Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caroline Fernandes Resumo- Exame físico do abdome O abdome está localizado entre o diafragma torácico e a pelve. A cavidade abdominal se estende superiormente para a caixa torácica até aproximadamente o quinto espaço intercostal anterior com o paciente em decúbito dorsal Região anterior- pode ser dividida em quatro quadrantes ou em nove regiões, sendo mais preciso na localização de um achado. Região posterior- delimitado pelo rebordo costal no limite superior e pelas cristas ilíacas inferiormente. Inspeção: OBS: examinar o paciente sempre pela direita! Observar seguintes aspectos: Tipos de abdome: ● Normal ou atípico: plano/simétrico e sem modificação de volume ● Globoso:predomínio do diâmetro anteroposterior ● Em ventre de batráquio: paciente estando em decúbito dorsal, ocorre predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior ● Em avental: em pessoas muito obesas devido ao acúmulo de tecido gorduroso que cai sobre a raiz das coxas. ● Pendular o ptótico: aspecto de avental porém resultado de grande fraqueza da musculatura inferior. ● Escavado: parede abdominal retraída em pessoas emagrecidas. Colateral: ● Portal:obstrução do fluxo venoso em direção ao fígado que leva a formação de um fluxo centrífugo (cabeça de medusa). ● Cava inferior: obstrução que leva ao aumento do fluxo venoso em colaterais em direção ascendente. ● Cava superior: obstrução que leva ao aumento de fluxo descendente. Alterações na pele: ● Telangiectasias: desaparecem à compressão central. ● Equimose ● Sinal de Cullen: equimose periumbilical encontrada quando há hemorragia no retroperitôneo ex: pancreatite necrosante e g. ectópica. ● Sinal de Grey-Turner: equimose em flancos na pancreatite necrosante/ hemorragias retroperitoneais. ● Estrias: róseas/esbranquiçadas ● Cicatrizes: descrição da localização e extensão é importante ● Herniação: descrever localização e relação com cicatrizes cirúrgicas ● Abaulamentos: avaliar localização, pulsatilidade e extensão. Movimentos do abdome: ● Respiratórios: indivíduos do sexo masculino apresentam respiração do tipo toracoabdominal com movimentos nos quadrantes abdominais superiores. A mulher, apresenta movimento respiratório torácico. Processos inflamatórios com rigidez levam a interrupção desses movimentos, assim como processos dolorosos do abdome superior. Caroline Fernandes ● Pulsações: visíveis em indivíduos muito emagrecidos, na presença de aneurismas o massas próximas ao vaso arterial pulsátil. ● Movimentos peristálticos visíveis: são sinais de luta contra uma obstrução do TGI. Dinâmica ● Manobra de Valsava: permite avaliar herniações pelo aumento da pressão intra-abdominal causado. ● Manobra de Smith Bates: pede-se para o paciente contrair a musculatura abdominal, se a massa visível desaparece indica que está abaixo da parede e se permanece visível indica que é massa da parede abdominal (lipoma) ou enfraquecimento da musculatura abdominal (hérnia). Ausculta ● Deve ser sempre realizada antes da palpação e da percussão abdominal. O objetivo é avaliar a motilidade intestinal e a presença de sopros arteriais ● Normal: 5-34 ruídos do borborigmo (peristalse) intestinal/min ou um borborigmo a cada quatro a cinco incursões respiratórias. ● Aumentado/hiperperistáltico: acima de 34 ruídos por minuto ex obstrução. ● Hipoperistáltico: se menor do que cinco ruídos/min ex: fases tardias de obstrução intestinal. ● Ausente ou aperistáltico: não se ausculta ruídos ex íleo metabólico. *Estetoscópio posicionado na região direita lateroinferiormente à cicatriz umbilical e lateral ao reto abdominal. Para ouvir, necessário um minuto e para constatar a ausência de ruídos deve-se ouvir no mínimo 5 minutos em cada quadrante. Sons vasculares ● Aorta: sopros audíveis desde o apêndice xifóide até a cicatriz umbilical ● Renais: em caso de estenose das artérias renais, os sopros são audíveis sobre estas. Emergem da aorta entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical. ● Femorais: aterosclerose gera sopro assimétrico, geralmente “Pistol Shot” da insuficiência aórtica se transmite de forma simétrica ● Venosas: zumbido acima da circulação cabeça de medusa sinal de Cruveilhier-Baumgarten ex na hipertensão portal Percussão ● Avalia a distribuição de gases no abdome, identifica massa sólida, líquido livre, tamanho do fígado e áreas dolorosas. ● Macicez: pode indicar massas ou visceromegalias, o que vai orientar a palpação subsequente. Ex: esplenomegalia, tumor ovariano, distensão da bexiga, fezes… ● Deve-se percutir as nove regiões analisando a presença de timpanismo o macicez, além de percutir o espaço de Traube (som maciço na esplenomegalia/ estômago cheio/ fecaloma/ adenocarcinoma gástrico) *Para diferenciar esplenomegalia das demais causas, utiliza-se a percussão medial à linha de Piorry, se for maciça é crescimento esplênico verdadeiro. Caroline Fernandes Quando ocorre aumento do baço, este cresce medialmente no sentido ântero-inferior, deslocando o cólon e o estômago que ocupam o espaço de Traube e dando timpanismo. Em pacientes com macicez nos flancos e timpanismo na região umbilical, deve-se pesquisar se há líquido livre na cavidade. Faz-se, portanto, a percussão para determinar o ponto entre o timpanismo e a macicez. Em seguida, pede-se que o paciente faça decúbito lateral, e observa-se que a área maciça ficará timpânica, constituindo a macicez móvel de decúbito. ● Sinal do piparote: evidenciado pela sensibilidade de ondas líquidas do lado oposto ao que se estimula com percussões. Para isso, deve-se comprimir com as bordas ulnares a região mediana, para impedir a transmissão, e realiza-se a percussão em um dos lados com a outra mão sentindo a onda líquida. ● Sinal da poça: na suspeita de pequeno volume ascítico, pede-se que o paciente fique na posição genupalmar e inicia-se a percussão de baixo para cima na região periumbilical, com líquido essa região ficará maciça. Pode existir líquido na cavidade que está septado e não livre, originado macicez em tabuleiro de xadrez com áreas maciças entremeadas a áreas timpânicas ex tuberculose peritoneal. *Hepatimetria: percutir de cima pra baixo. O som atimpânico ou claro é pulmonar e o maciço é hepático. No ponto com sobreposição do pulmão com o fígado, o som passa a ser submaciço (limite superior do fígado), com o fim da macicez hepática e início do timpanismo abdominal (limite inferior) OBS: Sinal de Chilaiditi- hepatimetria falseada, sendo necessário palpar. Sinal de Joubert: aparecimento de timpanismo em área de macicez, indicando a perfuração de víscera oca (também pode ser falseado pelo sinal de Chilaiditi) Sinal de Torres Homem: quando a percussão hepática for dolorosa, pode-se pensar em abscesso hepático amebiano. Palpação ● Insubstituível em caso de abdome agudo. Lembrar que em obesos estará dificultado e de pedir para o paciente apontar região em caso de dor. O examinador deverá iniciar pelas áreas não dolorosas. ● P. superficial: avaliar a dor, tensão da parede, alteração no tecido, herniações, massas e visceromegalia. ● Antes de começar deve-se aquecer as mãos, despir o abdome e perguntar locais de dor. É feita em todos os quadrantes utilizando-se de uma das mãos. Caroline Fernandes ● P. profunda: Utiliza-se uma das mãos para sentir enquanto a outra empurra. Pesquisa-se a presença de massas previamente delimitadas pela percussão, registrando características. Irritação peritoneal: ● Sinais: hipersensibilidade à palpação superficial, com abdome rígido, dor ao mínimo toque, descompressão dolorosa (sinal de Blumberg). ● Causas: ar livre na cavidade por rotura de alça (sinal de Joubert); sangue livre na cavidade; apendicite; *apêndice: pesquisa-se descompressão dolorosa no ponto de Macburney. ● Sinal do Obturador: flete-se a coxa e se faz rotação interna do quadril. Dor relatada = irritação no músculo ● Sinal de Rovsing: comprime-se o cólon descendente fazendo o ar deslocar, gerando dor na apendicite. ● Sinal do Psoas: executa extensão forçada da coxa com o paciente em decúbitolateral esquerdo. *palpação da vesícula biliar ● Sinal de Murphy: durante a expiração, posiciona-se a mão no ponto de junção do rebordo costal com o músculo reto abdominal e pede-se ao paciente inspirar. Se houver inflamação, o paciente sentirá dor e interrompe a inspiração= + ● Sinal o Regra de Courvoisier-Terrier: ao palpar-se o hipocôndrio direito sente-se uma massa ovalada, que é a vesícula biliar distendida que se torna palpável por neoplasia. Como a distensão é lenta, não há dor. Vesícula palpável e indolor = +; Vesícula palpável e dolorosa indica distensão aguda Durante a palpação podem ser achados: ● Diástase do reto abdominal ex gestação e obesidade favorecem ● Hérnias- no caso da sua presença, deve-se tentar palpar o anel herniário e observar se ela é: 1. Redutível: quando o examinador consegue palpar o anel e coloca o conteúdo de volta a cavidade pela digitopressão. +comum Caroline Fernandes 2. Encarcerada: abaulamento se mostra irredutível ex obstrução intestinal o isquemia 3. Estrangulada: isquemia do conteúdo herniário- emergência cirúrgica. *palpação do fígado ● Método bimanual: põe a mão esquerda na região dorsal e faz tração anterior enquanto a mão direita é aprofundada na região anterior (desde a fossa ilíaca até o rebordo costal durante a expiração) objetivando palpar a borda hepática na subida da mão direita durante a inspiração. Por meio dessa manobra, analisa-se a localização da borda inferior, consistência, superfície, formato da borda, sensibilidade álgica e delimitação de massas. ● Método em garra: palpa-se com as mãos apoiadas no rebordo costal com os dedos tentando entrar por debaixo deste *palpação do baço Pode ser palpado na criança, mas raramente é palpado no adulto normal. ● Com a mão esquerda traciona-se o rebordo costal e as partes moles anteriormente, enquanto a mão direita aprofunda-se desde a cicatriz umbilical em direção ao baço, durante a expiração indo em direção ao órgão durante a inspiração. Inicia-se com a mão direita em torno da cic. umbilical. Obs: também pode palpar em garra porém necessitando examinar do lado esquerdo. ● Manobra de Schuster: outra maneira de palpar o baço onde o paciente é colocado em semidecúbito lateral direito com o braço esquerdo sobre a cabeça. O membro inferior direito permanece neuro enquanto o esquerdo é fletido. Apoia-se a mão esquerda sobre o rebordo costal e a direita é usada para palpar desde a cicatriz umbilical até abaixo do rebordo em encontro ao baço. Palpação de massas pulsáteis: Pode indicar a presença de um aneurisma ou a presença de massa que encosta no vaso e pulsa. Para diferenciar os dois quadros deve-se observar a direção da distensibilidade da massa -pulsação só para cima indica massa encostada na aorta; se pulsar de forma lateral é indicação de aneurisma. No caso de aneurisma, deve-se realizar a manobra de Debakey: delimitação superior pela inserção da mão entre o rebordo costal e sua margem superior. Exemplos de palpação renal: método de Guyon, manobra de Israel, método de Goelet Caroline Fernandes e punho percussão (não realizada em paciente com pielonefrite, pois, sentem dor a simples palpação).
Compartilhar