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1 O n.° total de mortes por câncer situa-se atrás, somente das por doenças cardiovasculares. (Chemin) Compreendendo o que é o Câncer O câncer pode ser considerado como uma doença das células corpóreas, pois seu desenvolvimento envolve lesão ao DNA celular. Todas as células do organismo renovam-se, umas de maneira mais acelerada (tecidos de renovação celular acentuada – medula óssea, células da mucosa do TGI) outras de maneira mais lenta. Para que ocorra esta renovação, as células devem dividir-se e este processo é chamado de ciclo celular. (Fig. 1). Durante a fase S, uma cópia do material genético é produzida; na fase M, ocorre a divisão celular propriamente dita, em os componentes celulares são divididos em 02 células filhas; e as fases G1 e G2 são chamadas de gaps e constituem períodos intermediários onde a célula se prepara para concluir as outras duas fases S e M. Fig. 01 Fases do ciclo Celular O ciclo celular da célula normal possui vários pontos de checagem e mecanismos de conferência para impedir que os carcinógenos danifiquem o DNA e resulte em doenças como o câncer. No câncer, normalmente estes mecanismos estão danificados o que gera formação de células alteradas ou oncológicas. A carcinogênese é descrita em 03 fases progressivas (Fig. 2): 1. Início quando ocorre a mutação do DNA; 2.Promoção as células iniciadoras (mutadas) multiplicam-se formando um tumor isolado. As células podem permanecer dormentes por um período variável até que sejam ativadas por um agente promotor. 3. Progressão formação de uma neoplasia maligna com capacidade de invadir tecidos e criar metástases. Fig. 02 Fases da Carcinogênese Nutrição na Etiologia do Câncer Grande parte dos cânceres relacionam-se a fatores ambientais, incluindo aí a exposição ambiental, estilo de vida e a dieta. A complexidade da dieta apresenta difícil desafio em estabelecer esta relação, pois a mesma pode possuir tanto inibidores quanto intensificadores da carcinogênese. A tabela 1 relaciona os principais carcinógenos dietéticos e a tabela 2, os principais quimioprotetores: Tab.01 Efeitos dos carcinógenos dietéticos (Krause) Carcinógeno Efeito Excesso de peso Estimulam carcinogênese mama (principalmente pós-menopausa e sem reposição hormonal), endométrio e rim, Krause 2013 – Esôfago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, mama (pós- menopausa), endométrio, rim, cólon e reto. Excesso peso + inatividade física Estimulam carcinogênese cólon. Segundo Cuppari (2014), excesso de gordura corporal está relacionado com risco de câncer de esôfago, pâncreas, vesícula biliar, colorretal, mama, endométrios e rim. Alta ingestão de gordura Risco de Ca de mama, cólon, pulmão e próstata. Ingestão protéica 02 a 03 X a necessidade Estimula a carcinogênese. Ingestão excessiva de carne vermelha Estimulam carcinogênese cólon e próstata avançado (este último + produtos lácteos) Mecanismos envolvidos na ingestão de carne e Ca cólon – produção de substâncias cancerígenas a partir de dieta rica em gordura, a partir de aminas heterocíclicas e/ou hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, formação de compostos N-nitrosos e da influencia do ferro heme. Baixa ingestão de frutas e legumes Risco de Ca em 02 X (exceto para próstata) quando comparado a alto consumo. Álcool (age sinergicamente com Fumo) Estimula carcinogênese boca, faringe, laringe e esôfago, pulmão, fígado e cólon (cerveja) / mama pré e pós-menopausa ( níveis endógenos de estrogênios, redução dos níveis de ácido fólico e efeito direto do álcool e seus metabólitos no tecido mamário). Ingestão bebidas muito quentes Risco de Ca de esôfago. Nitratos, nitritos, nitrosaminas (vegetais, alimentos salgados, defumados) Obs.: efeito protetor na ingestão destes com vitamina C e fitoquímicos. Carcinogênicos Ingestão excessiva de sal Risco de Ca gástrico. CÂNCER Prof. Cristina Fajardo Diestel cristinadiestel@nutmed.com.br Carcinógenos Radiação Luz ultravioleta Radicais livres 2 Ingestão excessiva de carboidratos simples (Krause, 2010) Estimula a carcinogênese. Níveis plasmáticos altos de insulina podem aumentar o risco de mortalidade por câncer de mama. Toxicidade do Bisfenol (A) (Krause, 2013) Cancerígeno Observações quanto a outros carcinógenos (Krause, 2010): - Atualmente, a Food and Drug Administration não reconhece nenhum adoçante como cancerígeno; - Álcool – segundo a Krause, se houver consumo, este deve ser limitado a dois drinques por dia para homens e um drinque por dia para mulheres e, também, que o consumo de folato seja o mais adequado possível. Tab. 02 Efeitos dos quimioprotetores dietéticos (Krause) Quimioprotetor Efeito Restrição calórica Inibe crescimento tumoral Restrição protéica Suprime crescimento tumoral Dieta rica em fibras Efeito protetor Ca cólon, reto, mama e ovários. Alta ingestão de frutas e vegetais (vit. C, E, selênio, fibras e fitoquímicos) Protetor contra a carcinogênese - especialmente Ca cavidade oral, esôfago, estômago, cólon, pulmão, reto e bexiga. Menor relação com Ca hormonais Alta ingestão de betacaroteno, vit. E e selênio Taxa de mortalidade por Ca esofágico/gástrico Ingestão chá verde Fonte de fenóis e antioxidantes Pode proteger contra Ca gástrico Prática de exercício físico Previne Ca mama e cólon Soja – proteína vegetal que contém fitoestrógenos (Krause, 2010). Protege contra o câncer de mama, especialmente se a soja dietética for consumida antes que se atinja a fase adulta. Obs.: a soja, possivelmente pode ser perigosa se consumida por uma mulher com diagnóstico de Ca mama do tipo receptor positivo de estrogênio. Krause (2013) – os homens com cânceres hormônio-sensíveis, como câncer de próstata, podem ser beneficiar do consumo regular de produtos com soja. Cálcio + vitamina D (Krause, 2010). Associado a redução moderada da probabilidade de recorrência de adenomas colorretais. Café (Krause, 2013). Possui vários compostos antioxidantes e fenólicos que tem propriedades anticancerígenas Ácido Fólico (Krause, 2013). Interfere na metilação, síntese e reparo do DNA Maior ingestão associada a risco diminuído de câncer pancreático Os agentes cancerígenos podem ser: (Chemin) - químicos (níquel, benzopireno), - biológicos (vírus), - físicos (radiações ionizantes e raios ultravioleta) e - genéticos - são mais relacionados à ocorrência de câncer na infância. Os fatores ambientais como tabagismo, alcoolismo, exposição ao sol, aumento da ingestão de gordura, infecção por papilomavírus, uso crônico de estrógenos e obesidade são mais relacionados aos cânceres do adulto. (Chemin) Veja na tabela abaixo os fatores de risco modificáveis e não modificáveis para o câncer: (Cuppari, 2014). Fatores de risco modificáveis Fatores de risco não modificáveis Uso do tabaco Alimentação inadequada: alta densidade energética, rica em gordura saturada e pobre em frutas, legumes e verduras Inatividade física Obesidade Consumo de bebida alcoólica Agentes infecciosos: HPV, vírus da hepatite B e bactéria H. pylori Radiação ultravioleta (solar) e ionizante (raio X) Exposição ocupacional: asbesto, arsênio, benzeno, sílica, radiação, agrotóxico, poeira de madeira e de couro e fumaça do tabaco. Poluição ambiental Comportamento sexual: início precoce das atividades sexuais, múltiplos parceiros sexuais estão relacionados a infecção pelo HPV Idade: aumento do risco com o aumento da idade Etnia e raça Hereditariedade Gênero: diferenças anatômicas Os cânceres de pulmão, mama, próstata e cólon predominam em países com grande volume de recursos financeiros. Os cânceres de estômago, fígado, cavidade oral e colo de útero, por sua vez, são mais predominantes em países de baixo e médio níveis de recursos financeiros (Cuppari, 2014). No quadro abaixo, são colocadas as recomendações da Organização Mundial da Saúde para a redução do risco de Câncer (Chemin e Cuppari, 2014). Manter o peso corporal dentro dos limites normais de IMC Evitar ganho de peso (Chemin- evitar ganho > 5kg na idade adulta) e aumento da circunferência da cintura) Manter-se fisicamente ativo comoparte da rotina diária Chemin – manter atividade física regular em mais dias da semana, mais de 60min/dia com moderada intensidade. Atividades mais vigorosas como caminhada rápida, podem trazer benefícios adicionais na prevenção do câncer. Cuppari – fazer no mínimo 30 min todos os dias de atividade física moderada. Limitar os hábitos sedentários Consumir bebidas alcoólicas não é recomendado. Chemin - Porém, se consumir, não deve exceder o equivalente 10g de álcool (01 copo de cerveja ou vinho). Cuppari e Krause– Se consumir deve ser limitado a 2 doses/dia para homens e 01 dose/dia (10-15g/dia) para mulheres. Os alimentos conservados em sal e o sal devem ser consumidos moderadamente. Cuppari, 2014 – Limitar a ingestão de sal em menos de6g/dia (2,4g/sódio) por dia. Não consumir cereais e grãos mofados. Cuppari 2014 – consumir raramente alimentos com alta densidade energética (225-275 kcal/100g). Evitar bebidas açucaradas e alimentos tipo fast food. Diminuir a exposição à aflatoxina dos alimentos. Ter uma dieta que inclua pelo menos 400g/dia de frutas. Legumes e verduras 3 Cuppari, 2014 – consumir cereais pouco processados e/ou leguminosas em todas as refeições. Limitar alimentos processados (refinados) que contenham amido. Moderar o consumo de carnes vermelhas e embutidos (salsicha, salame, bacon, presunto). Cuppari, 2014 – consumir menos de 500g de carne vermelha/semana, inluindo pouca ou nenhuma quantidade de carne processada. Não consumir bebidas em temperatura muito altas. As necessidades nutricionais devem ser alcançadas pela alimentação. Suplementos alimentares não são recomendados para prevenção do câncer. Amamentar exclusivamente as crianças com leite materno até os 6m de vida Efeitos Nutricionais do Câncer A nutrição é adversamente afetada, tanto pelo câncer quanto pela modalidade de tratamento prescrita (cirurgia, quimioterapia e radioterapia). Caquexia Caquexia pode ser definida como uma síndrome multifatorial caracterizada pela perda de massa muscular (com ou sem perda de tecido adiposo), que não pode ser revertida com suporte nutricional convencional e acarreta progressiva disfunção orgânica. A fisiopatologia é caracterizada por balanço nitrogenado e proteico negativo, associado a redução da ingestão alimentar. Segundo Consenso Atual sobre caquexia do câncer, a caquexia do câncer pode ser dividida em 3 estágios: pré- caquexia, caquexia e caquexia refratária. Na pré-caquexia aparecem sinais clínicos e metabólicos precoces, como anorexia e intolerância a glicose, que podem preceder a perda de peso involuntária menor que 5%. O risco de progressão depende de fatores como tipo e estágio do câncer, presença de inflamação sistêmica, baixa ingestão alimentar e ausência de resposta a terapia anticâncer. Pacientes que têm perda de peso maior que 5% em 6 meses, IMC< 20 kg/m² ou sarcopenia com perda de peso >2% são classificados como com caquexia. Na caquexia refratária, a caquexia pode ser clinicamente refratária, como resultado de doença avançada ou ausência de resposta a terapia anticâncer, com expectativa de vida menor que 3 meses. Nesse contexto, sarcopenia é a diminuição da massa muscular, sendo menor que o percentil 5 para cada sexo, podendo ser quantificada por antropometria (área muscular do braço <32cm² para homens e <18cm² para mulheres, absortometria de raio X de dupla energia (DEXA) (índice de musculatura esquelética apendicular <7,26kg/m² para homens e <5,45kg/m² para mulheres), tomografia computadorizada (TC) (índice de massa muscular lombar < 55cm²/m² para homens e <39cm²/m² para mulheres) e por bioimpedância elétrica (BIA) – massa livre de gordura < 14,6kg/m² para homens e < 11,4kg/m² para mulheres). Alguns autores incluem outros parâmetros para o diagnóstico da caquexia, como diminuição da gordura corporal (<10%), hipoalbuminemia (<3,5g/dl) e aumento da proteína C reativa (>1mg/dl), mas não existe consenso. A caquexia no câncer está presente em 30-50% dos pacientes e manifesta-se com as seguintes alterações clínicas: - perda progressiva de peso, - perda tecido gorduroso, - atrofia de musculatura esquelética, - anorexia, - astenia, - anemia, - definhamento e fraqueza generalizada (Krause, 2010). - índice metabólico basal alterado (Krause, 2010). - imunossupressão (Krause, 2010). - anergia e - anormalidades do metabolismo de proteínas, gordura e de carboidratos. A etiologia desta síndrome permanece desconhecida, porém considera-se importante o papel das citocinas produzidas pelo indivíduo na presença da neoplasia (IL-1, IL-6, interferon- e TNF- ou caquetina), que induzem à alterações metabólicas e consumpção no hospedeiro do tumor. Tab.03. Fatores que contribuem para a caquexia do câncer Redução da ingestão alimentar - Anorexia - Náuseas e vômitos - Alteração do paladar e olfato Efeito local do tumor - Odinofagia, disfagia - Saciedade precoce - Obstrução gástrica, intestinal - Má absorção Alteração do metabolismo dos macronutrientes Citoquinas Efeitos do tratamento do câncer - Cirurgia Mastigação alterada Síndromes pós-gastrectomias Insuficiência pancreática Estenose de anastomose - Quimioterapia Náuseas e vômitos Alteração do gosto e do olfato Estomatite e mucosite Diarréia - Radioterapia Anorexia e náuseas Alterações do gosto e do olfato Xerostomia e mucosite Lesão da mucosa gastrointestinal Estenoses tardia Psicossocial Depressão Ansiedade Aversão alimentar Metabolismo de Energia Os pacientes com câncer podem ter um gasto energético, reduzido, normal ou aumentado dependendo do tipo de neoplasia. Sugere-se que o hipermetabolismo possa acontecer em pacientes com maior duração de doença. Metabolismo de Substratos – o metabolismo de todos os substratos está alterado pelo crescimento tumoral. Carboidratos: Alta utilização de glicose pelo tumor (10-50X mais que nas células normais) Alta taxa de glicólise anaeróbica na célula tumoral produção de lactato; Atividade do Ciclo de Cori para fazer gliconeogênese a partir da captação das altas taxas de lactato sérico – Ciclo de cori é considerado ciclo fútil por 4 ser energicamente ineficiente e contribuir parcialmente para o aumento do gasto energético. Aumento da produção de glicose gliconeogênese; Aumento intenso do tournover da glicose; Pode ocorrer um estado relativo de resistência à insulina, caracterizado pelo excesso de oxidação gordurosa e da captação e uso da glicose, especialmente nos músculos (intolerância a glicose). Dan (2009) – Alterações no metabolismo dos carboidratos - informações adicionais: - O aumento da taxa de captação de glicose pelas células tumorais está diretamente relacionado ao grau de malignidade e poder de invasão celular do câncer; - Priorização do uso da glicose para processos anabólicos (síntese de nucleotídeos, RNA e DNA) em detrimento de reações oxidativas para obtenção de energia e síntese de lipídios e proteínas; - Superexpressão do fator induzido por hipóxia (HIF-1) devido à hipóxia intratumoral, relacionada com o aumento da gliconeogênese e proliferação das células neoplásicas. Proteínas: Proteólise, com utilização de aminoácidos para gliconeogênese - principal degradação de proteína miofibrilares fornecendo alanina e glutamina; Perda muscular esquelética serve, principalmente, para fornecer aminoácidos para gliconeogênese e para a síntese de proteínas de fase aguda; Perda muscular visceral com atrofia de órgãos e hipoalbuminemia também podem ocorrer; Inadequado na dinâmica de proteínas; Síntese de proteínas hepáticas (de fase aguda); A hipoalbuminemia pode ocorrer pelo aumento da água corporal total associada à caquexia. Produção tumoral do Fator Indutor de Proteólise (PIF) que induz diretamente a degradação protéica no músculo por ativação da via proteolítica dependente de ubiqüitina (com gasto de ATP) e inibe a síntese de proteínas. PIF - está presente na urina de pacientes caquéticos, mas não em pacientes com perda de peso devido à trauma, cirurgia e sepse ou mesmo em pacientes oncológicos com manutenção do peso corporal. A ubiqüitinaage como sinalizadora das proteínas intracelulares que serão degradadas pelo complexo enzimático Proteasoma 26S. A inibição da síntese de proteínas pode contribuir para o aumento do catabolismo muscular (Dan, 2009). Lipídios: Diminuição da lipogênese e aumento da lipólise para fornecer substratos para a gliconeogênese – estes são estimulados pela ação das citocinas catabólicas na presença do tumor e produção de fator mobilizador de lipídios pela célula tumoral. Produção tumoral de Fator Mobilizador de Lipídios (FML) - uma substância produzida por alguns tipos de tumores e encontra-se ausente em pessoas normais. A presença desta substância está associada à intensa atividade lipolítica encontrada em pacientes portadores de tumor, com perda de tecido adiposo desencadeando a lipólise através do estimulo da adenilato ciclase em processo dependente de trifosfato de guanosina (GTP), de maneira homóloga aos hormônios lipolíticos. Aumento da oxidação de ácidos graxos e também dos níveis de AG plasmáticos; Decréscimo da lipogênese e do clareamento plasmático pela reduzida ação da lípase lipoproteíca (LPL), que normalmente colabora com o quadro de caquexia e hiperlipidemia. Menor utilização de ácidos graxos para síntese de energia em relação á glicose na célula neoplásica (Dan, 2009). Menor incorporação de ácidos graxos poliinsaturados, modificando a fluidez e a peroxidação lipídica na membrana de células transformadas de alguns tumores de crescimento rápido (Dan, 2009). Utilização de eicosanóides do metabolismo dos ácidos graxos poliinsaturados da família ômega 6 para angiogênese (Dan, 2009). Dan (2009) – Alterações no metabolismo dos lipídios - informações adicionais: - Aumento plasmático de colesterol VLDL e HDL e também aumento do tournover de ácidos graxos livres e glicerol. - Fator de necrose tumoral e interleucina 6 são mediadores citocínicos das perdas teciduais na caquexia e podem inibir a atividade da LPL. - FML pode ser responsável pela diminuição de gordura corpórea e pelo aumento do gasto energético, porém não pela anorexia. - AG provenientes da lipólise podem ser utilizados por diferentes vias: síntese de energia incluindo ciclos metabólicos fúteis e reação de betaoxidação na mitocôndria, síntese de fosfolipídios utilizados na composição da membrana celular e síntese de eicosanóides que são mediadores inflamatórios e na produção de calor no tecido adiposo marrom e no músculo esquelético. Segundo Dan (2009), as principais alterações metabólicas no paciente com câncer são: estimulo à gliconeogênese a partir do lactato, aumento da captação de glicose pelas células tumorais e mobilização das reservas orgânicas. Citocinas (Dan, 2009 e Cuppari, 2014) São pequenas glicoproteínas solúveis produzidas predominantemente por células inflamatórias que funcionam como mediadores ou como intercomunicadores intercelulares; ou seja; alterando as propriedades e o comportamento de outras células. Diversas citocinas são consideradas como mediadoras do processo caquético como: fator de necrose tumoral (TNF-), interferon gama (INF-), interleucina 6 (IL-6), interleucina 1 (IL-1) e fator transformante de crescimento beta (TGF-β). Essas moléculas podem influenciar diretamente o metabolismo através de alterações nas concentrações plasmáticas de hormônios contra regulatórios. As citocinas possuem atividades metabólicas que se sobrepõem o que torna possível que nenhuma substância isolada seja a única causa de caquexia do câncer. O quadro abaixo da Cuppari (2014) mostra as citocinas produzidas pelo tumor e pelo hospedeiro e suas ações: Citocina Produção Efeito IL-1 Macrófagos, monócitos, células endoteliais, fibroblastos, eosinófilos e neutrófilos. CRH (corticotropina) - anorexia NPY (neuropeptídeo Y) 5 TNF-alfa Macrófagos Monócitos CRH (corticotropina) – anorexia cortisol/glucagon TMB Perda de peso Proteólise Lipólise IL-6 Macrófagos, monócitos, células endoteliais, fibroblastos, queratinócitos Perda de peso Proteóolise Caquexia IFN-gama Células T e NK Caquexia TNF ingestão LPL (lipase lipoprotéica) PIF Tumor Proteólise TGF-beta Macrófagos, células epiteliais, fibroblastos e células tumorais Inflamação, tumorigênese, invasão e metástase. A melhor maneira de impedir ou reverter a progressiva desnutrição da moléstia maligna é o adequado tratamento do câncer. O tratamento da massa tumoral e, portanto, da causa básica de desnutrição, cria condições para o bom aproveitamento dos nutrientes ofertados, uma vez que as alterações metabólicas são pouco responsivas à abordagem nutricional. Outras anormalidades metabólicas: Desequilíbrios de água e eletrólitos são observados em pacientes com câncer avançado; Hipercalcemia NÃO restringir cálcio dietético Pode ser observada em tumores avançados que induzem peptídeos semelhantes ao paratormônio. Pode ocorrer, segundo a Krause (2010/2013), também, em indivíduos que possuem metástase óssea e é causada pela atividade osteolítica das células do tumor, liberando cálcio dentro do líquido extracelular. A hipercalcemia é um acaso potencialmente fatal e é vista, em geral, nos casos de mama metastático e mieloma múltiplo. Os sintomas incluem náusea, fraqueza, fadiga, letargia e confusão. Alterações Sensoriais: São comuns as alterações de paladar e olfato, contribuindo para a anorexia, comumente observada nestes pacientes. As alterações observadas no paladar são devidas a própria doença, a determinados agentes de rádio e quimioterapia e as cirurgia de cabeça e pescoço. As alterações observadas no paladar são: Limiar para doce, azedo e sal; Limiar para amargo. Os pacientes podem também experimentar intensificação no sentido do olfato, resultando em sensibilidade a odores na preparação dos alimentos, assim como aversão a itens não alimentares como sabonetes e perfumes. Intervenções que diminuam o aroma dos alimentos tais como servi-los frios ao invés de quentes podem ser úteis. Desregulação Hormonal do Controle da Alimentação (Dan, 2009) Eixo Hipotálamo-pituitário-cortical Em pacientes com câncer, o estresse e a dor são estímulos freqüentes e persistentes ao eixo neuroendócrino, que se mantém em estado permanente de excitação. Esta ativação neuro-hormonal prolongada contribui para a manutenção de condição similar a fase aguda do estresse, do catabolismo e da caquexia. - Triptofano e serotonina um dos mecanismos associados ao processo de caquexia é o setoninérgico. A serotonina tem papel importante no processo normal de controle da alimentação. O triptofano, precursor da setononina está envolvido no mecanismo da saciedade. Em pacientes com anorexia relacionada ao câncer a relação serotonina:dopamina encontra-se aumentada na região do hipotálamo. Porém o uso de antidepressivos e inibidores de serotonina ainda tem ação não definida, sendo necessários maiores estudos. - Leptina a leptina é um peptídeo secretado pelo tecido adiposo com estrutura semelhante às citocinas IL-6 e IL-1. A leptina inibe a ingestão e aumenta o gasto energético através de uma atuação envolvendo o hipotálamo, ativando circuitos catabólicos e inibindo circuitos anabólicos. Assim, baixos níveis de leptina cerebral estimulam o apetite e reduzem o GE, enquanto altos níveis de leptina reduzem o apetite e aumentam o GE. A leptina faz ainda parte do desencadeamento da resposta adaptativa do jejum. Em pacientes com câncer, elevados níveis de citocinas podem produzir uma inibição da ingestão de alimentos, através do aumento do nível de leptina ou e/ou através da simulação do efeito hipotalâmico do feedback negativo, sinalizador de leptina, conduzindo a uma prevenção do mecanismo compensatório normal perante a diminuição da ingestão de alimentos e peso corporal. A persistência da anorexia em pacientes oncológicos sugere uma redução da resposta adaptativa ao apetite. - Neuropeptídeo Y é um peptídeo com 36 aminoácidos, secretado pelo hipotálamo e abundante no cérebro – é o mais potente estimulador do apetite conhecido, além de diminuir o GE eaumentar a lipogênese, promovendo um estado de balanço energético positivo e aumento da reserva de gordura. Estimula o apetite por conta própria e também por estimular a liberação de outros peptídeos orexídenos como a insulina, a galanina, peptídios opióides, hormônio concentrador de melanina, orexina e peptídieo agoutiassociado. É possível que no câncer, citocinas envolvidas na modulação de peptídios promotores do apetite influenciem negativamente na regulação da ação orexígena do NPY. - Melanocortina compreende uma família de peptídeos reguladores incluindo o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) e o hormônio melanócito (MSH). Este grupo de peptídeos e seus receptores auxiliam na regulação do apetite e da temperatura corporal, sendo também importante para a memória, bem-estar e sistema imune. Possuem efeito oposto ao do neuropeptídeo Y, ou seja, promovem balanço energético negativo. Com a progressiva perda de peso, deveria ocorrer uma queda no sistema anorexígeno sinalizador de melanocortina, como uma alternativa para preservar o estoque de energia, porém, no câncer este sistema permanece ativo contribuindo para o desenvolvimento da caquexia. 6 - Grelina é um ligante endógeno do receptor do hormônio do crescimento (GH) e um potente estimulador da secreção de GH. É um hormônio peptídeos secretado pelas células epiteliais do fundo do estômago. As concentrações de grelina aumentam no jejum e diminuem após a ingestão alimentar, o que parece uma regulação negativa com a leptina e a insulina, outros importantes reguladores da massa corporal gordurosa. No entanto, em pacientes com a síndrome anorexia-caquexia, a grelina pode estar diminuída. Efeitos Nutricionais da Terapia do Câncer A terapia antitumoral envolve químio e radioterapia, cirurgia, imunoterapia ou uma combinação destas. A resposta ao tratamento é documentada como completa parcial, estável ou progressiva. A resposta ao tratamento do câncer é definida como resposta completa ou parcial (melhoria), doença estável ou progressão da doença (piora). Os tratamentos podem ser considerados curativos, neoadjuvante (antes da cirurgia), adjuvante (após a cirurgia) ou paliativo. Quimioterapia É o uso de medicações para tratar o câncer. A maioria das drogas é citotóxica, mata as células impedindo a formação de um novo DNA, bloqueando funções essenciais da célula ou induzindo à apoptose. Enquanto a radioterapia e a cirurgia são utilizadas para tratar tumores localizados, a quimioterapia é uma terapia sistêmica que afeta o corpo todo (não só nas células tumorais, mas também nas células normais). Os efeitos colaterais desta terapia dependem do agente, dosagem e duração do tratamento. Os maiores efeitos colaterais ocorrem nas células de rápido tournover como a medula óssea o folículo capilar e a mucosa do trato alimentar (Krause, 2010). Efeitos colaterais comuns da quimioterapia: mielossupressão anormalidades do paladar mucosite, queilose, glossite, estomatite e esofagite diarréia e má-absorção decorrente da toxicidade GI constipação (Dan) náuseas/vômitos e anorexia geralmente, auto- limitados anemia função imunológica deprimida edema, hiperglicemia, alteração função hepática e renal (Cuppari, 2014) Como existe mielossupressão, a gravidade desta e da neutropenia podem ser fatores limitantes para a administração de quimioterápicos. Devido a isto também, a contagem total linfocitária não reflete adequadamente o estado nutricional. Segundo Dan (2009), quando ocorre neutropenia febril com temperatura corpórea 39ºC ocorre elevação da TMB em 25%. No Quadro abaixo, Cupppari (2014) coloca os principais fármacos usados na QT e seus efeitos colaterais GI: Bleomicina Vômitos, anorexia. Doxorrubicina Náuseas, Vômitos, constipação, anorexia. Irinotecano Diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal. Oxaliplatina Náuseas, vômitos, diarreia. Gencitabina Náuseas, vômitos, diarreia, estomatite. Bortezomibe Constipação, diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, anorexia. 5-fluoracil Náuseas, vômitos, mucosite, disfagia, diarreia. Etoposide Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia. Cisplatina Náuseas, vômitos. Metotrexato Estomatite ulcerativa, náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, mucosite. Ciclofosfamida Náuseas, vômitos, anorexia. Vincristina Constipação, cólicas abdominais, perda de peso, náuseas, vômitos, mucosite, íleo paralitico. Citarabina Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, disfunção hepática. Interação entre Alimentos e Fármacos (Krause,2013) Alguns agentes quimioterápicos podem causar eventos adversos potencialmente graves: - Ca pulmão em tratamento com pemetrexede (Alimta) precisam de vitamina B12 e suplementação de ácido fólico durante toda a duração de sua terapia para evitar a anemia associada a esta droga; - Um evento grade de hipertensão pode ocorrer quando alimentos ricos em tiramina e bebidas aão consumidos quando se toma procarbazina (Mutalane), um agente normalmente usado para tratar câncer no cérebro. - Indivíduos com câncer de cólon recebendo oxaliplatina (Eloxatin) são devem beber, comer ou manipular alimentos ou bebidas geladas por até 5 dias por causa das disestesias relacionadas ao tratamento ou parestesias transitórias das mãos, pés e gargantas. - A fim de evitar perturbações gástricas desnecessárias, os indivíduos tomando a medicação capecitabina (Xeloda) devem tomar o medicamento dentro de 30 minutos de ingestão de alimentos ou de uma refeição.Por outro lado, medicamentos como o erlotinibe (Tarceva) não devem ser administrados com alimentos, podendo causar diarreia profunda e erupção cutânea a menos que tomado com o estômago vazio. 7 Radioterapia Os efeitos colaterais da radioterapia dependem do local de tratamento. Células saudáveis que estão próximas ao câncer podem ser afetadas pelo tratamento radioterápico ocasionando efeitos adversos. Tais efeitos dependem da dose de radiação e da porção do corpo que está sendo tratada. Quando usada sozinha (sem combinação com quimioterapia), os efeitos colaterais da radioterapia geralmente começam ao redor da 2ª ou 3ª semana (segundo Chemin, na 3ª semana) de tratamento e, normalmente, se resolvem em 02 a 04 semanas (segundo Chemin, algumas semanas) após a radioterapia ter sido completada. Seus efeitos colaterais podem se resolver ou podem ocorrer várias semanas, meses ou até anos após o tratamento. Independente da área que está sendo irradiada, os sintomas de impacto nutricional comumente experimentados são fadiga, perda de peso e apetite, alterações cutâneas e alopecia na área que está sendo tratada. A irradiação corporal total usada nos protocolos de transplante de medula óssea pode levar a todos os sintomas descritos abaixo: Efeitos colaterais comuns: Sistema nervoso central: - Efeitos agudos: náuseas, vômitos, hiperglicemia (causada pela administração de corticóide), fadiga e perda de apetite; - Efeitos tardios (> 90 dias após o tratamento): cefaléia e letargia. Cabeça e pescoço: - Efeitos agudos (segundo a Cuppari, os sintomas aparecem após a 1ª semana de tratamento): inflamação e sensibilidade na boca e garganta, mucosite, xerostomia (boca seca), destruição da gengiva e dentes, cárie dental, alterações no paladar e olfato, disfagia, odinofagia, anorexia, fadiga e perda de peso. Além destes efeitos Chemin cita ainda anorexia e espasmos na mandíbula e maxilar; - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): osteorradionecrose (necrose dos tecidos moles após radioterapia em altas doses), trismo (constrição dos maxilares), mucosas (atrofia e secura, além de ulceração), xerostomia e fibrose das glândulas salivares, alteração do paladar e olfato. Tórax: - Efeitos agudos: azia e esofagite aguda caracterizada por disfagia e odinofagia, fadiga e perda de peso. Chemin /Dan colocam ainda outros efeitos colaterais como infecção no esôfago, refluxo gastresofágico, náuseas e vômitos. - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): podem ocorrer fibrose e estenose do esôfago, levando a obstrução. Com relação ao coração podeocorrer angina de esforço, pericardite e cardiomegalia e com relação ao pulmão, tosse seca e fibrose e pneumonia. Abdome: - Efeitos agudos: gastrite ou colite/enterite com náuseas e vômitos, diarréia, anorexia, lesões graves podem levar à má-absorção (diarréia, cólicas, timpanismo e gases), alteração da função urinária (freqüência aumentada, sensação de queimação à micção), intolerância à lactose, fadiga e perda de apetite. - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): diarréia, má-absorção, má digestão, colite ou enterite crônica, estreitamento, ulceração, obstrução, perfuração ou fístula intestinal, hematúria e cistite. Cirurgia É a terapia primária nos cânceres do TGI e pode se combinar com radioterapia ou quimioterapia pré e/ou pós- operatória. Após a cirurgia, são necessárias energia e proteína adicionais para cicatrização. São sintomas comuns de impacto nutricional a fadiga, dor, perda de apetite e alterações na alimentação normal. Cirurgia de cabeça e pescoço: no pré-operatório há dificuldade de ingestão por conta da massa tumoral. No pós-operatório o paciente depende temporária ou permanentemente de uma sonda de alimentação. Ao reassumir a via oral, se isso for possível, pode haver problemas com a disfagia. Um dos problemas da dissecção do pescoço é a fístula quilosa causada por lesão do ducto torácico quando este entra na veia subclávia, para isto é necessária uma dieta hipolipídica com uso de TCM. Outros efeitos colaterais que podem ocorrer são: aspiração crônica, dificuldade de mastigação e deglutição, disgeusia, odinofagia e alterações vocais. Cirurgia esofágica: nas esofagectomias parciais ou totais, geralmente o estômago é utilizado para reconstrução. É necessário no pós-operatório, o uso de uma sonda nasojejunal ou jejunostomia para NE precoce. Há benefício do uso de dieta enriquecida com glutamina para melhorar a cicatrização. Os efeitos colaterais que podem surgir são: diarréia, estase gástrica (gastroparesia), esteatorréia, hipocloridria, regurgitação, síndrome de Dumping, saciedade precoce e desequilíbrios de líquidos e eletrólitos. No pós-operatório, os pacientes se beneficiam de uma dieta fracionada, em pequenos volumes, de alta densidade calórica e com pouca gordura. Cirurgia Pancreática: quando 70% do órgão é removido é necessária a terapia insulínica e dieta controlada em carboidratos. Quando mais de 90% da glândula é removida é necessária reposição de enzimas digestivas associada a uma dieta hipolipídica. Gastrectomias: nas gastrectomias totais também é necessário no pós-operatório, o uso de uma sonda nasojejunal ou jejunostomia para NE precoce no pós- operatório. No pós-operatório tardio, pode haver intolerância a gordura devido à ruptura dos nervos vagos. As principais deficiências nutricionais das gastrectomias são a de ferro (acloridria) e folato que podem levar a anemia. Também pode ocorrer deficiência de vitamina B12. O paciente também pode beneficiar-se do consumo de 6 a 8 refeições pequenas e frequentes. - Síndrome de dumping pode ocorrer após gastrectomias subtotais ou totais e é causada pelo trânsito rápido de alimentos e líquidos (ricos em carboidratos, principalmente) e da resposta dilucional do pequeno remanescente à alimentação em um bolo alimentar osmótico. Cirurgia colônicas: as colectomias parciais e totais podem levar a perdas de líquidos e de eletrólitos, porém a gravidade depende da extensão da ressecção. 8 Cirurgias intestino delgado: as ressecções ileais de apenas 15 cm do íleo terminal podem ocasionar a perda de sais biliares que excede a capacidade de ressíntese e pode gerar má absorção de vitamina B12. Pode ocorrer também esteatorréia. O carbonato de cálcio pode ser administrado para minimizar a absorção de oxalato. A dieta a ser prescrita deve ser pobre em gordura, osmolaridade, lactose e oxalato. Imunoterapia É o uso de substâncias produzidas por clonagem ou engenharia genética (interferon, interleucina) no tratamento do câncer. Agem diretamente, como agentes citotóxicos ou indiretamente como estimulantes das defesas do paciente. Os pacientes que usam podem experimentar fadiga, calafrios, febre e sintomas semelhantes ao da gripe que levam a uma diminuição da ingestão alimentar e aumentam as necessidades energéticas e proteicas. Outros efeitos colaterais incluem: anorexia, diarréia, edema, estomatite, náuseas, vômitos, perversão do gosto (alteração do paladar), emagrecimento. Hormonioterapia É o uso de hormônios ou análogos dos mesmos (andrógenos, estrógenos, progestinas) no tratamento do câncer. Efeitos colaterais: anorexia, anemia, aumento do apetite, edema, glossite, náusea, vômitos, retenção de fluídos, ganho de peso e, por último, diarreia. Cuidado Nutricional no Paciente com Câncer Avaliação Nutricional no Paciente Oncológico A perda de peso em pacientes oncológicos (a base de massa corporal magra) é um sinal preocupante, provocando aumento das complicações e diminuição do tempo de sobrevida. Frequentemente, a perda de peso não intencional é o primeiro sintoma e precede o diagnóstico. A síntese de albumina pode encontra-se diminuída. A radioterapia podem levar a um decréscimo de até 30% no n.° de linfócitos presentes até 05 anos após o término do tratamento (Cuppari, 2005). Avaliação Antropométrica (Dan, 2009) Realizada por métodos convencionais. A perda de peso tem importante valor clínico na avaliação do estado nutricional do paciente oncológico. Perda de peso maior que 10% pode estar presente em até 45% dos pacientes adultos hospitalizados com câncer. Composição Corpórea (Dan, 2009) A utilização de bioimpedância para avaliação nutricional de pacientes com câncer demonstra sensibilidade na identificação de desnutrição com alteração no conteúdo de massa extracelular e intracelular mesmo quando os índices antropométricos ainda se encontram dentro dos parâmetros de normalidade. O ângulo de fase é um marcador importante de prognóstico. Exames Laboratoriais (Dan, 2009) Além das tradicionais dosagens das proteínas plasmáticas já estudadas em avaliação nutricional, podemos ainda citar a utilização da hemoglobina e do hematócrito. Hemoglobina proteína de transformação metabólica muito lenta e sua depleção ocorre mais tardiamente na deficiência de proteína. É um índice sensível, mas pouco específico de desnutrição, podendo alterar-se nas seguintes condições: perda sangüínea, estados de diluição sérica e transfusões sangüíneas. Hematócrito baixos níveis se correlacionam com a ocorrência de anemia. A elevação acima dos valores normais pode ser decorrente do aumento do número de hemácias ou da diminuição do volume plasmático como ocorre nas desidratações, no choque e nas queimaduras. A tabela abaixo mostra os valores de hemoglobina e hematócrito para avaliação do estado nutricional no paciente oncológico. Avaliação Subjetiva global do Estado nutricional produzida pelo paciente – ASG-PPP (Chemin e Dan, 2009, Krause, 2013). Compreende um questionário dividido em 2 etapas. A primeira é respondida pelo paciente, com perguntas sobre a mudança de peso, ingestão alimentar, sintomas e capacidade funcional. A segunda parte da avaliação é realizada pelo profissional de saúde como médico, nutricionista e enfermeiro e consiste no exame físico, e na avaliação de possíveis fatores que aumentar a demanda metabólica como febre, estresse, depressão, fadiga, estadiamento do tumor e tratamento clínico. A pontuação é obtida pela soma das duas partes de avaliação. Veja o questionário nas próximas páginas. A AGS-PPP é o método padrão de avaliação nutricional do paciente com câncer, ainda que a avaliação global subjetiva também seja bastante utilizada. Screening Oncológico (Chemin). Além disso, Chemin cita como método de avaliação nutricional, e Screening Oncológico do Memorial Sloam- Kettering Cancer Center, que é um instrumento de triagem nutricional inicialmente realizado por uma enfermeira. Baseado em fatores de risco nutricional, diagnóstico, complicações, tratamento, alterações do peso, a triagemoncológica classifica o paciente em risco baixo ou moderado para alto risco nutricional. Estes últimos são submetidos a uma avaliação nutricional completa realizada por um nutricionista em 24 horas. Um exemplo do questionário encontra-se abaixo. 9 10 11 12 Outras avaliações (Krause, 2013) Outras ferramentas são: Avaliação da Atividade Física Diária (AVD), Critérios Comuns de Toxicidade (CCT) e Índice de Escala de Desempenho de Karnofsky (EDK) e Performance Status através da escala de Zubrod. A ferramenta AVD avalia as atividades de rotina que as pessoas fazem todos os dias sem assistência, tais como tomar banho, vestir-se e andar. O CCT é uma medida de resultado utilizado em centros de câncer que comprara toxicidade aguda do tratamento do câncer e EDK é um índice de pontuação que associa o estado funcional (bem estar geral) de um indivíduo com o estado de doença e sobrevida. Índice de prognóstico (Escala de capacidade funcional) – IMPORTANTE – muito utilizado em especial em pacientes terminais, uma vez que a resposta à nutrição pode não ser observada em alterações de composição corporal, mas sim pela melhora e evolução clínica do doente. 13 Recomendações nutricionais Os objetivos da terapia nutricional para pacientes em tratamento antineoplásico e em processo de restabelecimento são: (Chemin) Impedir ou corrigir a desnutrição; Prevenir a perda de músculo, ossos, sangue e demais componentes da massa magra corporal; Auxiliar o paciente a tolerar o tratamento; Reduzir os efeitos adversos relacionados à nutrição e suas complicações; Manter o vigor e a energia; Prover a habilidade para combater infecções; Auxiliar no restabelecimento e na cura; Manter ou melhorar a qualidade de vida. A intervenção precoce é essencial. O SN melhora o estado de desempenho total em pacientes oncológicos com desnutrição secundária a obstrução GI ou com toxicidade do tratamento. Porém, nos pacientes com caquexia ou câncer terminal observa-se pouca ou nenhuma melhora. Na tabela 4, podemos observar as recomendações de kcal e proteínas. Tab. 04 Recomendações nutricionais no Câncer Cuppari (2005) Recomendações Manutenção peso Ganho peso Hipermetabólicos, estresse ou má absorção Energia 25 a 30 kcal/kg/dia 30 a 35 kcal/kg/dia > 35 kcal/kg/dia Proteína 0,8 a 1,0 g/kg/dia 1 a 1,2 g/kg/dia 1,5 a 2,5 g/kg/dia Cuppari (2014) leva em consideração as recomendações colocadas nos Consensos de Nutrição Oncológica do INCA 2009 e 2011. Chemin Recomendações Eutróficos Que necessitam repor perdas Kcal 25 – 35 kcal/kg 35 – 50 kcal / kg Proteína 1 – 1,5 g/kg 1,5 – 2 g/kg Dan (2009) A necessidade energética varia de acordo o diagnóstico clínico, idade, sexo, peso, febre, fator térmico, de atividade e de estresse. Pode-se usar a equação de Harris Benedict para cálculo das necessidades, considerando-se as variáveis abaixo: Fator atividade: - acamado = 1,2 - deambula pouco = 1,25 - deambula = 1,3 Fator térmico (febre) 38ºC = 1,1 39ºC = 1,2 40ºC = 1,3 41ºC = 1,4 Fator estresse Quimioterapia / radioterapia = 1,1 a 1,45 Transplante de medula óssea = 1,2 a 1,3 Pode-se usar também recomendações em kcal/kg: - Acamados – 20 a 25 kcal/kg - Deambulam – 25 a 30 kcal/kg Obs.: num outro momento do capítulo fala-se que as recomendações são de 20-35 kcal/kg. Obs. (Dan, 2009 e Cuppari, 2014): O gasto energético em repouso de paciente com câncer pode estar aumentado, diminuído ou mesmo inalterado – assim, devemos considerar como normais os valores de gasto energético em repouso até que seja possível verificar a situação com precisão. Observa-se GE normal em pacientes com câncer gástrico e colorretal e GE aumentado em pacientes com câncer pancreático e pulmonar. As recomendações de micronutrientes para câncer estão descritas abaixo: Projeto Diretrizes - Tumores de pulmão, hepatocelulares grandes e de ovário são hipermetabólicos; - As recomendações de calorias e proteínas encontram-se na tabela abaixo; - Os micronutrientes devem ser ofertados em níveis que contemplem uma a duas vezes as Ingestões Dietéticas de Referência ou Dietary Recommended Intake (DRI). - O uso de complemento nutricional oral na forma líquida com ácidos graxos ômega-3, na forma de ácido eicosapentanoico, previne a perda de peso e a interrupção da terapia radio/quimioterápica. 14 Krause (2010) Calorias Pode-se usar a fórmula de Harris Benedict com correção dos fatores de atividade e estresse - 1,1 a 1,6 – fator estresse utilizado especialmente para os pacientes com transplante de células tronco, sepse ou cirurgia. Proteína Krause (2013) Calorias - Câncer, reposição nutricional, ganho de peso - 30 a 40 kcal/kg/dia. - Câncer, metabólico normal – 25 a 30 kcal/kg/dia. - Câncer, hipermetabólico estressado – 35 kcal/kg/dia. - Transplante de célula tronco hematopoiética – 30 a 35 kcal/kg/dia. - Sepse – 25-30 kcal/kg/dia. - Obeso – 21-25 kcal/kg/dia. Proteína - Transplante de células tronco – 1,5-2 g/kg/dia. - Estresse grave – 1,5 a 2,5 g/kg/dia. Micronutrientes (Krause, 2010 e 2013). O uso de um suplemento de multivitaminas e minerais que forneçam não mais que 100% da DRI é considerado seguro. Ainda há controvérsias se o uso de suplementos antioxidantes inibe ou aumenta os efeitos antitumorais da quimio ou radioterapia. Parece não haver problema no uso, porém, pesquisas ainda são necessárias maiores pesquisas. O que deve ser sempre priorizado e recomendado é o alto consumo de vitaminas e minerais a partir de fontes alimentares. Cuidados com a dieta oral As estratégias para modificação da ingestão de nutrientes dependem do problema específico de alimentação e da extensão da depleção. Normalmente devem ser avaliadas as necessidades individuais e deve- se prescrever 5 a 6 refeições/dia. A dieta oral deve ser associada ao uso de suplemento alimentar quando o doente apresentar um ou mais dos seguintes critérios (Cuppari / Chemin): IMC < 18,5 kg/m²; Perda de peso 5% nos últimos 06 meses; Aceitação alimentar da dieta via oral não atingir ¾ das recomendações nutricionais; Disfagia; Anorexia; Recusa da sonda nasoenteral. O momento de oferecer o alimento também merece atenção. Algumas vezes, os pacientes com câncer reclamam de menor capacidade de comer conforme avança o dia, o que significa que a manhã é o melhor momento para se alimentar. Isto pode ser atribuído à digestão e esvaziamento gástrico lento, como resultado da menor produção de secreções digestivas, atrofia das mucosas gastrointestinal e da muscular gástrica. É também sentido devido à fadiga relacionada ao tratamento. A dor também pode afetar o apetite e a capacidade de comer. A hora de fazer as refeições em relação aos efeitos colaterais gastrointestinais do tratamento do câncer pode acarretar a tendência a aversões aprendidas, isto porque alimentos específicos podem ser associados a sintomas desagradáveis, como náuseas, vômitos e estímulos psicológicos, como ansiedade. Observem abaixo, as condutas nutricionais frente aos efeitos colaterais que podem surgir pelo câncer ou pelas terapias antineoplásicas. Terapia Nutricional nos Efeitos Colaterais do Tratamento do Câncer: Náuseas e Vômitos 15 A quimioterapia é o tratamento que com frequência acarreta estes sintomas. Estes sintomas são controlados pelo SNC ocorrem porque existem estímulos odores, sabores, movimentos (tonturas), irritação do estômago ou do intestino e ansiedade em relação aos medicamentos da quimioterapia que induzem neurotransmissores que são excitantes do centro do vômito, situado na base do cérebro, o que desencadeia o reflexo das náuseas e vômitos; Náuseas e Vômitos Precoces ou Antecipatórias são os que ocorrem antes ou no momento do início da sessão de quimioterapia, podendo afetar também paciente em radioterapia. Podem aparecer após o paciente ser submetido a diversos ciclos de tratamento e sua causa é a resposta do organismo a estímulos relacionados ao ambiente. Náuseas e Vômitos Agudos são aqueles que ocorrem nas primeiras 24 horas após a administração dotratamento e tem duração de algumas horas. A freqüência e gravidade dependem da medicação (tipo, dose, intervalos e via de administração), bem como de fatores individuais. Podem ocorrer também na radioterapia entre meia hora a vária hora após a sessão e melhoram nos dias que não tem realizam tratamento; Náuseas e Vômitos Retardados aparecem depois de mais de 24 horas após a administração do tratamento, podendo ter a duração de vários dias. Ocorrem em pacientes que náuseas e vômitos agudos ou naqueles nos quais o tratamento é prolongado. Estes pacientes podem se beneficiar com o uso de antieméticos. (Ondasetron- Zofran; Ganisetron-Zytril; Metoclopramida; Corticóides). Recomendações Alimentares para o Tratamento de Náuseas e Vômitos: Chemin: o Fazer alimentação leve (alimentos de fácil digestão como caldos, sopas, purês, bolachas cream cracker, d’água, torradas, etc); o Evitar alimentos lácteos, ácidos e sucos de frutas ácidas; o Não oferecer ao paciente, alimentos que lhe causem repulsa; o Evitar ficar na cozinha enquanto são preparados os alimentos; o Comer devagar e mastigar bem os alimentos; o Evitar deitar após as refeições; o Fracionar as refeições em 5 vezes ao dia, consumindo pequenas porções; o Evitar alimentos gordurosos e frituras em geral; o Dar preferência aos alimentos gelados e/ou à temperatura ambiente (sorvetes, picolés, sucos, vitaminas); o Às vezes os alimentos salgados são mais bem tolerados do que os doces; o Preparar os alimentos grelhados, cozidos ou ensopados; o Tomar chás após as refeições para ajudar na digestão; o Evitar tomar líquidos durante a refeição; o Evitar odores fortes e desagradáveis, tais como: perfumes, cigarro e odor da cozinha; o Fazer enxágües da boca, para eliminar sabores desagradáveis; o Evitar alimentos fermentativos como: leite puro, bebidas gaseificadas, bebidas alcoólicas, café, chá preto, chá mate, doces concentrados, chocolates, açúcar, couve- flor, repolho, etc. Cuppari (2014): o Se não houver contraindicação, o consumo de sucos, picolés de frutas cítricas e o hábito de chupar gelo reduzem as náuseas. Krause: o Evitar produtos lácteos, sopas, alimentos fritos, sanduíches, sobremesas, doces. o Dieta líquida clara, não ácida, fria (em temperatura baixa ou ambiente e em pequenas quantidades). Anorexia / Perda de Apetite Fatores emocionais e sociais podem afetar o apetite; O paciente pode ter que ficar fora do seu local habitual por conta do tratamento e não ter alimentação disponível; Ocorre muitas vezes pelo próprio tratamento (efeitos colaterais); Habitualmente, o apetite volta ao normal algumas semanas após o término do tratamento, pois neste período as células da boca e do tubo digestivo sofreram reparação. Recomendações alimentares para o Tratamento da Perda de Apetite: Chemin: o Variar a dieta; o Consumir pequena quantidade de alimentos, várias vezes ao dia (fracionar as refeições); o Preparar pratos variados, coloridos e com várias texturas; o Começar com uma dieta normal, balanceada e de fácil digestão, depois, passar a dieta hipercalórica; o Ingerir líquidos com freqüência, apenas não nas refeições; o Criar um ambiente agradável para se alimentar; o Comer quando sentir fome e vontade, não é preciso esperar pelo horário da refeição; o Caminhar antes das refeições pode abrir o apetite; o Usar pratos grandes para parecer que há menos comida; o Antes das refeições, o pacientes pode tomar suco de frutas cítricas, pois ajuda a abrir o apetite. o Aumentar o valor calórico das refeições. Sugestões acrescentar mel, leite em pó, leite de soja em pó nos alimentos que se está preparando / acrescentar manteiga, margarina, creme de leite ao macarrão, batata, mandioca, arroz / usar leite para preparar sopas, purês / acrescentar uma xícara de chá de leite em pó em 01 litro de leite / acrescentar mel, chocolate em calda, caramelo líquido, aos sorvetes e sobremesas / preferir sorvetes de chocolate, castanhas, avelãs aos picolés de fruta / temperar as saladas com maionese, iogurte natural ou molhos / acrescentar isolado protéico de soja no preparo dos alimentos. Inflamações e Feridas na Cavidade Oral Mucosite (inflamação da mucosa bucal que se manifesta na forma de feridas ou úlceras dolorosas que podem até sangrar) e estomatite (inflamação de quaisquer tecidos orais – dentes, gengivas, etc.) são comuns após rádio e quimioterapia. Mucosite surge em 50% dos pacientes entre 7 a 10 dias do início do tratamento. Pode ser exacerbada por alguma infecção na boca, cujo sistema imune não está adequado. Estas infecções bacterianas por vezes pelo problema na mucosa por causar infecções sistêmicas. 16 Recomendações para o Tratamento de Mucosite, Estomatite e Odinofagia: Chemin: o Fracionar a dieta de 2 em 2 horas, consumir pequenas porções; o Evitar alimentos picantes, muito salgados, crocantes que possam machucar a mucosa e alimentos ácidos como: abacaxi, laranja-pêra, vinagre, limão, pimenta, mostarda; o Evitar também, alimentos secos e duros (Krause). Alimentos a evitar: sucos, especialmente os cítricos, bananas, alimentos frescos ou crus, carnes, entradas condimentadas, alimentos com textura ou granulares, produtos não refinados de pão. o Comer devagar e mastigar bem os alimentos. o Consumir os alimentos a temperatura ambiente ou fria, para diminuir a dor (evitar alimentos muito quentes ou gelados). o Incluir no cardápio alimentos de fácil digestão e alto teor de calorias. o Usar molhos, manteiga e azeite para facilitar a deglutição. o Preparar alimentos macios, desfiados e batidos no liquidificador (alterados em textura). o Evitar bebidas alcoólicas, fumo e refrigerantes, pois agrava o quadro. o Antes da alimentação, fazer bochecho com água bem gelada para ajudar na melhora da dor. o Os alimentos como sálvia, mel, mamão papaia e batatas possuem propriedades antissépticas e devem ser incluídos nas receitas. o Fazer bochecho com infusão de água, mel, tomilho, sálvia e bicarbonato (uma colher de chá da infusão deve ser diluída em meio copo de água). o Conversar com o médico se sentir dificuldade para tomar os remédios, se apresentar dor ao ingerir alimentos ou febre acima de 38°C. Krause: o Dieta líquida e leve (sopas com base em caldos, frutas, refrigerantes, melões). Dan e Cuppari: o Indicar terapia nutricional em casos graves. Mudanças no Paladar e no Olfato Recomendações para Tratamento das Mudanças no Paladar e Olfato: Chemin: o Observar os alimentos que apresentam alterações de sabores e odores para não oferecê-los de novo; o Preparar os alimentos com boa apresentação, uma boa aparência conta muito; o Se o odor da comida estiver deixando o paciente enjoado, este deve comprar comida pronta ou pedir que alguém a prepare; o Não ficar na cozinha enquanto estão preparando a refeição; o Consumir os alimentos que mais gosta; o As carnes e peixes, quando preparados no forno e grelhados soltam menor odores do que fritos; o Cozinhar com temperos suaves como o orégano, o tomilho, a salsinha e a cebolinha, suco de laranja ou limão; o Evitar alimentos de aroma forte como alho, café, carnes vermelhas, etc. o Ingerir 2 a 3 litros de água por dia. Recomendações Alimentares para Melhora do Sabor Metálico: Chemin: o Escolher alimentos de sabor forte como: queijo meia- cura, queijos amarelos, presunto, frios, etc; o Se o paciente não estiver tolerando a carne vermelha, substituir a mesma por outras fontes de proteína como: peixes, frango, feijões, carne de soja, ovos, queijos e frutos do mar; o Melhorar o sabor dos alimentos com molhos tipo bechamel (branco), de tomate, maionese, de queijo, etc; o Utilizar colheres de madeira/polietileno para cozinhar; o Tirar os sabores estranhos da boca fazendo bochechos com soluções próprias ou utilizar chicletes e balas de hortelã; o Evitar o contato com alimentos ácidos (limão, laranja, vinagre, tomate, etc) com recipiente de metal. Krause: o Usar maior número de aromatizantes e condimentos na preparação do alimento; o Dieta com muitos alimentosfrios, produtos lácteos; o Alimentos a evitar carne vermelha, chocolate, café e chá preto. Cuppari: o Dar preferência a talheres de plástico, para evitar o gosto metálico; Xerostomia Ocorre quando as glândulas salivares produzem pouca saliva. Pode ser aguda ou tornar-se crônica, principalmente quando as glândulas salivares são diretamente irradiadas; A saliva é necessária para sentir-se o sabor e deglutir com facilidade; A produção de saliva pode diminuir já na 1ª semana após o início do tratamento e continua diminuindo conforme o a evolução do mesmo; A gravidade da xerostomia depende da gravidade da irradiação e do n.° de glândulas irradiadas; Conseqüências da xerostomia saliva espessa e viscosa, ausência de neutralização do ácido bucal (a saliva é alcalina), maior probabilidade de que as bactérias da boca provoquem infecções, o ácido produzido após ingestão de alimentos doces provoca maio perda de minerais, produzindo cáries dentais. Recomendações Alimentares para Melhora da Xerostomia: Chemin: o Aumentar o consumo de líquidos ao dia recomenda- se 30ml/kg ao dia. o Evitar alimentos secos e fibrosos; o Consumir alimentos pastosos ou líquidos como sopas, sorvetes, flans, sucos, milk shakes, etc; o Cozinhar com molhos, caldos, manteigas e/ou iogurtes, para que os alimentos fiquem úmidos; o Evitar alimentos gordurosos; o O leite pode dar sensação de boca pastosa; o Antes das refeições, enxaguar a boca com uma colher de sopa de suco de limão diluído em um copo de água; o Tomar pequenos goles de água durante a refeição para ajudar a engolir; o Evitar mastigar muita comida de uma vez; o Consumir pequenas quantidades várias vezes ao dia; o Dar preferência a sucos ácidos; o Levar uma garrafa de água quando sair e beber bastante líquido; 17 o Enxaguar a boca sempre antes das refeições e durante o dia; o Chupar balas e chicletes de hortelã, limão e menta (sem açúcar); o Cuidar da higiene da boca; o Perguntar para o médico se é necessário utilizar a saliva artificial que é disponível nas farmácias. Cuppari (2014): oSe não houver contraindicação, o uso de chicletes (de preferência os de menta), gelo e picolés podem ajudar a produzir saliva. Krause: o Evitar também néctares e líquidos grossos, sopas cremosas grossas, cereais refinados quentes, alimentos oleosos e o álcool; o Usar dieta leve/macia, não irritante. Krause 2013 – Orientações para saliva espessada: - Beba líquidos durante o dia para manter a umidade da cavidade oral. - Afine as secreções orais com clube soda (água tônica), água com gás ou suco de mamão. - Tente usar um umidificador de vapor frio durante o sono. Saciedade Precoce (Cuppari, 2005) Recomendações para tratamento da saciedade precoce: o Aumentar o fracionamento das refeições; o Evitar o consumo de líquidos durante as refeições; o Evitar alimentos crus; o Evitar preparações gordurosas e ricas em molhos; o Alimentos a evitar: produtos lácteos de baixo teor de gordura ou sem gordura, sopas com base em caldos, saladas verdes, vegetais simples cozidos a vapor, bebidas e baixo teor calórico. Má absorção (Cuppari, 2005) Recomendações para tratamento da má-absorção: o Modificar a consistência dos alimentos, conforme aceitação; o Aumentar o fracionamento das refeições; o Dar preferência aos alimentos ricos em fibra solúvel; o Evitar o uso de sacarose, preferindo o adoçante e usando-o em pequenas quantidades; o Na presença de esteatorréia, usar TCM ou avaliar oferta de lipídios via parenteral; o Diminuir o teor de lactose, gorduras e fibras. Mielossupressão (neutropenia) (Krause) Recomendações para o tratamento da mielossupressão: o Dieta alimentar segura, alimentos bem cozidos, eliminar alimentos que possam estar potencialmente contaminados. o Alimentos a evitar: peixe cru, queijos não pasteurizados contendo mofo, todos os produtos de missô, frutas e vegetais crus, frutas secas e cruas ou nozes frescas torradas, levêdo de cerveja, mel não pasteurizado, doces comerciais recheados com cremes que precisam de refrigeração, temperos secos/frescos adicionados após o cozimento. Disfagia e/ou Odinofagia (Cuppari, 2014) o Oferecer a consistência mais bem tolerada pelo paciente. o Orientar a ingestão de pequenos goles de água ou suco durante as refeições para ajudar a engolir. o Reduzir o volume e aumentar o fracionamento das refeições. Diarreia A radioterapia por afetar as células replicação rápida pode causar enterite e colite e ocasionar a diarréia, intolerância à lactose e má absorção, o que desaparece 2 a 3 semanas após o tratamento. A quimioterapia também pode causar diarreia e problemas de absorção; No caso de algumas cirurgias, este também pode ser um efeito colateral; Recomendações para o Tratamento da Diarréia: Chemin: o Fazer dieta absoluta por algumas horas para o intestino descansar, dependendo da gravidade dos sintomas. Iniciar dieta líquida quando o intestino estiver melhor. o A dieta deve ser introduzida gradualmente, de acordo com a tolerância do paciente; o Começar com dieta líquida dividida em pequenas doses ao longo do dia, caldos, água, chás suaves, água de coco e soro caseiro; o Os caldos devem ser ralos sem gordura, tais como caldos de arroz, frango e cenoura; o Fazer sucos coados e com pouco açúcar, diluídos com água; o Começar com alimentos de fácil digestão, se a pessoa tiver aceitado bem a dieta líquida. Por exemplo, purê de batata ou mandioquinha, arroz branco cozido, torrada, bolacha água e sal, bolacha de maisena, maçã cozida sem casca, peixe e frango cozido; o Se o paciente tolerar bem os alimentos anteriores, iniciar a ingestão de produtos lácteos com leite desnatado, iogurte desnatado e queijo magro fresco; o Preparar os alimentos cozidos, assados, ensopados ou grelhados. Evitar frituras. o Moderar o consumo de açúcar e sal. o Cozinhar ou temperar os alimentos com azeite de oliva e limão; o Evitar condimentos industrializados e irritantes da mucosa intestinal, como pimenta, noz moscada e curry; o Evitar alimentos que causem flatulência, tais como, couve-flor, brócolis, repolho, couve-manteiga, rabanete, nabo, cebola crua e feijões; o Evitar tomar café, achocolatados e bebidas alcoólicas; o Dar preferências aos cereais refinados, como pão francês, pão de forma branco, bolacha cream cracker, bolacha de água ou Maria e arroz branco; o Consumir alimentos ricos em potássio como banana, cenoura e melão; o Evitar alimentos gordurosos como azeitonas, abacates, frituras, pães recheados, carnes gordas e embutidos; o Evitar comer verduras e legumes crus, peneirar os purês de legumes; o Evitar comer frutas frescas, exceto banana e maçã sem casca; o As temperaturas da refeição e da bebida devem ser mornas; o Beber bastante líquido, cerca de 3 litros ao dia. 18 Obstipação Intestinal As causas mais comuns de constipação no paciente que recebe tratamento anticâncer são: o esquema alimentar (não comer, náuseas e vômitos estimulando perdas hídricas e falta de ingestão de líquidos e fibras), as alterações dos hábitos de evacuação intestinal, e a falta de exercício; Alguns quimioterápicos como vincristina, vinblastina e vinorelbina produzem constipação; Outras medicações também podem causar constipação: calmantes, antidepressivos, tranqüilizantes, diuréticos, vitaminas e minerais (ferro e cálcio) e até alguns fármacos usados para tratar náuseas em quimioterapia. A radioterapia da pelve também pode causar estreitamento do cólon; A constipação pode causar náuseas, cansaço, perda de apetite e vômitos. Recomendação Alimentar para Constipação: Chemin: o Ingerir bastante líquidos, no mínimo 02 litros ao dia; o Beber um copo de água em jejum todas as manhãs; o Consumir alimentos ricos em fibras: pães e cereais integrais, aveia, frutas secas, verduras, frutas e feijões; o Preparar os alimentos cozidos, assados, grelhados ou ensopados; o Utilizar o azeite de oliva para cozinhar e temperar legumes e verduras; o Utilizar ervas aromáticas para temperar os pratos tais como: salsinha, cebolinha, coentro,sálvia, alecrim, orégano e tomilho, etc; o Evitar a pimenta do reino e pimentas em geral; o Preparar os sucos de frutas e verduras sem coar; o Preparar verduras e legumes sempre al dente, para conservar as fibras; o Consumir carnes magras, frango sem pele, peixes, carnes tipo coxão mole, patinho, coxão duro, lagarto, músculo; o Se o paciente consumir embutidos preferir aqueles de chester ou peru; o Caminhadas ajudam o funcionamento intestinal; o Tentar ir ao banheiro antes da quimioterapia para melhora dos efeitos colaterais, náuseas, problemas gástricos, alteração do paladar, etc. o Consultar um médico, caso o paciente fique mais de 03 dias sem evacuar. Indicações da Terapia Nutricional para Pacientes Oncológicos: Dan, 2009 - Risco nutricional moderado a alto - Peso corpóreo baixo - Incapacidade para digerir e/ou absorver alimentos - Ingestão oral espontânea baixa (< 60% da ingestão oral recomendada) - Fístula de alto débito no esôfago ou estômago - Incapacidade para ingerir alimentos via oral por um período superior a 5 dias - Alterações de paladar em decorrência do tratamento antineoplásico que prejudique a alimentação por via oral. Projeto Diretrizes - A TN está indicada para pacientes recebendo tratamento oncológico ativo (quimio, imuno e radioterapia), com inadequada ingestão oral. Dentre estes se encontram aqueles com ingestão alimentar < 70% do gasto energético estimado por período maior do que 10 dias e aqueles que não poderão alimentar-se por período maior do que sete dias. - A TN também pode estar indicada em pacientes sem qualquer terapia adjuvante que estejam ingerindo <70% das necessidades nutricionais e nos quais a deterioração do estado nutricional esteja ligada à piora da qualidade de vida. - Pacientes em risco nutricional grave, que serão submetidos a grandes operações por câncer do trato gastrointestinal, têm indicação de TN; Terapia de nutrição enteral (TNE) A TNE pode beneficiar alguns doentes oncológicos com trato gastrointestinal funcionante e um ou mais dos seguintes critérios: (Cuppari 2005 / Chemin) IMC < 18,5 kg/m²; Perda de peso 10% nos últimos 06 meses; Aceitação alimentar da dieta via oral não atingir 2/3 das recomendações nutricionais; Obstrução pelo tumor da cavidade oral; Anorexia; Disfagia. Segundo Cuppari 2014, recomenda-se o início da nutrição enteral se a desnutrição já existir ou se for possível prever que o paciente será incapaz de se alimentar por mais de 7 dias ou se a ingestão alimentar for marcadamente reduzida (menos de 60% do GE estimado) por mais de 7-10 dias. Terapia de nutrição parenteral (TNP) Somente deve ser utilizada quando o trato gastrointestinal não estiver funcionando ou se a terapia nutricional enteral adequada não puder ser oferecida (náuseas, vômitos, obstrução ou má-absorção), com impossibilidade de manutenção do estado nutricional. O seu uso está justificado em pacientes com desnutrição moderada a grave, hospitalizados, com doença maligna potencialmente tratável, a serem submetidos a tratamento anticâncer agressivo com razoável expectativa de vida. Em doença avançada a NPT não é indicada. (Com exceção de algumas situações colocadas pelo Dan de 2009, conforme veremos mais adiante). A indicação da terapia nutricional parenteral (TNP) reserva-se aos casos em que há toxicidade gastrointestinal ou outras complicações que impeçam a ingestão adequada por sete a 14 dias (Projeto Diretrizes). A fórmula parenteral ideal para pacientes com câncer ainda não foi determinada, as recomendações gerais encontram-se na tabela 05. Tab. 05. Recomendações em NPT para pacientes oncológicos Nutrientes Recomendações Energia 25 a 35 kcal/kg/dia Eletrólitos 50 mEq de Na e 30 mEq de K / litro de NPT (para pacientes sem perdas anormais como em diarréias e fístulas) 19 Os estudos demonstram benefício do uso da suplementação de glutamina na manutenção da barreira mucosa e prevenção das complicações infecciosas, principalmente em pacientes submetidos à TMO. Transplante de Medula Óssea (TMO) Terapia usada para o tratamento de falência medular irreversível como linfomas, leucemias aguda ou crônica, anemia aplástica, talassemia maior e tumores sólidos. Antes do transplante é feito um esquema preparatório com quimioterapia mieloablativa com ou sem radioterapia corporal total para suprimir a atividade imunológica (para transplante alogênico) e erradicar células malignas e determinam, no período pós-transplante, leucopenia (<100-200 mm³) e trombocitopenia graves, por duas semanas. Na terapia de pré-condicionamento (QT e/ou Rtx) é comum à ocorrência de náuseas e vômitos que segundo a Krause, desaparecem 24 a 48 horas após a administração. Após este período, segue-se então, infusão intravenosa da medula óssea ou células-tronco periféricas. O transplante de medula pode ser: Autólogo do próprio indivíduo Alogênico de outro indivíduo, aparentado ou não que compartilhem hitocompatibilidade de HLAs (antígenos leucocitários humanos). Singênico entre gêmeos idênticos Segundo Dan, após o transplante a terapêutica imunossupressora agressiva determina náuseas, vômitos, anorexia, disgeusia, estomatite, mucosite oral e diarréia nas primeiras duas semanas (Krause – nas primeiras 02 a 04 semanas). A diarreia pode permanecer por ate diversas semanas após o transplante. Alguns efeitos retardados, durante o 1° mês após o transplante, incluem mucosite, estomatite, esofagite, alterações salivares e do paladar, fadiga e lesão intestinal. Nas primeiras semanas após o transplante, os pacientes apresentam uma leucopenia e trombocitopenia severas e, geralmente, têm pouca ou nenhuma ingestão oral e necessitam de suporte nutricional enteral ou parenteral. Na maioria das vezes, as manifestações GI graves excluem o uso da via oral e da NE no período mais crítico, neste caso, a NPT deve ser indicada precocemente. A NP deve ser iniciada precocemente entre 24 e 36 horas e permanecer por 15 a 20 dias segundo alguns autores ou iniciar NP apenas quando a aceitação de dieta oral for menor a 60-70% das necessidades nutricionais por 3 dias. A NP deve ser suspensa quando a ingestão oral superar 50% das necessidades nutricionais. Em pacientes com falência intestinal, a opção preferencial é NP com adição de glutamina, caso a NE não seja tolerada em quantidade suficiente. Tão logo seja possível deve se associar nutrição pelo tubo digestivo. (Dan, 2009) Na tabela 06, podemos observar as necessidades nutricionais no TMO. Tab. 06 Necessidades Nutricionais no TMO: Nutrientes Recomendações Energia Krause - 1,3 a 1,5 x GEB por HB Projeto Diretrizes – 1,3 a 1,5 x GEB por HB ou 30-35 kcal/kg/dia Dan – 30 a 35 kcal/kg adultos Dan – 35 a 50 kcal/kg dia em crianças Dan - 25 a 30 kcal/kg em NPT Cuppari 2014 – 30-50kcal/kg em adolescentes e adultos Proteína Krause -1,5 g/kg/dia, porém necessidades > em pacientes com estresse, crianças, DEVH, febre ou perdas intestinais Dan – 1,5 – 2,0 g/kg/dia em NPT Projeto Diretrizes – 1,4 a 1,5 g/kg/dia Cuppari 2014 – 1 a 2 g/kg, ou 2 x o recomendado Lipídios Dan - Não passar de 30% VET em NPT, para prevenir imunossupressão Cuppari 2014 – 6-30%, não ultrapassando o máximo de 2,4g/kg/dia Carboidratos Dan - Não passar de 60% VET em NPT para prevenir esteatose hepática e hiperglicemia Cuppari 2014 – 50 a 60% do VET nçao excedendo 5g/kg/dia, com infusão máxima 5 mg/kg/min Glutamina Quando suplementada em NPT, menores índices de infecção e menor tempo de internação hospitalar. Vantagens quando suplementa-se 0,57g/kg/dia (Dan,2009) Projeto Diretrizes – glutamina oral deve ser considerada em caso de mucosite recente Arginina, nucleotídeos e ômega 3 Resultados promissores com a suplementação (Dan, 2009) No uso de dieta oral, deve-se ter cuidado com a qualidade alimentar no pós-transplante devido à neutropenia dieta com baixo teor de microorganismos – alimentos cozidos, e a maior restrição inclui alimentos frescos, crus ou não cozidos e bebidas não pasteurizados (Krause, 2010). Alterações no Metabolismo Protéico,de Carboidratos e de Gorduras (Dan, 2009) - Observa-se aumento do catabolismo protéico em receptores de TMO sob nutrição parenteral total; - Altas doses de quimioterapia associam-se à deficiência de taurina, AA não essencial mais abundante no espaço intracelular. O significado desta deficiência é incerto, embora estudos experimentais tenham demonstrado melhora da sobrevida e recuperação das células brancas, após radioterapia total, com a suplementação de taurina. - Em pacientes submetidos a TMO autólogo, ocorre prejuízo da função das células beta pancreáticas, o que pode levar a intolerância à glicose. Deficiências de Vitaminas e Minerais - Pacientes que recebem quimioterapia em doses maciças, principalmente com ciclofosfamida ou radioterapia, podem ter necessidade aumentada em relação à antioxidantes. Este efeito é exacerbado pelo uso de NP com ácidos graxos poliinsaturados. Deve suplementar a oferta de vitaminas minerais antioxidantes (vitamina E, betacaroteno, alfa-tocoferol, selênio) (Dan, 2009). - Hipomagnesemia é uma manifestação comum e importante, em razão da ingestão inadequada de 20 magnésio, de má-absorção de do uso de drogas (diurético, cisplatina, corticosteróide, anfotericina B, ciclosporina) (Dan, 2009). - Zn e Cu encontram-se reduzidos em função da ingestão, absorção e do aumento da perda intestinal (Dan, 2009). - Ocorre a diminuição da absorção de vitamina B12 que reduz-se no período pré-transplante e tem seu pico de diminuição 02 semanas no pós-transplante, retornando ao normal em 02 meses (Dan). - Na vigência de mucosite pode ocorre também diminuição da absorção de tiamina que pode ser agravada com o uso de NPT com muito carboidrato (Dan). Como favorecer a dieta oral no Pós-transplante de medula óssea (Dan, 2009) - Comer devagar: a mastigação adequada, aumento do tempo para a refeição ao lado de um ambiente tranqüilo; - fracionar as refeições – diminuir as porções e ofertar 5-6X ao dia. - Aumentar a variedade dos nutrientes – contribui para a qualidade alimentar e evita a monotonia. - Oferecer líquidos – 2l/dia de forma fracionada. A água deve ser mineral, filtrada e fervida (por 20 minutos em ebulição). - Preferir alimentos pastosos que facilitam a mastigação e deglutição. - Verduras, frutas e legumes preferir as que estejam no período de safra, quando a qualidade é superior. Os pratos com alimentos crus (frutas/vegetais) devem ser adequadamente higienizados em água corrente e colocados em solução para esterilização, como soluções de hipoclorito ou hidrosteril. - Evitar alimentos ou preparações de lanchonetes ou restaurantes – os alimentos devem ser preparados em ambientes rigorosamente controlados para evitar contaminação. As mãos devem ser lavadas antes de manipular os alimentos. Os utensílios e a superfície de preparo dos alimentos também devem estar higienizados. Os alimentos devem ser armazenados corretamente. Complicações do TMO: Doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH) É uma complicação importante após transplante alogênico. Ocorre quando as células medulares do doador reagem contra os tecidos do hospedeiro estranho – ocorrendo a desintegração das funções de vários órgãos (pele, fígado, intestino, órgão linfóides) e aumenta a susceptibilidade à infecção. Apesar de rara tem sido documentada em pacientes que recebem transplantes autólogos. DEVH: aguda ocorre de 7-10 dias pós-transplante até 03 meses. crônica após este período e necessita tratamento prolongado e dieta . Manifestações: Pele Fígado Intestino Exantema, eritroderma e descamação Icterícia + Testes anormais função hepática Diarréia secretória até 10 litros/dia A DEVH crônica pode afetar a pele, a mucosa oral (ulcerações, estomatite, xerostomia) e o trato gastrointestinal (anorexia, sintomas de refluxo, diarréia), além de poder causar alterações no peso corporal (Krause, 2010). Na DEVH intestinal – é necessário repouso intestinal, ocorrem altas perdas protéicas intestinais pela própria diarreia e pelo uso de corticoide em altas doses e acompanha edema de parede intestinal e alteração da integridade da mucosa intestinal. Após a melhora do paciente iniciam-se líquidos isotônicos, pobres em gordura e lactose e vai se evoluindo até a consistência normal na mesma natureza, se tolerados. As restrições dietéticas devem ser diminuídas quando introduz-se alimentos e a tolerância é estabelecida. Doença venoclusiva (VOD) Segundo a Krause (2010) esta doença é também chamada de Síndrome Obstrutiva Sinusoidal. É caracterizada por lesão induzida por quimioterapia e/ou radioterapia às vênulas hepáticas. Pode-se desenvolver de 01 a 03 semanas após o transplante. É caracterizada por oclusão das vênulas hepáticas e por dano ao hepatócito e manifesta-se clinicamente com hepatomegalia, ascite e icterícia em 50% dos pacientes, sendo que alguns desenvolvem insuficiência hepática levando a encefalopatia, falência de múltiplos órgãos e sistemas e óbito. O SN exige nutrição parenteral, manejo criterioso de líquidos e eletrólitos, monitorização e ajuste de nutrientes. É necessária a redução do aporte de proteínas, líquidos e glicose. O uso de fórmulas contendo AA de cadeia ramificada é indicado para pacientes com encefalopatia, apesar de que a produção intestinal de amônia tende a estar diminuída devido ao uso de antibióticos e da baixa ingestão oral. Outras complicações do Transplante de Medula incluem doença pulmonar, rejeição do enxerto, anormalidades do crescimento em crianças e infecção. 21 Tab. 07 Causas e manejo nutricional das complicações pós TMO (Dan) Reabilitação e Atividade Física no Câncer (Krause, 2010) A recuperação pós-tratamento do câncer requer atividade física para reconstruir o músculo e readquirir força e energia. A atividade física e a prática adequada de exercícios físicos podem ser úteis no tratamento da fadiga primária, além disso, pode melhorar a função imune, diminuir a ansiedade e a depressão, melhorar o humor e a autoestima, bem como reduzir a ocorrência de sintomas. Pacientes com Câncer Terminal O uso de técnicas agressivas de suporte nutricional pode prolongar a vida, entretanto é improvável que a NPT beneficie pacientes com câncer avançado. A prioridade é que alimentos orais sejam oferecidos conforme toleradas, juntamente com o suporte emocional. As metas devem enfocar o controle dos sintomas e impacto nutricional como dor, fraqueza, perda de apetite, saciedade precoce, constipação, fraqueza, dispnéia e xerostomia. Outra meta é manter a força e a energia para melhorar a qualidade de vida. Devem ser enfatizados os aspectos agradáveis da alimentação sem considerar a quantidade ou o conteúdo dos nutrientes. Considerar, adicionalmente, as informações abaixo do Dan (2009): - Perda de peso, diminuição de apetite e dificuldade de se alimentar características comuns do paciente em fase terminal (Dan). Complicação Possíveis Causas Recomendações Nutricionais Diarréia Quimioterapia Antibióticos DEVH Infecção intestinal Hidratação 1,5-2,5 g/kg/dia proteína Manter oferta calórica Suplementar Zn Hiperglicemia Calorias em excesso Uso de corticóides Sepse Quimioterapia com L-asparaginase Diabetes dependente de insulina Terapia com Bussulfano dano céls pancreáticas HC Manter glicemia < 220 mg/dl Suplementar crômio Alteração da Função Hepática Medicamentos NPT Dieta oral zero DEVH Infecção HC NPT cíclica < 18h Se bilirrubina > 15, suspender Mn e Cu Estimular dieta oral Doença venooclusiva Quimioterapia Radioterapia Restringir líquidos e Na Restrigir proteínas e usar AACR se encefalopatia Usar vitamina E e glutamina Doença do Enxerto versus Hospedeiro (DEVH) Reação das células medulares do doador contra os tecidos do hospedeiro estranho GI: 30 – 35 kcal/kg 2 – 3 g/kg/dia de proteína Hidratação Dieta sem resíduos, progressão conforme tolerância Suplementar Zn e vitaminas e minerais Pele: Suplementar Zn e vit. C 1,5 – 2,5 g/kg/dia de proteína Insuficiência Renal Quimioterapia Radioterapia Antibiótico Ciclosporina e Anfotericina B 1,0 -1,2 g/kg/dia de proteína
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