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Dietoterapia para doença reumática- Síndrome de sjögren (SS)

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A síndrome de Sjögren (SS) é uma doença
inflamatória autoimune crônica que afeta as
glândulas exócrinas, sobretudo as glândulas
salivares e lacrimais, resultando em
ressecamento da boca (xerostomia) e dos
olhos (xeroftalmia). A SS pode ocorrer
isoladamente (SS primária) ou pode ser
secundária, em consequência de um
distúrbio reumático prévio (comumente
artrite reumatoide ou lúpus eritematoso
sistêmico). A SS afeta principalmente
mulheres de meia-idade, com relação
mulheres/homens de 9:1.
 
 
Sede, sensação de ardência na mucosa oral,
inflamação da língua (glossite) e dos lábios
(queilite), rachaduras nos cantos dos lábios
(queilose), dificuldades na mastigação e
deglutição (disfagia), cáries dentárias
graves, infecções orais (candidíase), cáries
dentárias progressivas e desconforto oral
noturno. Os pacientes também podem
apresentar distúrbios extraglandulares que
afetam a pele, os pulmões, os rins, os
nervos, o tecido conjuntivo e o sistema
digestório (Ebert, 2012; Tincani et al., 2013).
Os pacientes com SS também podem
desenvolver distúrbios na percepção de
odores (disosmia) e na acuidade do paladar
(disgeusia) (Ebert EC, 2012; Gomez et al.,
2004). 
Embora a patogenia da SS permaneça
indefinida, fatores ambientais, genéticos e
hormonais parecem estar envolvidos
(Tincani et al., 2013). Os linfócitos que
infiltram as glândulas salivares são, em sua
maior parte, células T CD4. As
concentrações elevadas de IL-1 e IL-6 na
saliva de pacientes com SS sugerem a
participação de uma resposta Th1 na
patogenia da doença. Embora a princípio se
tenha considerado que as células T exerçam
o papel desencadeante na SS, enquanto as
células B são restritas à produção de
autoanticorpos, foi constatado que as
células B desempenham um papel central
no desenvolvimento da doença. Uma
característica distinta da SS é a presença de
autoanticorpos anti-Ro/SSA e anti-La/SSB.
É interessante assinalar que os anticorpos
anti-Ro/SSA podem ser encontrados
isoladamente ou de modo concomitante
com anticorpos anti-La/SSB, enquanto a
positividade exclusiva do anticorpo anti-
La/SSB é rara (Huang et al., 2013). 
Síndrome de sjögren (SS) 
FisiopatologiaDefinição
Sinais orais comuns
Tratamento clínico
O manejo terapêutico da SS baseia-se no
tratamento sintomático das manifestações
glandulares e no uso de FARMD para o
comprometimento sistêmico. O tratamento
sintomático apresenta efeitos benéficos
sobre o ressecamento oral e ocular e evita
complicações adicionais, como candidíase
oral, doença periodontal e ulceração e
perfuração da córnea. O tratamento tópico
da xerostomia consiste em evitar irritantes,
como cafeína, álcool e tabaco, e em
hidratação adequada (pequenos goles de
água) e uso de substitutos da saliva, géis
lubrificantes, colutórios, goma de mascar,
pastilhas ou óleos. Qualquer um desses
tratamentos é efetivo em curto prazo, porém
nenhum deles melhora a produção de saliva.
Após o consumo de alimentos ou bebidas
açucarados, é necessário escovar
imediatamente os dentes e enxaguálos com
água, a fim de evitar cáries dentárias. O
tratamento tópico para a xeroftalmia
consiste em evitar ambientes secos, com
névoa ou vento e leitura prolongada ou uso
de computador. Podem-se utilizar lágrimas
artificiais. Os agonistas dos receptores
muscarínicos, a pilocarpina (Salagen®) e a
cevimelina (Evoxac®), podem ser utilizados
para o tratamento do ressecamento da boca
e dos olhos apenas em pacientes com função
glandular residual (Tincani et al., 2013). 
A terapia de depleção das células B com
rituximabe (anti-CD20) melhora a taxa
global de fluxo de saliva estimulada e a
função das glândulas lacrimais, bem como
outras variáveis, como concentrações de FR,
manifestações extraglandulares (artrite,
vasculite cutânea), fadiga e qualidade de
vida, indicando que as células B
desempenham importante papel na
patogenia da SS (Tincani et al., 2013). A IL-1
e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa)
desempenham importante papel no
desenvolvimento da SS. O bloqueio da IL-1
(anacinra) é benéfico no tratamento da SS,
enquanto o bloqueio do TNF-alfa
(etanercepte) é ineficaz no controle dos
sintomas da SS (Yamada et al., 2013; Yao et
al., 2013). O etanercepte exacerbou a
expressão do IFN-alfa e BAFF, fornecendo
uma possível explicação para a falta de
eficácia do bloqueio do TNF-alfa na SS. O
tratamento das manifestações
extraglandulares deve ser específico para os
órgãos envolvidos. Os agentes antimaláricos
(hidroxicloroquina), além de melhorar o
fluxo de saliva, podem ser úteis em
pacientes com SS que apresentam
artromialgia. Podem-se utilizar
corticosteroides em pacientes com
manifestações extraglandulares, embora
não tenham nenhum efeito sobre as taxas de
fluxo salivar ou lacrimal. 
Dietoterapia
O principal objetivo do manejo dietético em
pacientes com SS consiste em ajudá-los a
aliviar os sintomas orais e a reduzir o
desconforto ao comer, em consequência da
dificuldade na mastigação e deglutição.
Com muita frequência, os pacientes com SS
modificam seus hábitos dietéticos em um
processo de “tentativa e erro” para lidar com
os sintomas orais, sobretudo para melhorar
a mordida (cortando as frutas, os vegetais e
as carnes em pequenos pedaços), a
mastigação (tornando os alimentos de
consistência mais mole com o preparo de
sopas, caldos, caçarolas ou vegetais e carnes
macios cozidos) e a deglutição (umedecendo
os alimentos com caldos, molhos, iogurte ou
molhos para salada). Os alimentos que
agravam os sintomas orais devem ser
limitados, como frutas cítricas, bem como
alimentos irritantes, quentes ou alimentos
condimentados (Sjögren’s Syndrome
Foundation, 2013). A desnutrição ou a perda
de massa corporal não são comuns em
pacientes com SS, embora seja frequente a
ocorrência de deficiência de vários
nutrientes. Essas deficiências incluem as de
vitamina D, vitamina B6 , vitamina B12 ,
ácido fólico e ferro, que podem ser
facilmente corrigidas por meio de
aconselhamento nutricional ou
suplementação adequada (Erten et al., 2014). 
Um aspecto mais importante é o fato de que
deficiências isoladas de nutrientes na SS
têm sido associadas a outras doenças, como
baixas concentrações de vitamina D
associadas a neuropatia e linfoma,
sugerindo um possível papel da deficiência
de vitamina D no desenvolvimento de outros
sintomas, bem como o efeito benéfico
plausível da suplementação com vitamina D
(Tincani et al., 2013).
 
Referencia: MAHAN; Kathleen. RAYMOND;
Janice. Krause: alimentos, nutrição e
dietoterapia. 14º edição.

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