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Saúde Reprodutiva, fertilidade humana e planejamento familiar Módulo 18 Marina Albuquerque GT 1 Objetivo Geral: Compreender como se dá a puberdade em meninos e meninas OE 1: Entender quais os gatilhos para o início da puberdade OE 2: Estudar a fisiopatologia da puberdade fisiológica, precoce e tardia (definições, idade, etc) OE 3: Conhecer o exame físico completo da puberdade (estirão, acne, pelos, etc.) e os Estágios de Tanner OE 4: Saber quais exames auxiliam na avaliação da puberdade OE 5: Conhecer os critérios diagnósticos para a puberdade precoce e a tardia OE 6: Entender a mudança do padrão hormonal na puberdade (GNRH e Eixo H-H-G) OE 7: Conhecer os tratamentos para os distúrbios da puberdade OK Objetivos Gatilhos para a puberdade -Várias evidências apontam para uma influência da genética no início da puberdade, como idade semelhante da menarca entre mães e filhas e entre membros de um mesmo grupo étnico, e maior concordância cronológica dos eventos puberais entre gêmeos monozigóticos comparados aos dizigóticos; o principal determinante da idade do início da puberdade é genético; no entanto, há influência de outros fatores, como raciais, estados de saúde emocional, nutricional, localização geográfica e outras condições ambientais -Diversos genes envolvidos na modulação da secreção de GnRH, neuropeptídeos e fatores metabólicos, como a leptina, foram, nos últimos anos, estudados como possíveis candidatos envolvidos no início da puberdade; defeitos moleculares foram identificados em pacientes com Puberdade Precoce Central, principalmente relacionados ao sistema KISS1/KISS1R, além de mutações inativadoras no gene makorin ring finger 3 (MKRN3) -Mutações nos genes CYP11, HSD3B2, CYP19 (levando a defeitos na aromatase), nos genes do receptor de glicocorticoide (causando resistência ao cortisol) e no DAX-1 (que provoca hipoplasia adrenal congênita) são causas genéticas relacionadas à Puberdade Precoce GnRH Independente -A ingestão de hormônios ou alimentos contaminados e o uso de cremes com esteroides sexuais também podem ser responsáveis pelo aparecimento de caracteres sexuais precocemente; aumento da gordura corporal se relaciona ao início precoce da puberdade Fisiopatologia da puberdade normal -A puberdade compreende a passagem da infância para a vida adulta, um processo fisiológico de maturação hormonal que controla a função das gônadas, ao mesmo tempo que acelera e consolida o crescimento somático, capacitando o indivíduo à reprodução. -A cascata de eventos inicia-se pela secreção pulsátil do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) hipotalâmico que resulta na produção aumentada das gonadotrofinas hipofisárias – o hormônio luteinizante (LH) e o foliculoestimulante (FSH), com predomínio do primeiro –, culminando na secreção dos esteroides gonadais (estrogênios e testosterona). -O eixo hipotálamo-hipófise-gonadal é capaz de secretar hormônios em concentrações compatíveis com os da idade adulta, em recém-nascidos, lactentes ou crianças.Durante a vida fetal, as concentrações de FSH e LH atingem níveis adultos, mas caem quando os níveis de esteroides da unidade feto-placentária passam a exercer feedback negativo. Com o nascimento, há liberação de FSH e LH, consequente à perda do feedback negativo, podendo atingir níveis elevados. Os meninos podem apresentar níveis de inibina B superiores aos do homem adulto, e o predomínio do LH determina a produção de testosterona pelos testículos. Em meninas, níveis predominantes de FSH determinam ondas de foliculogênese com maturação e atresia. Essa produção transitória de estrogênio e testosterona passa a exercer feedback negativo, diminuindo os níveis de gonadotrofinas hipofisárias e esteroides sexuais no 1o ano de vida, acentuando-se a partir dos 2 anos e mantendo-se com níveis mínimos característicos da pré-puberdade até os 6 a 8 anos Fisiopatologia da puberdade normal -A maturação do gerador em pulso do hormônio liberador de gonadotrofina está entre as primeiras alterações neuroendócrinas associadas ao início da puberdade. Sob a influência do hormônio liberador de gonadotrofina, a glândula hipófise secreta o hormônio luteinizante e o hormônio folículo-estimulante; inicialmente isto ocorre de uma forma pulsátil, principalmente durante o sono, mas esta variação diurna diminui ao longo da puberdade. LH e FSH estimulam aumentos correspondentes de andrógenos e estrógenos gonadais. -Na puberdade, surgem caracteres sexuais secundários, o aumento da velocidade de crescimento e da maturação óssea, as alterações psicológicas e de composição corporal -Adolescência inicial (10-13 anos): maturidade sexual nível 1-2; Meninas: Características sexuais secundárias (mama, pelos pubianos e axilares), começo do estirão de crescimento; Meninos: aumento testicular, começo do crescimento genital -Adolescência média (14-17 anos): maturidade sexual nível 3-5; Meninas: pico da velocidade de crescimento (se já não atingido); Meninos: estirão de crescimento, características sexuais secundárias, emissões noturnas, pelo facial e no corpo, alteração de voz; Alteração na composição do corpo e acne -Adolescência tardia (18-21 anos): maturidade sexual nível 5; Maturação física diminui; Aumento da massa muscular magra em meninos - Fisiopatologia da puberdade normal Fonte: Nelson Tratado de Pediatria Meninos Meninas Estágios de Tanner Fonte: NEJM Eixo hipotálamo-hipófise-gonadal Fonte: NEJM Puberdade precoce -Puberdade precoce consiste no aparecimento dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos meninos, ou abaixo de dois desvios-padrão da média populacional -Classificação: puberdade precoce central (PPC) ou GnRH dependente (PPGD); puberdade precoce periférica (PPP) ou GnRH independente (PPGI); puberdade precoce combinada ou mista e nas formas variantes da normalidade -Epidemiologia: cerca de dez vezes mais frequente em meninas que em meninos. Frequentemente, está associada a alterações neurológicas, como tumores do sistema nervoso central (SNC), hamartomas hipotalâmicos (HH), hidrocefalia, doenças inflamatórias ou infecções do SNC. Em meninas, a maior parte dos casos é idiopática. Em meninos, dois terços dos casos estão associados a anormalidades neurológicas e, destes, 50% relacionam-se a tumores. Em estudo dinamarquês, houve associação entre índice de massa corporal mais elevado e o início puberal mais precoce -Puberdade precoce central (PPC) ou GnRH dependente: Ocorre ativação prematura do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, mimetizando a puberdade normal, mas em época inadequada. Trata-se da causa mais frequente de desenvolvimento puberal precoce, é isossexual e mais comum em meninas (4:1). Eventos iniciais: aumento do volume testicular nos meninos (acima de 4 mL) e a telarca nas meninas, com aceleração da velocidade de crescimento Puberdade precoce -PPC (continuação): PPC apresenta um modo de herança autossômica dominante com penetrância incompleta, sexo-dependente *Principais etiologias: idiopática, causas genéticas, mutações ativadoras nos genes KISS1R e KISS1, mutações inativadoras no gene MKRN3, hamartoma hipotalâmico, tumores do sistema nervoso central, outras alterações do sistema nervoso central, maturação secundária a medicamentos e desreguladores endócrinos -Puberdade Precoce Periférica (PPGI) ou GnRH independente: Causada por secreção extra-hipofisária de gonadotrofinas ou de esteroides sexuais independentes do estímulo gonadotrófico hipofisário; pode ser isossexual (mesmo sexo genético) ou heterossexual (sexo genético oposto) 1.Em meninas: cistos ovarianos foliculares autônomos (causas ovarianas mais frequentes; se >1 cm, podem produzir estrógenos e a concentração de estradiol é flutuante; a puberdade é isossexual, com aumento das mamas e sangramento vaginal); Tumores ovarianos das células da granulosa (neoplasia ovariana mais frequente, promovendo PPGI isossexual; raros na infância, secretam estradiol, hormônio antimüllerianoe inibina, sendo estes dois últimos marcadores da etiologia); Tumores ovarianos virilizantes (como arrenoblastoma, levam à PPGI heterossexual); Síndrome de McCune-Albright (cursando com manchas hipercrômicas café com leite e displasia fibrosa poliostótica) Puberdade precoce 2.Em meninos: Tumores produtores de gonadotrofina coriônica (HCG) (como hepatoblastoma, hepatoma, teratomas e corioepiteliomas, resultam em aumento discreto testicular desproporcional ao aumento do pênis); Tumores das células de Leydig (secretam testosterona, mas são raros na infância, levam ao aumento testicular unilateral); Testotoxicose esporádica ou familiar (maturação prematura das células germinativas e de Leydig independentemente das gonadotrofinas; há aumento peniano, que pode se dar desde o nascimento, e aumento testicular bilateral; é do tipo isossexual, ocorrendo elevação da testosterona com níveis pré-puberais ou suprimidos de gonadotrofinas); Hipotireoidismo primário (pode resultar no aparecimento de caracteres sexuais secundários por estímulo direto do hormônio tireoestimulante (TSH) sobre o receptor do LH ovariano; cursa com baixa estatura, velocidade de crescimento baixa e atraso da idade óssea) -Puberdade precoce combinada ou mista: Inicialmente periférica, é secundária à exposição crônica aos esteroides sexuais, levando a uma aceleração do crescimento linear e da idade óssea e, consequentemente, à maturação do eixo hipotálamo-hipofisário. -Variações benignas do desenvolvimento puberal: telarca precoce, adrenarca precoce, menarca precoce (episódio isolado) Puberdade precoce -Principais etiologias Puberdade precoce periférica Adrenais Testiculares OutrasOvarianas Hiperplasia Adrenal Congênita Tumores adrenais Tumores produtores de hCG Tumores das células da granulosa Cistos ovarianos foliculares autônomos Hipotireoidismo primário, outras causas genéticas, iatrogênicas Síndrome de McCune- Albright Arrenoblastoma Tumores das células de Leydig Testotoxicose esporádica ou familiar Puberdade precoce -Diagnóstico clínico: 1.Anamnese: A idade do início e a velocidade da evolução dos caracteres sexuais secundários, o uso de medicamentos esteroides, doenças neurológicas e história familiar do desenvolvimento puberal são informações valiosas. Não somente a idade, mas também a velocidade da evolução dos eventos puberais, é relevante para o diagnóstico e a conduta na puberdade precoce 2.Exame físico: Avaliação dos caracteres sexuais secundários, com medidas dos testículos nos meninos, desenvolvimento das mamas nas meninas, avaliação dos pelos púbicos em ambos os sexos, e classificação segundo os critérios de Tanner. Um volume testicular acima de 4 mL ou comprimento maior que 2,5 cm indicam estímulo testicular. Na PPC, o volume testicular tem tamanho puberal bilateralmente; já na PPGI, não se espera o aumento do volume testicular, exceto em algumas situações, como na testotoxicose familiar ou em tumores produtores de HCG. Um aumento testicular unilateral pode indicar tumor das células de Leydig. Medidas de peso e altura, com utilização das curvas de crescimento adequadas, avaliando idade estatural e velocidade de crescimento evolutivamente, são necessárias. Outros aspectos físicos, como acne, pelos, odor axilar, desenvolvimento muscular, presença de massas abdominais e pélvicas, devem ser avaliados. Manchas café com leite podem indicar diagnóstico de síndrome de McCune-Albright ou neurofibromatose. Puberdade precoce -Diagnóstico laboratorial: As dosagens hormonais basais e após estímulo com GnRH (100 μcg de GnRH endovenoso) são utilizadas. Os valores de corte pós-estímulo considerados puberais são variáveis, dependendo do método utilizado. Para o método imunofluorimétrico (IFMA), os níveis de corte adotados são LH basal acima de 0,6 UI/L em ambos os sexos, e LH acima de 6,9 UI/L nas meninas e LH acima de 9,6 UI/L nos meninos. A testosterona compreende um excelente marcador para puberdade precoce nos meninos, ao contrário do estradiol nas meninas, pois este pode estar baixo em 41% das meninas com puberdade precoce. Outras dosagens necessárias são as dos precursores androgênios adrenais (17-hidroxiprogesterona, androstenediona, SDHEA), HCG, tiroxina livre (T4 livre) e TSH. -Diagnóstico por imagem: Radiografia para avaliação da idade óssea é mandatória para o diagnóstico, o seguimento, a eficácia terapêutica e a predição de estatura final. A idade óssea encontra-se normalmente avançada em relação à cronológica nos casos de puberdade precoce, exceto no hipotireoidismo. Ultrassonografia abdominal e pélvica para meninas para avaliar dimensões e aspecto uterino e ovariano e detectar cistos ovarianos e processos neoplásicos (ocorrência de pequenos cistos ovarianos é comum na criança pré-púbere) Ressonância magnética (RM) para avaliação anatômica do SNC nos casos de PPC, principalmente nos meninos, pois somente em 50% dos casos é idiopática. Puberdade precoce -Diagnóstico por imagem (continuação): Tomografia computadorizada (TC) de crânio pode não ser eficaz para detectar hamartomas de pequeno volume. No caso de PPC, quanto menor a idade, maior a chance de doença orgânica. Investigar tumor do SNC em meninas com menos de 6 anos -Tratamento: Os objetivos do tratamento da PPC consistem na supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, na regressão dos caracteres sexuais secundários, na desaceleração do avanço da idade óssea com melhora da estatura final e na normalização dos problemas psicossociais. Os análogos do GnRH (triptorelina, leuprolide, goserelina) fazem parte do tratamento de escolha para PPC. O tratamento deve ser monitorado a cada 3 meses, com controle clínico. Os progestágenos, como a medroxiprogesterona, têm efeitos benéficos na testotoxicose, na síndrome de McCune-Albright em ambos os sexos e no cisto folicular ovariano autônomo, com efeito direto na esteroidogênese gonadal. Cetoconazol, derivado imidazólico que inibe o citocromo P450c17, está indicado para testotoxicose familiar ou para a síndrome de McCune-Albright. Antiestrogênios (tamoxifeno e inibidores de aromatase) também podem ser utilizados na síndrome de McCune-Albright. O tratamento é específico nos casos de hiperplasia adrenal congênita e hipo-tireoidismo. O tratamento cirúrgico fica reservado para neoplasias, adrenais, ovarianas ou testiculares, bem como para tumores produtores de HCG. Radioterapia ou quimioterapia podem ser necessárias Puberdade atrasada -Definição: ausência de caracteres sexuais secundários (volume testicular inferior a 4 mL em meninos e de mamas grau II de Tanner nas meninas), entre –2 e 2,5 desvios-padrão da média de idade para determinada população, considerado após os 14 anos para o sexo masculino e 13 anos para o feminino -Causas mais comuns: atraso constitucional do crescimento e da puberdade (ACCP) em cerca de 53%, constituindo a causa mais frequente de atraso puberal; hipogonadismo hipogonadotrófico funcional (19%), hipogonadismo hipogonadotrófico (12%), hipogonadismo hipergonadotrófico (13%) e idiopático (3%) -O desenvolvimento puberal decorre da estimulação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) do hipotálamo que, por sua vez, não estimulará a liberação dos hormônios FSH e LH pela hipófise, estimulando a secreção dos hormônios sexuais por gônadas, estrogênio e progesterona no sexo feminino e inibina e testosterona no sexo masculino -O atraso puberal pode resultar de uma demora na liberação do GnRH, como acontece no ACCP e no hipogonadismo funcional -Hipogonadismo funcional: pode ser consequente a diversas doenças crônicas (pulmonares, reumáticas, intestinais, renais), hipotireoidismo, diabetes melito, doença celíaca, fibrose cística, lúpus eritematoso sistêmico, anemia falciforme, distúrbios nutricionais (anorexia nervosa e obesidade mórbida) ou, ainda, prática excessiva de exercícios físicos Puberdade atrasada -Principais etiologias Hipogonadotrófico Transitório Definitivo AdquiridoCongênitoACCP Funcional Congênito Síndrome de Kallmann HipopituitarismoForma isolada Associada a outras síndromes Cirurgia do sistema nervoso central, irradiação, infecção, doenças infiltrativas e trauma Puberdade atrasada -Principais etiologias Hipergonadotrófico AdquiridoCongênito Meninas - síndrome de Turner Disgenesia gonadal Meninos - síndrome de Klinefelter e testículos evanescentes Irradiação InfecçãoCirurgia Trauma Puberdade atrasada -Hipogonadismo secundário: ocorre em caso de lesão permanente hipotalâmica ou hipofisária, ou uma mutação genética; nesse caso, há hipogonadismo hipogonadotrófico permanente -Hipogonadismo hipergonadotrófico (primário): lesão nas gônadas feminina ou masculina, com a não produção dos esteroides sexuais e consequente não desenvolvimento adequado das características sexuais -ACCP: mais frequente no sexo masculino, acompanhado de baixa estatura proporcional, com velocidade de crescimento normal até o início do que seria a puberdade normal (média de 12 anos de idade cronológica). A partir de então, como a puberdade não ocorre, o crescimento passa a desacelerar, com a estatura se afastando da curva normal temporariamente. A genitália é normal para a faixa pré-puberal. Frequentemente, observa-se uma história familiar positiva de atraso puberal (mãe que menstruou tardiamente ou pai que demorou a começar a se barbear) -Síndrome de Kallman: No hipogonadismo hipogonadotrófico associado à anosmia, o diagnóstico a ser pensado consiste na síndrome de Kallman, na qual há defeito na migração de neurônios produtores de GnRH e de neurônios olfatórios, levando à secreção deficiente de GnRH e, consequentemente, à diminuição da produção de gonadotrofinas, em associação à perda de olfato Puberdade atrasada -Diagnóstico clínico: 1. abordagem inicial: afastar doença crônica e pesquisar sintomas sugestivos de déficits hormonais, além de questionar a respeito de tratamento ou cirurgia prévios; 2. anamnese: avaliar os hábitos alimentares e a prática de exercícios, a ocorrência crônica de doenças ou o uso de medicamentos, a exposição à radiação ou a substâncias químicas e se existe uma história familiar de atraso puberal; 3. exame físico: realizar a avaliação antropométrica (altura, peso, envergadura) e comparar com as medidas adequadas àquela faixa etária, avaliar o estado nutricional ou a presença de sinais indicativos de doença de algum órgão e avaliação do volume testicular em meninos e dos estádios puberais de Tanner em ambos os sexos -Diagnóstico laboratorial: idade óssea (no ACCP geralmente encontra-se atrasada entre 2 e 3 anos) e as dosagens basais de hormônio foliculoestimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH). Na menina, também deve ser solicitada ultrassonografia pélvica para avaliar tamanho e morfologia de útero e ovários Puberdade atrasada -Algoritmo da investigação de atraso puberal FSH e LH Elevados Normais ou baixos Hipogonadismo hipogonadotróficoACCP Normal - falência gonadal primária Hipogonadismo hipergonadotrófico Alterado - síndrome de Turner, síndrome de Klinefelter Cariótipo Funcional Permanente Puberdade atrasada -Tratamento: Os objetivos são garantir o desenvolvimento puberal completo, para uma atividade sexual normal, atingir estatura e massa óssea adequadas e, se possível, alcançar a capacidade reprodutiva. No hipogonadismo funcional, a doença de base deverá ser tratada; solucionado o problema, ocorrerá o desenvolvimento puberal. No caso de o hipogonadismo ser consequente a um tumor hipofisário, o tratamento tumoral deve anteceder a indução puberal. A indução de puberdade deverá ser realizada independentemente da causa do atraso puberal e após os 13 anos na menina e 14 anos no menino. 1.No sexo feminino, deve-se introduzir esteroides sexuais (etinilestradiol), em baixas doses, com aumento gradual e de maneira lenta (cerca de 2 anos até atingir a dose plena). No ACCP, a indução puberal poderá promover um aumento na velocidade de crescimento e da maturação do hipotálamo hipofisário. 2.No sexo masculino, a indução deve ser feita com ésteres de testosterona na dose entre 50 e 100 mg/IM de 28 em 28 dias durante 3 a 6 meses, em seguida dobrada até atingir a dose de 200 mg (cipionato) ou 250 mg/mês (enantato), a dose de reposição em adultos. Durante a indução puberal, observa-se se está ocorrendo aumento do volume testicular, quando se teria o diagnóstico de atraso puberal e uma possível suspensão da medicação. Os esteroides sexuais não promovem aumento do volume testicular, mas apenas virilização. Referências -Palmert, M. R., & Dunkel, L. (2012). Delayed Puberty. New England Journal of Medicine, 366(5), 443–453. doi:10.1056/nejmcp1109290 -Hughes, I. A. (2013). Releasing the Brake on Puberty. New England Journal of Medicine, 368(26), 2513–2515. doi:10.1056/nejme1306743 -Carel, J.C. et al. (2008). Precocious Puberty. New England Journal of Medicine, 358:2366-2377. doi: 10.1056/NEJMcp0800459 -Madeira, Isabel Rey; Cordeiro, Marilena de Menezes. Endocrinologia pediátrica 2a ed. Editora Manole, 2019. 9788520459492. Capítulo 4: atraso puberal e Capítulo 5: puberdade precoce. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520459492/. Acesso em: 11 Nov 2020 -Kliegman, R. N. - Tratado de Pediatria. Grupo GEN, 2018. 9788595153707. Capítulo 110: Desenvolvimento do adolescente. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595153707/. Acesso em: 11 Nov 2020
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