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Roteiro 13 - Teoria Geral do Delito - Tipicidade

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Prévia do material em texto

NOME DO ALUNO
	
CAMILA FRAGOZO E 
RADHARANI BERTAZZO DA SILVA
	DATA
	ESTUDO DIRIGIDO
	DIREITO PENAL 1
	TEORIA GERAL DO DELITO:
TIPICIDADE OBJETIVA
	
DIRETRIZES PARA CONFECÇÃO E FORMATAÇÃO DO TRABALHO:
1. Preencha os tópicos abaixo, (a) utilizando ao menos TRÊS autores diferentes; (b) fazendo as devidas citações dos autores utilizados, em notas de rodapé, a cada ponto; (c) escrevendo, por fim, um parágrafo, com suas próprias palavras sobre cada tópico; e, (d) referindo exemplos esclarecedores (se tirados dos autores, deve haver a competente nota de rodapé.
2. Ao final, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do presente estudo, e UMA questão objetiva sobre cada conteúdo específico, destacando-as com a resposta correta. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE (e o não envolvimento do nome do Professor.).
3. Coloque os nomes da dupla, mantendo o destaque em amarelo, e obedecendo a ordem alfabética. Ambos devem postar o seu trabalho. Não serão aceitos trabalhos em trincas ou grupos. As mesmas regras valem para os trabalhos individuais.
4. Ao final, cole ao menos uma jurisprudência sobre cada o tema tratado, explicando, na sequência os motivos que o levaram a escolher o julgado e sua relação com a matéria em estudo. Atentem à formatação exigida para a colagem da jurisprudência.
5. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri, tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm. O documento deverá ter margem direita em 1,5cm e as demais em 2,0cm. O nome do arquivo deverá ser: NOME.SOBRENOME – Roteiro 13.pdf
6. Além disto, o documento deve conter as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item Bibliografia. Atenção: Segue um modelo de como fazer a correta referência bibliográfica. As informações entre colchetes “[]” não devem constar da versão final, por óbvio. DE TAL, Fulano. Nome do livro. [número da edição] 2.ed. Vol. X [se houver] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. In: TRANO, BEL. (Org.) Nome do livro em que está o artigo consultado. 2.ed. [número da edição] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome da Revista. Cidade da Publicação, ano [de vida da revista] XX, n. XX, p. XX-XX [página inicial-página final], mês.-mês., [jan.-fev.,] ano de publicação. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome do Sítio Virtual. Disponível em <http://www.copie o endereço url>, acesso em XX-XX-XXX [data o acesso]. Por fim, nas notas de rodapé, por fim, deve haver a indicação da página que consta o texto referido; nas referências bibliográficas, o total de páginas do livro.
7. A única citação direta permitida é a da(s) ementa(s) dos acórdãos, que devem ter a seguinte formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo justificado com recuo à direita de 3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. (Coloque na sequência da ementa e entre parênteses, os dados fundamentais, como no modelo que segue: [Nome do Tribunal destacado em negrito] TJRS. [Nome do Recurso] HCnº 123234. [Indicação do Desembargador Relator] Rel. Des. Fulano de Tal. [Indicação do órgão julgador] Primeira Câmara Criminal. [Data do julgamento] Julgado em XX-XX-XXXX. [Indicação da veiculação da publicação do acórdão] DJ de XX-XX-XXXX, p. XXX. Disponível em (endereço simplificado – www. tjrs.gov.br). Acesso em XX-XX-XXXX).
8. Não esqueçam que CADA PONTO DEVE SER SUCEDIDO POR UMA NOTA DE NOTA DE RODAPÉ COM A REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA UTILIZADA E A PÁGINA CORRESPONDENTE À IDEIA TRABALHADA, NAS DEVIDAS NORMAS DA ABNT (sugeridas para a bibliografia nos moldes do item 6).
9. Bom trabalho!!
TIPO E TIPICIDADE
Conceitos
Na definição de Cezar Roberto Bitencourt: “Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes. É uma construção que surge da imaginação do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas. Tipo é um modelo abstrato que descreve um comportamento proibido. Cada tipo possui características e elementos próprios que os distinguem uns dos outros, tornando-os todos especiais, no sentido de serem inconfundíveis, inadmitindo-se a adequação de uma conduta que não lhes corresponda perfeitamente. Cada tipo desempenha uma função particular, e a falta de correspondência entre uma conduta e um tipo não pode ser suprida por analogia ou interpretação extensiva. O tipo, como conjunto dos elementos do injusto característicos de uma determinada classe de delito, compreende a descrição dos elementos que identificam a conduta proibida pela norma; mas não alcança a descrição dos elementos do tipo permissivo, que caracterizam as causas de justificação. Portanto, quando nos referimos tecnicamente ao tipo penal, nos referimos ao tipo de delito, que, na definição de Welzel, “é a descrição concreta da conduta proibida (do conteúdo da matéria da norma) É uma figura puramente conceitual” .[footnoteRef:1] [1: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 130] 
Na definição de João Guilherme Silva Marcondes de Oliveira: “No Direito Penal, como é sabido, a previsão legal dos delitos e das penas é constituída por meio de uma estrutura linguística específica: o tipo penal. Com efeito, o mandato da lei certa significa o requisito de um tipo certo. Sendo o tipo penal a forma através da qual se expressam as normas em matéria criminal, é a essa figura que se refere o princípio da legalidade, com todos os seus caracteres.”[footnoteRef:2] [2: Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-02082011-112356/publico/Do_carater_aberto_dos_tipos_penais_VERSAO_INTEGRAL.pdf, acessado em 15/05 às 22:45.] 
Na definição de Zaffaroni: “o tipo penal é um instrumento legal,	logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem	por função a	individualização	de condutas humanas penalmente relevantes.”[footnoteRef:3] [3: ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de derecho penal – Parte general, P. 371. ] 
Na definição de Guilherme Nucci de Souza: “Trata-se da adequação do fato ao tipo penal. A tipicidade é o fenômeno representado pela confluência entre o fato ocorrido do mundo real e o fato previsto no mundo abstrato das normas. Exemplo: quando A mata B (fato), o operador do direito elabora o juízo de tipicidade, ou seja, promove a adequação desse fato ao modelo de conduta previsto no art°121 do Código Penal (“ matar alguém”).[footnoteRef:4] [4: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 430] 
Na definição de Rogério Greco: “Tipicidade quer dizer,	assim,	a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador, ou, conforme preceitua Muñoz Conde: “É a adequação de um fato cometido à descrição que dele se faz na lei penal. Por imperativo do princípio da legalidade, em sua vertente do nullum crimen sine lege, só os fatos tipificados na lei penal como delitos podem ser considerados como tal. A adequação da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na	lei penal (tipo)	 faz surgir a tipicidade formal ou legal. Essa adequação	deve ser perfeita, pois, caso	contrário, o fato será considerado formalmente atípico.”[footnoteRef:5] [5: GRECO, Rogério. “Curso de Direito Penal”: ´parte geral, volume 1, 19.ed- Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2017. P 288.] 
Deste modo compreendemos que, o conceito do tipo penal é a imposição do princípio do nullum crimen sine lege, o legislador, quando quer impor ou proibir condutas sob a ameaça de sanção, deve, obrigatoriamente, valer-se de uma lei. Quandoa lei em sentido estrito descreve a conduta (comissiva ou omissiva) com o fim de proteger determinados bens cuja tutela mostrou-se insuficiente pelos demais ramos do direito, surge o chamado tipo penal. Tipo, como a própria denominação nos está a induzir, é o modelo, o padrão de conduta que o Estado, por meio de seu único instrumento, a lei, visa impedir que seja praticada, ou determina que seja levada a efeito por todos nós. 
EX: O momento da consumação e a possibilidade ou não de punição da forma tentada.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS. IRRESIGNAÇÕES DEFENSIVA E MINISTERIAL. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. INVIÁVEL. MAJORANTE DO ART. 40, III, DA LEI Nº 11.343/06. INCABÍVEL. MÉRITO: Não há que se falar em reforma da sentença, eis que devidamente comprovadas tanto a materialidade quanto a autoria do delito de tráfico de drogas. Não se pode contestar, em princípio, a validade da palavra dos agentes de segurança, pois o exercício da função não desmerece, nem torna suspeito o seu titular, presumindo-se que digam a verdade, como qualquer testemunha. Os agentes de segurança foram uníssonos ao relatarem que havia uma investigação acerca do tráfico de drogas praticado na região da Vila Divisa e, durante as diligências, tomaram conhecimento de que o acusado estaria traficando no momento dos fatos, razão pela qual se dirigiram aquele endereço. Realizaram um cerco no legal, logrando apreender o acusado em posse de estupefacientes, 199 (cento e noventa e nove) pinos de cocaína, pesando aproximadamente 110g. Parte da droga estava no bolso do casaco do réu e o restante no interior de sua roupa íntima. A quantidade da droga apreendida em poder do acusado, atrelada às declarações dos policiais, agentes públicos de reconhecida idoneidade, não abrem espaço para incerteza sobre a prática de comércio ilegal de estupefaciente, sendo inviável, portanto, a pretensão desclassificatória. Cumpre referir que, face aos diversos verbos nucleares do art. 33, caput, da Lei 11.343/06, é desnecessário o flagrante da mercancia para incursão no tipo penal descrito. Ainda, mesmo que o acusado seja usuário de drogas, tal alegação não serve para afastar sua responsabilidade, pois se sabe que é comum que usuários de entorpecentes se insiram na seara delitiva e passem a vendê-los, com o fito de sustentar o seu vício. Por essas razões, mantenho a condenação do apelante pelo crime de tráfico de drogas. APENAMENTO: O raciocínio explicitado pela magistrada de origem não pode ser enquadrado na hipótese de bis in idem, na medida em que foram utilizadas condenações criminais diversas para exasperação da pena-base e reconhecimento da reincidência. Sobre a agravante, adequada sua exasperação nos termos da sentença, pois esta visa reconhecer maior censurabilidade à conduta do agente que reitera na prática criminosa, após o trânsito em julgado da sentença em que foi condenado anteriormente. O quantum de aumento aplicado em ambas as fases da dosimetria restou adequado e proporcional, não acarretando prejuízo ao acusado. Pena final mantida em 05 (cinco) anos e 11 (onze) meses de reclusão. MAJORANTE DO ARTIGO 40, INCISO III, DA LEI Nº 11.343/06: Inviável a aplicação da majorante prevista no artigo 40, III, da Lei de Drogas, pois, embora seja dispensável a comprovação de que o comércio de estupefacientes vise atingir os frequentadores dos estabelecimentos mencionados no referido dispositivo, para sua incidência é necessário que a distância entre tais estabelecimentos e o local em que comercializado a droga seja diminuta. In casu, o acusado comercializava os estupefacientes a cerca de 500m do Colégio Estadual Elpídio Ferreira Paes, distância suficiente para afastar a incidência da majorante, não sendo verificada proximidade entre os pontos. PENA DE MULTA: Inviável o afastamento da pena de multa, visto que a pena pecuniária é consectário legal da condenação e está em patamar proporcional à privativa de liberdade e adequado ao caso em tela, sendo indispensável seu arbitramento. À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AOS RECURSOS DEFENSIVO E MINISTERIAL.(Apelação Criminal, Nº 70083537662, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba, Julgado em: 21-05-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme o que se era necessário tendo como base as leis brasileiras, deste modo o agente foi julgado e apenado conforme suas ações e como elas se enquadravam no tipo penal. 
Questão. Circunstâncias são:
a) dados essenciais do crime. 
b) dados acessórios que estão ao redor da figura típica e que tem por finalidade a medida da gravidade do tipo, podendo aumentar ou diminuir a pena. (CERTA)
c) dados que alteram a essência do fato. 
d) Todas as alternativas estão corretas. 
Fato punível
Na definição de Cesar Roberto Bitencourt: “Diante da concepção dos Iluministas, que definiam o fato punível como lesão de direitos subjetivos, Feuerbach sentiu a necessidade de demonstrar que em todo preceito penal existe um direito subjetivo, do particular ou do Estado, como objeto de proteção. Binding, por sua vez, apresentou a primeira depuração do conceito de bem jurídico, concebendo-o como estado valorado pelo legislador. Von Liszt, concluindo o trabalho iniciado por Binding, transportou o centro de gravidade do conceito de bem jurídico do direito subjetivo para o “interesse juridicamente protegido”, com uma diferença: enquanto Binding ocupou-se, superficialmente, do bem jurídico, Von Liszt viu nele um conceito central da estrutura do delito. Como afirmou Mezger, “existem numerosos delitos nos quais não é possível demonstrar a lesão de um direito subjetivo e, no entanto, se lesiona ou se põe em perigo um bem jurídico”[footnoteRef:6] [6: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 132] 
Na definição de Cesar Roberto Bitencourt: “Contudo, o fato punível pode ser obra de um ou de vários agentes. Frequentemente a ação delituosa é produto da concorrência de várias condutas praticadas por sujeitos distintos. As razões que podem levar o indivíduo a consorciar-se para a realização de uma empresa criminosa podem ser as mais variadas: assegurar o êxito do empreendimento delituoso, garantir a impunidade, possibilitar o proveito coletivo do resultado do crime ou simplesmente satisfazer outros interesses pessoais. Essa reunião de pessoas no cometimento de uma infração penal dá origem ao chamado concursus delinquentium.”[footnoteRef:7] [7: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 205] 
Na definição de Aníbal Bruno: “Para aqueles que incluem	a punibilidade entre os componentes	do fato punível, a inaplicabilidade da sanção o desintegra	ou extingue. Mas a doutrina mais moderna e autorizada condena essa posição.	Não se	pode tomar a	pena por momento constitutivo do atuar	criminoso, mas ver	nela somente	a sua consequência jurídica específica. É um dado posterior a existência do crime e exige para manifestar-se que	este se	tenha inteiramente constituído. Quando se chega ao tempo de	aplicar	a sanção, é que o crime se acha com o seu conceito total	perfeitamente	integrado e não será	a inaplicabilidade da	sanção	que poderá reduzi-lo a nada.”[footnoteRef:8] [8: BRUNO, Aníbal.	Direito penal, t.	3º, P. 196.] 
Na definição de Fragoso: “É fato punível que se comete necessariamente em relação à coisa, como o furto, o roubo e a apropriação indébita, e o exame de corpo de delito é, data vênia, indispensável perante nossa lei, que com essa exigência pretende tornar certa a materialidade do fato. A ausência do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígio implica em nulidade (art. 564, III, letra "b" Código de Processo Penal).”[footnoteRef:9] [9: FRAGOSO, Heleno C. REVISTA DE DIREITO PENAL: n°2 . Rio de Janeiro : Livraria Cultural da Guanabara Ltd. 1971 . P 103] 
Deste modo compreendemos que, a teoria do fato punível foi, por consequência, remolda de forma a permitir umaresponsabilidade pessoal, e não meramente causal, sendo que a atribuição do tipo objetivo passou a consistir na atribuição do resultado de lesão do bem jurídico ao autor, como obra dele. Pressupõe-se a criação de um risco ao bem jurídico pelo autor, mais a realização do risco criado no resultado de lesão ao bem jurídico, filtrando-se as condutas penalmente relevantes no âmbito do próprio tipo, sendo a criação e a realização do risco como alicerces base da Imputação Objetiva.
EX: O fato punível consiste no seguinte: o fato (materialmente típico e antijurídico) só é punível quando ameaçado com pena. Punibilidade, destarte, nesse sentido, não tem nada a ver com as conseqüências jurídicas do crime. Faz parte dele, desde que entendido como fato punível.
Jurisprudência: Medidas cabíveis: Ao inimputável autor de fato punível com pena de reclusão, a medida de segurança cabível é o internamento e não o tratamento ambulatorial (TJSP, RT612/317), ficando este restrito a hipótese de crime apenado com detenção, a critério do juiz (STF, RTJ 143/589). Sendo a pena de detenção e não havendo prova de temibilidade do agente, o tratamento ambulatorial é o procedimento indicado (STJ, Resp. 31.281, DJU 2.8.93, p. 14268). Em caso de oligofrênica que não revela periculosidade, admite-se o tratamento ambulatorial ainda que a condenação seja por pena de reclusão (TJMG, RT791/664). Não obstante a vedação do art. 97, caput, pode o juiz, diante de parecer médico favorável, aplicar ao agente autor de crime punido com reclusão o tratamento ambulatorial (TACRSP, Ap. 1231497-3, rel. MÁRCIO BÁRTOLI, j. 31.1.01, vu). Falta de vagas: Estando o réu inimputável encarcerado em cadeia pública há mais de um ano, em face da falta de vagas em hospital de custódia e tratamento, admite-se, após a solicitação de exame de cessação de periculosidade, a conversão para tratamento ambulatorial, ainda que se trate de pena de reclusão (TJSP, RT770/557; TJMG, RT786/701). Início: Só se inicia após o trânsito em julgado, mediante a guia de execução (TJSP, RT 620/298). Conta-se o prazo a partir da data da prisão em flagrante e não da remoção para a casa de custódia (TACRSP, Julgados 91/129). Prazo: O juiz deve fixar o prazo mínimo (TJSP, RT618/308). A medida de segurança perdura enquanto não for averiguada, mediante perícia, a cessação da periculosidade (TJSP, RT 623/294).Perícia médica: A qualquer tempo poderá o juiz da execução determinar o exame, mesmo antes do prazo mínimo estabelecido na decisão (TACRSP, RJDTACr 20/124). Imposta medida de segurança por um ano, a ausência de realização do exame de cessação de periculosidade, antes de decorrido este prazo, não acarreta constrangimento ilegal (TJSP, RT773/579). Cessação da periculosidade: Todas as questões a ela relativas competem ao juízo das execuções, como dispõe o art.176 da LEP (TJRS, ECP 684.055.932, j. 7.2.85). A lei nova favorece ao estabelecer prazo mínimo e época dos exames de cessação da periculosidade; todavia, a matéria compete ao juiz da execução, pois o art. 176 da LEP revogou o art. 777 do CPP (TJSP, RJTJSP 95/518). Desinternação condicional: Se no curso do benefício passou a ameaçar a família, restabelece-se a medida de segurança (TJSP, RJTJSP 118/553).
Observa-se que o TJ-SP julgou conforme o inimputável autor de fato punível com pena de reclusão ao agente. 
QUESTÃO: 
		No Direito Penal, imputável é aquela pessoa a quem é possível atribuir um fato punível. De modo geral, qualquer pessoa é imputável, EXCETO na hipótese de:
a) embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, menoridade, doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou retardado. (CERTA)
b) embriaguez preordenada, menoridade, senilidade e desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
c) embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, menoridade, senilidade e desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
d) emoção, violenta paixão e embriaguez preordenada.
e) erro de tipo, erro de proibição e violenta emoção.
Fato típico
Na definição de Cezar Roberto Bitencourt: “O fato típico se compõe da conduta humana e da modificação do mundo exterior por ela operada. O resultado material que integra a descrição típica pode ser tanto de dano como de perigo concreto para o bem jurídico protegido. A não ocorrência do resultado caracteriza a tentativa. Nos crimes materiais a ação e o resultado são, em regra, cronologicamente distintos (v.g., homicídio, furto).”[footnoteRef:10] [10: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 108] 
Na definição de Rogério Greco: “Será fato típico quando a conduta estiver definida por lei como crime, segundo o princípio da reserva legal (CP, art. 19, constitucionalmente garantido (CR/88, art. 5 2, XXXIX). E antijurídico quando o comportamento for contrário à ordem jurídica como um todo, pois, além das causas de exclusão expressas no CP (art. 23), há outras implícitas (chamadas supralegais, que excluem a antijuridicidade ou ilicitude). Assim, presente um fato típico e antijurídico (tipicidade + antijuridicidade ou ilicitude), teremos um crime, mas a aplicação de pena ainda ficará condicionada à culpabilidade, que é a reprovação ao agente pela contradição entre sua vontade e a vontade da lei. Portanto, um fato só pode ser penalmente punido quando típico antijurídico e culpável.”[footnoteRef:11] [11: GRECO, Rogério. “Curso de Direito Penal”: ´parte geral, volume 1, 19.ed- Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2017. P 62.] 
Na definição de Francisco de Assis Toledo: “O fato típico é sempre antinormativo, mas ainda não antijurídico, porque, apesar de típico, pode ser lícito 13. A artificialidade dessa construção se revela por inteiro quando se considera a contradição lógica nela contida: um fato antinormativo que, a um só tempo, esteja autorizado por alguma norma (Welzel, em vez de norma, fala em proposição, ou melhor, “proposições permissivas” — “Erlaubinissãtzen” — o que nos parece a mesma coisa). Ora, uma conduta lícita, autorizada, e, concomitantemente, “antinormativa”, é qualquer coisa parecida com o “permitido-proibido”, algo muito difícil de se pensar.”[footnoteRef:12] [12: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos do direito penal. 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 1994. P 135. ] 
Deste modo compreendemos que, fato típico é a conduta (ação ou omissão) produtora de um resultado reprovável pelo Direito Penal, podendo ser crime ou contravenção penal. O fato típico sob a ótica da teoria finalista, elaborada por Welzel, "a conduta é dirigida a uma finalidade antijurídica e reprovável", sendo assim, toda conduta é orientada por um querer, sendo o finalismo considerado nitidamente vidente.
EX: O autor que convida pessoa que não sabe nadar para fazer a travessia do rio responderá pelo resultado se esta vier se afogar.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS E POSSE DE ARMA DE FOGO COM A NUMERAÇÃO SUPRIMIDA. PEDIDO DEFENSIVO DE RECONHECIMENTO DA REDUTORA DO ART.33, §4º DA LEI DE DROGAS E DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA PARA O ART.14 DA LEI Nº. 10.826/03. INVIABILIDADE. Sabe-se que nos delitos definidos no caput e no § 1º do art. 33 da Lei n. 11.343/06, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique a atividades criminosas, nem integre organização criminosa. De início, insta destacar que o réu restou condenado provisoriamente, em 23.08.2017, por delito de roubo cometido em momento posterior ao presente, à pena de 07 anos de reclusão em regime semiaberto, situação que, aliada às demais peculiaridades do caso concreto, demonstram sua dedicação a atividades criminosas. Não fosse o suficiente, os policiais que prestaram depoimento em Juízo narraram que o mandado de busca e apreensão possuía como alvo Wellington, o qual estaria envolvido em uma quadrilha de roubo de veículos, o que é reforçado pelas próprias circunstâncias de seu flagrante policial, já quetinha consigo, além do material tóxico, duas armas de fogo, balança de precisão e objetos de procedência desconhecida. Portanto, acertada a decisão singular que deixou de aplicar a benesse contida no art. 33, §4º, da Lei n. 11.343/2006, haja vista a comprovação da dedicação a atividades criminosas pelo apelante. Em relação ao delito disposto no art.14 da Lei nº 10.826/03, restou provada a prova de posse e do porte de arma de fogo e munição calibre.32, cuja funcionalidade veio atestada pelo laudo de fls.95/96. Tocante à alegada atipicidade do delito, desarrazoada a alegação da inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato. Isso porque a jurisprudência do Tribunal guardião da Constituição reconhece a constitucionalidade desse tipo de criminalização, que não exige a comprovação de lesão ou ameaça de lesão ao bem tutelado. Por tais razões, rejeito a alegação de inconstitucionalidade, tratando-se, efetivamente, de fato típico. Também não há como assentir com o pleito desclassificatório do art.16, parágrafo único, inciso IV para o art.14, caput, da Lei nº 10.826/03, pois plenamente caracterizada a conduta típica de posse ilegal de arma de fogo com a numeração suprimida, conforme laudo pericial de fls. 263/265 dos autos. Importa esclarecer que o legislador, ao equiparar a arma de fogo de uso permitido com numeração suprimida à arma de fogo de uso restrito, teve como finalidade aplicar punição mais severa aos indivíduos que, além de violarem o bem jurídico da incolumidade pública e da paz social, dificultam a identificação da arma perante as autoridades, dificultando o controle estatal sobre as armas de fogo irregulares que circulam no País. Por derradeiro, verifica-se que a pena de multa foi aplicada no mínimo legal para ambos os delitos, razão pela qual descabido o pleito revisional. À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DEFENSIVO.(Apelação Criminal, Nº 70083259176, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba, Julgado em: 21-05-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme os atos criminosos do agente e por essas ações, rejeito a alegação de inconstitucionalidade, tratando-se, efetivamente, de fato típico.
Questão .Considere as afirmativas abaixo, relacionadas ao fato típico e seus elementos. 
 	I. Há fato típico na ocorrência de resultado lesivo em decorrência de caso fortuito ou força maior. 
 	II. São elementos do fato típico, dentre outros, a culpabilidade, caracterizada pelo juízo de reprovabilidade da conduta do agente e o dolo ou culpa. 	
 	III. O tipo penal é predominantemente descritivo porque composto de elementos objetivos, não obstante, às vezes, contenha elementos subjetivos ou normativos. . 
 	IV. A conduta omissiva não é considerada elemento do tipo penal, pois representativa da ausência de vontade do agente para o crime. . 
 	V. Para haver fato típico é indispensável a existência de relação de causalidade entre a conduta e o resultado. .
É correto o que se afirma APENAS em: 
A. I e II.
B. I, II e V.
C. I, III e IV.
D. II, IV e V.
E. III e V. (CERTA)
Tipicidade e tipo
Na definição de Cezar Roberto Bitencourt : “A fragmentariedade do Direito Penal tem como consequência uma construção tipológica individualizadora de condutas que considera gravemente lesivas de determinados bens jurídicos que devem ser tutelados. A lei, ao definir crimes, limita-se, frequentemente, a dar uma descrição objetiva do comportamento proibido, cujo exemplo mais característico é o do homicídio, “matar alguém”. No entanto, em muitos delitos, o legislador utiliza-se de outros recursos, doutrinariamente denominados elementos normativos ou subjetivos do tipo, que levam implícito um juízo de valor. A teoria do tipo criou a tipicidade como característica essencial da dogmática do delito, fundamentando-se no conceito causal de ação, concebida por Von Liszt19. Reconhecendo, desde logo, a unidade do delito, destacamos a necessidade metodológica de distinguir os estágios ou degraus valorativos que permitem a atribuição de responsabilidade penal, quais sejam, a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade, facilitando o estudo, a compreensão e a análise do fenômeno delitivo na sua totalidade.”[footnoteRef:13] [13: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 130] 
Na definição de Francisco de Assis Toledo: “Tipo é a descrição abstrata da ação proibida ou da ação permitida. Há, pois, tipos incriminadores, descritivos da conduta proibida, e tipos permissivos ou justificadores, descritivos das condutas permitidas. Os primeiros são os tipos legais de crime, que só podem ser criados pelo legislador (nullum crimen sine lege); os segundos são as denominadas causas de justificação ou de exclusão da ilicitude. Tipicidade é a subsunção, a justaposição, a adequação de uma conduta da vida real a um tipo legal de crime. Dependendo da concepção que se tenha do tipo, o fenômeno da tipicidade ocorrerá com maior ou menor extensão. Assim, na construção originária de Beling (1906), o tipo tinha uma significação puramente formal, meramente seletiva, não implicando, ainda, um juízo de valor sobre o comportamento que apresentasse suas características. Modernamente, porém, procura-se atribuir ao tipo, além desse sentido formal, um sentido material, como veremos mais adiante.”[footnoteRef:14] [14: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos do direito penal. 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 1994. P 96. ] 
Na definição de Luiz Luisi: “O erro de tipo, convém ressaltar, para ser entendido como excludente da tipicidade, tem como suporte	a teoria finalista da ação que coloca o dolo na área	da tipicidade, ou seja, o entendimento do tipo não na visão belinguiana, mas como tipo complexo, apresentando um aspecto objetivo e outro subjetivo, e neste se situando o dolo e a culpa. Assim colocado o dolo, o mesmo inexiste por carência na representação e no querer os elementos constitutivos do tipo objetivo, mas desde que não remanesça a culpa, ou não estando configurada legalmente a tipicidade subjetiva culposa.”[footnoteRef:15] [15: LUISI,	Luiz. O	tipo penal, a teoria finalista e a nova legislação penal, p. 111.] 
Deste modo compreendemos que, tipicidade e tipo, a função precípua do tipo é descrever objetivamente um comportamento proibido pelo Direito Penal, limitando e individualizando as condutas relevantes para o Direito Penal. Todos os elementos que compõem a descrição de um comportamento abstrato proibido pelo Direito Penal formam o tipo.Já a tipicidade resulta da análise de uma conduta realizada no plano concreto e de seu posterior enquadramento na previsão abstrata de um comportamento descrito no tipo. A tipicidade nada mais é do que a subsunção da conduta concreta na conduta abstratamente prevista no tipo.
EX: Os casos nos quais reconhece-se a tentativa, pois o crime não se consuma. O código penal disciplina a tentativa – norma de caráter extensivo – em seu artigo 14, II, o qual considera o crime: “tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”.
Jurisprudência: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. JOGOS DE AZAR. Afirmação empírica, em controle constitucional de evidência, justificabilidade e intensidade, que a punição ao jogo de azar protege a sociedade de crimes mais graves conexos e os jogadores patológicos, que não se sustenta em bases científicas. Em quatro anos de orientação jurisprudencial, neste sentido da TRCrim, nenhuma estatística se produziu quanto ao incremento de condutas ilícitas conexas, v.g. tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ausência de lesividade transindividual da conduta, que se insere no âmbito das liberdades individuais; ausência de proporcionalidade e correlação entre a punição e o bem juridicamente tutelado; proibição fundada em motivo religioso, que ofende a separação do Estado da religião. Legalidade meramente formal do tipo incriminador, afastadaa tipicidade material por ausência de ofensividade social na conduta incriminada. EMBARGOS REJEITADOS.(Embargos de Declaração Criminal, Nº 71009321522, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Luis Gustavo Zanella Piccinin, Julgado em: 18-05-2020). 
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme a legalidade meramente formal do tipo incriminador, afastando assim a tipicidade material por ausência de ofensividade social na conduta incriminada.
Questão. Em relação à tipicidade penal, correto afirmar que 
a) é excluída pelos chamados princípios da insignificância e adequação social, ausentes tipicidade formal e material, respectivamente.
b) o consentimento do ofendido, às vezes, pode afastar a própria tipicidade da conduta e, em outras, constituir causa supralegal de exclusão da ilicitude, segundo entendimento doutrinário.(CERTA) 
c) o erro sobre elemento do tipo exclui o dolo e, por isso, incide sobre a ilicitude do comportamento, refletindo na culpabilidade, de modo a excluí-la ou atenuá-la. 
d) é afastada nas hipóteses de crime impossível e arrependimento posterior. 
e) o dolo, segundo a teoria finalista, constitui elemento normativo do tipo. 
Definição de tipo
Na definição de Cezar Roberto Bitencourt: “Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes. É uma construção que surge da imaginação do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas. Tipo é um modelo abstrato que descreve um comportamento proibido. Cada tipo possui características e elementos próprios que os distinguem uns dos outros, tornando-os todos especiais, no sentido de serem inconfundíveis, inadmitindo-se a adequação de uma conduta que não lhes corresponda perfeitamente. Cada tipo desempenha uma função particular, e a falta de correspondência entre uma conduta e um tipo não pode ser suprida por analogia ou interpretação extensiva.”[footnoteRef:16] [16: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 130.] 
Na definição de Guilherme de Souza Nucci: “Tipo penal é a descrição abstrata de uma conduta, tratando-se de uma conceituação puramente funcional, que permite concretizar o princípio da reserva legal (não há crime sem lei anterior que o defina). A existência dos tipos penais incriminadores (modelos de condutas vedadas pelo direito penal, sob ameaça de pena) tem a função de delimitar o que é penalmente ilícito e o que é penalmente irrelevante; tem, ainda, o objetivo de dar garantia aos destinatários da norma, pois ninguém será punido se não pelo que o legislador considerou delito, bem como tem a finalidade de conferir fundamento à ilicitude penal. Note-se que o tipo não cria a conduta, mas apenas a valora, transformando-a em crime.”[footnoteRef:17] [17: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 418] 
Na definição de Celso Delmanto: “Tipo é a descrição legal do comportamento proibido, ou seja, a fórmula ou modelo usado pelo legislador para definir a conduta penalmente punível. Em vez de dizer "é proibido matar", ou "é proibido furtar", a lei descreve, pormenorizadamente, o que é crime. Assim, o tipo do homicídio está na descrição que o art. 121 do CP dá ("matar alguém"), e o do furto é encontrado no art. 155 do CP ("subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel"). Geralmente, tais descrições são compostas só por elementos objetivos, como no exemplo do homicídio ("matar alguém"). Noutras, como no exemplo do tipo do furto, aparecem, além de elementos objetivos ("subtrair coisa móvel"), elementos normativos ("alheia") e elementos subjetivos ("para si ou para outrem"). Ora, como se viu do conceito de dolo (CP, art. 18, I), este compreende a vontade e a consciência de realizar o tipo penal. Assim, se o sujeito pensou matar um animal, mas, na verdade, estava matando um ser humano ("alguém") por erro, não tinha consciência de realizar o comportamento punível. Semelhantemente, se o agente se engana e leva embora a mala alheia em vez da própria, ele não tem consciência de estar subtraindo coisa "alheia" móvel. É para regular tais hipóteses e outras semelhantes que este art. 20 dispõe que o erro (engano) sobre elemento constitutivo (seja elemento objetivo, normativo ou subjetivo) do tipo legal do crime (de sua descrição legal) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo (CP, art. 18, II), se previsto em lei (CP, art. 18, parágrafo único).”[footnoteRef:18] [18: DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado...— 6. ed. atual. e ampl. — Rio de Janeiro: Renovar, 2002. P .81] 
Deste modo compreendemos que, a definição de tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. Trata-se, pois, de uma construção abstrata do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas. Cada tipo tem as suas características e elementos próprios que os distinguem uns dos outros.
EX: O ato obsceno. tipo inserido no rol dos delitos contra os costumes, hoje sob a rubrica de crimes contra a dignidade sexual, terminologia da Lei nº 12.015/09, no capítulo do ultraje público ao pudor, art. 233, CP, configura mais um ilustrativo exemplo de tipo penal.
Jurisprudência: Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO MEIO CRUEL, RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA E FEMINICÍDIO. DOSIMETRIA DA PENA. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS DO ARTIGO 59 DO CÓDIGO PENAL. CONDUTA SOCIAL. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. PENA REDUZIDA. Discricionariedade judicial. Controle da fundamentação dos critérios empregados para aplicação da pena. No caso, na primeira fase da dosimetria, o juízo a quo valorou negativamente as vetoriais referentes à culpabilidade, personalidade, conduta social, motivos, circunstâncias do crime e consequências. CULPABILIDADE. A aferição da intensidade da culpabilidade, para fins de fixação da pena, não se confunde com a simples presença dos elementos que integram o conceito analítico do tipo penal. Critérios para se avaliar o grau de culpabilidade. Nível de consciência do agente e grau de exigibilidade de comportamento diverso. A fundamentação utilizada pelo juízo a quo para valorar negativamente a culpabilidade é idônea, posto que o tempo de união do casal e o fato de terem constituído família exigia do réu o papel de cuidador. No entanto, este foi quem tentou matar a ex-esposa, causando-lhe sequelas e prejudicando a toda a unidade familiar. MOTIVOS DO CRIME. Demonstrado que o acusado cometeu o delito por medo que o divórcio entre as partes pudesse o levar a perda de bens. Motivo reprovável. PERSONALIDADE DO AGENTE. Prescindibilidade de laudo técnico (psicológico ou psiquiátrico) acerca do perfil psicológico do réu. Entendimento do STJ. Existência de elementos nos autos a indicar que o réu era pessoa agressiva e violenta, inclusive em relação a seus próprios filhos. Fundamentação idônea. CONDUTA SOCIAL. Conduta social desvalorada com fundamento em relatos que o réu passava “horas em bares, onde se embriaga voluntariamente, e dilapidando, na cidade, os ganhos auferidos pela família na zona rural”. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. Segundo a jurisprudência do STJ, a conduta social não pode ser reputada reprovável em virtude de o agente consumir bebidas alcoólicas. O problema de alcoolismo vivido pelo acusado constitui problema de saúde, o que não pode ser utilizado para exasperar sua pena. Afastamento da valoração negativa do vetor da conduta social. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. Crime cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, conforme reconhecido pelo Conselho de Sentença. Na hipótese de concorrência de qualificadoras num mesmo tipo penal, uma delas deve ser utilizada para qualificar o crime e as demais devem ser consideradas como circunstâncias agravantes genéricas, se cabíveis, ou, residualmente, como circunstâncias judiciais. Precedentes do STF. No caso, o crime foi cometido durante à madrugada, por voltadas 03h, tendo o réu adentrado na residência da vítima, enquanto essa dormia, em poder do pedaço de pau já intentando matá-la. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. Quanto maiores os efeitos danosos decorrentes da ação delituosa praticada ou maior irradiação de resultados, não necessariamente típicos, maior deverá ser a pena. No caso, as consequências foram consideradas graves pois os ferimentos na vítima lhe causaram cicatrizes e sequelas graves (físicas e cognitivas), conforme laudos de fls. 106 e 203, além de evidentes traumas psicológicos. PENA PROVISÓRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. NÃO-RECONHECIMENTO. Em juízo, o réu não admitiu ser o autor do fato. Alegou que havia ingerido psicofármacos em excesso e, por isso, não lembrava de nada ocorrido no dia dos fatos. CRIME COMETIDO POR MEIO CRUEL. Reconhecimento pelo Conselho de Sentença. Aplicação da agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea d, do Código Penal. QUANTUM DE PENA AGRAVADA. Conquanto o Código Penal não estabeleça percentuais mínimo e máximo para o aumento da pena, em razão de agravantes e atenuantes, a jurisprudência tem orientação perfilhada no sentido de que o aumento de pena em decorrência das agravantes genéricas deve se pautar pelo patamar mínimo fixado para as majorantes, que é de 1/6. Precedentes. APELO DEFENSIVO PROVIDO EM PARTE.(Apelação Criminal, Nº 70083208314, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rinez da Trindade, Julgado em: 17-04-2020).
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme a aferição da intensidade da culpabilidade, para fins de fixação da pena, não se confunde com a simples presença dos elementos que integram o conceito analítico do tipo penal, mas sim, critério para se avaliar o grau de culpabilidade. Nível de consciência do agente e grau de exigibilidade de comportamento diverso.
Questão. Com relação aos crimes contra a vida, assinale a alternativa correta. 
a) A circunstância agravante, prevista no artigo 61, II, h, do Código Penal – crime praticado contra criança – aplica-se ao crime de infanticídio.
b) No tipo penal do infanticídio – matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após –, são elementos normativos o estado puerperal e o logo após. (CERTA)
c) O crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio admite tentativa, na hipótese de a vítima não morrer ou não resultar lesão corporal de natureza grave.
d) A responsabilização penal do agente pelo crime de aborto praticado com o consentimento da gestante é uma exceção à teoria pluralista de concurso de agentes, adotada pelo Código Penal.
e) O homicídio praticado contra vítima mulher é crime de feminicídio, sendo qualificado, quando praticado em detrimento de gestante.
Definição de tipicidade
Na definição de Cezar Roberto Bitencourt: “A tipicidade é uma decorrência natural do princípio da reserva legal: nullum crimen nulla poena signe praevia lege. Tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura abstratamente descrita na lei penal. “Tipicidade é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora”24. Um fato para ser adjetivado de típico precisa adequar-se a um modelo descrito na lei penal, isto é, a conduta praticada pelo agente deve subsumir-se na moldura descrita na lei.”[footnoteRef:19] [19: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 131] 
Na definição de Rogério Greco: “A tipicidade, segundo a teoria da ratio cognoscendi, que prevalece entre os doutrinadores, exerce função indiciária da ilicitude. Segundo essa teoria, quando o fato	for típico, provavelmente também será antijurídico, ou, na ilustração de Mayer, onde houver fumaça, provavelmente, mas nem sempre, haverá	fogo. [...] Tipicidade quer dizer, assim, a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador, ou, conforme preceitua Muñoz Conde: “É a	adequação de	um fato cometido à descrição que dele se faz na	lei penal. Por imperativo do princípio da legalidade, em sua vertente do nullum crimen	sine lege, só os fatos tipificados na lei penal como delitos podem ser considerados como tal.” A adequação da	conduta do agente ao modelo abstrato previsto na	lei penal (tipo) faz surgir a tipicidade formal ou legal. Essa adequação deve ser perfeita, pois, caso contrário, o fato será considerado formalmente atípico.”[footnoteRef:20] [20: GRECO, Rogério. “Curso de Direito Penal”: ´parte geral, volume 1, 19.ed- Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2017. P 453] 
Na definição de Luiz Flávio Gomes: “A tipicidade penal, como primeiro requisito do fato punível, deve ser sempre entendida em sentido material e garantista e dela faz parte, como requisito explícito ou implícito, a ofensa ao bem jurídico (seja na forma de lesão, seja na de perigo concreto), objetivamente imputável ao risco criado.”[footnoteRef:21] [21: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 98 .] 
Deste modo compreendemos que, a definição de tipicidade é a adequação do fato da vida real ao modelo abstrato de conduta, é a justaposição do que acontece na vida real ao tipo. É a adequação da conduta a um tipo penal. Assim, a tipicidade só existirá se houver conduta, fenômeno próprio do mundo físico. Diante disso pode-se afirmar que a tipicidade pertence ao mundo do “ser”, ao contrário do tipo. Importante ressaltar que a doutrina tende a afastar um conceito de tipicidade puramente formal (superação da teoria naturalista ou causal da ação) adotando um modelo de tipicidade material, aferindo-se a importância do bem no caso concreto. Daí ser afastada a tipicidade, por exemplo, nos delitos de bagatela. Deste modo ela é um juízo de verificação se o fato é ou não é típico. O fato tem que se encaixar no modelo previsto no tipo penal, como uma figura geométrica.  São duas as formas de adequação típica: i. Subordinação Direta ou Imediata: um só dispositivo legal é suficiente para o enquadramento da conduta. ii. Subordinação Indireta ou Mediata (tipicidade por extensão ou assimilação): são necessários dois ou mais dispositivos para a adequação típica, ou seja, é a utilização de um tipo penal incriminador associado a uma norma de extensão prevista na parte geral do CP. 
EXS: homicídio consumado (artigo 121, caput) / homicídio tentado (artigo 121 c/c artigo 14, II).
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE CHAVE FALSA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. CONDENAÇÃO MANTIDA. Não prevalece a tese de insuficiência de provas relativamente à autoria do crime de furto praticado pelo réu ante a prova colhida nos autos, sobretudo pelos relatos prestados em juízo pelos Brigadianos e pela vítima, que narraram a prisão em flagrante do acusado na posse da Res furtiva. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INVIABILIDADE. Caso em que o valor da Res furtivae afasta a hipótese de aplicação do princípio da insignificância, reclamando a conduta perpetrada pelo réu a intervenção do Direito Penal. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA DO EMPREGO DE CHAVE FALSA. IMPOSSIBILIDADE. Insere-se no conceito de chave falsa qualquer objeto que possa fazer as vezes de chave – incluindo a micha – e que permita a transposição do obstáculo à subtração do bem. Precedentes do STJ e STF. No caso dos autos, não há falar em afastamento do emprego de chave falsa, pois foi constatada no momento da prisão em flagrante a presença de chave micha na posse do réu, que estava sendo utilizada para abrir o carro da vítima. MINORANTE DA TENTATIVA. DESCABIMENTO. Não há falar em reconhecimento da minorante genérica da tentativa se a detenção do réu deu-se já em momento de exaurimento da atividade criminosa, isto é, a conduta do réu já havia preenchido todos os elementos da definição legal do crime de furto. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR DUAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOSCONSISTENTES EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE E PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. Mantida a substituição da pena privativa de liberdade pelas penas restritivas de direitos de prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária, em atenção ao princípio da suficiência das penas substitutivas. ISENÇÃO DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. IMPOSSIBILIDADE. Tratando de sanção cumulativa expressamente estabelecida no Código Penal, a pena de multa é de aplicação cogente. Ademais, inexiste previsão legal para a sua isenção pela falta de condições financeiras do réu. Eventual impossibilidade de pagamento, em razão de estado de pobreza, deverá ser invocada no juízo da execução, não competindo tal análise ao juízo de conhecimento, até porque as condições financeiras do apelante podem ser alteradas até o momento da efetiva execução da reprimenda pecuniária. APELAÇÃO DEFENSIVA DESPROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70083179960, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Conrado Kurtz de Souza, Julgado em: 20-02-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme a ausência de tipicidade material. Caso em que o valor da Res furtivae afasta a hipótese de aplicação do princípio da insignificância, reclamando a conduta perpetrada pelo réu a intervenção do Direito Penal.
Questão. Em relação à tipicidade penal, correto afirmar que 
a) é excluída pelos chamados princípios da insignificância e adequação social, ausentes tipicidade formal e material, respectivamente.
b) o consentimento do ofendido, às vezes, pode afastar a própria tipicidade da conduta e, em outras, constituir causa supralegal de exclusão da ilicitude, segundo entendimento doutrinário. (CERTA)
c) o erro sobre elemento do tipo exclui o dolo e, por isso, incide sobre a ilicitude do comportamento, refletindo na culpabilidade, de modo a excluí-la ou atenuá-la. 
d) é afastada nas hipóteses de crime impossível e arrependimento posterior. 
e) o dolo, segundo a teoria finalista, constitui elemento normativo do tipo. 
Adequação direta e indireta
Na definição de Damásio de Jesus: “De ver-se, contudo, que a participação está ligada à tipicidade e à conduta e não ao nexo de causalidade. Cuida-se de uma hipótese de adequação típica de subordinação mediata, por extensão ou ampliação. Na adequação típica de subordinação direta, como sabemos, o fato se amolda ao modelo legal de forma imediata, sem a interferência de outro dispositivo. Ex.: A mata B, agindo dolosamente. O fato se enquadra na figura do crime de homicídio (CP, art. 121, caput), não havendo necessidade de outra norma. Na adequação típica de subordinação mediata (ampliada ou por extensão), o fato não se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora, exigindo-se para isso o concurso de outro dispositivo. É o que acontece na participação por induzimento, instigação e auxílio (cumplicidade), uma vez que a conduta do partícipe não se ajusta de forma imediata ao tipo, exigindo o emprego de outra disposição para o perfeito enquadramento: “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a estas cominadas” (CP, art. 29, caput). Assim, na participação existe ampliação espacial e pessoal do tipo, pois a descrição delitiva, com o concurso da regra do art. 29, não abrange somente o comportamento que se amolda imediatamente em seu núcleo, estendendo-se também às condutas que, de qualquer modo, concorrem para a realização do crime. Vê-se que nas formas de contribuição moral e material, fora da autoria, há extensão do tipo incriminador. De maneira que a concorrência acede à ação do executor material. Esta, sim, não prescinde do nexo com o resultado. Em suma, nos crimes materiais exige-se nexo de causalidade entre a ação e o resultado. Logo, o art. 13, caput, só é aplicável ao autor direto (quem matou, lesionou etc.), tendo em vista que a relação ali disciplinada é a objetiva, material, entre a conduta e o resultado. Já o art. 29, caput, que regula a extensão punitiva ao comportamento do partícipe, é de ordem normativa e não material.”[footnoteRef:22] [22: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P 452. ] 
Na definição de Guilherme de Souza Nucci: “A adequação típica pode operar-se de forma imediata ou de forma mediata. A adequação típica imediata ocorre quando o fato se subsume imediatamente no modelo legal, sem a necessidade da concorrência de qualquer outra norma, como, por exemplo, matar alguém: essa conduta praticada por alguém amolda-se imediatamente ao tipo descrito no art. 121 do CP , sem precisar do auxílio de nenhuma outra norma jurídica. No entanto, a adequação típica mediata, que constitui exceção, necessita da concorrência de outra norma, de caráter extensivo, normalmente presente na Parte Geral do Código Penal, que amplie a abrangência da figura típica. Nesses casos, o fato praticado pelo agente não vem a se adequar direta e imediatamente ao modelo descrito na lei, o que somente acontecerá com o auxílio de outra norma ampliativa, como ocorre, por exemplo, com a tentativa e a participação em sentido estrito, bem como com o crime omissivo impróprio, que exige a conjugação do tipo de proibição violado com a norma extensiva do art. 13, § 2º, e suas alíneas. Na hipótese da tentativa, há uma ampliação temporal da figura típica, e no caso da participação a ampliação é espacial e pessoal da conduta tipificada.”[footnoteRef:23] [23: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 131.] 
Na definição de Rogério Greco: “Adequação típica de subordinação imediata ou direta – Ocorrerá quando houver perfeita adequação entre a conduta do agente e o tipo penal incriminador. No homicídio, por exemplo, haverá	essa adequação quando houver a morte da	vítima.	A partir daí, poderemos falar em adequação típica de subordinação imediata, pois que a conduta do agente se amoldou diretamente ao tipo previsto no art. 121 do Código Penal. Se neste há descrição da conduta de “matar alguém” e se o agente causou a morte de seu semelhante, seu comportamento se subsume perfeitamente ao modelo abstrato previsto na	lei penal (tipo). • Adequação	típica de subordinação mediata ou indireta – Pode	acontecer ainda que,	embora o agente atue com vontade de praticar a conduta proibida por determinado tipo incriminador, seu	comportamento não consiga se adequar diretamente a essa figura típica. É o caso, por exemplo, da tentativa de homicídio. Se João, querendo causar a morte de Antônio, contra ele vier a descarregar toda a munição existente em sua arma e, mesmo assim, errar o alvo, sua conduta não se adequará imediatamente àquela descrita no art. 121 do Código Penal, pois que este exige	o resultado morte da vítima.”[footnoteRef:24] [24: GRECO, Rogério. “Curso de Direito Penal”: ´parte geral, volume 1, 19.ed- Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2017. P 292.] 
Deste modo compreendemos que, a adequação típica por subordinação imediata ou direta: ocorre quando o fato praticado se amolda diretamente ao narrado no tipo penal, sem a necessidade de analisar qualquer outra norma e a adequação típica por subordinação mediata ou indireta: o fato praticado pelo agente não se amolda ao narrado no tipo penal diretamente. É necessária a aplicação de uma segunda norma, chamada de NORMA DE EXTENSÃO OU AMPLIAÇÃO, para que o ato seja abrangido pela figura típica. Esta norma de extensão provoca uma ampliação do tipo. Esta ampliação pode ser temporal, como no caso da tentativa (art. 14, II, do CP), tendo em vista que a norma penal alcançará a conduta antes da consumação. Ela poderá, também, ser espacial e pessoal, como ocorre no caso de participação (art. 29, do CP), vez que haverá uma extensão do espaço de aplicação da norma, alcançando o partícipe, bem como extensão da pessoa do autor para o partícipe.
Ex: Pedro atira em Leonardo que, apesar de ferido, sobrevive. Nota-se que a conduta praticada por Pedro não se amolda ao previsto no art. 121, do CP (matar alguém), vez que Leonardo ainda está vivo. Dessa forma, é necessária a aplicação,também, do art. 14, II, do CP, para que reste configurada a tentativa de homicídio, e a consequente responsabilização do agente.
Ex: Letícia empresta sua arma de fogo a Hugo e o encoraja a matar Vitor. Hugo, então, desfere vários disparos contra Vitor, que vem a falecer. Nota-se, que a conduta de Letícia não se amolda diretamente ao art. 121, do CP, vez que não foi ela quem matou Vitor. Contudo, por meio da norma de extensão do art. 29, do CP, Letícia poderá ser responsabilizada como partícipe do crime em questão.
Ex: Maria desfere um tiro contra João, que vem a falecer. O ocorrido se adeque imediatamente ao disposto no art. 121, do Código Penal, qual seja, matar alguém.
Jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. POLÍTICAS PÚBLICAS. OBRIGAÇÃO DO MUNICÍPIO. 1. O Ministério Público, em 23/10/2008, promoveu execução de obrigação de fazer contra o Município de Palmares do Sul, uma vez que descumpridas as cláusulas do Termo de Ajustamento de Conduta firmado entre as partes em 12/09/2007. O Município assumiu a obrigação de prestar serviço adequado de recolhimento de animais de grande e de pequeno porte, direta ou indiretamente, nas localidades de Quintão e Granja Vargas, em Palmares do Sul. 2. Na situação concreta, a obrigação assumida pelo Município em 2007 ainda não foi cumprida integralmente. 3. Cabe ao ente municipal promover as políticas públicas referentes aos cuidados dos animais abandonados em seu território – art. 13, I e V, da Constituição Estadual. 4. A atuação do Ministério Público no processo, na condição de parte exequente, é verificar o adimplemento da obrigação pelo executado, não sendo de sua incumbência a apresentação de “plano para o cumprimento de medidas necessárias à solução da problemática”. AGRAVO PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº 70082977802, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em: 07-05-2020).
Observa-se que o TJ-RS levou em consideração que o Município assumiu a obrigação de prestar serviço adequado de recolhimento de animais de grande e de pequeno porte, direta ou indiretamente, nas localidades de Quintão e Granja Vargas, em Palmares do Sul.
Questão. A respeito da teoria jurídica do delito, em especial da tipicidade, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir:
( ) Pela adequação típica mediata ou indireta, haverá subsunção da conduta ao tipo penal por meio de uma outra norma, de caráter extensivo. 
( ) A tipicidade, como elemento integrador do conceito de delito, expressa a contrariedade do fato com todo o ordenamento jurídico. 
( ) De acordo com a teoria indiciária da tipicidade, também chamada de ratio cognoscendi, a tipicidade possui uma finalidade unicamente descritiva, nada indicando a respeito da ilicitude. 
( ) Pelo caráter excepcional do delito culposo, salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
( ) No chamado dolo eventual, o agente prevê o resultado danoso como possível, mas não o deseja diretamente e ainda tem a convicção de que não ocorrerá. 
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
a) V, V, F, F, F.
b) V, F, V, V, F.
c) V, F, F, V, F. (CERTA)
d) F, V, F, F, V.
e) F, F, V, V, V.
Tipicidade e ilicitude
Na definição de Guilherme de Souza Nucci: “O conceito de antijuridicidade ou ilicitude é um dos que, na teoria do crime, aproxima quase todas as tendências, de causalistas a funcionalistas. Apenas a teoria dos elementos negativos do tipo inclui no tipo-total de injusto, unindo tipo e ilicitude numa só figura, resultando o crime como um fato típico (abrangente da ilicitude) e culpável.”[footnoteRef:25] [25: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 521.] 
Na definição de Luiz Flávio Gomes: “Coerente com essa construção é o entendimento de que o tipo penal é mero indício da antijuridicidade. No dia-a-dia forense, em conseqüência, o órgão acusador não se preocupa com nada mais que demonstrar os requisitos típicos formais do fato. Demonstrada a tipicidade nestes termos literais ou formais, automaticamente já se admite que o fato é antijurídico, salvo se o acusado comprovar uma causa de exclusão da ilicitude. Essa é uma visão acentuadamente formalista do injusto penal e do Direito penal. Significa ver a norma penal como se fosse qualquer outra norma administrativa. Ignorava, essa concepção, a riqueza que está detrás da concepção valo- rativa da norma (ao lado, é verdade, da vertente imperativa).”[footnoteRef:26] [26: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 93.] 
Na definição de Luiz Flávio Gomes: “A tipicidade esgotava-se na mera subsunção formal da conduta à letra da lei quando o delito era visto como mera desobediência à norma (imperativa), quando não se considerava o seu aspecto valorativo, onde reside o bem jurídico; quando nenhum questionamento se fazia, para a consumação do crime, a respeito da afetação desse bem jurídico. Relevante, nesse sistema, era exclusivamente o resultado natural (modificação do mundo exterior causada pela conduta).”[footnoteRef:27] [27: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 94.] 
Na definição Francisco de Assis Toledo: “A tipicidade e a ilicitude implicam-se, numa relação indissolúvel no interior do injusto, mas conceitualmente não se confundem. O tipo, para não reduzir-se a um abstrato Leitbild, ou a um “princípio formal”, só pode ser a descrição de condutas proibidas, portanto um “tipo de injusto” (Unrechtstypus). A exclusão do injusto, pela incidência de uma norma permissiva (causa de justificação ou de exclusão da ilicitude), opera-se no momento mesmo da realização do fato justificado, não depois, quando do desenvolvimento do raciocínio do julgador, este sim condicionado a um processo cognoscitivo bifásico. O tipo de injusto, assim entendido, está infiltrado pela ilicitude, que lhe dá o verdadeiro conteúdo material. Não contém, porém, como elementos negativos, as causas de justificação, tal como propõe a teoria dos elemeritos negativos, a qual, todavia, chega a resultado idêntico, por meio de um procedimento invertido em relação ao que estamos preconizando. Assim, quem propositadamente fere outrem, em legítima defesa, comete a ação de ferir um ser humano, contudo, induvidosamente, não pratica um crime de lesões corporais. Para chegar-se a essa conclusão, diante de um caso concreto, há que se examinar primeiro a tipicidade legal do fato; depois, a. exclusão da ilicitude desse fato pela incidência preponderante da norma específica que o justifica (a legítima defesa). O fato, todavia, já nasce por inteiro de modo justificado. Sua completa cognição, por parte do órgão julgador, esta sim é que exige o exame da subsunção ao tipo legal em momento anterior ao da verificação da presença de uma causa de justificação. Esse raciocínio mais se reforça na hipótese inversa, isto é, quando o fato se realiza sem a presença de qualquer causa de justificação — o que é bem mais frequente nos casos judiciais. Nesta hipótese, a adequação típica já dá o conteúdo de ilicitude do fato, não apenas o “juízo condicionado” de ilicitude. Seria até mesmo irrealístico supor-se que o juiz, ao julgar autor de latrocínio, cometido com exclusivo propósito de lucro, uma vez comprovada essa imputação e constatada a adequação típica, deva, ainda, percorrer toda a doutrina, bem como a totalidade do ordenamento jurídico vigente, na tentativa inútil de surpreender alguma inesperada causa de justificação que exclua , a ilicitude do fato que já se revela, em concreto, um ilícito penal.”[footnoteRef:28] [28: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos do direito penal. 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 1994. P 124. ] 
Deste modo compreendemos que, através da Ilicitude destaexcludente, não se criminaliza a conduta adotada caso esta tenha sido motivada em razão de alguns aspectos, já a tipicidade, visa encaixar um caso que ocorreu ao que determina nosso dispositivo penal em razão de suas obrigações e proibições, tendo o agente cometido fato descrito na lei, terá preenchido o critério da tipicidade do ato.
EX ILICITUDE: A título de exemplo, imagine que para cessar uma agressão física através de um chute, você utilize de uma arma de foto, disparando contra outrem. Tal ato, não será assemelhado a legítima defesa, pois a reação adotada após a ação do agente infrator, será considerada excessiva. 
EX TIPICIDADE: Um exemplo de excludente de tipicidade, seria de um agente que age com coação (tipo penal previsto) para impedir um suicídio. Nesta hipótese, ter a atitude inicialmente ilegal que neste exemplo seria da coação, não age de forma típica a causa-la uma vez que seu objetivo seria impedir um suicídio.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. INTEMPESTIVIDADE DAS RAZÕES RECURSAIS. REJEIÇÃO. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ART. 14, CAPUT, DA LEI 10.826/03. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. TIPICIDADE. EXCLUDENTES DE ILICITUDE OU CULPABILIDADE. INOCORRÊNCIA. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1. A apresentação das razões fora do prazo previsto no art. 600 CPP é mera irregularidade, quando observado o prazo do art. 593 do CPP. 2. O porte ilegal de arma de fogo é crime de perigo abstrato e de mera conduta, mostrando-se prescindível a demonstração de perigo concreto. Precedentes. Na esteira do entendimento dos Tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal, não são inconstitucionais os crimes de perigo abstrato, a exemplo daqueles previstos na Lei 10.826/03, que teve sua constitucionalidade assentada na ADI 3.112/DF. 3. Pratica o crime do art. 14, caput, da Lei 10.826/03, quem traz consigo arma de fogo de uso permitido, em via pública, em desacordo com determinação legal ou regulamentar. A partir das provas produzidas, não houve dúvida que o revólver e as munições estavam na posse do recorrente. O relato dos policiais que participaram da prisão foi firme e se amolda ao restante do conteúdo produzido em sede inquisitorial e judicial, a se incluir a confissão do acusado, a justificar a manutenção da condenação. 4. A alegação de que o porte de arma tinha por finalidade a defesa do acusado não é razão para exculpá-lo do fato narrado. Apenas em situações onde concretamente se vislumbre que a limitação do direito de portar arma tenha impedido ao cidadão a defesa de um direito de estatura constitucional, que poderá ser dogmaticamente enquadrado como estado de necessidade ou outra excludente de ilicitude ou culpabilidade, comprovando-se que a proteção pelo Estado foi negada ou, de algum modo, restou impossibilitada, é que será possível o acolhimento da tese trazida pela Defesa. Não é o que se verifica no caso dos autos. PRELIMINAR CONTRARRECURSAL REJEITADA. APELAÇÃO NÃO PROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70083613240, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em: 07-05-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme a tipicidade, excludente de ilicitude ou culpabilidade, tendo nesta jurisprudente algumas inocorrência. Mantendo assim a condenação. INOCORRÊNCIA. 
Questão. Tipicidade / Ilicitude 
Julgue os itens a seguir acerca da tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade:
I - Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade. 
II - Extingue-se a punibilidade pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra a dignidade sexual. 
III - Tipicidade é a conduta típica realizada.
IV - Para ser culpável, o agente deverá ser imputável.
A) Somente estão corretos os itens I e II.
B) Somente estão corretos os itens I e IV. (CERTA)
C) Somente estão corretos os itens I, II e IV.
D) Somente estão corretos os itens II e IV.
E) Todos os itens estão corretos.
Tipo legal e tipo de injusto
Na definição de Cleber Masson: “Tipo legal é o modelo sintético, genérico e abstrato da conduta definida em lei como crime ou contravenção penal”.[footnoteRef:29] [29: MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral. 8. Ed. Vol. 1. Rio de Janeiro: fornese; São Paulo: método. 2014. P. 338 e 339.] 
No site do Jus Brasil eles definem como: “Assim sendo, surgem os tipos legais, nos quais se encontra a descrição abstrata de um crime. Em outras palavras, tipo legal é a descrição de uma determinada forma de ofensa a um bem jurídico contemplada em uma lei penal. (...) Vamos entender. O tipo legal é a simples descrição fria feita pela lei penal: “matar alguém”. Mas o mesmo tipo apresenta, para o penalista, várias outras características não expressas que o permitem visualizar no mesmo crime um tipo penal. No exemplo “matar alguém”, o penalista entende que matar alguém pode ser culposamente, pode ser dolosamente, que o bem jurídico tutelado é a vida, etc.”[footnoteRef:30] [30: Disponível em : https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121924493/qual-a-diferenca-entre-tipo-legal-e-tipo-penal, acesso em 25/05/2020 às 18:30. ] 
Na definição de Guilherme de Souza Nucci: “Tipo de injusto: é a teoria dos elementos negativos do tipo, significando que o tipo contém a ilicitude. Portanto, há tipo incriminadores (art. 25: legítima defesa); matar em legítima defesa é fato atípico.”[footnoteRef:31] [31: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 435.] 
Na definição de Luiz Flávio Gomes: “O tipo penal, entendido como “tipo de injusto” (em sentido material), é o conjunto das características determinantes do injusto valorado negativamente pelo legislador.”[footnoteRef:32] [32: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 152] 
Na definição de Francisco de Assis Toledo: “O tipo, para não reduzir-se a um abstrato Leitbild, ou a um “princípio formal”, só pode ser a descrição de condutas proibidas, portanto um “tipo de injusto” (Unrechtstypus). A exclusão do injusto, pela incidência de uma norma permissiva (causa de justificação ou de exclusão da ilicitude), opera-se no momento mesmo da realização do fato justificado, não depois, quando do desenvolvimento do raciocínio do julgador, este sim condicionado a um processo cognoscitivo bifásico. O tipo de injusto, assim entendido, está infiltrado pela ilicitude, que lhe dá o verdadeiro conteúdo material. Não contém, porém, como elementos negativos, as causas de justificação, tal como propõe a teoria dos elemeritos negativos, a qual, todavia, chega a resultado idêntico, por meio de um procedimento invertido em relação ao que estamos preconizando. Assim, quem propositadamente fere outrem, em legítima defesa, comete a ação de ferir um ser humano, contudo, induvidosamente, não pratica um crime de lesões corporais.”[footnoteRef:33] [33: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos do direito penal. 5ª. Ed. São Paulo: Saraiva. 1994. P 136.] 
Deste modo compreendemos que, tipo penal (ou tipo legal e crime) é uma estrutura normativa abstrata que descreve condutas proibidas/ordenadas pelo Estado. Certo é que, desde o causalismo, até as tendências dogmáticas mais modernas (pós-finalistas), há uma evolução na estrutura valorativa e na composição de cada parcela integrante da teoria do delito: cada teoria da ação tem reflexos nos conceitos de tipo penal, de ilicitude e de culpabilidade e que o conceito de tipo de injusto, cujo desdobramento apresenta os elementos ação, tipo e antijuridicidade (ou ação típica e antijuridicidade). De fato, não há consenso sobre as definições do conceito de ação, mas existem modelos mais ou menos diferentes. São eles: o causal, o final, o social (ação como comportamento socialmente relevante), o negativo (como a não evitação do comportamento proibido) e o pessoal (como manifestação da personalidade), dentre outros.
EX: As altas aposentadorias são jurídicas, porém consideradas injustas em relação ao ganho das demais pessoas outro.
Ex.: Um comerciante vendo -se prejudicadoacha -se na razão de furtar objeto do devedor. Esta conduta pode ser justa mais é antijurídica.
Ex.: Beling coloca como exemplo de tipo legal o homicídio. 
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DOLOSOS E CULPOSOS CONTRA A PESSOA. DELITOS DE LESÃO CORPORAL (ARTIGO 129, §9º, DO CP) E AMEAÇA (ART. 147, CP). INCIDÊNCIA DA LEI N.º 11.340/06. INCONFORMISMO DEFENSIVO. CONDENAÇÃO MANTIDA. NULIDADE POR INVERSÃO DA ORDEM ESTABELECIDA PELO ART. 212 DO CPP. PRELIMINAR NÃO ACOLHIDA. Preliminar de nulidade do processo por afronta ao art. 212 do CPP que não merece guarida, uma vez que observado o dispositivo legal e não houve demonstração de prejuízo. Materialidade e a autoria comprovada, bem como que o réu ameaçou sua ex-companheira, prometendo causar-lhe mal injusto e grave (morte), além de ofender sua integridade física ao lesionar seu pescoço (região cervical) tentando sufocá-la. Condenação mantida. PENA: Redimensionada a pena-base do réu, uma vez que a fundamentação utilizada para a negativação da vetorial da culpabilidade configura elementar do tipo. O tipo penal previsto no artigo 147, do CP, não prevê a prática do delito descrito em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com o delito de lesões corporais previsto no artigo 129, §9º, do CP. Não há se falar em bis in idem, em razão da incidência da agravante do artigo 61-II-“f”, do mesmo diploma legal. Em virtude das agravantes, vai redimensionado o quantum aplicado, para que seja mantida a proporcionalidade na aplicação da pena. Quanto ao regime carcerário, inexiste o alegado erro material. Foi devidamente fixado o regime semiaberto, uma vez que o réu é reincidente, em observância ao disposto no artigo 33, § 2°, alínea “c”, do CP. PRELIMINAR REJEITADA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70077757920, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Cidade Pitrez, Julgado em: 28-11-2019)
Observa-se que o TJ-RS julgou o agende conforme sua ação que se enquadrava no tipo penal legal art.147, do CP, onde o mesmo afirmou causar mal injusto a sua companheira, deste modo o TJ-RS optou por mantes sua pena interior intacta e a cima dela inseriu a nova pena. 
Questão. Leia as assertivas e ao final marque a opção correta:
I – O consentimento do ofendido é causa de extinção da tipicidade, sempre que apreça expressa ou tacitamente no tipo de injusto, como condição que deve estar necessariamente presente para funcionar como excludente.
II – Ainda a respeito da disciplina da ilicitude, é possível constatar que o nosso Código Penal relaciona quatro causas de exclusão da ilicitude, mas apenas explicitou conceitualmente duas delas em sua Parte Geral.
III – Age em legítima defesa de direito difuso de terceiros, a equipe policial que ingressa no interior de uma residência para prender em flagrante delito uma pessoa que lá se encontra, mantendo escondida em seu interior, farta quantidade de droga.
IV – Segundo a teoria da ratio essendi, a prática de uma conduta típica indicia sempre a sua própria ilicitude, de modo que se resultar provado que o agente agiu em legítima defesa, teremos o caso de uma conduta típica, mas com a exclusão de sua antijuridicidade.
V – No que concerne ao instituto do estado de necessidade adotado pelo legislador pátrio, é possível afirmar que age em estado de necessidade exculpante, a equipe policial que ingressa no interior de uma residência para prender quem se encontra em flagrante delito.
1. Apenas as assertivas I e II estão corretas. ( CERTA)
2. Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
3. Apenas as assertivas I e V estão corretas.
4. Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
5. Apenas as assertivas III e V estão corretas.
Teorias do tipo
Na definição de Cezar Roberto Bitencourt: “Diante das contundentes, e muitas vezes injustas, críticas recebidas, Beling reformulou sua teoria do tipo em 1930, mantendo, contudo, seu papel independente de função descritiva, e reconhecendo, inclusive, a importância de algumas sugestões recebidas de seus críticos. Nesse novo trabalho, La doctrina del delito tipo, elaborado em homenagem a Frank, Beling estabeleceu a distinção entre tipo de delito (Deliktypus) e Tatbestand ou figura reitora (Leitbild). Ao tipo de delito — Deliktypus — correspondem todas as características internas e externas de cada figura legal. Todos os delitos-tipos são puramente descritivos porque neles ainda não se expressa a valoração jurídica que os qualifica como antijurídicos. O Tatbestand, por sua vez, como figura ideal, não se encontra alojado nem na parte objetiva nem na subjetiva do delito, sendo um modelo conceitual extraído do acontecimento externo. Com essa reformulação, Beling pretendia superar alguns problemas apresentados na sua primeira formulação, como, por exemplo, com a tentativa e a participação em sentido estrito, pois a tentativa caracteriza-se pela incompleta realização do tipo, enquanto o partícipe, de regra, não integra a realização perfeita da figura delitiva.”[footnoteRef:34] [34: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 24ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2018. P 130.] 
Na definição de Damásio de Jesus: “A adoção de uma ou outra depende da doutrina que se adote em relação à teoria do tipo e da antijuridicidade. Para aqueles que, como Mezger, acreditam numa ilicitude tipificada, isto é, afirma que a antijuridicidade se encontra no tipo, a expressão é elementos subjetivos do injusto (elementos subjetivos da antijuridicidade). Significa que a antijuridicidade (o injusto) concretizada no tipo possui um elemento subjetivo que condiciona a sua existência. Para os que adotam o princípio de que a tipicidade constitui mero indício da antijuridicidade, como Mayer, separando a tipicidade da ilicitude, a expressão é elementos subjetivos do tipo (nossa posição)7. Significa que o tipo possui um elemento subjetivo, referente à situação anímica do sujeito, que condiciona a tipicidade do fato. Como diz Juarez Tavares, “as expressões elementos subjetivos do tipo e elementos subjetivos do injusto possuem o mesmo significado”. “Hoje são estes elementos estudados dentro do tipo, por razões sistemáticas e porque formam, de qualquer modo, a estrutura do tipo.”[footnoteRef:35] [35: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P 316.] 
Na definição de Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli: “Com efeito, sob a liderança dos jovens penalistas Georg Dahn e Friedrich Schaffstein, os integrantes da Escola de Kiel lutaram contra a ideia analítica do conceito do delito (ação típica, antijurídica e culpável). Ao invés do liberalismo e da abstração, propuseram o totalitarismo e concreção, ou seja, a substituição daquilo que chamavam de “Direito-cadáver” pelo “Direitovida”. Em síntese, propuseram uma perspectiva intuitiva, baseada na noção de infração do dever, restringindo as possibilidades de causas de justificação e de exculpação, introduzindo a teoria do tipo de autor (Direito Penal do autor). Isso possibilitou a manipulação de vários conceitos, culminando no irracionalismo, no decisionismo, no arbítrio protagonizado pela Gestapo e, com isso, na autossupressão da própria Ciência do Direito Penal. Igualmente, como observado por García-Pablos de Molina, o Direito Penal da Escola de Kiel morreu junto com o regime nacional-socialista.”[footnoteRef:36] [36: ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro: parte geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. P 194.] 
Deste modo compreendemos que, as teorias do tipo são como elementos autônomos dentro do conceito. Deste modo verificar-se-á a evolução do conceito de tipo de acordo com as principais teorias: 1° Teoria Causal, 2° Teoria dos elementos negativos do tipo, 3°Finalismo, 4° Teoria social da ação, 5° Funcionalismo. 
EX: João vivia na idade média e cometeu um crime, conforme a teoria do tipo penal da época o agente foi julgado e teve um tipo de pena aplicado ao

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