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História e teoria da arquitetura e do urbanismo Brasil prevalência da arquitetura carioca Brasil - primeira metade do século XIX 1808 - chegada da família real portuguesa no Brasil - primeiro em Salvador e depois no Rio de Janeiro. Ao desembarcar no Rio de Janeiro a corte desfilou por uma cidade que mal escondia as suas mazelas. Sem esgotamento, os dejetos eram despejados nas ruas balizadas por alguns casarões de pouco luxo. Completavam o cenário urbano sobrados, ruas estreitas e mal cheirosas, comércio a céu aberto e algumas chácaras em áreas mais distantes do centro. 1816 - chega ao Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa, chefiada por Joachi Lebreton. (Napoleão foi derrotado em 1815, e aproveitando-se das insatisfações de artistas e estudiosos franceses que, por serem admiradores de Napoleão, se sentiam indesejáveis com o restabelecimento do absolutismo na França, D. João VI trouxe-os para o Brasil) Alguns dos artistas que faziam parte da Missão: . Nicolas-Antoine Taunay . Jean-Baptiste Debret . Auguste-Henri-Victor Grandjean Montigny Grupo responsável pela criação da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, em 1826 transformada em Academia Imperial de Belas-Artes 1822 - Independência do Brasil = mudanças significativas, recriando a estrutura da província. 1888 - Abolição da escravatura (decretada a Lei Áurea - princesa Isabel) Antes do século XIX era possível registrar algumas edificações com influência clássica em várias regiões da colônia. Antiga Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica (Ouro Preto) Projetada e iniciada nas últimas décadas do século XVIII Capitólio Italiano, Michelangelo (1536-1546) Primeira metade do século XIX Igreja Nossa Senhora da Candelária, Rio de Janeiro concebida no séc. XVII, foi reformada no séc. XVIII Real Teatro São João, Rio de Janeiro, 1810 projeto de Marechal de Campo José Manuel da Silva Teatro São Carlos, Lisboa Basílica da Estrela, Lisboa O verdadeiro neoclássico foi introduzido pela Missão Artística Francesa, que veio ao Brasil em 1816. Grandjean Montigny, fundador da Escola de Belas-Artes do Rio exerceu considerável influência - ele impôs um neoclassicismo puro. Fachada da Academia Imperial de Belas-Artes Rio de Janeiro (1826) Auguste-Henri-Victor Grandjean Montigny O método inspirado por Montigny era inspirado na composição de grandes obras clássicas do passado. Tanto o Senado Imperial e a Catedral de São Pedro de Alcântara tiveram suas volumetrias inspiradas no Panteão Romano. projeto não construído Primeira metade do século XIX A volumetria neoclássica acabou se manifestando através de quatro soluções principais: . adoção de pórtico com ordens superpostas, com dois ou três pavimentos de altura, enquanto o restante da composição permanecia apenas com o térreo. . pórtico com a mesma altura do restante do edifício, de influência palladiana. . pórtico que avançava além do alinhamento da fachada, gerando um porte cochère, protegendo os passageiros dos coches e carruagens. . partido adotado segundo os templos romanos. Primeira metade do século XIX Pórtico em destaque Pórtico avançado TemploPórtico alinhado a fachada Projeto do prédio da Academia Imperial de Belas Artes publicado por Debret, segundo Montigny Casa do Conde de Itamaraty, Rio de Janeiro José M. Jacinto Rebelo, 1854 A volumetria neoclássica acabou se manifestando através de quatro soluções principais: . adoção de pórtico com ordens superpostas, com dois ou três pavimentos de altura, enquanto o restante da composição permanecia apenas com o térreo. . pórtico com a mesma altura do restante do edifício, de influência palladiana. Primeira metade do século XIX Palácio Imperial de Petrópolis, 1845 Antiga Casa de Câmara e Cadeia, Maricá (RJ) A volumetria neoclássica acabou se manifestando através de quatro soluções principais: . pórtico que avançava além do alinhamento da fachada, gerando um porte cochère, protegendo os passageiros dos coches e carruagens. . partido adotado segundo os templos romanos. Primeira metade do século XIX Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro. A adoção desses partidos ocorreu devido à precariedade da região, que não contava com profissionais capacitados para orientar a construção, muitas vezes entregues para mestres de obras, que acumulavam os papéis de projetista e construtor. O resultado eram edificações que mantinham muitos elementos adotados nos partidos tradicionais, já consolidados e uma mescla de opções clássicas ou de um ecletismo iniciante. Primeira metade do século XIX A ausência do frontão triângular ocorreu com significativa frequência no Brasil Casas - influência portuguesa: fachadas semelhantes, alinhadas à rua Edifícios públicos - influência francesa: Neoclassicismo, ecletismo... Rua Florêncio de Abreu, 1902 Secretarias de Estado Século XIX Casas urbanas no século XIX - 1800-1850 Conservando-se as formas de habitar dependentes do trabalho escravo, não havia margens para grandes mudanças. Um novo tipo de residência, a casa de porão alto, representa uma transição entre os velhos sobrados e as casas térreas. Croqui de sobrado com porão alto Quadro da Arquitetura do Brasil Nestor Goulart Reis Filho Pequena escada em seguida à porta de entrada Porão Casas urbanas no século XIX - 1850-1900 Com a decadência do trabalho escravo e com o início da imigração européia, desenvolveu-se o trabalho remunerado e aperfeiçoaram-se as técnicas construtivas. As cidades e as residências são dotadas de serviços de água e esgoto, valendo-se de equipamentos importados. Surgem nessa época as casas urbanas com novos esquemas de implantação, afastados dos vizinhos, com jardins laterais e com decoração eclética Residência com entrada lateral, Taubaté - São Paulo Quadro da Arquitetura do Brasil Nestor Goulart Reis Filho Arquitetura rural no século XIX O declínio da produção aurífera provocou significativas transformações não apenas no modelo econômico vigente, mas também na ocupação do território. Apesar de tentativas anteriores, apenas em meados do século XIX, com a ocupação do Vale Paraíba do Sul, a cultura do café tornou-se expressiva. Fazenda do Retiro, 1881 casa-grande ou sede (geralmente de 1 ou 2 pavimentos) planta em quadra ou “quadrilátero funcional” composto pela sede da fazenda e os agenciamentos secundários responsáveis pela produção (senzala, estábulos, pátio de secagem, tulhas, casa de beneficiamento, armazém) Fazenda Pau d’Alho, São José do Barreiro, SP - fins do século XVIII Arquitetura rural no século XIX Com a abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889), a aristocracia cafeeira sofreria um ligeiro abalo, rapidamente superado com o aumento da contratação de mão de obra “assalariada” do imigrante. Hospedaria dos Imigrantes - Brás, São Paulo - 1887 As estações ferroviárias As estradas de ferro eram fundamentais para escoar a produção do café e de passageiros. Desde meados do século XIX, quando foi inaugurada a estação Guia de Pacobaíba, em Magé (RJ), a malha ferroviária continuou em franca expansão. A maioria se constituía em reduzidas edificações, apenas com o essencial para o seu funcionamento. Geralmente eram construídas em alvenaria de tijolos maciços, aparentes, com a estrutura metálica guarnecendo as marquises das plataformas. Mas algumas adotavam linguagem mais peculiar. Estação de Guia de Pacobaíba, RJ. Primeira inaugurada no Brasil, em 1854. Estação de Bananal, SP. Construção pré-fabricada na Bélgica, em 1888. Surge em 1867 a São Paulo Railway – SPR, ligando Santos a Jundiaí, a primeira ferrovia do estado de São Paulo. Estação da Luz, inaugurada em 1901 Estação Brás, final do século XIX As estações ferroviárias São Paulo, 1809 Triângulo Histórico de São Paulo, 1809 São Paulo, 1905 São Paulo, 1905 Início do século XX A arquitetura brasileira apresentava uma arquitetura sem originalidade: imitações. Reproduções mais ou menos fiéis, e verdadeiras miscelâneas de estilos históricosfloresceram no Rio de Janeiro, em São Paulo e em outras cidades grandes do país. No entanto podemos observar diferenças regionais, especialmente no Rio de Janeiro, a capital federal, e em São Paulo, a metrópole com grande crescimento graças à comercialização do café. Reformas urbanas Começam no final do século XIX com a demolições de cortiços devido às questões higienistas. Francisco Pereira Passos, quando prefeito do Rio (1902-1906), destruiu parte do centro antigo para abrir amplas avenidas das quais a principal foi a Avenida Central (hoje Rio Branco) - influência de Paris (plano Haussmann). Demolições para a construção da Avenida Central, 1904-1905 Reformas urbanas Museu Nacional de Belas Artes, 1908 - Rio de Janeiro (influência: Louvre de Visconti e Loufel) Adolpho Morales de Los Rios (1858-1928) Construído para abrigar a Instituição de Belas-Artes e suas coleções, que já não cabiam no edifício de Montigny. Elementos que provêm do Louvre: pavilhões com coberturas em mansardas (retos na extremidade, convexos no centro), arcadas em arco- pleno flanqueadas por maciços pilares com ranhuras no pavimento térreo, ordem coríntia, cariátides no ático dos pavilhões, alternância de frontões triangulares e circulares) No momento em que se aplicava o princípio de Haussmann, quase todos os edifícios públicos obedecem aos estilos classicizantes. Reformas urbanas Teatro Municipal, 1909 - Rio de Janeiro (influência: Ópera de Garnier) Francisco de Oliveira Passos (1836 - 1913) Jockey Clube, 1912 - Rio de Janeiro Heitor de Mello (1875 - 1920) Polícia Central, 1910 - Rio de Janeiro Heitor de Mello (1875 - 1920) Prefeitura, 1914 - Rio de Janeiro Heitor de Mello (1875 - 1920) Hotel Copacabana Palace (hotel e cassino), 1920 - Rio de Janeiro André Gire (1872-1933) planta do hotel = perfeitamente acadêmica e simétrica Depois da Primeira Guerra Mundial, a influência francesa foi reforçada pela presença de vários arquitetos vindos da França. Conservam princípios do classicismo (simetria, senso de proporção...), mas procuram romper com o passado, tirando proveito de novos materiais, especialmente do concreto armado. O caso de São Paulo Até 1880 a cidade tinha aspecto colonial. A ruptura se firma com a construção do monumento comemorativo da independência - inaugurando a era italiana em São Paulo Museu Paulista, 1882-85 - Ipiranga - São Paulo Tommazio Bezzi (1844-1915) O caso de São Paulo Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928) Arquiteto brasileiro, participou da fundação da Escola Politécnica e se tornou diretor do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. É considerado o principal protagonista do estilo eclético. Teatro Municipal de São Paulo, 1903-11 Projeto de Cláudio Rossi, desenhos de Domiziano Rossi e construção pelo Escritório Técnico de Ramos de Azevedo Mercado Municipal de São Paulo, 1924-33 Escritório Técnico de Ramos de Azevedo Art Nouveau No Brasil, foi aplicado em palacetes e edifícios públicos, porém poucos imóveis que adotavam o estilo de forma integral resistiram ao tempo. Vila Penteado, São Paulo - SP. Karl Ekman, 1902. Residência Horácio Sabino, São Paulo - SP. Victor Dubugras, 1903. (Av. Paulista c/ Augusta) Estação de Mayrink, Mairinque - SP. Victor Dubugras, 1906. No início do século XX intelectuais brasileiros (a vanguarda nacional), além da transposição de um novo conjunto de conceitos recebidos da vanguarda europeia,- possibilitando um “arejamento” dos valores sociais e ideais estéticos, considerados reacionários, da elite dirigente (República Velha), se perguntavam: qual seria a genuína Identidade do Povo Brasileiro? Para eles, não bastava a simples transposição de uma nova cultura estrangeira. Seria necessário entendê- la e absorvê-la naquilo que servisse, mesclando o “pensamento novo do exterior” e amalgamando-o às condições sociais, políticas, geográficas e à herança cultural genuinamente brasileira, de maneira a se obter daí uma nova arte nacional e nacionalista, contagiada pela contemporaneidade europeia, porém sustentada por elementos e valores da herança, identidade e cultura nacionais. Vanguarda Nacional O Neocolonial 1914 - Conferência A Arte Tradicional no Brasil, proferida pelo engenheiro português Ricardo Severo, é considerada o marco inaugural do movimento Neocolonial. Destaque à modéstia do patrimônio arquitetônico brasileiro. Objetivo: localizar as origens portuguesas da arquitetura brasileira do período colonial. Ilustrações apresentadas em A Arte Tradicional no Brasil Ricardo Severo (1869-1940). No alto, exemplos de janelas de rótula e de guilhotina; ao lado muxarabis de acabamento retilíneo e curvo. Abaixo, exemplo de casa litorânea (Itanhaém) com beiral de telhas; à direita, beirais com cachorros de madeira simples e ornamentados; em cimalha; e a chamada “beira-sobeira”ou “beira-seveira”, construída com telhas e utilizada na pequena morada. Duas pequenas casas brasileiras - Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil Jean Baptiste Debret (1768-1848) O Neocolonial Jean Baptiste Debret (1768-1848) Referência: estudos de Debret Palacete Numa de Oliveira, 1916 - Avenida Paulista Ricardo Severo (1869-1940) Monumento comemorativo ao centenário da Independência, 1922 - Caminho do Mar Victor Dubugras (1868-1933) O Neocolonial varandas sustentadas por colunas toscanas azulejostelhados com largos beirais com telhas capa-canal Obras modernas, com diferentes planos nas distribuições das massas, mas concebidas de modo a evocar uma arquitetura do passado. O começo da arquitetura “moderna” “(...) os estilos históricos não desapareceram de um momento para o outro, o movimento “moderno” não surgiu repentinamente. Por mais que assim possa parecer, ele é no entanto resultado da evolução do pensamento de alguns grupos de intelectuais brasileiros, especialmente paulistas, evolução essa que criou um mínimo de condições favoráveis, sem as quais as primeiras realizações do gênero não terial frutificado.” Yves Bruand - A arquitetura contemporânea no Brasil. A vanguarda paulista Os movimentos de vanguarda europeus, que agitaram as letras e as artes no início do século XX, não tiveram repercussão alguma no Brasil, até o término da I Guerra Mundial. 1912 - poeta Oswald de Andrade toma conhecimento do Manifesto de Marinetti e empenha-se na divulgação dos princípios futuristas: mesmo rejeitando os valores do passado, utiliza os mesmos para exigir uma arte “nacional”. 1913 - exposição de Lasar Segall 1914 e 1917 - exposições de Anita Malfatti 1922 - Semana de Arte Moderna Catálogo da Semana de Arte Moderna, 1922 A Semana de Arte Moderna Diversos literatos, 4 pintores (Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do rego Monteiro e John Graz), 1 escultor (Brecheret) e 1 compositor (Villa-Lobos) participaram da Semana. O arquiteto: Antonio Garcia Moya - autor de casas inspiradas na tradição mourisca espanhola, que em suas horas livres, desenhava uma arquitetura visionária que agradava aos “futuristas”. Projeto de residência, 1928 Antonio Garcia Moya (1891-1949) Desenho arquitetônico (carvão sobre papel), 1921 Antonio Garcia Moya (1891-1949) Art Déco A estética Art Déco gradativamente invadiu todos os setores da vida do homem da década de 1920 - de objetos cotidianos aos arranha-céus. Empire State Building - Nova York, 1931 William F. Lamb (1893 - 1952) Antigo Banespa - São Paulo, 1939-47 Plínio Botelho do Amaral 102 pavimentos e 400m de altura estátua do Cristo Redentor - Rio de Janeiro, 1931 Heitor da Silva Costa Estádio Municipal do Pacaembu Biblioteca Municipal Mario de Andrade Túnel do Trianon Ponte das Bandeiras Gregori Warchavchik A Semana de Arte Moderna abriu novas perspectivas para a arquitetura e Gregori Warchavchik, arquiteto russo, soube aproveitar esta oportunidade. 1927 - projeta a primeira obra pessoal: sua própria residência, à Rua Santa Cruz. Obstáculos: censuras, falta de materiais industrializados... Inovações: somente no campoestético. Casa do arquiteto, 1927-28 Gregori Warchavchik (1896-1972) Projeto da fachada apresentada ao serviço de censura Fachada da casa construída Casa da Rua Itápolis, 1929-30 Gregori Warchavchik (1896-1972) São Paulo X Rio de Janeiro A obra de Warchavchik representou uma etapa necessária, já que tornou possível o rompimento com a influência da tradição e o estabelecimento de um novo vínculo com as correntes vivas da arquitetura internacional. Porém, não conseguiu impor essa arquitetura de modo definitivo. O passo decisivo foi dado alguns anos mais tarde no Rio de Janeiro, então Capital Federal, por uma equipe totalmente brasileira liderada por Lúcio Costa, inspirado em Le Corbusier. O começo da arquitetura “moderna” no RJ Até 1930, a arquitetura “moderna” no Rio de Janeiro não contava com nenhum adepto. Lúcio Costa, reconhece ter dúvidas a respeito do movimento europeu que dominava a Escola de Belas- Artes, dominada pelo modismo do neocolonial. Lúcio Costa é influenciado por Le Corbusier a partir de sua primeira visita ao Brasil e uma conferência feita por ele na Escola Nacional de Belas Artes, em dezembro de 1925. Percebeu no movimento racionalista, possibilidades de expressão e renovação arquitetônica até então insuspeitadas. Cidade de Monlevade, 1934 Lúcio Costa (1902-1998) pilotis (solução lógica para terreno acidentado) Preocupações sociais, análise das condições naturais, emprego vantajoso da técnica moderna, e o propósito de impor-se ao meio circundante - características das obras de Le Corbusier concreto armado Década de 30 Com a ascensão de Getúlio Vargas, a partir de 1930, o governo federal perseguirá um forte desejo de construir um país moderno, enraizado no urbano. Era esta a imagem requerida para o novo Brasil. Um país nacionalista, que buscava agora perseguir e transmitir para o mundo uma imagem progressista e moderna, buscando se inserir o nosso país a trajetória dos países desenvolvidos. Será um político ligado a Getúlio, o Ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema, então envolvido com fortes laços de amizade e relacionamento com a jovem vanguarda artística nacional, o encarregado de aproximar esta geração de intelectuais, incorporando-os ao projeto desenvolvimentista e nacionalista desejado por Getúlio Vargas. O presidente Getúlio Vargas, o ministro Gustavo Capanema e outros - inauguração do prédio do Ministério da Educação e Saúde, 1945 (RJ) O IPHAN, inicialmente denominado SPHAN, órgão federal, foi criado em 13/1/1937, pela Lei no 378/1937 e opera no sentido da proteção dos bens culturais considerados representativos de diversos segmentos da cultura brasileira. As ações do IPHAN fundamentaram-se em legislações específicas, destacando-se: . Decreto-Lei no 25/1937 cria o instituto do tombamento dos bens materiais; . Lei de Arqueologia no 3.924/1961 - é destinada à salvaguarda de bens arqueológicos; . Constituição Federal de 1988 (em especial os artigos 215 e 216) - incorpora a ampliação do conceito de patrimônio cultural; . Decreto-Lei no 3.551/2000 - define o estatuto da figura jurídica do registro de bens culturais de natureza imaterial; . Decreto no 5.040/2004 cria o Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN (DPI) O Surgimento dos Órgãos de Preservação no Brasil O Decreto nº 25, de 30 de novembro de 1937, elaborado por Mário de Andrade a pedido de Gustavo Capanema, ministro do então presidente Getúlio Vargas Criação da Lei Federal de Tombamento do Patrimônio Histórico Mário de Andrade, Rodrigo Mello Franco de Andrade, Antonio Candido e Antonino Bento (1936) O Surgimento dos Órgãos de Preservação no Brasil O ideal dos arquitetos e intelectuais brasileiros naquele momento, era revolucionar as formas e modernizar o país e, curiosamente, zelar pela preservação do patrimônio brasileiro. Os primeiros arquitetos colaboradores: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Renato Soeiro, Paulo Thedim Barreto, Carlos Leão, Alcides da Rocha Miranda. Intelectuais: Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Joaquim Cardoso, Vinícius de Morais e Carlos Drumond de Andrade. Lucio Costa O Surgimento dos Órgãos de Preservação no Brasil Ouro Preto, Minas Gerais Igreja São Francisco de Assis - Belo Horizonte, Minas Gerais Tombamentos exemplares realizados nos anos iniciais do Iphan: a cidade de Ouro Preto como referência máxima do barroco brasileiro, tombada pelo Sphan em 1938 e a Igreja São Francisco de Assis, na Pampu- lha em Belo Horizonte(MG), tombada pelo Iphan em 1948, projeto de Oscar Niemeyer, como exemplar re- presentativo da arquitetura moderna brasileira. O Surgimento dos Órgãos de Preservação no Brasil A transformação decisiva O ano de 1936 constitui um marco fundamental na história da arquitetura brasileira, especialmente pela visita de Le Corbusier, convidado pelo Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, para assessorar a equipe de arquitetos encarregada do projeto do edifício do ministério. Foram 6 semanas de trabalho desenvolvido com Le Corbusier, deixando profundas influências na arquitetura local. Ministério da Educação e Saúde, 1936-43 - Rio de Janeiro Lúcio Costa, Affonso Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Ernani Vasconcellos e Oscar Niemeyer Ministério da Educação e Saúde - projeto não construído (influência marajoara) Archimedes Memória (1893-1960)