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SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 1 Puberdade Precoce Puberdade ❖ Período de transição entre a infância e a idade adulta. ❖ Maturação gonadal, desenvolvimento das características sexuais secundárias, início da fertilidade, aceleração do crescimento linear (estirão puberal) e fechamento das extremidades ósseas, com consequente determinação da altura final. ❖ Resulta da ativação de um “gerador de pulsos” ou pode ser produção autônoma de hormônios. ❖ Em particular, o excesso de adiposidade durante a infância pode adiantar a puberdade nas meninas e atrasar o início puberal em meninos. Sinais: Meninas ❖ Primeiro sinal puberal na menina é o aumento das glândulas mamárias (telarca) entre os 8 e os 12 anos de idade. ❖ Após a telarca, surgem os pelos pubianos (pubarca) e, por último, a menarca. Meninos ❖ Nos meninos, se inicia com o aumento do volume testicular (a partir de 4 mL ou 2,5 cm de comprimento), entre os 9 e os 13 anos. ❖ Surgimento dos pelos pubianos (pubarca) e os pelos faciais, o tamanho do pênis aumenta, ocorrem a alteração do timbre de voz e a espermarca (espermatozoides detectáveis na urina em idade média de 13,4 anos). Mecanismo ❖ O mecanismo de início da puberdade é resultado da interação de fatores genéticos (como raça, etnia e idade puberal dos genitores) com fatores ambientais (entre eles, o peso ao nascimento, o índice de massa corporal [IMC] e os disruptores endócrinos). ❖ Início da pulsatilidade do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), que age nos gonadotrofos da adenohipófise e induz a secreção (pulsátil) das gonadotrofinas luteotrófica (LH) e foliculoestimulante (FSH). Fisiologia da puberdade normal ❖ Puberdade é o período entre infância e faz adulta, momento de desenvolvimento físicos e psicológicos que levam a maturidade sexual e capacidade reprodutiva. ❖ Ocorre entre 8 – 13 anos no sexo feminino e 9-14 no sexo masculino. ❖ O desenvolvimento puberal é constituído por dois eventos fisiológicos independentes: adrenarca e gonadarca. ❖ A secreção de GnRH é controlada por neurônios secretores de fatores estimulatórios e/ou e pela ativação recíproca de mecanismos de comunicação entre neurônios e células gliais. ❖ Estimulatórios: kisspeptina, serotonina, norepinefrina, dopamina, glicina, glutamato. ❖ Inibitórios: melatonina, ácido gama-aminobutírico, neuropeptídio Y, opioides endógenos, peptídio intestinal vasoativo, hormônio liberador do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), melatonina etc. Eixo Hipotalamo Hipofise Gonadas ❖ FISIOLOGIA: 1. O núcleo arqueado do hipotálamo e seus neurônios liberam o GnRH, que é transportado para a hipófise anterior e estimula a liberação do hormônio luteinizante (LH) e do folículo- estimulante (FSH). 2. Estes últimos influenciam as gônadas para a produção dos hormônios sexuais: nos meninos, o LH estimula a síntese de testosterona, enquanto o FSH, a espermatogênese; já nas meninas, o LH e o FSH estimulam a síntese de esteroides e a ovulação, respectivamente. ATIVIDADE DO EIXO AO DESENVOLVIMENTO ❖ As mudanças hormonais da puberdade têm início na vida fetal, quando a hipófise fetal secreta LH e FSH (com predomínio deste último). ❖ A atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal é variável durante as fases de desenvolvimento No nascimento: ❖ Perda do feedback negativo dos estrogênios maternos e imaturidade dos mecanismos hipotalâmicos regulatórios da secreção de gonadotrofinas causam aumento dos níveis de LH e FSH. ❖ Resulta na síntese de testosterona, estradiol sem manifestação clínica de puberdade. ❖ Menina: predominam os níveis elevados de FSH, que causam ondas defoliculogênese, com maturação e atresia, além da secreção de estradiol. Predomina nos 2 anos de vida. ❖ Meninos: níveis de LH são preponderantes e estimulam a produção testicular de testosterona. Primeiros 6 meses. SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 2 Após 1º ano de vida: ❖ Período de quiescência (estabilidade) hormonal após “minipuberdade”. ❖ Baixa atividade do EHHG por mecanismos inibitórios hipotalâmicos dependentes e independetes dos esteroides sexuais. ❖ Há inibição da secreção de GnRH, LH e FSH pelo feedback negativo dos esteroides gonadais sobre o hipotálamo e a hipófise. ❖ Esse bloqueio das gonadotrofinas se intensifica após os 2 anos de idade e se mantém até os 6 a 8 anos. COMO OCORRE? Através de dois eventos principais: ❖ Adrenarca: aumento de andrógenos adrenais e de seus precursores. 1. Ocorre pela estimulação do eixo hipotálamo- hipófise-suprarrenal. 2. Com crescimento da camada reticular da suprarrenal e aumento na produção de androgênios. 3. Responsável pelo aparecimento dos pelos púbicos e axilares, caracterizado pelo aumento da dosagem de de-hidroepiandrosterona (DHEA) ou sua forma sulfatada (S-DHEA). ❖ Gonadarca reativação do eixo hipotalâmico- hipofisário-gonadal (eixo gonadotrófico). 1. Evento gerenciado pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) → estimula os receptores gonadotrofos a produzir hormônio luteinizante (LH) e o hormônio foliculestimulante (FSH) → Irão atuar nas gônadas. 2. Ocoore desenvolvimento das mamas nas meninas e dos testículos nos meninos. Caracteriza-se pelo aumento dos níveis de LH e FSH, além da testosterona e estrogênio. Puberdade e alterações O gonadostato hipofisário, responsável pelos baixos níveis de LH e FSH pré-puberais, depende de mais de um sistema de controle inibitório. ❖ Inicialmente, predomina o feedback negativo dos esteroides gonadais e, posteriormente, o sistema supressor central. ❖ Após a aquisição de condições somáticas, como o peso corporal ideal, há a reativação da secreção pulsátil de GnRH. ❖ Esta é decorrente da perda dos mecanismos inibitórios hipotalâmicos presentes no período de quiescência pré-puberal e do predomínio da secreção dos fatores estimulatórios hipotalâmicos sobre os inibitórios. Alterações: Femininas ❖ FSH estimula a proliferação das células da granulosa ovariana e ativa a enzima aromatase, responsável pela conversão dos androgênios (oriundos da teca ovariana) em estradiol e promove a expressão de receptores de LH na superfície das células da granulosa. ❖ LH age nos receptores da teca ovariana, estimulando a síntese de androgênios, a partir do colesterol captado da circulação local, que será convertido em pregnenolona. Como a granulosa é avascular, toda a sua produção de estrógenos é dependente dos precursores andrógenos provenientes da teca ovariana. Masculino ❖ LH estimula a síntese e a secreção da testosterona pelas células de Leydig, enquanto o FSH age, principalmente, nas células de Sertoli, com estímulo sobre a espermatogênese. Sequência puberal habitual SEXO FEMININO – Início entre 8 e 13 anos ❖ Telarca (aparecimento do broto mamário) ❖ Estirão Puberal (11-12 anos) ❖ Pubarca e axilarca (aparecimento dos pelos pubianos e axilares) ❖ Menarca (primeira menstruação, ocorre 2 – 2,5 anos após telarca. Entre 12-13 anos) ❖ Após menarca, menina tem desaceleração no crescimento (estatura) SEXO MASCULINO – Início entre 9 -14 anos de idade ❖ Aumento do volume testicular (≥ 4mL) → Avaliado pelo ORQUIDÔMETRO ❖ Pubarca ❖ Desenvolvimento genital ❖ Mudança na voz (decorrente do efeito dos esteroides sexuais no crescimento da laringe) ❖ Estirão Puberal (entre 13-14 anos) SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 3 Escala de Tanner ❖ Essa classificação se refere ao desenvolvimento de mamas (M) e pelos (P) nas meninas e genitália (G) e pelos (P) nos meninos. ❖ Nos meninos: G2 indica o início do crescimento testicular (testículos com volume acima de 4mL); P2 indica a presença de pelos lisos em base de pênis; P3 há pelos mais grossos e encaracolados.❖ Nas meninas T4 relacionada a menarca no desenvolvimento das mamas, no qual há crescimento das aréolas. SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 4 Puberdade precoce ❖ Considerada precoce quando o aparecimento dos caracteres sexuais secundários ocorre antes dos 8 anos de idade no sexo feminino, e antes dos 9 anos no sexo masculino. ❖ O desenvolvimento puberal entre 6 e 8 anos de idade não é necessariamente benigno e merece investigação e acompanhamento. Classificação: Comumente classificada em: ❖ Puberdade precoce central (PPC) - puberdade precoce verdadeira ou dependente de gonadotrofinas; Sempre Isossexual. Ocorre a ativação prematura do eixo hipotálamo- hipófise-gonadal (HHG) levando ao desenvolvimento dos caracteres sexuais. ❖ Puberdade precoce periférica (PPP) – pseudopuberdade precoce ou independente de gonadotrofinas. Iso ou heterossexual (virilização no sexo feminino ou feminização no sexo masculino). Resulta da produção autônoma (independente do eixo HHG) dos esteroides sexuais, de origem gonadal, adrenal, ou decorrente de exposição a esteroides sexuais exógenos. Classificada também: ❖ PP Isossexual - quando há concordância entre as características puberais e o sexo do paciente; PP heterossexual - quando há divergência das características puberais com o sexo de origem. Variantes do desenvolvimento puberal normal ❖ Variantes do desenvolvimento puberal normal, caracterizadas pelo aparecimento isolado e prematuro dos caracteres sexuais secundários (telarca precoce, pubarca precoce e sangramento vaginal precoce) sem reativação prematura do eixo gonadotrófico, são queixas frequentes de consulta ao endocrinologista pediátrico. ❖ Apesar de geralmente representarem uma situação benigna e não progressiva, é recomendado o acompanhamento endocrinológico para o diagnóstico diferencial com as formas completas e progressivas de puberdade precoce. Telarca precoce isolada ❖ Aumento unilateral ou bilateral das mamas nas meninas antes dos 8 anos de idade sem outros sinais de maturação sexual. ❖ Condição clínica benigna, que pode regredir espontaneamente ou permanecer até o desenvolvimento puberal na idade normal. ❖ Diagnóstico diferencial com lipomastia pode ser difícil nas meninas com sobrepeso ou obesidade. ❖ Maior incidência ocorre antes dos 3 anos, reduzindo após essa idade e novamente se elevando após os 6 anos. Fisiopatologia ❖ Não está completamente esclarecida. ❖ Ativação transitória do eixo gonadotrófico com secreção excessiva e predominante de FSH ❖ Aumento da sensibilidade do tecido mamário às pequenas concentrações de estrogênios circulantes ❖ Secreção transitória de estrogênio por cistos ovarianos ❖ Ingestão de alimentos com substâncias que atuem como desreguladores endócrinos (bisfenol A, ftalatos). Diagnóstico ❖ Laboratorialmente, pacientes com TPI apresentam valores de gonadotrofinas e esteroides sexuais dentro da faixa prépuberal normal. ❖ Idade óssea, diferentemente das formas completas de precocidade sexual, não se encontra avançada. ❖ US pélvica pode ser útil na distinção entre TPI e estágios iniciais da puberdade precoce. Evolução ❖ O acompanhamento ambulatorial de pacientes com TPI é necessário, uma vez que 13 a 20,5% das meninas com essa condição podem evoluir para um quadro de puberdade precoce completa, de acordo com as diferentes causas. ❖ Não há fatores clínicos ou laboratoriais que possam predizer a evolução da TPI para puberdade precoce. ❖ Recomendado é que as pacientes sejam monitoradas clinicamente, e os pais sejam alertados sobre a possível progressão para puberdade precoce. Pubarca precoce isolada SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 5 ❖ Aparecimento isolado dos pelos pubianos antes dos 8 anos de idade nas meninas e dos 9 anos de idade nos meninos, sem outros sinais de virilização ou maturação sexual. ❖ Odor, pelos axilares, acne, aumento da velocidade de crescimento e discreto avanço da idade óssea podem ser também observados, porém sem comprometimento da estatura final e da progressão da puberdade. ❖ Adrenarca precoce define a elevação precoce dos andrógenos adrenais que, com frequência, se associa à pubarca precoce isolada. ❖ Em metade dos casos, as concentrações de andrógenos – androstenediona, DHEA e, sobretudo, DHEAS – estão elevadas para a idade cronológica, mas compatíveis com os valores do estágio Tanner II de desenvolvimento puberal. ❖ Crianças nascidas pequenas para a idade gestacional ou prematuras apresentam maior probabilidade de desenvolver pubarca precoce isolada. Fisiopatologia ❖ Não é conhecida. ❖ É atribuída à maturação prematura da zona reticular do córtex adrenal, levando ao aumento dos andrógenos adrenais, o que, por sua vez, leva ao aparecimento prematuro da pubarca. ❖ Crianças com quadro clínico de adrenarca prematura devem ser investigadas a fim de excluir outras condições patológicas: forma não clássica da hiperplasia adrenal congênita, tumores gonadais ou adrenais virilizantes, administração exógena de andrógenos, puberdade precoce ou causas raras como a síndrome de Cushing na infância. ❖ Contaminação inadvertida de crianças prépúberes por esteroides sexuais tópicos (cremes e pomadas com testosterona) tem sido observada como causa de pubarca precoce. Diagnóstico ❖ Dosagens de DHEAS, 17hidroxiprogesterona, androstenediona e testosterona, bem como radiografia de mão e punho não dominante para avaliação da idade óssea. ❖ Exames de imagem de glândulas adrenais (US, ressonância magnética [RM]) para excluir processos neoplásicos, além do teste de estímulo com hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) sintético (Cortrosina, Synacthen ® ) para excluir hiperplasia adrenal congênita, se evidências de exposição androgênica, como clitoromegalia nas meninas e desenvolvimento avançado de pelos pubianos nos meninos, impõem a realização de Evolução e prognóstico ❖ Maior incidência de síndrome dos ovários policísticos (SOP) e síndrome metabólica ocorre na vida adulta em crianças que apresentem pubarca precoce isolada. Além disso, sobrepeso, obesidade e resistência insulínica na infância têm sido associados à adrenarca precoce. Sangramento vaginal precoce isolado ❖ sangramento vaginal isolado, acíclico, pode ocorrer na fase prépuberal, sem outros sinais puberais e sem anormalidades dos genitais. ❖ Episódios mais frequentes no inverno. ❖ Nos casos não relacionados ao estímulo hormonal, não há avanço de idade óssea nem evidência de reativação do eixo gonadotrófico, estando os valores de gonadotrofinas e estradiol na faixa prépuberal. Etiologia ❖ Hemangiomas e verrugas intravaginais, incisões vaginais, vaginites, doença inflamatória pélvica, corpo estranho intravaginal, prolapso e carúncula de uretra, líquen escleroso e abuso sexual também podem ser causa de sangramento vaginal não hormonal em meninas prépúberes. ❖ As causas hormonais incluem ingestão de estrógenos exógenos, puberdade precoce, síndrome de McCuneAlbright e tumores ovarianos. A US pélvica pode auxiliar no diagnóstico diferencial entre causas hormonais ou não hormonais Diagnóstico ❖ Investigação clínica, incluindo história detalhada para afastar possíveis traumatismos ou manipulações, bem como exame da genitália externa. SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 6 PPC ❖ Secreção pulsátil do GnRH leva a um curso clínico de surgimento das características sexuais secundárias semelhante ao desenvolvimento puberal normal, porém em idade cronológica inadequada. ❖ Lesões cerebrais são encontradas em uma pequena minoria dos casos. Incidência e prevalência ❖ 1:5.000 a 1:10.000, com predileção para o sexo feminino de 3 a 23:1. ❖ A forma mais frequente é a idiopáticaapós a exclusão de patologias do sistema nervoso central (SNC). ❖ Nos meninos, a prevalência de anomalias neurológicas varia de 33% a 90% dos casos de PPC, enquanto no sexo feminino é de 8% a 30%. ❖ Uma série de mais de 200 pacientes identificou, em um único centro médico, PPC idiopática 8 vezes mais frequente nas meninas que nos meninos. ❖ Nos meninos, 94% dos casos de PPC apresentam uma causa identificável. ❖ 80% a 90% das meninas, a causa da PP não é identificada, sendo classificada como PP idiopática. Fatores de risco ❖ Risco de PPC é aumentado em pacientes com neurofibromatose do tipo 1, hidrocefalia, meningomieloceles, encefalopatia neonatal e em pessoas expostas à radiação craniana. Genética ❖ História de PP em um genitor ou irmão é relevante e diminui a probabilidade de que a causa da PPC seja de origem orgânica. ❖ Herança autossômica dominante, com penetrância incompleta, sexo-dependente. ❖ Existem 2 genes recentemente implicados na patogênese da PPC, o gene da kisspeptina (KISS1) e o gene do receptor da kisspeptina (KISS1R ou GPR54). Mutações ativadoras do gene no KISS1R foram relacionadas com precocidade sexual. Etiologia ❖ Diagnóstico de exclusão, estabelecido após análise clínica, laboratorial e por exames de imagem. Sem anormalidades do SNC Causas não orgânicas ❖ Idiopática com espectro de evoluções clínica: Forma de resolução espontânea (10% dos casos); Forma lentamente progressiva (30% dos casos), com estatura final dentro do padrão familiar e menarca em idade normal; Forma completa (60% dos casos): necessita de tratamento, uma vez que a secreção de estradiol é regular e progressiva, causando fechamento precoce das epífises ósseas, com redução da altura adulta e menarca antes dos 10 anos, caso o tratamento não seja instituído. ❖ Secundária: • Exposição crônica prévia a esteroides sexuais (tratamento tardio de formas virilizantes de hiperplasia adrenal congênita, testotoxicose ou síndrome de McCuneAlbright; ressecção de tumores secretores de esteroides sexuais) • Exposição a desreguladores endócrinos • Adoção internacional ❖ Causas genéticas: • Mutações ativadoras nos genes KISS1R e KISS1 (genes da via da kisspeptina) • Mutações inativadoras no gene MKRN3 • Mutações inativadoras no gene DLK1 • Síndromes genéticas (síndrome de Temple, síndrome de WilliamsBeuren, síndrome de Silver- Russell, síndrome de PraderWilli, síndrome de Rett, casos raros de deleções e duplicações cromossômicas) Com anormalidades no SNC Causas orgânicas ❖ Malformações congênitas • Hamartoma hipotalâmico • Cistos aracnoides suprasselares • Hidrocefalia • Glioma ou neurofibromatose tipo 1 • Outras: esclerose tuberosa, displasia septoóptica, malformações vasculares (Chiari tipo 2), mielomeningocele, espinha bífida ❖ Distúrbios intracranianos congênitos quanto os adquiridos podem causar a ativação prematura do eixo gonadotrófico. ❖ Alteração na regulação inibitória dos neurônios secretores de GnRH, por um fator mecânico, ou a secreção de substâncias pela lesão, que estimulam a secreção de GnRH. ❖ Lesões adquiridas • Tumores: astrocitoma, craniofaringioma, ependimoma, glioma hipotalâmico ou óptico, adenoma hipofisário secretor de LH, pinealoma, neurofibroma, disgerminoma (não secretor de hCG), meningioma • Pósinsultos: asfixia perinatal, traumatismo craniano, radioterapia, quimioterapia • Processos inflamatórios e infecciosos do SNC: encefalite e meningite, tuberculose, sarcoidose, abscessos SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 7 • Paralisia cerebral ❖ Nos casos de lesão do SNC, se a deficiência de hormônio de crescimento estiver associada, a aceleração do crescimento poderá não ser evidente. ❖ Na neurofibromatose do tipo 1, o primeiro sintoma clínico em crianças com glioma óptico é a PPC. Se não for diagnosticada, pode evoluir para a cegueira completa. Exposição a desreguladores endócrinos ❖ Desreguladores endócrinos (DE) podem atuar como agonistas ou antagonistas específicos, promovendo efeitos estrogênicos, androgênicos, antiandrogênicos ou podem agir com efeitos diretos sobre o GnRH hipotalâmico. ❖ DE mais abundantes relacionados com alterações puberais são diclorodifeniltricloroetano (DDT), dioxinas, bifenis policlorinados (PCB), bisfenol A (BPA) e ésteres de ftalato. ❖ DDT utilizado nos pesticidas agrícolas. ❖ Dioxinas são produzidas na transformação de celulose em papel e podem contaminar alimentos como o leite. ❖ PCB são substâncias químicas adicionadas a plásticos, que eram usadas em monitores de computador, televisores, têxteis e espumas plásticas para torná-los difíceis de incendiar. ❖ BPA é usado para fazer plásticos carbonados e resinas epóxi, que entram na fabricação de recipientes plásticos reutilizáveis, como embalagens para armazenagem de alimentos, garrafas infantis, selantes dentários e frascos policarbonados de laboratório. ❖ Ftalatos e ésteres de ftalato são plastificantes que contaminam alimentos e bebidas empacotados em embalagens ou garrafas plásticas. ❖ Exposição a compostos de desregulação endócrina tem ações pronunciadas no tempo de início da puberdade. ❖ Efeito dos DE no sistema endócrino vai depender da interação entre a dose e a duração da exposição, o momento do desenvolvimento no qual a exposição ao composto ocorreu e a suscetibilidade individual. ❖ Estudos recentes confirmam efeitos sutis de chumbo, dioxinas e fitoestrogênios em atrasar o início da puberdade e demonstram associação de ftalatos e bifenil policlorados ao início do desenvolvimento da mama e à menarca, respectivamente. ❖ Nos seres humanos, há crescentes evidências sugerindo que os períodos pré-natal e pós-natal precoce podem representar uma janela de início de suscetibilidade a longo prazo, “programação”, de vários resultados reprodutivos, incluindo o desenvolvimento da puberdade. ❖ Existem evidências que apontam relação entre a exposição a desreguladores endócrinos, o retardo do crescimento intrauterino e o início puberal precoce. SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 8 PPP ❖ Decorrente da secreção autônoma de esteroides sexuais de origem principalmente gonadal, adrenal ou exógena, independentemente da ativação do eixo gonadotrófico. ❖ O aumento do estrogênio induz PP isossexual, no sexo feminino, e heterossexual, nos meninos. ❖ Inversamente, se a fonte de produção autônoma for de androgênios, haverá PP heterossexual nas meninas e isossexual nos meninos. ❖ Muito mais rara do que a PPC e pode decorrer de transtornos genéticos ou doenças adquiridas. ❖ Nos últimos anos, os avanços em biologia molecular têm contribuído notavelmente para a compreensão de algumas condições genéticas, e as técnicas de imagem e determinações hormonais possibilitam estabelecer o diagnóstico precoce, principalmente das causas tumorais de PPP. Incidência ❖ Não há dados epidemiológicos de incidência e prevalência da PPP. Fatores de risco ❖ Genética ❖ Aa Etiolgoia As principais causas de PPP, de acordo com o sexo e a forma iso ou heterossexual: PPP feminino ❖ Isossexual • Cistos ovarianos autônomos • Tumor ovariano ou adrenal feminizante • Iatrogênica • Síndrome de McCuneAlbright (mutações ativadoras no gene GNAS1) • Síndrome do excesso de aromatase (mutações ativadoras no gene CYP19) • Hipotireoidismo primário ❖ Heterossexual • Hiperplasia adrenal congênita (mutações inativadoras nos genes CYP21A2, CYP11 e HSDB2) • Tumor ovariano ou adrenal virilizante • Síndrome de resistência ao cortisol (mutações inativadoras no gene do receptor do glicocorticoides • Iatrogênica PPP masculino ❖ Isossexual Causas adquiridas • Tumores adrenais • Tumores secretores de hCG (hepatomas, corioepiteliomagonádico,teratomas extragonádicos) • Tumores testiculares ∘ Hipotireoidismo primário Causas genéticas • Hiperplasia adrenal congênita (mutações inativadoras nos genes CYP21A2, CYP11 e HSDB2) • Testotoxicose (mutações ativadoras no gene do receptor do LH) • Síndrome de McCuneAlbright (mutações ativadoras no gene GNAS1) • Hipoplasia adrenal congênita (mutações no gene NR0B1, antigo DAX1) • Síndrome de resistência ao cortisol (mutações inativadoras no gene do receptor do glicocorticoide) Heterossexual Causas adquiridas • Tumor feminizante testicular ou adrenal Causas genéticas • Síndrome do excesso de aromatase (mutações ativadoras no gene do receptor da aromatase) ∘ Iatrogênica Diagnóstico PC ❖ Com o advento de novas técnicas, os valores normais devem ser cuidadosamente interpretados. ❖ É importante fazer dianóstico e tratamento da PP devido à perda estatural e ao comprometimento psicossocial. Diferencial ❖ Distinção entre PPC e PPP tem implicação direta na opção terapêutica, devendo constituir o primeiro SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 9 passo frente ao quadro clínico de puberdade precoce progressiva. PPC ❖ Do ponto de vista clínico, a PPC mimetiza a puberdade fisiológica em uma idade precoce; logo, o aparecimento dos caracteres sexuais geralmente segue esta ordem: telarca, pubarca e, posteriormente, menarca. ❖ Intervalo de evolução de um estágio puberal é, em média, de 6 meses. PPP ❖ Diferentemente, as formas periféricas de puberdade precoce podem ser caracterizadas por rápida evolução e aparecimento desordenado dos sinais puberais. ❖ Em ambas as formas de puberdade precoce, iso ou heterossexual, as concentrações elevadas dos esteroides sexuais determinam aceleração da velocidade de crescimento e da maturação esquelética, culminando em fusão prematura das epífises ósseas e comprometimento da estatura final nos casos não submetidos a tratamento adequado. O diagnóstico diferencial com a telarca precoce isolada também é necessário Clínico História clinica cuidadosa: ❖ Idade de aparecimento e ritmo de evolução dos caracteres sexuais secundários (mamas e pelos pubianos nas meninas e aumento de testículos e pelos pubianos nos meninos) ❖ Ocorrência de sangramento vaginal esporádico ou cíclico ❖ Uso de medicamentos que contenham esteroides Relatos de traumatismos, infecções do SNC e sintomas neurooftalmológicos ❖ Antecedentes pessoais (condições de parto, período neonatal, doenças crônicas) ❖ Aceleração do crescimento linear História familiar de precocidade sexual. ❖ Dados clínicos prévios à consulta, como peso e altura anteriores, podem auxiliar na análise da velocidade de crescimento (VC). Exame físico ❖ Aferição e avaliação dos dados de peso e altura e idade estatural, utilizando as curvas de crescimento adequadas e o cálculo do desvio padrão (DP) da altura e do índice de massa corporal (IMC) para a idade cronológica, pelo uso de tabelas apropriadas. ❖ Descrição dos caracteres sexuais secundários, incluindo a medida dos testículos nos meninos e o desenvolvimento mamário nas meninas, classificandoos de acordo com os critérios de Marshall e Tanner (estágios de 1 a 5). ❖ Medida de volume testicular ≥ 4 mℓ ou de comprimento testicular > 2,5 cm indica estimulação testicular e caracteriza início do processo puberal nos meninos. ❖ PPC, ambos os testículos estão aumentados e simétricos. ❖ Volume testicular reduzido seja o esperado na PPP, existem algumas situações em que ambos os testículos apresentam tamanho aumentado (testotoxicose, tumores produtores de hCG, restos adrenais testiculares e mutação no gene DAX1). 2 Assimetria testicular pode ocorrer em pacientes com tumores das células de Leydig. ❖ Pelos pubianos devem ser avaliados em ambos os sexos e classificados de acordo com os critérios de Tanner (estágios de 1 a 5). ❖ Outros sinais físicos devem ser pesquisados, como acne, oleosidade excessiva da pele e do cabelo, pelos axilares, odor corporal, desenvolvimento muscular, palpação tireoidiana e abdominal, visando à detecção de bócio e massas abdominais ou pélvicas, respectivamente. ❖ Lesões cutâneas podem contribuir para o diagnóstico de condições específicas, como síndrome de McCuneAlbright ou neurofibromatose tipo 1. Laboratorial ❖ Dosagens das gonadotrofinas em condição basal e/ou após estímulo com GnRH (GnRHteste). ❖ Os valores de FSH, tanto em condição basal quanto após estímulo com GnRH, não são úteis para o diagnóstico diferencial das formas de precocidade sexual, exceto quando estão suprimidos, indicando PPP. SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 10 ❖ sexo masculino, a testosterona é um excelente marcador de precocidade sexual, tanto na forma central quanto na periférica, uma vez que valores prépúberes desse hormônio excluem o diagnóstico de puberdade precoce ❖ Concentrações elevadas de estradiol com valores suprimidos ou baixos de gonadotrofinas são sugestivas de PPP. ❖ A dosagem das concentrações de hCG em meninos deve ser realizada com o objetivo de diagnosticar tumores gonadais e extragonadais produtores de hCG. ❖ Outras dosagens importantes incluem hormônio tireoestimulante (TSH) e tiroxina (T4) livre, assim como os precursores dos andrógenos adrenais. Teste de estímulo ❖ Administração de 100 μg de GnRH por via intravenosa, com coletas do LH e FSH nos tempos 0, 15, 30, 45 e 60 minutos. ❖ Valores de LH após estímulo com GnRH/aGnRH entre 5 e 8 U/ℓ devem ser interpretados de acordo com o quadro clínico. ❖ O GnRHteste pode ser simplificado, utilizando apenas as dosagens do LH após 30 a 120 minutos da primeira aplicação do análogo de GnRH de ação prolongada. ❖ Abordagem simplificada: dosagem de LH 2 horas após administração parenteral (por via subcutânea ou intramuscular) de 3,75 mg do acetato de leuprorrelina depot. Método IFMA ❖ Método imunofluorométrico (IFMA), um pico de LH > 9,6 U/ℓ nos meninos e > 6,9 U/ℓ nas meninas representa resposta puberal e, consequentemente, confirma o diagnóstico de PPC. 48 ❖ Sugere PPC, quando demonstra valores de LH > 10 U/ ℓ pelo método IFMA 50 Método ICMA ❖ Método de quimioluminescência (ICMA), um pico de LH > 5 U/ℓ evidencia ativação do eixo gonadotrófico em ambos os sexos. Exames de Imagem Radiografia: ❖ Punho e mão para avaliar idade óssea pelos métodos GreulichPyle, TannerWithehouse e modelos computacionais. US pélvica ❖ Na menina, possibilita a verificação das dimensões do útero e dos ovários, além da detecção de cistos e processos neoplásicos ovarianos. ❖ Diâmetro uterino > 3,1 cm em meninas com menos de 6 anos de idade e > 3,8 cm naquelas entre 6 e 8 anos de idade é uma ferramenta adicional no diagnóstico diferencial entre PPC e telarca precoce isolada. ❖ Volume ovariano > 1,5 cm 3 sugere estímulo gonadotrófico. RM ❖ Avaliação anatômica do SNC, após a confirmação laboratorial de PPC, é indicada em todos os pacientes, sendo realizada preferencialmente por RM, que apresenta alta sensibilidade para detecção de lesões expansivas do SNC, bem como de hamartomas hipotalâmicos de pequenas dimensões. ❖ deve, portanto, ser solicitada em todos os meninos com idade inferior a 9 anos e em meninas com menos de 6 anos de idade, em função da elevada possibilidade de lesões do SNC. SOI IV IANA BARBOSA MARTINS Sistemas Orgânicos Integrados IV, MED 31 - Uninovafapi. 11 Tratamento PC ❖ Esses compostos atuam na hipófise anterior, ligandose aos receptores de GnRH de maneira competitiva com o GnRH endógeno, e promovendo dessensibilização e redução no número de receptores de GnRH (downregulation). 2,57 ❖ Os aGnRH determinam um estímulo inicial da síntese e da secreção de gonadotrofinas, porém sua administração crônica resulta na supressão da produçãodesses hormônios, com consequente supressão da produção dos esteroides sexuais pelas gônadas. ❖ Apenas as crianças com PP que apresentam avanço significativo da IO e da VC com previsão de perda da estatura final e resposta puberal do LH são indicadas a tratamento. ❖ Os resultados do tratamento sobre a estatura final dependem de diagnóstico e tratamento precoces, preferencialmente antes dos 6 anos, e praticamente não existem efeitos colaterais importantes. ❖ Durante o tratamento com aGnRH, parte dos pacientes apresenta grande redução da VC e intenso comprometimento da previsão estatural. ❖ Nessa situação, a associação ao GH pode ser considerada. Objetivos: ❖ Detectar e tratar as lesões expansivas intracranianas ❖ Interromper a maturação sexual até a idade normal para o desenvolvimento puberal ❖ Promover a regressão ou a estabilização dos caracteres sexuais secundários ❖ Desacelerar a maturação esquelética ❖ Preservar o potencial de estatura normal (dentro do intervalo da estaturaalvo) ❖ Evitar desproporções corporais ❖ Prevenir os problemas emocionais da criança e aliviar a ansiedade dos pais ❖ Reduzir o risco de abuso sexual e o início precoce da atividade sexual ❖ Prevenir a ocorrência de gestação em idade precoce ❖ Diminuir o risco de cânceres estrógenodependentes Resumo Geral
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