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GABRIELLA PACHECO – MED102 09/10/2020 Patologia e Anatomia Patológica Profa Marina Ibrahim DISFUNÇÕES HEMODINÂMICAS II 1. HIPEREMIA 2. CONGESTÃO 3. HEMORRAGIA 4. TROMBOSE 5. EMBOLIA 6. INFARTO TROMBOSE É a solidificação do sangue dentro dos vasos ou do coração em indivíduos vivos (coagulação do sangue dentro do sistema vascular. A trombose venosa é mais frequente do que a arterial ou cardíaca. Tríade de Virchow: lesão endotelial, estase ou turbulência do fluxo sanguíneo e hipercoagulabilidade sanguínea. Lesão endotelial: É a influência dominante, por si só leva a trombose. Ex: Hipertensão, fluxo turbulento sobre valvas cicatrizadas, endotoxinas bacterianas, fio cirúrgico, fumaça de cigarro, radiação, aterosclerose. O endotélio não necessita estar desnudo ou fisicamente rompido para contribuir para o desenvolvimento da trombose; qualquer perturbação no equilíbrio dinâmico dos efeitos pró e antitrombóticos do endotélio pode influenciar os eventos de coagulação local. O endotélio disfuncional pode elaborar quantidades maiores de fatores pró-coagulantes ou pode sintetizar menos efetores anticoagulantes. Alterações do fluxo sanguíneo normal: O fluxo sanguíneo é laminar com plaquetas fluindo centralmente no lúmen do vaso, separadas do endotélio por uma zona clara do plasma. GABRIELLA PACHECO – MED102 Estase e turbulência: Rompem o fluxo sanguíneo laminar e trazem as plaquetas em contato com o endotélio; impedem a diluição dos fatores coagulantes ativados pelo fluxo de sangue fresco; retardam o fluxo interno dos inibidores do fator coagulante e permitem a formação do trombo; promovem ativação celular endotelial, predispondo a trombose local, adesão leucocitária e outros efeitos celulares endoteliais. Ex: Placas ateroscleróticas ulceradas, aneurismas, IAM, síndromes de hiperviscosidade, valvulopatias, anemia falciforme. Estase: Fluxo sanguíneo lentificado. Na lentificação do fluxo, os elementos figurados do sangue passam a circular mais próximo do endotélio e há acúmulo de fatores de coagulação. A turbulência do fluxo traumatiza a túnica íntima vascular ou o endocárdio, e também predispõe a uma maior adesão de plaquetas. No fluxo sanguíneo laminar ou normal, a porção mais periférica da coluna sanguínea está livre de todos os elementos figurados, mas, no fluxo turbulento, as plaquetas tocam o endotélio com maior frequência, fato comum em bifurcações arteriais e sacos aneurismáticos. Hipercoagulabilidade: São modificações na composição do sangue que facilitam a trombose. Disfunções primárias (genéticas) ou secundárias (adquiridas). Trombocitose: aumento do número de plaquetas Hipercoagulabilidade: aumento da taxa dos fatores de coagulação Redução da atividade fribrinolitica: diabetes Aumento da viscosidade do sangue: queimaduras GABRIELLA PACHECO – MED102 Trombos podem desenvolver-se em qualquer lugar do sistema cardiovascular. Em todas as tromboses é possível identificar uma área mais firme, que é a área de ligação ao vaso ou parede subjacente. É formado por hemácias, plaquetas e fibrinas. Trombos venosos: propensão a fragmentação -> êmbolo Trombos murais: Trombos arteriais nas câmaras cardíacas ou lúmen aórtico. Trombos no coração ou aorta podem ter laminações aparentes: Linhas de Zahn Classificação do trombo: Trombos arteriais: artérias coronárias, cerebrais e femorais. Trombos venosos (flebotrombose): 90% veias dos membros inferiores; plexo periprostático, veias ovarinas e periuterina; veia porta e veias hepáticas (raro). Destinos do trombo: → Propagação e obstrução: Acúmulo de mais plaquetas e fibrina, podendo levar a obstrução do vaso; → Embolização: Deslocamento para outros locais da vasculatura; → Dissolução: Remoção pela atividade fibrinolítica; → Organização (incorporação e recanalização): Restabelecendo o fluxo sanguíneo vascular; → Colonização de germes. GABRIELLA PACHECO – MED102 EMBOLIA Transporte pelo sangue de fragmentos soltos (sólidos, líquidos ou gasosos) a pontos distantes de sua sede de origem. Circulação pulmonar ou sistêmica são acometidas por êmbolos. A maioria dos casos os êmbolos de originam de trombos, chamados de tromboembolismo. Tipos de êmbolos: → Sólidos: Trombo (mais comum), metástase tumoral, corpos estranhos; → Líquidos: Detritos ateroscleróticos (êmbolo de colesterol), medula óssea; → Gasosos: Bolhas de nitrogênio. ❖ Tromboembolismo Pulmonar: Formação de trombos nas veias do membro inferior (acima do nível do joelho), esse trombo emboliza para a circulação pulmonar. Quando for pequeno pode causar infarto pulmonar, comprometendo a circulação pulmonar. Pequenos êmbolos podem ser clinicamente inaparentes. Forma mais comum: embolia pulmonar→ grave Êmbolos grandes (diâmetro aproximado das veias femorais) podem se alojar na emergência do VD, nos ramos principais da artéria pulmonar ou na sua bifurcação (êmbolo em sela) → geralmente evolui com morte súbita. Êmbolos de tamanho médio não determinam lesão em indivíduos sadios, nos quais a circulação colateral pelas artérias brônquicas se faz de maneira eficiente. Quando múltiplos e repetitivos→ comprometimento da microcirculação pulmonar→ hipertensão pulmonar Trajetória: canais do lado direito do coração até artéria pulmonar. → Artéria pulmonar principal (êmbolo em sela) → Arteríolas menores ramificadas Embolo em sela: trombose venosa profunda do membro inferior impactado em um ramo da artéria pulmonar. Morte súbita (insuficiência cardíaca direita) → 60% ou mais da circulação pulmonar é obstruída. GABRIELLA PACHECO – MED102 ❖ Tromboembolismo Sistêmico: Êmbolos que se propagam dentro da circulação arterial. 80% são trombos murais intracardíacos. Se originam em trombos das cavidades esquerdas do coração (IAM e endocardite), raramente de trombos da aorta e grandes artérias (aterosclerose). Destinos: Artérias do cérebro, extremidades inferiores (75%), baço e rins. Consequência: Dependente do aporte vascular colateral no tecido afetado, da vulnerabilidade do tecido a isquemia e do calibre do vaso ocluído. Embolia gasosa: Introdução de bolhas gasosas na circulação. Circunstâncias em que se produzam soluções de continuidade na parede dos vasos, principalmente veias, procedimento obstétrico, lesão da parede torácica. Doença da descompressão → Indivíduos expostos a mudanças bruscas na pressão atmosférica (mergulhadores, pesca submarina, construtores subaquáticos). GABRIELLA PACHECO – MED102 Embolia gordurosa: Presença de glóbulos de gordura na circulação sanguínea. Fraturas extensas de ossos largos, trauma de tecido mole e queimadura. Oclusão de vasos da microcirculação → Pulmão, cérebro, rins, pele, coração. Embolia de medula óssea: Fragmentos de medula óssea (gordura e células hematopoiéticas) na circulação sanguínea. Traumatismo ósseo. Embolia de líquido amniótico: Líquido amniótico penetra por seios venosos uterinos rompidos e emboliza → trabalho de parto tumultuoso. Causa importante de mortalidade maternal. Líquido amniótico é rico em tromboplastina → induz coagulação intravascular disseminada → grave INFARTO Área localizada de necrose isquêmica que se segue à anóxia ou hipóxia de um tecido ou órgão. Isquemia: Deficiência do suprimento de sangue (anóxia ou hipóxia) em determinada área de tecido ou órgão pela oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa. Pode ser arterial ou venoso (trombose, embolia, ateromas, vasculites, compressões, torções); anêmicos ou hemorrágicos. Etiologia Trombose,embolia, compressão vascular venosa ou arterial, aterosclerose, espasmo arterial, torção de pedículo de uma víscera GABRIELLA PACHECO – MED102 Classificação Infarto branco ou anêmico: Relacionado à oclusão arterial, vista em órgãos sólidos (fígado, pâncreas, rim, baço), caracteristicamente isquêmico. Na periferia do infarto → vasos congestos (halo hiperêmico-hemorrágico). Infarto vermelho ou hemorrágico: Relacionado à oclusão venosa, visto em tecidos frouxos (pulmão, intestino, testículo), tecidos com dupla circulação, tecidos previamente congestionados. Podem ou não ser acometidos por alguma colonização ou microorganismo. Áreas localizadas de necrose, com hemorragia maciça isolada. Forma em cunha: ápice voltado para o vaso ocluído que lhe deu origem Início: área pouco definida, discretamente mais escura e mais consistente que o tecido normal circulante. 12-24h: área mais demarcada, com coloração mais acentuada → nos órgãos sólidos, o infarto apresenta-se mais pálido que o tecido adjacente e nos órgãos esponjosos, as colorações sanguíneas tornam o infarto de coloração vermelho- azulada. Após alguns dias: o infarto anêmico assume coloração branco-amarelada, com contorno bem definido e circundado por halo avermelhado de hiperemia, no infarto hemorrágico a demarcação é menos nítida. GABRIELLA PACHECO – MED102 Necrose: visível após 6-18 horas de oclusão vascular Necrose de coagulação: acidofilia acentuada do citoplasma, associada a picnose e cariorrexe nuclear Exsudato inflamatório → enzimas lisossômicas dos neutrófilos promovem lise das células necróticas. Macrófagos removem os detritos celulares Tardio: fibroblastos iniciam o processo de reparação e fibrose. ❖ Infarto Agudo do Miocárdio Depois de cerca de 3 semanas a área de infarto vai cicatrizar e encontra-se fibrose: Exceção: tecido nervoso → necrose de liquefação Material desintegrado é removido pela micróglia: macrófago do sistema nervoso Cicatrização: proliferação dos astrócitos → glicose = processo equivalente a fibrose em outros órgãos Consequências determinadas por: 1. Natureza da oferta vascular: Dupla oferta sanguínea arterial x circulação terminal; 2. Taxa de desenvolvimento da oclusão: Oclusão rápida x oclusão lenta (formação de colaterais); 3. Vulnerabilidade de um determinado tecido a hipóxia: Neurônios x fibroblastos; 4. Conteúdo de oxigênio sanguíneo: Paciente hígido x comorbidades (DPOC, insuficiência cardíaca).
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