de sentença relativa à obrigaçãode quantia certa, prevista o art. 523 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015, acrescendo a dívida, multa de 10% (dez por cento) e horários advocatícios também de 10% (dez por cento).
	
3. EMBARGOS DE TERCEIRO
3.1 Introdução
Os embargos de terceiro são uma ação de conhecimento que tem por fim livrar da constrição judicial injusta bens que foram apreendidos em um processo no qual o seu proprietário ou possuidor não é parte. Como regra, apenas os bens das partes podem ser atingidos por ato de apreensão judicial.
“Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015)”.
Para se entender, na essência, o que vêm a ser embargos de terceiro necessário se faz saber o que é terceiro. Desse modo, na palavra terceiro, juridicamente falando, deve-se observar se este tem alguma relação no processo, ou seja, se atua no polo ativo ou passivo da demanda.
O terceiro, portanto, é aquele que não compõe o triângulo processual, porém, tem interesse em certa parte do litigio, utilizando as vias judiciais cabíveis para ver seu direito amparado, portanto terceiro é aquele que não é parte na relação processual, mas tem interesse seu discutido no litigio, passando a discutir aquele direito separadamente do processo que gerou seu interesse.
O sucesso dos embargos de terceiros para Humberto Theodoro Júnior (2017) subordina-se aos seguintes requisitos: 
· Existência de medida executiva em processo alheio; e
· Atingimento de bens de quem tenha direito ou posse incompatível com a medida.
Há quem considere ainda como figura assemelhada aos embargos de terceiro, o mandado de segurança contra ato judicial.
A natureza jurídica do instituto, segundo Nelson Nery Júnior: 
“Trata-se de ação de conhecimento, constitutiva negativa, de procedimento especial sumário, cuja finalidade é livrar o bem ou direito de posse ou propriedade de terceiro da constrição judicial que lhe foi injustamente imposta em processo de que não faz parte. O embargante pretende ou obter a liberação (manutenção ou reintegração na posse), ou evitar a alienação de bem ou direito indevidamente constrito ou ameaçado de o ser.”
(ANDRADE, Rosa Maria; JÚNIOR, Nelson Nery. Código de processo civil e legislação de processual civil extravagante em vigor. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 1347)”.
3.2 Legitimados ativos
Para ajuizamento dos embargos são considerados terceiros: 
· O cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação.
· O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução.
· Quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte.
· O credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
Observada a legitimidade para oposição, vale ressaltar que os embargos não podem ser oposto depois de transitada em julgado a sentença, fora isso, podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ – RECURSO ESPECIAL: REsp 1755343 PR 2018/0167871-2. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO, PENHORA. IMÓVEL COMUM. EXTINÇÃO DA AÇÃO. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. ILEGITIMIDADE PASSIVA NA EXECUÇÃO FISCAL PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.1. Trata-se, na origem, de Embargos de Terceiros propostos pelas partes recorrentes relacionadas à penhora realizada em Ação de Execução Fiscal ajuizada pelo Município de Francisco Beltrão/PR contra Janete de Oliveira, em imóvel pertencente ao recorrente e sua companheira. 2. A sentença extinguiu a ação sem julgamento do mérito pela perda superveniente do objeto, em razão da extinção da Execução Fiscal, condenando a parte recorrente, autora na ação de Embargos de Terceiro, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no valor de R$500,00 (quinhentos reais). 3.O recorrente alega, em síntese, que cabe à parte que deu causa à ação o pagamento dos ônus sucumbenciais, incluindo os honorários advocatícios. 4.O STJ, em inúmeras oportunidades, já se manifestou no sentido de que, em função do princípio da causalidade, nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito, decorrente de perda de objeto superveniente ao ajuizamento da ação, a parte que deu causa a instauração do processo deverá suportar o pagamento das custas e dos honorários advocatícios. 5. A jurisprudência do STJ é assente na orientação de que, sendo o processo julgado extinto sem resolução do mérito, cabe ao julgador perscrutar, ainda sob a égide do princípio da causalidade, qual parte deu origem à extinção do processo ou qual dos litigantes seria sucumbente se o mérito da ação tivesse, de fato, sido julgado.
(REsp 1.678.132/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 22/8/2017, DJe 13/9/2017; REsp 1.668.366/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 3/8/2017, DJe 12/9/2017).
 
Segundo o acórdão supracitado, "o motivo que levou o juiz a quo a extinguir o feito sem julgamento do mérito foi à ilegitimidade passiva da executada", o que provocou a extinção da Ação de Execução Fiscal sem julgamento de mérito. Ou seja, a presente ação de Embargos de Terceiro somente foi ajuizada em razão da realização de penhora para a garantia de crédito tributário que posteriormente foi extinto, razão pela qual, aplicando-se o princípio da causalidade, devem os ônus sucumbenciais da presente ação ser fixados em desfavor da Fazenda Pública.
3.3 Do foro competente 
Prevê o art. 676 do CPC/15 que os embargos devem ser distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado, mas nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida à carta. 
3.4 Procedimento
3.4.1 Petição inicial de embargos 
Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas, onde será facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz, sendo possível que o autor alegue além da sua posse, o domínio alheio.
A citação será pessoal, caso o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal e será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial. 
3.4.2 Contestação e decisão
A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante houver requerido, o juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
O prazo de contestação dos embargos é de 15 (quinze) dias, seguindo o procedimento comum após o prazo.
“Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015)”.
Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimentodo domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.
4. DA OPOSIÇÃO
4.1 Introdução
A oposição é uma forma de intervenção espontânea de terceiros que tem natureza jurídica de ação, estabelecida no Código de Processo Civil através dos Arts. 682 a 686. 
Ela possibilita a formação de um novo processo independente, mas que será distribuído por dependência e será julgado em conjunto com a ação principal. Na oposição, o terceiro deduz uma pretensão que coincide com aquela em litígio, ou seja, o terceiro pretende obter o mesmo bem ou vantagem que estão sendo disputados entre autor e réu da demanda.
Antes de 2015 a oposição possuía natureza de intervenção de terceiros no antigo modelo processual, mas a denúncia da lide e chamamento ao processo que permaneceram inalterados. O Ingresso do terceiro, através da oposição, implica que ele acione tanto o autor, quanto o réu, normalmente solicitando contra o autor uma ação declaratória negativa da pretensão deste e contra o réu uma ação de eficácia condenatória, sendo necessário ressaltar que se trata de um exercício de direito de ação que ocorre no processo de conhecimento, não se podendo aplica-la no processo de execução. Isso porque o instituto da oposição, ação, volta-se a um pedido que se insere no mérito. 
4.2 Pressupostos da oposição
São pressupostos da oposição: 
· Litispendência[footnoteRef:5] do processo principal; e [5: Trata-se de uma ação pendente de julgamento que tenha as mesmas partes, o mesmo objeto e os mesmos pedidos.] 
· Que a pretensão do opoente objetive a coisa ou o direito sobre o qual discutem autor e réu.
4.3 Procedimento
O opoente apresentará a petição inicial, seguindo os requisitos do art. 319 e 320 do CPC/15, distribuindo-a por dependência conforme o art. 683, parágrafo único do CPC. 
Se a petição não estiver devidamente instruída e com os requisitos necessários, o juiz determinará a emenda. Depois da emenda os réus (autor e o réu da ação principal) são citados para que em 15 (quinze) dias apresentem contestação.
Caso a emenda não seja feita o inicial será indeferida. 
Se admitidos os pedidos do autor é gerado um litisconsórcio passivo, necessário porque tem força de lei, simples e ulterior (formado o curso do processo). 
4.4 Dos artigos e seus comentários
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.
Art. 683. O opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos exigidos para propositura da ação.
Parágrafo único. Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos citados, na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias. 
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
Não havendo que se falar em prazo dobrado, pela existência de advogados distintos.
Art. 684. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.
Art. 685. Admitido o processamento, a oposição será apensada aos autos e tramitará simultaneamente à ação originária, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.
Parágrafo único. Se a oposição for proposta após o início da audiência de instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unidade da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
Cabe ao juiz decidir de forma simultânea a ação originaria e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar (artigo 686 do CPC de 2015). Fica nítida a relação de prejudicial entre esta ação de oposição com relação à ação chamada de originária. Na prejudicial há uma verdadeira influência, não um impedimento, com relação ao julgamento.
A oposição não é ação de embargos de terceiros, onde se discute a qualidade de proprietário ou possuidor, objetivando excluir do processo que envolve outros um ato judicial constritivo que incide sobre determinado bem. Diversa é a oposição onde se busca afastar a pretensão de autor e réu sobre a coisa ou o direito que é objeto de controvérsia.
Art. 686. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação originária e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar.
(BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Civil, 2015).
A oposição é uma ação que visa o reconhecimento de um direito em uma ação principal, portanto, com base na conexão existente entre uma e outra, a oposição tem a preferência, haja vista que, se o direito for reconhecido ele acarretará mudanças no processo principal.
AÇÃO DE OPOSIÇÃO PROPOSITURA APOS A AUDIENCIA DE INSTRUCIO E JULGAMENTO. OPOSIÇÃO QUE DEVERA SEGUIR COMO PROCEDIMENTO AUTONOMO, NÃO HAVENDO FALAR EM SIMULTANEUS PROCESSUS. 1. firme a jurisprudência do STJ no no sentido de que sob a sistemática do CPC de 1973, a oposição apresentada antes da audiência (oposição interventiva) deveria ser apensada aos autos principais para tramitação conjunta e julgamento simultâneo artigo 59) e a oposição manejada após a audiência mas antes da sentença deveria seguir o procedimento ordinário e ser papada sem preto da causa principal salvo se o juiz considerasse conveniente e sobrestamento do processo precedente (por até noventa dias a fim de viabilizar o julgamento conjunto artigo 60), Nada obstante, a oposição interventiva (CPC de 1973) podem prosseguir com ação autônoma na hipótese em que, inobservado o comando legal de julgamento simultâneo houver prolação da sentença de estilo do feito em que ligam os opostos" (REsp 1552230/MG Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMAO, QUARTA TURMA julgado em 10/10/201 Die 27/11/2019.2. Nessa perspectiva tanto a oposição interventiva fim que a ação originaria for julgada antes quanto a autônoma dizem respeito março de processual nova, em que terceiro (o opoente) deduz pretensão própria sobre a coisa ou sobre o direto objeto da demanda precedente instaurada entre os opostos. 3. Na hipótese, conforme acordo recorrido a oposição foi proposta após a audiência de instrução e julgamento e como ja houve sentença decidindo o mérito da ação principal nos idos de 2011, devera a oposição seguir com procedimento autônomo, 4. Agravo intento não provido.
STJ- RECURSO ESPECIAL REsp 1819861 MT 2019/0167240-2 (STJ)
AÇÃO DE OPOSIÇÃO. NATUREZA POSSESSORIA IMOVEL PUBLICO DESTINADO A REFORMA AGRÁRIA ART. 923 DO CPC/1973. DISCUSSÃO DA POSSE COMO DESDOBRAMENTO DO DIREITO DE PROPRIEDADE. 1. Caso em que na origem, o Incra opôs-se a pretensão de particulares litigantes em ação reintegração de posse, sob a alegação de que se tratava de imóvel da União afetado a programa de reforma agrária. 2. Tribunal Regional Federal da 1ª Região consignes Nesse contexto, o Opoente INCRA sustenta que seu direito a posse deve ser declarado no feito em detrimento da posse exercida e alegada pelos opostos porque ele detém o domínio das terras ao apreciar o recurso, constato que não existe razão ao Recorrente uma vez que os juízos possessórios e petitórios não se misturem sendo vedado ao Opoente (INCRA) aproveita-se do processo instaurado entre os litigantes primitivos, deduzindo porem, pedido cujo objeto e diverso do discutido entre as Opostos. Isso porque o primeiro processo tem por objeto a tutela possessória e a oposição tem por objeto tutela petitória uma vez que o INCRA busca reivindicar/imitir-se na posse do bem em questão não havendo dúvidas quanto sua natureza petatoea1A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, recentemente, no julgamento dos ERESD 1296.991/DF (Dje 27/2/2019 firmou a tese de que, nos casos em que o imovel objeto do litigio é público, como aqueles destinados a Reforma Agraria, a discussão da posse em ação possessória decorre do próprio direito de propriedade não se aplicando a restrição normativa prevista no art. 923 do CPC/1973 (557 do CPC/2015 ), 4. Ficou consignado no referido julgado que exigir do poder público o exercício de poder de fato sobre a coisa especialmente nos casosem que a posse está relacionada a grandes extensões de terra destinadas a Reforma Agrária, inviabilizada a referida política pública.
 
No julgado em questão o INCRA utilizou a ação de oposição, uma vez que não poderia aproveitar-se do processo instaurado entre os litigantes primitivos pois, era um processo que tinha como objeto a tutela possessória e a oposição tem por objeto a tutela petitória. Na ocasião o INCRA opôs-se á pretensão de particulares litigantes em ação de reintegração de posse, pois sustenta que seu direito a posse deve ser declarado no feito em detrimento da posse exercida e alegada pelos opostos porque ele detém o domínio das terras.
Desta forma observasse a eficácia do Art.682 “Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos”, o recurso especial foi provido.
5- DA AÇÃO MONITÓRIA
O processo de conhecimento serve para descobrimos a quem cabe um direito e a que cabe uma obrigação, já o processo de execução serve para que um credor portado de título executivo extrajudicial receba aquilo que lhe é devido, tendo como prova essencial o título, para que a cobrança seja feita.
O ocorre que muitas vezes como aponta Humberto Theodoro Júnior (2017) o devedor em um processo resiste aos pedidos do credor sem contestar o crédito em si, mas sim se o credor possui o titulo executivo extrajudicial, para ser direcionado diretamente para o processo de execução.
A Ação Monitória vêm para evitar que nos casos onde o credor não possua o título executivo extrajudicial, ele tenha que primeiro ter um processo de conhecimento para reconhecer a obrigação e somente depois, tenha um processo de execução.
 
Desta forma, a ação monitória foi criada como um “remédio”, para o credor que não possui o título, sem o direito de defesa do devedor, peça uma execução forçada para que o juiz determine que a dívida seja paga em prazo determinado pelo art. 701 do CPC/15.
Um credor que possui o titulo executivo extrajudicial pode ajuizar uma ação monitória ao invés de uma execução? 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA POR NOTAS PROMISSÓRIAS NÃO PRESCRITAS. ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA, EMBORA POSSÍVEL O AJUIZAMENTO DE PROCESSO DE EXECUÇÃO.
1. Assim como a jurisprudência da Casa é firme acerca da possibilidade de propositura de ação de conhecimento pelo detentor de título executivo - uma vez não existir prejuízo ao réu em procedimento que lhe franqueia ampliados meios de defesa -, pelos mesmos fundamentos o detentor de título executivo extrajudicial poderá ajuizar ação monitória para perseguir seus créditos, não obstante também o pudesse fazer pela via do processo de execução.
2. Precedentes. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 981.440/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 12/04/2012, DJe 02/05/2012)
 
Como apontado na jurisprudência supracitada, sim, o credor pode ajuizar ação monitoria instruída pelo titulo executivo extrajudicial. Desde que não haja prejuízo para o devedor.
Para Elpídio Donizette (2017) a ação monitória baseada em titulo executivo extrajudicial, trata-se de uma ação infundada, haja vista que o credor construiria através da presente ação um titulo para ser executado que ele já possui, quando admitido pelo Poder Judiciário acaba gerando controvérsias e incertezas para a sociedade.
Concordando com afirmo que nas hipóteses em que á existe o título é cabível e mais célere ajuizar ação de execução do título, e em casos que não exista certeza sobre o título a presente ação será a mais segura.
5.1 Do cabimento 
De acordo com o art. 700 do CPC/15 a Ação Monitória pode ser proposta por qualquer pessoa que sem título executivo extrajudicial, com prova escrita afirmar ter direito de exigir uma dívida de alguém.
Essa pessoa pode exigir:
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
[...]
(BRASIL. Presidência da República. Código Processual Civil, 2015). (grifo nosso).
 O presente rol “[...] foi ampliado significativamente, se comparado com o CPC/1973, que previa a propositura da ação apenas para o credor de soma em dinheiro e entrega de coisa fungível e de bem móvel” (JÚNIOR, 2017, p.389). 
Para que a ação seja válida é necessário que as condições se enquadrem nas supracitadas, e também que preenche os requisitos que serão apontados a seguir.
5.2 Do objeto 
Como apontado anteriormente cabe a Ação Monitória para quantia em dinheiro, coisa infungível ou fungível, bem móvel ou imóvel, inadimplemento de obrigação de fazer ou não fazer.
5.2.1 Da quantia em dinheiro
Quantia em dinheiro é a quantia certa que o requerente deseja receber. Esta quantia diferente das outras ações não pode ser liquidada, haja vista que a Ação Monitória precisa de um documento inicial que comprove a dívida para que a partir dele seja expedido um mandado de pagamento na primeira fase do processo.
5.2.2 Coisa fungível e infungível
Prescreve o art. 85 do CC/02 que são bens fungíveis aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma qualidade e quantidade, como por exemplo uma caneta preta, são objetos comuns, produzidos em grandes quantidades e de fácil acesso.
Os bens infungíveis são o oposto do que foi definido como bens fungíveis, são os que não podem ser substituídos por outro da mesma espécie, as obras de arte são exemplos de bens fungíveis, tendo em vista que são personalizadas e únicas.
5.2.3 Bem móvel e imóvel
Os bens móveis eram os únicos que se enquadravam como objetos aceitos no antigo Código de Processo Civil, esses bens são suscetíveis de movimentação ou remoção sem alterar sua estrutura ou valor econômico (art.82 CC/02), como por exemplo, um carro.
Já os bens imóveis são aqueles que não podem ser transferidos de lugar ou movimentados sem que isso mude sua estrutura ou seu valor econômico (art. 79 CC/02), um lote é um exemplo bem claro de bem imóvel.
5.2.4. Obrigação de fazer e não fazer
A obrigação de fazer é um dever de realizar determinada atividade é uma prestação de serviço, por exemplo, o seu inadimplemento pode gerar dever de indenizar a pessoa a quem o serviço deveria ter sido prestado (art. 247 e s.s. CC/02).
A obrigação de não fazer é uma abstenção, um dever de não realizar certa atividade ou de não construir algo, a maioria dos doutrinadores exemplifica a obrigação de não fazer com o caso dos moradores de condomínio, que tem a obrigação de não fazer muros ao redor de sua casa, tendo isso, como regra essencial para a questão visual do ambiente. Caso haja o descumprimento da obrigação de não fazer pode o “credor” nesse caso obrigar o desfazimento por sua conta, podendo arcar também com perdas e danos (art. 250 e seguintes CC/02).
5.3 Da competência 
Como regra geral o foro de competência para julgar as ações monitorias é o foro da comarca de origem do réu nos termos do art. 46, caput do CPC/15 “A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu”.
Entretanto, se houver um foro determinado em contrato realizado entre as partes, nesse caso, prevalece o foro indicado, nos termos do art. 63. 
Humberto Theodoro Júnior (2017) aponta que os processos contra a União deverão ser julgados pela Justiça Federal, tendo em vista a previsão legal no art. 109 da CR/88.
Quando a divida objeto da ação decorrer de relação de trabalho ou emprego o foro competente será a Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114 da CR/88.
5.4 Da legitimidade 
O titular do credito poderá valer-se da ação monitória.
Se houver solidariedade entre os credores será formado um litisconsórcio ativo
O devedor é o legitimado passivo da ação monitória.
5.5 Do procedimento
Inicialmente,na Ação Monitória haverá uma fase de cognição onde o julgador verificará o que foi solicitado pelo autor, às provas que instruíram a inicial e se a ação se enquadra dentro dos requisitos necessários para propor ação monitória. 
Convencido o juiz, a inicial será deferida e um mandando de pagamento para o devedor será expedido, haja vista que para o julgador nesse momento o já existe a prova de que o devedor realmente é o titular da dívida.
A grande diferença da ação monitória para o processo de conhecimento e de execução está no contraditório, que somente será garantido para o réu logo depois de expedido o mandado de cumprimento da obrigação e se ele opuser Embargos. 
5.5.1 Petição inicial
A petição inicial deve ser elaborada com base em documentos que comprovem a existência da dívida, o legitimado ativo como credor e o passivo como devedor, no caso da Ação Monitória a inicial possui alguns requisitos especiais, que vão além dos presentes no art. 319 e 320 do CPC/15 e estão previstos no art. 700, § 2º do CPC/15, são eles:
· Indicação da importância devida;
· Indicação do valor atual da dívida com correção até a data de ajuizamento da ação conforme o entendimento do STJ; e
· Indicação do proveito econômico pretendido.
Esses requisitos serão a base para se estipular o valor da causa.
Caso a petição não contenha alguns desses requisitos o juiz poderá dar prazo para a emenda nos termos do art. 321 do CPC/15.
Se não houver a emenda à petição será indeferida por  inépcia, não cumprindo com os requisitos essenciais para o ajuizamento da ação, haja vista que, a ação monitória tem como objeto uma dívida liquida e certa.
Quando a petição estiver devidamente instruída e contendo todos os requisitos essências, será expedido mandado de pagamento para o devedor, a fim de que ele cumpra com sua obrigação. 
5.5.2 Citação 
Ajuizada a ação o devedor/réu será citado para que no prazo de 15 (quinze) dias cumpra com sua obrigação ou oponha Embargos. 
A citação poderá ocorrer em qualquer uma das modalidades previstas nos arts. 238 a 259 do CPC/15.
O atual Código de Processo Civil em seu art. 700, § 7º, prevê até mesmo a citação por edital, na Ação Monitoria, como determina a súmula 282 do STJ.
 
A jurisprudência infra citada trata um exemplo claro de como a citação por edital deve ser aplicada na prática.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE RECEBIDA COMO IMPUGNAÇÃO À EXECUÇÃO. MONITÓRIA. CITAÇÃO POR EDITAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Cabe a citação por edital em ação monitória (STJ-Súmula 282), que deverá atender, elementarmente, a todos requisitos legais, em especial quanto à sua publicação no diário da justiça e em dois jornais de ampla circulação. É válida a citação por edital quando evidenciada nos autos a impossibilidade de se saber, à época da citação, por carta, qual o verdadeiro endereço da empresa devedora.
(TJ-RO - AI: 10000120040042501 RO 100.001.2004.004250-1, Relator: Desembargador Roosevelt Queiroz Costa, Data de Julgamento: 07/05/2008, 6ª Vara Cível)
 A Citação por edital é o caminho correto a seguir caso, frustradas as primeiras tentativas para citar o réu, desta forma, caso haja a revelia um curador especial será nomeado para defender os direitos do mesmo, podendo opor embargos a seu favor, o que não permitira que o autor tivesse plenos direitos sobre o título, exercendo o direito constitucional ao contraditório.
5.5.3 Resposta do devedor
O devedor durante os 15 (quinze) dias de sua citação poderá reagir de diversas formas, ele poderá:
· Poderá se manter inerte, caracterizando a revelia, por conseguinte, a presunção de verdade dos direitos alegados na inicial, nesse momento haverá a conversão do mandado de pagamento em título executivo judicial;
· Poderá cumprir com a obrigação exigida no mandado;
· Poderá ofertar resposta através de oposição de Embargos Monitórios, que serão juntados aos autos da Ação Monitória, para o devedor essa é sua única forma de exercer o direito de defesa na ação, suspendendo através dele a eficácia do mandado;
· Poderá cumprir com a obrigação e opor embargos, caso o autor tenha requerido quantia superior à devida, apontando o verdadeiro valor da obrigação através de demonstrativo descriminado e atualizado da dívida; 
· Poderá ofertar reconvenção, como prevê o art. 702, § 6º do CPC, demandando contra o autor, nos termos do art. 343 do CPC; e
· Poderá requer o parcelamento da divida com a finalidade de adimpli-la.
5.5.4 Replica do autor
Com a oposição dos embargos pelo réu, o efeito do mandado para cumprimento da obrigação será suspenso, então é aberto um prazo de 15 (quinze) dias para que o autor ofereça resposta às alegações feitas pelo réu (art. 702, § 5º do CPC/15).
5.5.5 Sentença
O juiz analisando o que foi alegado pelas partes e todo o conteúdo probatório juntado aos autos decidirá por:
Rejeitar os embargos, acolhendo os pedidos do autor, nesse caso o mandado de cumprimento da obrigação se transformará e titulo executivo judicial, passando assim para fazer da execução, haja vista que o autor constituiu plenos direito.
Quando houver má-fé do réu na oposição de embargos o juiz o condenará ao pagamento de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa para o autor (§11º do art. 702, CPC/15).
O procedimento para execução do título será com base no cumprimento de sentença de cada tipo de obrigação.
Nos casos, em que o juiz acolher os embargos, o mandado de cumprimento da obrigação será revogado e o feito será extinto.
Quando houver propositura indevida da ação ou má-fé do autor no ajuizamento da ação o juiz o condenará ao pagamento de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa para o réu (§10º do art. 702, CPC/15).
 
Caso o acolhimento dos embargos seja parcial, a execução será referente apenas à parte que foi aceita pelo julgador.
Da sentença que acolheu ou rejeitou os pedidos do autor ou do réu cabe apelação (§9º do art. 702, CPC/15), cujo efeito será devolutivo.
Esgotadas as vias recursais a sentença será definitiva, fazendo assim, coisa julgada material.
6- CONCLUSÃO
 O respeito aos requisitos e procedimentos das ações presentes no procedimento especial do CPC/15 gera a aplicação efetiva do procedimento e a celeridade processual, das questões propostas no presente trabalho.
Na dissolução parcial da sociedade resolvem-se os conflitos causados por um sócio de forma rápida e clara, sem prejudicar a continuidade da sociedade.
Nos embargos de terceiros, uma pessoa que se sente prejudicada por ação de outra pessoa pode se proteger. 
Na oposição uma intervenção a outro processo pode ser feita, a fim de garantir um direito à terceiro.
E por fim, na ação monitória uma divida em titulo pode ser cobrada, evitando um processo longo de conhecimento.
Todas essas ações garantem a efetiva aplicação do direito e o cumprimento das obrigações.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Presidência da República. Código Civil, 2002. Disponível em: <https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/codigo-civil-lei-10406-02>. Acesso em: 24 de outubro de 2020.
DESCONHECIDO. Oposição-novo CPC (lei nº 13.105/15). DireitoNet. 28 de dezembro de 2015. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1537/Oposicao-Novo-CPC-Lei-no-1310515#:~:text=%C3%89%20uma%20forma%20de%20interven%C3%A7%C3%A3o,conjunto%20com%20a%20a%C3%A7%C3%A3o%20principal.>. Acesso em 22 de outubro de 2020.
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