Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Antiprotozoários Condições que favorecem infecções parasitárias: Turismo para regiões endêmicas (quando a infecção atinge uma população de determinada região); Aumento de refugiados oriundos de regiões endêmicas; Profissionais da saúde que partem para missões voluntárias para áreas de risco de contágio; Imunossupressão que favorece a infecção. Malária: É uma infecção parasitária das hemácias, a qual tem como seu vetor o mosquito fêmea do gênero Anopheles sp. A doença é causada por um microorganismo unicelular eucariótico, o protozoário do gênero Plasmodium sp.. No Brasil temos 3 espécies de Plasmódio: P.malarie – febre quartã- se manifesta em ciclos de 72h; P.vivax- febre terçã benigna- ataques febris a cada 48h; P. falciparum-febre terçã maligna- ataques febris a cada 36 a 48h. Infecção do Plasmodium sp. no ser humano: O ciclo de vida do parasita consiste de um ciclo sexual, o qual ocorre na fêmea do mosquito Anopheles, e de um ciclo assexuado que ocorre no homem. Sendo assim, o mosquito é o hospedeiro definitivo para o plasmódio. O mosquito fêmea infectado pica o ser humano e através da sua saliva passa para a corrente sanguínea o esporozoíto. A partir daí, esse se encaminha para os hepatócitos, onde nos próximos 10-14 dias passam por uma fase pré-eritocítica de desenvolvimento e multiplicação. Em seguida, as células parenquimatosas do fígado se rompem, e liberam os merozoítos. Esses se ligam aos eritrócitos, formando os parasitas intracelulares denominados trofozoítos. Nessa fase o parasita remodela a célula hospedeira, com a inserção de proteínas e fosfolipídeos do parasita na membrana celular do glóbulo vermelho. A hemoglobina do hospedeiro é transportada para o vacúolo alimentar do parasita, lá é digerida e oferece uma fonte de aminoácidos. A porção heme seria tóxica para o plasmódio, mas acaba se tornando inofensiva após a polimerização para hemozoína. Após sua replicação mitótica, o parasita se torna um esquizonte, esses vão produzir os merozoítos, se romper, romper o eritrócito e libera-los. Os merozoítos se ligam a novos eritrócitos e começam um novo ciclo. Em algumas formas de malária os esporozoítos que entram nas células hepáticas formam os hipnozoítos, ou outras formas “dormentes” do parasita, o quais podem ser reativas meses ou anos mais tarde. Os episódios periódicos de febre que caracterizam a malária resultam da ruptura sincronizada dos eritrócitos, com a liberação dos merozoítos e de resíduos celulares. O aumento da temperatura está associado ao aumento da concentração plasmática do TNF-alfa. Sintomas: Dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica; Febre alta; Calafrios e sudorese; Tremores. Muitas pessoas antes de apresentarem estas manifestações características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. Período exoeritrocítico = 8 a 20 dias = assintomático Fase eritrocítica = 48h para as hemácias se rompem - liberação de hemozoínas - ativa sistema imune - sintomas. Complicações da Malária: Vascular: Fármacos utilizados para o tratamento da Malária: (a) Fármacos usados para tratar a crise aguda (agentes esquizonticidas sanguíneos ou fármacos para a cura supressiva ou clínica) (b) Fármacos que afetam os hipnozoítos exoeritrocíticos e resultam numa cura “radical” de P.vivax e P.ovale. (c) Fármacos que bloqueiam a ligação entre a fase exoeritrocítica e a fase eritrocítica, são utilizados para a quimioprofilaxia (também denominados profiláticos causais) e previnem o desenvolvimento de crises de malária. (d) Fármacos que previnem a transmissão e, assim, impedem o aumento do reservatório humano da doença. Para tratar a forma aguda: Os agentes esquizonticidas sanguíneos, agem nas formas eritrocíticas do plasmódio. Nas infecções pelo P.falciparum ou P.malariae, que não apresentam estágio exoeritrocítico, esses fármacos atuam como cura, já com o P,vivax e P.ovale, os fármacos suprimem o ataque real, mas as formas exoeritrocíticas podem reemergir posteriormente. - Artemisinina; - Quinolonas = quinina; - Metanóis = mefloquina; - Aminoquinolina = Cloroquina; - Agentes que interferem na síntese do folato = Dapsona, Piimetamina e Proguanil; - Atovaquona. Artemisinina: Este grupo muitas vezes são os únicos fármacos capazes de tratar d modo eficaz o P.falciparum resistentes. A artemisinina, é um extrato químico pouco solúvel da Artemísia (planta derivada), é um esquizonticida sanguíneo de rápida atuação, mostrando-se efetivo no tratamento da crise aguda, incluindo a malária resistente a Cloroquina e a cerebral. Os derivados da artemisinina, incluem artesunato, derivado solúvel em água, e o arteméter, que tem maior atividade a absorção, todos atuam na fase eritrocítica. Mecanismos de ação: Para infectar hemácia o merozoíto empurra a membrana da hemácia , e forma um vacúolo, uma membrana do vacúolo parasitóforo, depois atrai cálcio para dentro desta MVP e por fim para dentro do parasita, para que assim ocorra o seu desenvolvimento e transformação em esquizonte. Os derivados da artemisinina, impede os canais de cálcio responsáveis por transportar o Ca+ do vacúolo para o parasita, através da inibição da ATPase dependente de Ca+. Com isso, não deixa ocorrer a transformação de trofozoíto para esquizonte. Efeitos adversos: Há poucos efeitos adversos. Houve relatos de bloqueio cardíaco transitório, queda na contagem neutrofílica sanguínea e breves episódios de febre. Nos estudos com animais, a artemisinina provoca lesão não usual em alguns núcleos do tronco cerebral, particularmente naqueles envolvidos na função auditiva; entretanto, não há incidência relatada de neurotoxicidade nos seres humanos. Até agora, a resistência não tem sido um problema, mas relatos recentes sugerem que o parasita, em algumas áreas do mundo, está se tornando menos sensível a esses fármacos. Farmacocinética: São rapidamente absorvidos e amplamente distribuídos, e são administrados como pró-fármacos e depois convertidos no fígado para o metabólito ativo di-hidroartemisinina. A meia-vida da artemisinina é de aproximadamente quatro horas; do artesunato, de 45 minutos; e do arteméter, de 4-11 horas. Aminoquinolinas/ quinolonas: Cloroquina; Amodiaquina; Mefloquina; Primaquina. Todas essas drogas apresentam núcleo quinolínico. Cloroquina: É um agente esquizonticida sanguíneo potente, efetivo contra todas as formas eritrocíticas das quatro espécies do plasmódios, porém não possui efeito algum nos esporozoítos, hipnozoítos ou gametócitos. Mecanismo de ação: Não possui carga elétrica em pH neutro, assim, difunde-se livremente para o lisossomo parasitário. Quando chega no lisossomo, o meio é ácido, com isso, o fármaco é protonado, se tornando impermeável à membrana, sendo “preso” dentro do parasita. Uma vez lá dentro a Cloroquina vai inibir a enzima heme-polimerase, essa enzima é responsável por polimerizar o heme livre, o qual é tóxico para o parasita, em hemozoína. Após a inibição, ocorrerá um aumento do grupamento heme dentro da hemácia, levando a morte do plasmódio. Considerações gerais sobre o tratamento antimalárico com Cloroquina: Se o parasita for resistente a cloroquina, usa-se a artemisinina. Plasmodium falciparum tem muita resistência a Cloroquina, mas para os protozoários sensíveis é muito efetiva como esquizonticida sanguíneo. Moderadamente eficaz contra gametócitos P.vivax, ovale e malarie, mas não contra falciparum. Não é eficaz contra parasitas no estágio hepático. Farmacocinética: Em geral é administrada oralmente, mas "a malária falciparum severa pode ser tratada por injeções intramusculares ou subcutâneas frequentes de pequenas doses, ou pela infusão intravenosa contínua lenta. Após a administração da dose oral, é completamente absorvida no meio no meio gastrointestinal e extensamente distribuída nos tecidos, concentrando-se nos eritrócitos parasitados. A liberação dos tecidos e dos eritrócitos infectados é lenta. O fármaco é metabolizado no fígado e eliminado na urina, 70% como fármaco inalterado e 30% como metabólitos. A eliminação é lenta, com a fase principal possuindo meia-vidade cinquenta horas, e algum resíduo persiste por semanas ou meses. Toxicidade: Os efeitos colaterais incluem cefaléia, tontura, vômitos e diarréia. Pode também produzir prurido transitório em alguns pacientes. Reações adversas graves são extremamente raras. A meia vida é de 22 dias. Diabéticos e hipertensos podem usar enalapril e com isso, diminuir a expressão de ECA-1, e com isso, aumenta a ECA-2 , que é a porta de entrada do covid. Quinolinas = quininas: Trata-se de um fármaco esquizonticida sanguíneo efetivo contra as formas eritrocíticas de todas as quatro espécies de plasmódios, mas não tem efeito nas formas exoeritrocíticas ou nos gametócitos do P.falciparum, apenas dos gametas do P.ovale e vivax. Porém, é uma terapia de primeira linha contra a malária causada pelo P.falciparum. Mecanismo de ação: É idêntico a Cloroquina, porém a quinina não está tão extensamente concentrada no plasmódio quanto a cloroquina. Outros mecanismos também podem estar envolvidos. Mefloquina: É um composto esquizonticida sanguíneo ativo contra o P.falciparum, vivax e ovale, não possui efeito nas formas hepáticas e também nos gametócitos. Possui um mecanismo de ação incerto. É um quimioprofilático. Efeitos adversos: Possui muitos efeitos adversos, como a trombocitopenia, alterações psiquiátricas, musculares, no TGI, entre outras. Agentes que interferem na síntese do folato: Dapsona (sulfona) - inibem a diidropteroato sintetase; Sulfadoxina; Pirimetamina - inibem a segunda enzima; Proguanil. Mecanismo de ação: As sulfonamidas e as sulfonas, usadas como fármacos antibacterianos, inibem a síntese do folato pela competição com o ácido p-aminobenzoico. A pirimetamina e o proguanil inibem a di-hidrofolato redutase, impedindo a utilização do folato na síntese de DNA. Juntas, causam bloqueio da via do folato em pontos diferentes, apresentando, dessa maneira, ação sinérgica. A principal sulfonamida empregada no tratamento da malária é a sulfadoxina, e a única sulfona usada é a dapsona. As sulfonamidas e as sulfonas são ativas contra as formas eritrocíticas do P. falciparum, porém são menos ativas contra as formas do P. vivax; elas não apresentam atividade contra as formas esporozoíticas ou hipnozoíticas dos plasmódios. Eles apresentam ação lenta contra as formas eritrocíticas do parasita, e acredita-se que o proguanil tenha efeito adicional no estágio hepático inicial, porém não nos hipnozoítos do P. vivax . A pirimetamina é usada apenas em combinação com a dapsona ou com uma sulfonamida. Atovaquona: É um fármaco usado profilaticamente para evitar a malária e tratar os casos resistentes a outros fármacos. Mecanismo de ação: Atua primariamente inibindo a cadeia de transporte mitocondrial de elétrons do parasita, possivelmente ele imita o substrato natural da ubiquinona. Nas cristas mitocondriais do plasmódio existe uma cadeia respiratória onde a ubiquinona transporta os elétrons da cadeia respiratória do complexo II, que está incompleta no protozoário, pois ele não tem o complexo I, para o complexo III da cadeia respiratória. Com isso, faz o complexo para de funcionar, parando de transportar os elétrons e levando a uma diminuição na produção de ATP. Por consequência o esquizonte não tem energia para se reproduzir. Fármacos que afetam os hipnozoítos exoeritrocítica e resultam em uma cura “radical” de P.vivax e P.ovale: Evita ataques primários tardios causados pelos hipnozoítos - P.vivax e ovale. Aminoquinolina: Inibe a heme polimerase nos gametócitos, nas hemácias, mas não no fígado. Não se sabe o seu mecanismo. Fármacos que bloqueiam a passagem do parasita do hepatócito para a hemácia: São quimioprofiláticos mantém o parasita dentro do fígado e com isso o sistema imune consegue destruir. É usado para um paciente que tem o risco de adoecer de malária grave por P. falciparum for superior ao risco de eventos adversos graves relacionados a drogas quimioprofiláticas. PAra QPX: doxiciclina, mefloquina, combinação de atovaquona com proguanil e cloroquina. Fármacos que previnem a transmissão do homem para o mosquito: Primaquina- inibe heme polimerase; Proguanil inibe síntese de folato; Primetamina - inibe síntese de folato. Referência Bibliográfica: Rang & Dale: Farmacologia 8ED, RANG, Humphrey P. ; DALE, Maureen M. ; RITTER, J.M. ; FLOWER, R. J. ; HENDERSON, G. Capítulo 54: Fármacos antiprotozoários https://www.evolution.com.br/epubreader/9788535265002 https://www.evolution.com.br/searchresults?keyword=&option=catalog&title=&author=RANG,%20Humphrey%20P.&type=advanced https://www.evolution.com.br/searchresults?keyword=&option=catalog&title=&author=%20%20DALE,%20Maureen%20M.&type=advanced https://www.evolution.com.br/searchresults?keyword=&option=catalog&title=&author=%20%20RITTER,%20J.M.&type=advanced https://www.evolution.com.br/searchresults?keyword=&option=catalog&title=&author=%20%20FLOWER,%20R.%20J.&type=advanced https://www.evolution.com.br/searchresults?keyword=&option=catalog&title=&author=%20%20HENDERSON,%20G.&type=advanced Protocolo de tratamento farmacológico de acordo com o agente infectante: Drogas utilizadas no tratamento da Malária:
Compartilhar