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Doenças do arroz

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Doenças do arroz 
 
 O arroz (Oriza sativa) é uma gramínea anual, classificada no grupo de plantas C-3, 
adaptada a ambientes aquáticos, esta adaptação é devido à presença de aerênquima no colmo e 
nas raízes das plantas, possibilitando a passagem de oxigênio do ar para a camada da rizosfera 
(SOSBAI, 2005). É uma importante cultura agrícola, sendo o Rio Grande do sul o maior 
produtor do Brasil, responsável por 58,9% da produção nacional (IBGE, 2006). Considerado 
o alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas e segundo estimativas, até 2050 haverá 
uma demanda para atender ao dobro desta população (ALONÇO et al,2006). A maioria dos 
países produtores não dispõe de área agriculturável necessária para expansão da produção, 
portanto, a maior demanda deve ser atendida pelo aumento da produtividade (FREITAS, 
2007). A produção anual de arroz do país é de aproximadamente 606 milhões de toneladas. 
 Nesse cenário, o Brasil participa com 13.140.900t (2,17% da produção mundial) e 
destaca-se como único país não-asiático entre os 10 maiores produtores (FAO,2006). A nível 
mundial, a Ásia é responsável por 88,95% do consumo mundial, seguida das Américas 
(4,94%), África (4,91%), Europa (1,03%) e Oceania (0,16%). Tanto a produção quanto o 
consumo ocorrem principalmente nos países em desenvolvimento. (YOKOYAMA et al., 
2000). 
 O arroz é um dos alimentos com melhor balanceamento nutricional, fornecendo 20% da 
energia e 15% da proteína per capita necessária ao homem, e sendo uma cultura 
extremamente versátil, que se adapta a diferentes condições de solo e clima, é considerado a 
espécie que apresenta maior potencial para o combate a fome no mundo.( ALONÇO et AL; 
2005). 
 Nos últimos seis anos, a produção mundial aumentou cerca de 1,09% ao ano, enquanto 
a população cresceu 1,32% e o consumo 1,27%, havendo grande preocupação em relação a 
estabilização da produção mundial. ( ALONÇO et AL; 2005 ). 
 
 
 
Doenças do arroz (Oryza sativa L.) 
 
BRUSONE 
 
 É a doença mais importante do arroz e os primeiros registros foram feitos na China por 
volta de 1600. A brusone é encontrada em praticamente todas as regiões onde o arroz é 
cultivado em escala comercial. As perdas são variáveis de acordo com a espécie cultivada e 
dos fatores climáticos. No Brasil, os dados mostram que a perda de peso de grãos varia de 8 a 
14% e experimentos realizados em condições de campo mostra que o numero de espiguetas 
vazias variam de 19 a 55%. 
 
SINTOMAS 
 
 Ocorre em toda a parte aérea da planta desde os estágios iniciais de desenvolvimento 
até a fase final de produção de grãos. Nas folhas os sintomas iniciam-se por pequenos pontos 
de coloração castanha, que posteriormente evoluem para manchas elípticas, com extremidades 
agudas, que quando isoladas e completamente desenvolvidas, variam de 1 a 2 cm de 
comprimento por 0,3 a 0,5 cm de largura. Estas manchas crescem no sentido das nervuras, 
apresenta um centro cinza e bordo marrom-avermelhado às vezes é circundada por um halo 
amarelado. No centro sobre o tecido necrosado esta as estruturas reprodutivas do patógeno. A 
redução da área foliar fotossintetizante tem reflexo sobre a produção de grãos diminuindo-a. 
Quando a doença ocorre severamente nos estágios iniciais de desenvolvimento o impacto é 
tão grande que a queima das folhas leva a planta à morte. 
Nos colmos, as lesões localizadas na região dos entre-nós apresentam manchas 
elípticas escuras com o centro cinza e bordo marrom-avermelhado que crescem no sentido do 
comprimento podendo atingir grandes proporções. Já as lesões localizadas nos nós 
apresentam cor marrom que podem atingir as regiões do colmo próximas aos nós atacados, às 
lesões provocam a ruptura do tecido da região nodal, que causa a morte da parte situada acima 
deste ponto e a quebra do colmo que permanece ligado à planta. 
Nas panículas a doença podem atingir o raque, as ramificações e o nó basal. As 
manchas no raque e nas ramificações são marrons e sem forma definida. A infecção no nó 
basal é conhecida pelo nome de brusone de pescoço que apresenta uma lesão marrom que 
circunda a região nodal provocando seu estrangulamento. 
Quando os grãos são atacados apresentam manchas marrons nas glumas e glumelas 
que podem ser confundidas com sintomas causados por outros fungos. 
 
ETIOLOGIA 
 
 A brusone é causada pelo fungo Magnaporthegrisea, que corresponde ao estádio 
amórfico Pyriculariagrisea. 
As condições ambientais influencia o desenvolvimento do fungo. Afaixa de 
temperatura em que ocorre a esporulação é de 10 a 35°C sendo a temperatura ótima em torno 
de 28°C e a umidade relativa atinge no mínimo 93%. A liberação não é muito influenciada 
pela temperatura que ocorre na faixa de 15 a 35°C e necessita de água livre, já o processo de 
germinação é favorecido quando a temperatura esta entre 25 e 28°C e a umidade relativa está 
próxima a 93%. 
O patógeno pode sobreviver em restos culturais na forma de micélio ou conídios, nas 
sementes, em hospedeiros alternativos e plantas de arroz que permanecem no campo. A 
disseminação ocorre através do vento. 
 
CONTROLE 
 
 A utilização de variedades resistentes ou moderadamente resistentes, realizar o plantio 
dentro do período mínimo de tempo e iniciado no sentido contrario à direção predominante do 
vento, manter barreiras de mata dentro da área de plantio, a eliminação de plantas de arroz 
remanescentes da safra anterior na área de plantio. 
 Deve-se manter a área livre de ervas daninhas que podem vir a atuar como hospedeiros 
intermediários. Recomenda-se que os grãos sejam colhidos com 22% de umidade ou quando a 
panícula tiver 2/3 dos grãos maduros. 
O controle também é feito através do uso de fungicidas no tratamento de sementes e da 
parte aérea. Os produtos comumente recomendados estão o benomyl, blasticidin-S, 
carbendazin, carboxin, edifenphos, triciclazol, maneb e kitazin. 
 
MANCHA PARDA 
 
Está amplamente distribuída nas regiões produtoras de arroz. A mancha parda em 1942 
foi responsável por causar a catástrofe de Bengala. Nesta ocasião a doença expressou seu 
potencial destrutivo, porém as perdas atribuídas a ela não são tão drásticas, chegam a ser 
significativas em função da susceptibilidade da variedade e as condições ambientais 
favoráveis. Por ser frequentemente confundida com a brusone a importância da mancha parda 
está sendo subestimada. 
Os danos da doença são decorrentes da infecção dos grãos, da redução da germinação 
das sementes, da morte de plântulas originadas de sementes infectadas e da destruição de área 
foliar. Ensaios realizados com seis variedades na região norte do Brasil relatou uma redução 
de 30% na produção. 
 
SINTOMAS 
 
São encantados nas folhas, grãos, coleóptilo, ramificações da panícula e da bainha. 
Nas folhas as manchas inicialmente são pequenas, arredondadas e de coloração marrom, 
posteriormente elas se tornam ovaladas, de coloração marrom-averelhada e um centro cinza. 
Nos grãos as manchas são marrom escuro ou marrom-averelhado. Em ataques severos as 
manchas podem vir a cobrir parcialmente ou totalmente a superfície dos grãos, causando 
chochamento, redução de peso e gessamento. 
Os coleóptilos originados de sementes infectados podem apresentar pequenas manchas 
marrom-averelhado. Sementes que sofrem ataques severos sofrem redução do poder de 
germinação e os coleóptilos formados podem vir a morrer. 
 
ETIOLOGIA 
 
Causada pelo fungo Bipolarisoryzae. 
O desenvolvimento do fungo é influenciado pela temperatura, umidade, luz, pH e 
elementos nutricionais. A temperatura ótima é em torno de 28°C, a germinação é favorecida 
de 25 a 30°C, a produção de canídeos varia de 5 a 38°C. A esporulação é estimulada ou 
inibida pela ausência, presença ou alternância de luz. 
A sobrevivência ocorre geralmente em restos de cultura, sementes infectadas, em 
plantas de arroz e hospedeiro alternativos. A infecção é favorecida pela presençade água livre 
na superfície foliar, porém uma umidade de 89% já é o suficiente. 
 
CONTROLE 
 
Para o controle da mancha parda recomenda-se utilizar variedades resistentes, 
sementes sadias ou sementes tratadas para reduzir o inóculo inicial ou práticas culturais como 
o uso de adubação adequada, manutenção de um bom manejo de água. A rotação de culturas e 
eliminação de gramíneas das proximidades das áreas alternativas com arroz desfavorece a 
sobrevivência do fungo. 
 
ESCALDADURA 
 
O primeiro relato foi feito em 1955, no Japão. Sua ocorrência tem sido identificado em 
diferentes partes do mundo onde o arroz é cultivado. No Brasil a escaldadura já foi encontrada 
em quase todo o território, sendo na região norte particularmente importante. Na cultura de 
sequeiro a ocorrência de chuvas contínuas e de longos períodos de orvalho são favoráveis ao 
seu desenvolvimento, por isso nas regiões tropicais a escaldaduratem um papel relevante. 
 
SINTOMAS 
 
Os sintomas ocorre nas folhas, bainha, partes da panicula e grãos. Na folha os 
sintomas são manchas verde-oliva opaca que iniciam-se pelo ápice e/ou pelas margens, 
posteriormente as áreas atacadas exibem uma sucessão de faixas concêntricas, onde pode ser 
observados uma alternância de faixas marrom-claro e faixas marrom-escuro. Outro tipo de 
sintoma que pode aparece são pequenas manchas de coloração marrom, sem forma definida 
que se distribuem por toda a superfície foliar. 
 
ETIOLOGIA 
 
O patógeno sobrevive em restos de cultura, sementes e hospedeiros alternativos. O 
desenvolvimento do fungo é favorecido em temperaturas entre 20 e 30 °C, a germinação do 
conídio exige a presença de um filme de água na superfície da folha. 
 
 CONTROLE 
 
 A intencidade da doença aumenta com a alta densidade de plantas e o menor 
espaçamento entre linhas. O excesso de nitrogênio favorece o rápido desenvolvimento das 
manchas. 
Recomenda-se que observe-seo espaçamento e a densidade adequados para a 
instalação da cultura; bem como o uso de adubação balanceada principalmente de nitrogênio. 
Há poucas informações sobre variedades resistentes. Algumas variedades foram 
testadas com a inoculação artificial e mostraram variações quanto ao grau de resistência. 
 
 
Outras doenças 
 
MANCHA ESTREITA 
 
É causada pelo fungo Cercosporaoryzaee foi relatada pela primeira vez no Japão em 
1910. As manchas são estreitas, finas, necróticas, alongadas no sentido das nervuras e cor 
marrom-avermelhada. 
A medida mais indicada para evitar e/ou diminuir as perdas é o uso de variedades 
resistentes. A utilização de sementes sadias ou tratadas, eliminação de arroz vermelho e a 
rotação de culturas contribui para o controle da doença. 
 
QUEIMA DAS GLUMELAS 
 
Cauda pelo fugo Phomasorghinasua primeira aparição no Brasil foi em 1975. 
Quando a infecção ocorre antes da emergência das panículas, os grãos vão apresentar 
manchas de coloração marrom-averelhada. Já quando a infecção ocorre após a emergência das 
panículas, durante a formação dos grãos, estes apresentam manchas tipicas de coloração 
marrom-averelhada com o centro claro (branco ou cinza). 
A sobrevivência do fungo ocorre em restos de cultura e sementes contaminadas, por 
isso o método de controle é o uso de sementes sadias e tratadas. 
 
 
 
 
 
Referências 
ALONÇO et al. Importância Econômica, Agrícola e Alimentar, 20006. Disponível 
em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/ArrozIrrigadoBrasil/cap01.ht
m>. Acesso em: 20 de julho. 2013 
FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations.Statistical databases. 
Acesso em: 20 junho. 2013 
 
FREITAS, Thaís Fernanda Stella. Densidade de semeadura e adubação nitrogenada 
em cobertura na época de semeadura tardia de arroz irrigado. 2007. p 1-7. Dissertação 
(mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Curso de pós graduação em 
fitotecnia. 
IBGE. Produção Agrícola Municipal 2006: cereais, leguminosas e oleaginosas. 
Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/pam/default.asp>. Acesso em: 14 
junho. 2013 
SOSBAI. Arroz Irrigado: Recomendações da pesquisa para o Sul do Brasil. Santa 
Maria: Alonço, 2006. 
YOKOYAMA, L.P.; MENDEZ DEL VILLAR, P.; UTUMI, M.M.; GODINHO, V.P.C. 
Diagnóstico da cadeira produtiva do arroz em Rondônia. Santo Antônio de Goiás: 
Embrapa Arroz e Feijão, 2000. 52p. (Embrapa Arroz e Feijão. Documentos, 110). 
 
 
http://www.sidra.ibge/
http://gov.br/bda/pesquisas/pam/default.asp

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