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Resenha Levando os Direitos a Sério - Cap 1

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DWORKIN, Ronald. Teoria do Direito. In: Levando os Direitos A Sério. Trad. Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 1-22.
A ausência de consenso, dentro da comunidade jurídica, em decisões de casos considerados moralmente controversos e não necessariamente técnicos, bem como a falta de clareza contida em conceitos jurídicos, utilizados erroneamente nos tribunais, consistem nos principais problemas observados por Dworkin no início de sua obra. 
Essas questões, que ultrapassam a esfera jurisprudencial, dizem respeito à teoria do direito, na qual não se consegue identificar, sobretudo, o método certo para a compreensão da problemática, uma vez que a escolha de um método, por si só, revela tendências de estudos temáticos que não abarcam a totalidade dos fenômenos. 
Dworkin traça uma breve trajetória da teoria do direito anglo-saxônica, destacando a chamada “abordagem profissional”, na qual casos considerados difíceis e não passíveis de aplicação de técnicas consagradas eram insistentemente analisados sob a ótica antiga em pontos nos quais essa técnica fosse possível, ignorando o que consideravam “exceções” ao paradigma jurídico. 
Dworkin afirma, com efeito, que a abordagem dos juristas consistia especificamente em transformar o todo jurídico complexo em um conjunto de fatos simples, a partir da legislação e da jurisprudência já existente – negligenciando, assim, as questões de princípios, consideradas o escopo da teoria do direito. 
Explicita as experiências existentes na Inglaterra e nos Estados Unidos – destaca-se, nesse último, o surgimento do “realismo legal”, uma crítica à teoria doutrinária do direito, na medida em que reconhece não haver neutralidade nas decisões dos juízes, mesmo na escolha de uma lei que o fundamente, propondo, assim, uma abordagem “científica” das táticas dos juízes e das consequências de suas ações para a realidade social – dissociando-o, no entanto, dos princípios morais que formam a estratégia jurídica. Procura-se, analisando as questões que envolvem princípios, uma justificação do poder dos juízes e conhecimento de suas próprias competências nos casos difíceis, bem como procurar a legitimidade da observância à lei como dever moral do cidadão. 
Para Dworkin, os juristas não veem com clareza a dimensão de sua observância às regras paradigmáticas por desconhecerem ou divergirem sobre o verdadeiro sentido do conceito, tornando imprecisa a delimitação da influência de princípios morais ou da legislação vigente em suas ações – e as tentativas de proceder perante a incerteza valorativa redundam na problemática da justiça para os atores sociais. 
A teoria de Hart, porém, elucida questionamentos na medida em que introduz à teoria do direito a utilização de princípios morais e de juízos convencionais como preliminar para uma efetiva avaliação crítica do direito e dos costumes da sociedade que rege, especialmente dentro dos casos difíceis, em que condições incontroláveis de ocorrência tornam-se alvo de infindáveis discussões de ordem ética, como a responsabilidade e a consciência de danos, a retroatividade de leis novas ou a presença de um distúrbio mental em um indivíduo que cometeu ato criminoso – suscitando, no último caso, contraposições expressivas entre efetividade e justiça e discussões de caráter teleológico acerca do próprio direito penal e das ações e condição de indivíduos enquanto detentor de direitos individuais inalienáveis e igualitários – bem como parte e fruto da dinâmica social.

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