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Técnica de necropsia Registro • Identificar o cadáver • Espécie, raça, sexo, idade, peso, cor da pelagem, nome ou número de identificação, data e hora da morte, procedência, proprietário, endereço, telefone e outras informações que sejam relevantes. • Preencher a ficha de necropsia • Data e hora da necropsia • Histórico clínico (médico veterinário) Inspeção • Inspeção de toda área externa da carcaça. • Observar: • posição do animal na hora da morte • aparência geral da carcaça • rigor mortis, • decomposição post-mortem e desidratação. • estado nutricional do animal. • condição da cobertura corporal • presença de parasitos externos • coloração e aparência das mucosas • presença ou ausência de descargas nos orifícios corporais • glândula mamária • presença de aumentos de volume, feridas, incisões cirúrgicas, hérnias, fraturas. • qualquer alteração externa no cadáver Técnica 1. Animal em decúbito dorsal. 2. Incisão longitudinal do mento até o púbis, pela linha mediana ventral. 3. Em machos rebater o pênis através de incisões laterais. 4. Rebater a pele lateralmente Observar tecido subcutâneo, linfonodos superficiais e músculos. 5. Secção da musculatura peitoral 6. Desarticulação coxo-femoral 7. Abertura da cavidade abdominal por incisão na linha média do apêndice xifoide até o púbis. 8. Verificar a presença de líquidos livres na cavidade (se necessário, coletar) 9. Fazer uma abertura em cada lado da musculatura abdominal acompanhando a curvatura da última costela 10. Verificar a presença de pressão negativa intra-torácica 11. Com um costótomo cortar na junção costo- condral e com auxílio de uma faca, remover o esterno. 12. Examinar as vísceras torácicas e abdominais in situ. • Se for necessário coletar para microbiologia ou outros testes complementares, coletar nesse momento. 13. Remover omento e baço, cortando na inserção na curvatura maior do estômago 14. Fazer uma ligadura dupla no reto e no duodeno na porção final do pâncreas. Seccionar retirando intestino delgado, intestino grosso e ceco. 15. Seccionar esôfago na altura do cárdia e veia porta com diafragma e ligamentos gástricos, removendo estômago, fígado, pâncreas e porção inicial do duodeno. 16. Retirar a porção muscular que cobre o púbis e encontrar o forame obturatório de ambos os lados. Cortar com o costótomo a partir do forame em sentido cranial e caudal em ambos lados. Retirar o osso cortado. 17. Marcar um dos rins para identificação do lado. Remover adrenais, trato genito-urinário e reto e ânus em bloco. 18. Fazer duas incisões na parte lateral interna da mandíbula para remover a língua, seccionar o palato mole, desarticular os hioides, dissecar e remover língua, laringe, tireoide, traqueia, esôfago, coração, grandes vasos e pulmões. 19. Fazer incisão longitudinal da porção superior do crânio e rebater a pele. Retirar musculatura temporal. 20. Com machadinha e martelo ou serrote fazer um corte um pouco caudal aos processos supraorbitais. Em ambas laterais fazer um corte até o forame magno. Retirar a calota craniana. 21. Cortar a meninge que recobre cérebro e cerebelo, incluindo a porção entre os hemisférios e entre o cérebro e o cerebelo. 22. Soltar com gentileza o cérebro, seccionando os pares cranianos que prendem o cérebro ao assoalho da cavidade. 23. Examinar todas as vísceras e anotar todas as alterações encontradas em todos os processos. 24. Fazer cortes nos órgãos parenquimatosos para verificar a superfície de corte e alterações que não sejam superficiais. 25. Dissecar o intestino do mesentério e avaliar a extensão e continuidade. 26. Abrir o intestino com auxílio de uma tesoura através da porção mesentérica avaliando o conteúdo, mucosa, presença de parasitos, alterações visíveis. 27. Abrir o duodeno até o piloro para expor o esfíncter de Oddi, pressionar a vesícula biliar para verificar o fluxo da bile. Abrir a vesícula para verificar conteúdo e mucosa. 28. Abrir o estômago através da curvatura maior desde o piloro até o cárdia. 29. Observar o fígado, superfície capsular, tamanho, alterações. Cortes no parênquima para verificar consistência e coloração. 30. Cortar os rins longitudinalmente em duas metades iguais e retirar a cápsula. 31. Abrir os ureteres. 32. Abrir bexiga e uretra indo até a abertura do pênis em machos ou até a vulva em fêmeas 33. Abrir o esôfago da porção inicial até o cárdia 34. Abrir a traqueia até os grandes brônquios e brônquios principais. 35. Cortar o pulmão para analisar parênquima 36. Observar tireoides e cortar. 37. Com o coração ligado ao pulmão, abrir o saco pericárdico. 38. Abrir o átrio direito na altura das cavas. Seguir o fluxo de sangue até a artéria pulmonar, observar válvulas e conteúdos. 39. Cortar longitudinalmente na porção média do lado esquerdo em um corte único pela parede do ventrículo esquerdo. 40. Observar válvula atrioventricular esquerda e conteúdo do ventrículo 41. Seccionando a válvula atrioventricular esquerda e seguindo abaixo dela, encontramos a aorta. Observar as paredes da aorta e válvulas. Suínos 1. Semelhante a cães e gatos 2. Com o animal em decúbito ventral, serrar transversalmente em um ponto levemente posterior as comissuras da boca a fim de examinar os cornetos nasais. Ruminantes 1. Estudar o caso e considerar os diferenciais 2. Decúbito lateral esquerdo, se possível com o dorso mais elevado. 3. Incisão seguindo a linha média do mento até o ânus 4. Cortar ao redor do prepúcio ou da glândula mamária. 5. Rebater dorsalmente a pele e os membros do lado direito. 6. Desarticular na coxo-femoral. 7. Abrir o abdômen e examinar fígado, pró- ventrículos e diafragma antes de abrir o tórax. 8. Verificar pressão negativa com um corte entre as costelas. 9. Palpar entre o retículo e o diafragma para verificar aderências ou corpos estranhos 10. Em ruminantes deve ser retirada também à porção do par craniano do Nervo Trigêmio que se situa lateralmente à hipófise. Seccionando lateralmente ao nervo de ambos os lados e cranial e caudalmente à hipófise. O Nervo Trigêmio é de extrema importância para o diagnóstico das alterações no Sistema Nervoso Central de ruminantes. 11. Abrir o rúmen e reticulo na linha dorsal média, examinar e remover o conteúdo. Examinar a mucosa. Abrir o abomaso ao longo de sua curvatura menor, examinar o conteúdo e mucosa. Equinos 1. Decúbito lateral direito, dorso mais alto que o ventre. 2. Abrir a cavidade abdominal através de um corte que se estende da protuberância da cabeça do fêmur até a última costela. 3. Verificar a pressão negativa da cavidade torácica. 4. Cortar as costelas na altura dos grandes músculos dorsais, cortar então as junções costocondrais pelo lado interno. 5. Remover o omento e o baço juntos. 6. Cortar e remover o cólon menor. 7. Remover a adrenal e o rim esquerdo. 8. Remover o intestino delgado com o mesentério e seccionar o mesentério rente ao intestino. 9. Remover juntos o cólon maior e ceco. Coleta de material para histopatológico • Material para histopatológico em formol ou formol tamponado a 10%. • Coletar tecidos que apresentem lesões e/ou que sejam relevantes para o quadro clínico que o animal apresentava, sempre incluindo uma parte de tecido afetado e uma parte normal. • Anotar todos os achados de necropsia por escrito. • Não coletar pedaços muito pequenos, nem muito grandes que ultrapassem a capacidade da quantidade de formol. (proporção formalina/tecido: 10:1 ou pelo menos 5:1) • Formalina a 10% é 9 partes de água da torneira e uma parte de formaldeído comercial (normalmente a 40%). • Depois de 24 a 48h deve ser trocada a formalina por uma nova no frasco.• Identificação do material: A identificação do material pode ser fixada na parte exterior do frasco e deve conter a resenha do animal e a especificação do material, ou seja, quais tecidos foram colhidos. • Frasco de boca larga e com tampa com boa vedação • Tempo de fixação: a depender do tamanho da amostra, o tempo de fixação varia de 6 a 48 horas. Amostras de biopsia apresentam fixação completa em seis horas. Amostras maiores, de até 4 cm3, estarão completamente fixadas em 48 horas. Descrição de necropsia • Descrever objetivamente o que se vê, sem interpretar! • Por exemplo: ao invés de “o rim apresentava infarto”, dizer “o córtex renal apresentava uma área vermelho escura, bem demarcada, levemente proeminente e irregular, com a forma de cunha e que se estende profundamente no parênquima. O ápice desta cunha estava localizada na junção corticomedular. A superfície de corte apresentava uma zona vermelho escura periférica e uma área central de cor amarelada, consistência friável e seca”. • Posição: relação com outros órgãos e estruturas e com posições normais esperadas. Aderências a estruturas adjacentes. • Tamanho: (quando for considerado importante). Medir apuradamente as dimensões dos órgãos e lesões. • Peso: (quando considerado importante). Peso corporal e de órgãos. • Cor: O tom, nuances e distribuições das cores nas várias estruturas das lesões e órgãos. • Consistência e textura: Qualidades perceptíveis pela palpação e observação. • Odor • Superfície de corte: O aspecto das superfícies de corte especialmente de órgãos como o fígado, baço e rim, imediatamente após sua secção. • Forma: A forma ou mesmo a falta de uma forma definida de órgãos e lesões. • Conteúdos: A quantidade e natureza do conteúdo de estruturas tais como sacos pleurais, trato intestinal, vesícula biliar, bexiga, cavidade abdominal e pericárdica. • Consistência e textura: duro, firme, friável, macio, gelatinoso, mucóide, seco, caseoso, crepitante, túrgido, arenoso, granular, elástico, deixa marca sob pressão, fibroso, etc. Pode-se também comparar com coisas de consistência conhecida. • Forma: Ovóide, esférica, cônica, elíptica, triangular, achatada, nodular, lobulada, tortuosa discóide, bulbosa, em forma de cunha fusiforme, filiforme, em forma de rede, espiralada, embricada, fungóide, vegetante, em forma de cogumelo, em forma de couve-flor, etc. • Cor: use palavras precisas ao designar a cor, indique grau da cor e sua distribuição e qualifiquea como escuro, brilhante, claro, pálido, esmaecido, listrado, pontuado, manchado, etc. • Superfície: coberta de pelos, ulcerada, coberta com exsudato (especifique o tipo), lisa, irregular, erodida, ulcerada, rugosa, elevada, deprimida, brilhante, opaca, ondulante, com escaras, membranosa, com alopecia, etc. • Estruturas tubulares: permeável, dilatada, obstruída, obliterada, estreitada, com divertículos, ramificada, comunicante, tortuosa. • Tamanho: sempre use o sistema métrico, mesmo se apenas uma estimativa possa ser feita. Pesos em gramas e miligramas e volumes em mililitros ou litros. Evite comparações como “do tamanho de uma laranja”, ou imprecisões como “grande quantidade de líquido” etc.
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