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EXAME FÍSICO DO ABDÔMEN

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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
O abdômen pode ser dividido de 3 formas: 
 1ª divisão: hemiabdômen superior, médio e inferior ou 
“andares” (andar superior do abdômen, por ex). 
 2ª divisão: 4 quadrantes; QSE, QSD, QIE, QID. 
 3ª divisão: 9 quadrantes; epigástrio, mesogástrio, 
hipogástrio, hipocôndrios (direito e esquerdo), flancos (direito 
e esquerdo) e fossas ilíacas (direita e esquerda). 
O exame do abdômen é feito numa ordem diferente do exame 
físico dos outros órgãos, como coração. Aqui, a ordem é 
inspeção, ausculta, percussão e palpação. A ausculta vem 
antes para que a palpação não interfira nos sons, mas 
podemos repeti-la ao final. 
Posicionar o paciente em decúbito dorsal, com tronco e 
abdome expostos, em ambiente com boa luminosidade e 
temperatura adequada. Recomendar ao paciente deitar-se 
com a cabeça apoiada em travesseiro, ligeiramente elevada. 
O médico deve ficar à sua direita, aquecer as mãos e explicar 
o procedimento ao paciente. 
 
1. INSPEÇÃO 
Na inspeção observa-se a superfície da parede abdominal, contorno, presença de assimetrias, 
características da pele, presença de circulação colateral, forma do abdome e cicatrizes cirúrgicas. 
Forma do abdômen 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
O abdômen pode apresentar variações de forma, segundo idade, sexo e estado de nutrição, do 
estado dos músculos da parede abdominal, além da condição fisiológica da gravidez. As alterações 
de formas do abdômen podem ser simétricas ou assimétricas. 
 Alterações Simétricas 
Abdome Plano: normal. 
Abdome Retraído ou Escavado: muito achatado no diâmetro anteroposterior, com rebordo costal e 
sínfise púbica proeminentes. Ocorre em indivíduos com caquexia, especialmente naqueles com 
desidratação importante. 
Abdome Globoso: apresentando distensão uniforme e regular; encontrado em indivíduos obesos, 
portadores de ascites, em pacientes com grande meteorismo intestinal (obstrução intestinal) e em 
portadores de grandes tumores abdominais. 
O abdômen gravídico é um subtipo do globoso, com forma mais piriforme, pois não tem muito 
aumento transversal (para os lados), é mais delimitado. 
Abdome de Batráquio (sapo): caracterizada por dilatação exagerada de flanco, com aumento de 
diâmetro lateral, ocorrendo em indivíduos com ascite e obesos com diminuição da tonicidade da 
musculatura de parede abdominal. 
Abdome em Avental: quando o grande acúmulo de tecido adiposo no subcutâneo faz com que o 
abdômen caia sobre as coxas, quando o paciente está em pé. É, portanto, observado nos grandes 
obesos. Uma variante do abdômen em avental é o pendular. Esse tipo tem, também, o aspecto de 
avental, mas, diferentemente deste, resulta de uma grande fraqueza da musculatura do andar inferior 
do abdômen, não necessariamente associada à obesidade. A causa mais comum do abdômen 
pendular é a flacidez abdominal do puerpério. 
 
 Alterações Assimétricas 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Peristalse 
A peristalse visível pode ocorrer em pacientes emagrecidos e com musculatura abdominal pobre, 
sendo possível a identificação de peristalse de alças do intestino delgado. A observação de 
peristaltismo visível tem grande importância diagnóstica, indicando a existência de obstáculo ao 
trânsito intestinal. 
Sem queixa de dor isso é normal. Já nos casos com peristaltismo, mas com dor, vômitos, parada de 
fezes, não é normal (quadro de obstrução intestinal). 
Abdome rígido + peristaltismo visível (ondas de Kussmaul) = obstrução intestinal 
Ao identificarmos peristaltismo devemos definir o local, o sentido e a frequência de movimentos (nº 
de ondas/min). 
O peristaltismo visível em estômago indica a existência de obstáculo em piloro ou em 1ª porção do 
duodeno; o sinal acústico é a patinhação e o sintoma associado é o vômito de estase (alimentos 
íntegros). A causa mais comum de obstrução de antro gástrico são o câncer gástrico e úlceras 
pépticas estenosantes. Frequência de 3 ondas/min. 
A presença de ondas peristálticas visíveis em intestino delgado, denominada de agitação 
peristáltica de Kussmaul, são caracterizadas por movimentos rotatórios, acompanhados de fortes 
ruídos intestinais, denominados de borborigmos e forte dor. Pode ocorrer um segundo tipo de ondas 
de peristalse, denominada de peristalse em degrau, as alças se contraem como em degraus de uma 
escada. 
O peristaltismo de intestino delgado é caracterizado por: sede em região central de abdome; grande 
intensidade e vivacidade das ondas; fenômenos acústicos intensos, com aspecto metálico, audível 
sem utilização do estetoscópio; associação de fortes dores que acompanham os movimentos 
peristálticos. As causas mais comuns são tumores, compressões extrínsecas, aderência, hérnias 
encarceradas, doença de Chron. 
O peristaltismo do intestino grosso, quando visível, é constituído por ondas lentas, sendo mais 
evidente o peristaltismo do cólon transverso, os sintomas associados são parada de eliminação de 
fezes e gases, ocorrendo na presença de megacólon e câncer de cólon. Tem ruído hidroaéreo 
aumentado e parada de eliminação de fezes e gases. 
Retrações 
As retrações generalizadas ocorrem em indivíduos caquéticos, como nos casos de pacientes com 
estenose de esôfago ou piloro ou em desidratados graves. Importante apontar a retração 
generalizada que pode ocorrer na cólica saturnina, no tétano, meningite e nas crises tabéticas. 
- Diástase do reto abdominal: em decúbito dorsal, quando aumenta a pressão abdominal (por ex, 
erguendo a cabeça) vemos um abaulamento de toda a linha média. Evidencia a fraqueza dos 
músculos na linha media. 
Edema de Parede 
O edema quando restrito à região abdominal indica a existência de processo inflamatório 
intracavitário. 
Sistema Venoso 
A presença de vascularização visível em parede abdominal indica obstáculo na circulação venosa 
profunda. Deve-se definir o sentido da corrente sanguínea para identificar qual dos sistemas venosos 
está obstruído. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
No hemiabdomen superior o sangue deve ser drenado em sentido cranial, rumo à cava superior; 
e no hemiabdome inferior é drenado para inferior (VCI). 
Apesar de ser bem visível a circulação colateral, quando não vemos não significa que não há 
circulação colateral. As veias turgidas podem estar mascaradas pelo aumento do tecido adiposo e 
edema local, então devemos palpar também para confirmar. 
Tipos de circulação colateral: 
- Circulação colateral tipo portal: ocorre quando há obstáculo ao fluxo 
venoso proveniente do tubo digestivo e baço em direção ao fígado. É o 
tipo de circulação colateral mais frequente, caracterizada por manter o 
sentido normal da circulação, sempre centrífuga em relação ao umbigo. 
Geralmente melhor percebidas acima da cicatriz umbilical, quando 
exuberantes em torno do umbigo confere o aspecto denominado 
cabeça de medusa. 
A circulação colateral, visível acima da cicatriz umbilical, drena em 
direção ascendente para o sistema cava superior, enquanto que a que 
está abaixo do mesmo ponto drena para baixo, em direção à cava 
inferior. Em outras palavras, a circulação colateral, visível, do tipo porta 
caracteriza-se por manter o sentido normal da circulação venosa, 
periférica, do abdômen, sempre em direção centrífuga em relação ao 
umbigo; apenas o caudal está aumentado. 
- Circulação colateral tipo cava inferior: as ectasias venosas são observadas mais nitidamente no 
andar inferior do abdômen e nas suas regiões laterais. O sentido da corrente será sempre 
ascendente, uma vez que a circulação está toda direcionada para a cava superior. A principal causa 
de obstrução da veia cava inferior é a trombose. 
- Circulação colateral tipo cava superior: eventuais vasos ectasiados, vistos na parte superior do 
abdômen, têm sentido de corrente para baixo, na procura de conexão com a cava inferior. 
 
- Circulação colateral do tipomisto: costuma ser uma associação entre os dois primeiros descritos 
e caracteriza-se por ampla rede venosa, colateral, com sentido de circulação para cima. Outros 
achados do exame físico, dados de anamnese e também subsidiários completarão o diagnóstico. 
Outras alterações de parede abdominal 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
Ainda na inspeção do abdome observar: presença de cicatrizes cirúrgicas, estrias, herniações. Em 
pacientes com hemorragias peritoniais, pode surgir, na região periumbilical, uma coloração azulada 
que é denominada de sinal de Cullen (exemplo: prenhez tubária rota). 
Em pacientes com pancreatite hemorrágica pode ocorrer sangramento retroperitoneal, conferindo 
uma coloração azulada em regiões lombares, sinal de Grey Turner. 
 
O umbigo geralmente é plano, quando se apresenta com protusão, pensar na possibilidade de ascite 
ou hérnia umbilical. 
Observar a presença de herniações, que podem ser umbilical, inguinal, crural ou em áreas onde 
houver debilidade de parede, por diástase de musculatura do reto abdominal ou cicatrizes cirúrgicas. 
2. AUSCULTA 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Fazemos a ausculta antes da palpação para evitar aumento involuntário do peristaltismo. Podemos 
fazer depois da palpação novamente. Caso não auscultamos ruídos mesmo depois da palpação 
pode ser anormal, como obstruções após cirurgias etc. 
Procuramos sinais acústicos, utilizando-se do estetoscópio, auscultando-se os quatro quadrantes do 
abdome, especialmente a área central, durante dois a três minutos, com a finalidade de identificar 
timbre, frequência e intensidade dos movimentos hidroaéreos, além de procurar identificar a 
existência de sopros. 
Em condições patológicas os ruídos hidroaéreos podem estar com intensidade aumentada (exemplo: 
diarreias, hemorragias digestivas, suboclusão intestinal ou obstrução intestinal) ou diminuída ou 
ausente (exemplo: íleo paralítico). Os ruídos hidroaéreos podem assumir o tom metálico, nos casos 
de obstrução de intestino delgado. 
Quando a atividade motora está aumentada, ocorre aumento da frequência e da intensidade dos 
ruídos hidroaéreos (ruídos hiperativos). Quando a atividade motora está diminuída ou abolida há 
redução ou até ausência (“silêncio abdominal”) dos ruídos hidroaéreos. 
Ruídos Hidroaéreos: ocorrem em indivíduos normais, mas alguns são mais patológicos. São mais 
comuns no intestino grosso e estômago. 
 
 Patinhação: mesmo som ao bater numa superfície com água. É obtido em órgãos de grande 
diâmetro, como o estômago e o ceco, com paredes flácidas e com conteúdo líquido, que faz nível 
no seu interior. Pesquisa-se, comprimindo rapidamente a parede do abdômen com a face palmar de 
três dedos medianos da mão. A parede do órgão é forçada a bater de encontro com a superfície 
líquida, produzindo um ruído do tipo clap, clap. É observado no caso de aumento do conteúdo líquido 
do estômago, quando o órgão se esvazia mal, como na obstrução de antro ou piloro. 
 Gargarejo: é o mais característico dos ruídos abdominais, percebidos quando é feita a 
palpação profunda e deslizante, particularmente no ceco. Além de ouvir-se o ruído, tem-se a 
percepção tátil da presença do conteúdo hidroaéreo da víscera. 
 Borborigmo: é dado pela grande predominância de gases em relação ao conteúdo líquido 
do órgão. É o “ronco da barriga”. Tal tipo de ruído pode ser considerado como uma variante do ruído 
hidroaéreo propriamente dito. 
Além dos ruídos hidroaéreos, o abdômen pode ter ruídos vasculares, atritos e obstétricos. 
Os atritos observados no abdômen são raros. Decorrem da movimentação do órgão (em geral, 
fígado ou baço, mas, também, com vísceras ocas) junto à parede abdominal, em ponto onde um 
processo inflamatório determinou alterações na textura das respectivas superfícies, tornando-as 
ásperas. Aparece junto com os movimentos da respiração. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 Ausculta dos grandes vasos do abdômen 
Os ruídos vasculares incluem os sopros que podem ser sistólicos ou contínuos. 
Os sopros sistólicos de maior frequência são os produzidos no aneurisma de aorta, podem ser 
audíveis, em linha mediana do abdome. 
Pode ocorrer o sopro hepático em área de projeção do fígado, na presença de aneurisma de artéria 
hepática, cirrose e carcinoma hepatocelular. 
Sopros esplênicos podem ser audíveis em hipocôndrio 
esquerdo, entre as linhas hemiclavicular e axilar, 
anterior esquerdas, ocorrendo em pacientes com 
malária, leucemia ou tumores esplênicos. 
Auscultar artérias renais (paramediana supraumbilical, 
bilateralmente), ilíacas (paramediana infraumbilical, 
bilateralmente), femorais (região inguinal). 
Sopros contínuos são venosos, ocorrendo quando 
houver hipertensão portal, audível sobre a circulação 
colateral em região periumbilical, podendo gerar um 
frêmito no local, Sinal de Cruveillier-Baumgarten. 
3. PERCUSSÃO 
Devemos percutir as 9 regiões do abdômen, em espiral. Uma forma de começar é pela região 
inguinal direita, flanco direito, hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, flanco esquerdo, 
inguinal esquerda, hipogástrio, mesogástrio. 
Procuramos por dor e produção de sons diferentes do esperado. A percussão é um método ótimo 
para diagnosticar ascite. 
A percussão deve ser suave, apoia-se o dedo indicador e médio da mão esquerda sobre a parede 
abdominal, percutindo com a mão direita. O ruído fisiológico é o timpanismo. Pode-se identificar 
quatro tipos de sons: timpânico, hipertimpânico, submaciço e maciço. A percussão sobre uma área 
sólida revela o som maciço; é o típico som obtido ao se percutir 
a região hepática. 
O som timpânico pode ser melhor identificado em área gástrica, 
na posição supina, devido ao conteúdo gasoso do estômago 
(bolha gástrica) e no espaço de Traube. 
Espaço de Traube: é um espaço 
em forma de lua crescente, 
circundado pela borda inferior do 
pulmão esquerdo, a borda anterior 
do baço, o rebordo costal esquerdo 
e a margem inferior do lobo 
esquerdo do fígado. Não é a área 
normal de percussão do Baço. 
 
 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Hipertimpanismo: é observado, quando o conteúdo aéreo do tubo gastroentérico apresenta-se 
aumentado, como no meteorismo, na obstrução intestinal, no pneumoperitônio, no volvo e no 
megacólon chagásico. 
Através da percussão pode-se realizar ainda a hepatimetria. Importante apontar que não é um 
método seguro para se afirmar que existe hepatomegalia, pois o órgão pode estar rebaixado, como 
ocorre em pacientes com enfisema pulmonar. 
No abdômen agudo, o desaparecimento da macicez hepática é conhecido como sinal de Jobert e 
indica perfuração de víscera oca em peritônio livre, em geral, uma úlcera péptica. Trata-se de 
pneumoperitônio e o paciente tem muita dor. 
Ao se percutir a região correspondente ao baço, obtém-se som timpânico. A área de nítido 
timpanismo é denominada de espaço de Traube. 
O mesogástrio varia muito o som na percussão, pois o intestino delgado pode estar com gás apenas, 
líquido ou fezes. Na região infraumbilical (hipogástrio) fica com som abafado porque a parede 
abdominal é mais espessa. 
Ascite: O abdômen pode mostrar-se mais ou menos flácido ou, então, tenso, caracterizando a 
chamada ascite hipertensa. A presença de hérnia umbilical é achado frequente nas grandes ascites. 
A causa mais frequente de ascite é a cirrose hepática. 
 Sinais encontrados pela percussão 
- Sinal do piparote: estendemos uma mão num flanco e no outro damos um piparote (com o 
dedo médio). O abalo produzido pelo piparote produz pequenas ondas de choque no líquido ascítico, 
perceptíveis pela palma da mão do outro flanco. É um sinal típico das grandes ascites apenas. 
 - Semicírculos de Skoda: com o paciente em decúbito dorsal ou em pé, fazemos uma 
percussão no andar superior do abdômen, na região do epi/mesogástrio e isso causa uma onda em 
meia luano abdômen ascítico. A abertura da onda pode estar virada para cima (epigástrio) ou para 
baixo (hipogástrio). No primeiro caso é uma ascite, no segundo, um cisto gigante de ovário (facilita 
diagn diferencial). 
 - Macicez móvel: quando o paciente deita em decúbito lateral, a ascite cai para o lado por 
ação da gravidade. Assim, com o paciente quase em DLE, percutimos o flanco E com ascite 
(submacicez/macicez). Viramos o paciente para quase DLD e percutimos novamente o flanco E 
agora sem ascite (timpânico). 
Outra manobra é a Manobra do Rechaço. Não é usada apenas para diagnosticar ascite, mas para 
identificar órgãos sólidos aumentados e massas abdominais. No paciente ascítico, esses órgãos 
boiam na cavidade abdominal. 
Pressionamos o hipocôndrio direito para palpar o fígado. Ao pressionarmos, o fígado se desloca 
posteriormente. Retiramos a pressão, mas com a mão ainda encostada no abdômen e sentimos o 
fígado voltando rapidamente e batendo nos nossos dedos (rechaço). Isso ocorre porque ele está 
boiando em líquido. 
4. PALPAÇÃO 
Deve-se proceder à palpação superficial e profunda, com objetivo de identificar alteração em 
vísceras, presença de tumorações, dor, resistência em parede. 
É importante estar atento à posição das mãos, à posição dos dedos, posição do paciente, aos 
movimentos respiratórios do paciente, à temperatura das mãos do examinador. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
É importante anotar variações de sensibilidade, consistência, diâmetro, forma e mobilidade das 
estruturas palpadas. 
 Palpação Superficial 
Palpar, com delicadeza, toda a extensão do abdômen, 
comparando, simultaneamente, áreas direitas e esquerdas, 
respectivamente com suas mãos esquerda e direita 
(bimanual). Comprimir levemente os dedos contra a parede 
abdominal para sentir a tonicidade da musculatura e a 
sensibilidade à pressão. 
Podemos identificar aumento do tônus com essa técnica. A 
hipertonia da parede abdominal pode ser voluntária (paciente 
não está relaxado, frio, cócegas, mãos frias, tensão 
emocional) ou involuntária (contração espasmódica devido a 
irritação do peritônio parietal). Este último é mais localizado. 
 Palpação Profunda 
Não conseguimos identificar partes do intestino delgado, mas podemos palpar estomago, colons, 
ceco, sigmoide. Geralmente começamos palpando à direita e terminamos no sigmoide. Pode ser bi 
ou unimanual. Em geral, o ângulo da mão fica em 45º, mas depende da estrutura e da quantidade 
de tecido adiposo. 
A técnica se chama “palpação profunda e deslizante” porque inicialmente palpamos num plano 
profundo, afundando bem os dedos, e depois vamos deslizando tentando identificar as estruturas 
com as últimas falanges. 
Essa técnica tem que estar associada com os movimentos respiratórios do paciente. Temos que 
fazer quando o paciente expira (mas sem pedir para ele expirar), pois há diminuição do tônus da 
parede abdominal e da pressão intra-abdominal (expiração é passiva). Na inspiração retiramos a 
mão. 
Para a palpação do transverso e da grande curvatura do estômago, o deslizamento é feito na linha 
mediana, sobre a coluna vertebral. Nos flancos (palpação dos cólons ascendente e descendente), 
uma das mãos faz as vezes do plano profundo, resistente, enquanto a outra desliza sobre a víscera. 
Nas fossas ilíacas (palpação do ceco e do sigmóide), as manobras são feitas sobre os ossos ilíacos. 
Órgãos que só são palpados em condições patológicas: bexiga vazia, apêndice cecal, vesícula biliar, 
flexuras do colon, delgado, baço. 
Psoas: podemos utilizar no caso de dor na fossa ilíaca direita com suspeita de apendicite. Elevamos 
o membro inferior direito e a contração do psoas deixa o apêndice cecal mais superficial e 
conseguimos palpar. Aí se o paciente tem dor chamamos de sinal de Lapinsky. 
Durante o exame deve-se observar as seguintes características: 
- Localização: Limita o número de estruturas a considerar (exemplo: massa em quadrante superior 
esquerdo, considerar afecções de baço do ângulo esplênico do colón e rim esquerdo); 
- Sensibilidade: A dor provocada pela palpação de uma massa abdominal ocorre devido a um 
processo inflamatório ou a distensão da cápsula do órgão; 
- Dimensão: Informa o tamanho da estrutura patológica encontrada; 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
- Forma: Cisto, pseudocisto pancreático, tumores sólidos, são, geralmente esféricos; 
- Consistência: É verificada pela resistência da massa à palpação, variando de acordo com o 
processo patológico; 
- Superfície: pode ser lisa (exemplo: cistos ou pseudocistos, hepatite, esteatose hepática) ou nodular 
(exemplo: tumor, cirrose hepática); 
- Mobilidade: A massa que se move com movimentos respiratórios, está relacionada a uma das 
vísceras móveis ou ao mesentério, portanto, dentro da cavidade peritoneal. A massa fixa deve estar 
localizada em retroperitônio ou corresponder à neoplasia infiltrativa de estruturas fixas; 
- Pulsação: Massa que apresente pulso corresponde a uma dilatação da artéria, apresenta aumento 
intermitente de volume da massa a cada sístole cardíaca. Massas sólidas encostadas na aorta 
podem transmitir a pulsação arterial, porém não apresenta variação de tamanho de acordo com o 
pulso sistólico. 
Quando ocorrer dor à descompressão brusca do abdômen é sinal que há inflamação aguda de 
peritônio. O sinal é considerado positivo quando o paciente apresenta dor aguda ao se retirar 
bruscamente a mão do seu abdome, caracterizando o sinal de Blumberg. 
 
Acompanhando este sinal pode-se observar hipertonia da musculatura no local, podendo ser forte 
e contínua ou ocorrer somente ao se exercer uma pressão sobre o local. Essas duas características 
compõe o que pode ser chamado de sinais de peritonismo. 
Palpação da Aorta Abdominal 
5. EXAME FÍSICO DAS VÍSCERAS MACIÇAS 
 
• FÍGADO 
Para examinar o fígado é importante a percussão e a palpação. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 Percussão 
Fazemos a percussão do fígado para estimar suas dimensões (hepatimetria). Devemos percutir o 
lobo direito e esquerdo do fígado. 
Usamos a linha hemiclavicular direita como orientação. Percutimos os EIC inframamilares e vamos 
ouvindo os sons. Inicialmente temos o som claro pulmonar (pulmão), depois região de transição 
com maciço, e depois totalmente maciço. Essa região é a borda superior do lobo direito do fígado e 
devemos marcá-la. Continuamos percutindo inferiormente nessa linha e vamos encontrar novamente 
uma zona de transição maciço-timpânico e depois apenas timpânico. Essa é a borda inferior do 
lobo direito do fígado. 
Depois fazemos isso para o lobo esquerdo, na linha média (linha esternal). O que diferencia é que 
teremos som maciço na região do esterno e logo abaixo, apenas timpânico, pois o estomago 
predomina sobre o lobo esquerdo do fígado. Caso encontremos macicez nesse local, trata-se de 
algo patológico no lobo esquerdo hepático ou em outros órgãos dali. 
A hepatimetria não tem muita precisão na delimitação do fígado, mas é importante para estimar e 
nos nortear na palpação. 
O tamanho do fígado varia de pessoa para pessoa. O lobo direito pode ter de 6-12cm e o lobo 
esquerdo, 4 a 8 cm (não percutível). 
Outros achados podem aparecer durante a hepatimetria, como a dor. Quando a percussão hepática 
em uma região muito circunscrita do fígado causa dor, chamamos de Sinal de Torres-Homem. Isso 
é característico de abcesso hepático (deve ser bem circunscrita). 
 
 
 Palpação 
Há duas técnicas possíveis para palpação hepática: unimanual e bimanual. 
- Técnica de Lemos-Torres (unimanual): paciente em decúbito dorsal com braços estendidos ou 
fletidos sobre o peito. Colocamos a mão esquerda no dorso do paciente tentando levantar o fígado 
para ficar suspenso. A mão direita colocamos um pouco abaixo da região de transição da borda 
inferior definida pela hepatimetria. 
Pedimos para o paciente expirar completamente e afundamosnossos dedos. Depois pedimos para 
inspirar fundo e o fígado bate nos nossos dedos em uma fração de segundos (é preciso 
experiencia). Com isso, sentimos a borda inferior do fígado. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Com a ponta dos dedos devemos analisar a 
consistência do parênquima hepático (normal, 
endurecido, com nodulações), a forma da borda 
(normal é fina, quando congesta fica romba), se 
há dor. 
Vamos precisar de vários intercursos respiratórios 
do paciente para conseguir palpar toda a borda 
hepática. 
- Técnica de Mathieu (bimanual): ficamos 
próximo a cabeça do paciente e colocamos as 
duas mãos na região de transição da borda inferior 
do fígado. Os dedos devem ficam levemente em 
garra, enfiando por baixo do gradil costal. No final 
da expiração afundamos os dedos e na inspiração 
profunda sentimos a borda inferior do fígado. 
Nessa técnica conseguimos analisar maior parte 
da borda inferior do fígado em menos incursões 
respiratórias. 
• BAÇO 
Também fazemos percussão e palpação, mas normalmente não é percutível e nem palpável. O 
baço tem uma localização difícil, totalmente escondido no gradil costal esquerdo, posterior a linha 
axilar média esquerda. 
 
 Percussão 
Inicio a percussão desde os EIC inframamários 
na linha axilar anterior, descendo. Geralmente 
só escutamos som claro pulmonar. Quando 
aumentado podemos ouvir som maciço, mas se 
for um aumento discreto mesmo assim não 
vamos conseguir palpar. 
Além disso, o movimento respiratório desloca 
o baço. Assim, se ele tiver aumentado e 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
conseguirmos percutir, o som maciço será móvel, enquanto 
se for macicez de outras causas (tumores, ascite), não se 
moverá com a respiração. 
 Palpação 
Apenas palparemos o baço caso ele seja percutível 
(macicez). O baço cresce em direção à cicatriz umbilical, 
então precisamos posicionar nossa mão nessa direção. A 
técnica é semelhante à palpação hepática, o que muda é a 
posição (posição de Schuster). 
 
 
 
Devemos analisar as mesmas coisas que analisamos no fígado. 
Para diferenciar à palpação a esplenomegalia de um tumor renal devemos atentar para: 
 Presença de chanfraduras; 
 Aumento em aspecto de virgula; 
 Cólon (flexura) permanece profundamente ao baço. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
• RINS 
Os rins tem propedêutica bem difícil, pois é um órgão 
retroperitonial, de difícil acesso. Em pouquíssimas vezes 
conseguimos palpar a borda inferior dos rins. Via de 
regra, isso só ocorre em situações patológicas. 
A palpação dos rins não é feita na rotina, apenas quando 
temos suspeita de hipertrofia renal pela anamnese. 
Utilizamos mais o Método de Israel para a palpação 
renal. O paciente deve ficar em DL no lado oposto do rim 
a ser analisado, com a perna superior fletida e a inferior 
em extensão. Colocar a mão espalmada oposta ao rim a 
ser examinado no ângulo lombocostal, elevando o flanco, 
e a outra mão espalmada abaixo do rebordo costal. 
Comprimir ambas as mãos ao mesmo tempo, 
procurando sentir e pinçar o polo inferior do rim na sua 
descida inspiratória. 
Sinal de Giordano: quando o paciente tem queixa de dor na 
região dos rins, fazemos a Manobra Punho Percussão. 
Devemos ficar posterior ao paciente (este sentado ou em pé) e 
golpear rapidamente a loja renal com a mão estendida (face 
ulnar). Caso o paciente tenha piora importante da dor após a 
manobra, chamamos de sinal de Giordano. Esse sinal é muito 
sugestivo de litíase renal ou pielonefrite aguda. 
• PÂNCREAS 
O pâncreas é outro órgão de difícil acesso no exame físico, pois também é retroperitoneal e 
escondido entre as outras vísceras. A propedêutica para acesso do pâncreas não existe. Os sinais 
de pancreatite aguda são raros, pois são extremamente graves. São os sinais de Grey-turner e 
Cullen. 
Sinal de Gray-Turner: Equimose em região de flancos. Indicativo de hemorragia retroperitoneal. 
Pode ser encontrado em pancreatite necro-hemorrágica. 
Sinal de Cullen: equimoses azuis-pretas na região periumbilical devido à hemorragia 
retroperitoneal, associada principalmente à ruptura de gravidez ectópica, mas também 
eventualmente presente na pancreatite aguda. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
• VESÍCULA BILIAR 
Normalmente não é acessada, só encontramos em 
situações patológicas. O sinal patognomonico de 
colecistite aguda é o sinal de Murphy. 
Para examiná-la devemos pressionar o ponto cístico. Ele 
está na intersecção da linha hemiclavicular direita com a 
borda da última costela. 
Aplicamos uma pressão no ponto cístico e vamos 
afundando a mão com a expiração do paciente. Pedimos 
para o paciente inspirar profundamente e continuamos 
aplicando pressão no ponto. Caso o paciente pare de 
inspirar significa que está infeccionada/inflamada. 
Chamamos isso de Sinal de Murphy. 
Caso o paciente não pare de inspirar imediatamente, mas só refira dor, não é sinal de Murphy. 
O sinal de Murphy é patognomonico de colecistite aguda e geralmente já é cirúrgico. 
 
Sinal Como pesquisar Significado 
Blumberg 
Descompressã
o dolorosa em 
FID 
Apendicite-
Peritonite 
Rovsing 
Dor em FID ao 
comprimir a 
FIE 
Apendicite- 
Peritonite 
Psoas 
Dor ao elevar 
a coxa direita 
contra a mão 
do examinador 
Apendicite- 
Peritonite 
Obturador 
Dor em FID 
com a rotação 
interna da 
coxa 
Apendicite- 
Peritonite 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Descompress
ão brusca 
dolorosa 
Em qualquer 
local, exceto 
FID. 
Peritonite 
Murphy 
Interrupção da 
respiração por 
hipersensibilid
ade à 
palpação de 
HD. 
Colecistite 
Courvosier 
Vesícula 
palpável e às 
vezes visível. 
Tumor de 
pâncreas 
Giordano 
Dor à 
percussão 
costovertebral, 
levando a 
rechaço do 
paciente para 
a frente. 
Pielonefrite, 
mialgia, 
cálculo renal 
Macicez em 
flancos 
Percussão do 
abdome com 
timpanismo no 
centro e 
macicez em 
flancos. 
Ascite 
Macicez 
móvel 
Mudança de 
macicez à 
percussão do 
abdome com o 
paciente em 
decúbito 
lateral. 
Ascite 
Piparoti 
Percepção do 
impulso 
transmitido do 
lado oposto do 
abdome após 
neutralização 
com barreira 
no meio do 
abdome. 
Ascite 
Kerhr 
Dor em ombro 
esquerdo 
Rutura 
esplênica 
Percussão 
esplênica 
Presença de 
macicez à 
percussão 
entre a linha 
axilar anterior 
e média em 
topografia de 
Esplenomeg
alia 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
baço, durante 
a inspiração 
profunda. 
Cullen 
Equimoses em 
torno do 
umbigo. 
Pancreatite 
necro-
hemorrágica 
Grey- Turner 
Equimoses em 
flancos. 
Pancreatite 
necro-
hemorrágica 
Jobert 
Ausência de 
macicez 
hepática 
Úlcera 
gástrica 
perfurada. 
 
Vídeos sobre exame físico do abdômen: 
https://www.youtube.com/watch?v=rBsiU_WWsOw 
https://www.youtube.com/watch?v=eFyld3FCXsc 
https://www.youtube.com/watch?v=rBsiU_WWsOw
https://www.youtube.com/watch?v=eFyld3FCXsc

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