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SISTEMA DE ENSINO
DIREITOS DIFUSOS 
E COLETIVOS
Estatuto Nacional da Igualdade Racial
Livro Eletrônico
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Diogo Surdi
Sumário
Estatuto Nacional da Igualdade Racial ...................................................................................... 4
1. Disposições Preliminares .......................................................................................................... 4
2. Direitos Fundamentais .............................................................................................................. 8
2.1. Conceito, Origem, Classificação e Características ............................................................ 8
2.2. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação Racial .....................................................................................................................16
2.3. Direito à Saúde ........................................................................................................................ 17
2.4. Direito à Educação, Cultura, Lazer e Desporto ................................................................19
2.5. Direito à Liberdade de Consciência e de Crença e ao Livre Exercício dos Cultos 
Religiosos ....................................................................................................................................... 23
2.6. Direito ao Acesso à Terra e à Moradia Adequada ........................................................... 25
2.7. Direito ao Trabalho ................................................................................................................ 27
2.8. Direito de Acesso aos Meios de Comunicação ................................................................28
3. Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial ........................................................ 30
3.1. Constituição e Objetivos ....................................................................................................... 30
3.2. Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial ...................................................... 30
3.3. Ouvidorias Permanentes e Acesso à Justiça e à Segurança .........................................31
3.4. Financiamento das Iniciativas de Promoção da Igualdade Racial .............................. 32
Questões de Concurso ................................................................................................................. 33
Gabarito ........................................................................................................................................... 78
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Diogo Surdi
Olá! Tudo bem? Espero que sim!
Na aula de hoje, estudaremos a Lei n. 12.288/2010, norma que estabelece o “Estatuto da 
Igualdade Racial”.
Neste ponto da matéria, a imensa maioria das questões de concurso público (mesmo 
quando destinadas aos cargos jurídicos) tendem a exigir a literalidade das disposições legais. 
Além disso, é importante o conhecimento de pontos doutrinários relevantes, conforme iremos 
estudar ao longo da presente aula.
Grande abraço e boa aula!
Diogo
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Diogo Surdi
ESTATUTO NACIONAL DA IGUALDADE RACIAL
1. Disposições preliminares
Por intermédio da Lei n. 12.288, de 2010, tivemos a instituição do “estatuto da igualdade ra-
cial”. Os objetivos a serem alcançados, com a edição da norma, são o de assegurar à população 
negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, 
coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Deve ser observado que os objetivo apresentados possuem uma relação direta com a ne-
cessidade de promoção dos direitos e das liberdades fundamentais da pessoa negra em con-
dições de igualdade com as demais pessoas.
Sendo assim, ainda que o princípio mencionado seja o da igualdade, o mais correto seria 
a menção ao princípio da isonomia, que, em linhas gerais, é um dos sentidos ou acepções da 
igualdade e da impessoalidade.
Por meio da isonomia, deve o legislador tratar de forma igual os iguais e de forma desigual 
os desiguais, na medida das suas desigualdades.
Obs.: � Quando o legislador edita uma norma conferindo à população negra e parda o acesso 
a vagas nas universidades e cargos públicos (cotas), estamos diante da isonomia.
 � Assim, ainda que os demais indivíduos não façam jus a este direito, não há que se falar 
em violação ao princípio da igualdade, uma vez que a isonomia confere a possibilidade 
de tratamento desigual às pessoas que estejam em condições diferentes.
Salienta-se, contudo, que as medidas discriminatórias de tratamento devem ser exercidas 
de acordo com o princípio da razoabilidade, evitando-se que excessos cometidos pelo legisla-
dor agridam a dignidade da pessoa humana dos particulares envolvidos.
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
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Em outros termos, é plenamente possível que o legislador trate determinadas classes de 
pessoas de forma diferenciada, sem que isso configure desrespeito ao texto da Constituição 
Federal. O que deve ser observado, no entanto, é o princípio da razoabilidade.
Outra classificação importante refere-se à isonomia material e formal.
De acordo com este entendimento, a isonomia formal está relacionada com a possibili-
dade que todas as pessoas possuem, independente de suas condições financeiras, étnicas e 
sociais, de buscar os direitos previstos em lei. Trata-se a isonomia formal, como consequência, 
de uma garantia conferida a todos os indivíduos: a de buscar alcançar os direitos que lhe são 
assegurados.
A isonomia material, por sua vez, vai além da isonomia formal, possibilitando que seja con-
ferido tratamento desigual às pessoas que estejam em condições desiguais.
Possibilita a isonomia material a adoção de políticas discriminatórias com a finalidade de 
igualar as condições de grupos que estejam em desvantagem. Por este motivo, a isonomia 
material também é conhecida como igualdade real, uma vez que atua não apenas no campo 
teórico, mas sim na prática, modificando a realidade social das pessoas atingidas.
Obs.: � Quando uma lei determina que “Todas as pessoas terão direito aos serviços de energia 
elétrica e de água encanada”, estamos diante da isonomia formal, de forma que todos 
aqueles que desejarem fazer uso destes serviços devem adotar os procedimentos pre-
vistos em lei, sendo que a energia elétrica e a água encanada nada mais são do que 
direitos a eles conferidos.
 � Quando o Poder Público assegura à população de baixa renda os serviços de energia 
elétrica e de água encanada de forma gratuita, estamos diante da isonomia material, 
sendo que a ideia do legislador,com a medida, é, mediante a adoção de políticas dis-
criminatórias, reduzir as desigualdades das pessoas de baixa renda.
DICA
Devemos memorizar, para uma questão mais avançada de 
prova, que as disposições do Estatuto da Igualdade Racial são 
manifestações da isonomia material.
Ainda com relação ao princípio da igualdade, merece destaque a previsão do artigo 2º, que 
estabelece como dever do Estado e da sociedade a garantia da igualdade de oportunidades.
Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a 
todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na 
comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, cul-
turais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
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Em seu artigo 1º, a norma elenca uma série de definições acerca de conceitos que são 
tratados no decorrer do texto legal. Tais definições são bastante exigidas pelas provas de con-
curso, sendo recomendado que o candidato, na medida do possível, memorize e diferencie os 
conceitos apresentados.
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efe-
tivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos 
e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada 
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o 
reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades 
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida 
pública ou privada;
II – desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, 
serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou 
origem nacional ou étnica;
III – desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a 
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;
IV – população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o 
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou 
que adotam autodefinição análoga;
V – políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de 
suas atribuições institucionais;
VI – ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa pri-
vada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
Como veremos oportunamente, a lei em estudo confere à população negra uma série de 
direitos e garantias fundamentais.
No entanto, estabelece o artigo 3º que, além das normas constitucionais relativas aos prin-
cípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos 
e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das 
vítimas de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da 
identidade nacional brasileira.
Assim, podemos afirmar que as diretrizes político-jurídicas que norteiam o Estatuto da 
Igualdade Racial são três:
a) a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial;
b) a valorização da igualdade étnica;
c) o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
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Mas e como será que ocorrerá, efetivamente, a participação da população negra na vida 
econômica, social, política e cultural da sociedade?
A resposta nos é dada pelo artigo 4º, que estabelece que a participação da população ne-
gra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural 
do País será promovida, prioritariamente, por meio de:
a) inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;
b) adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
c) modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamen-
to e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discrimina-
ção étnica;
d) promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étni-
ca e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e 
estruturais;
e) eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a 
representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;
f) estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas 
à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive 
mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no aces-
so aos recursos públicos;
g) implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das 
desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, tra-
balho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à 
Justiça, e outros.
Como anteriormente mencionado, as ações afirmativas são conceituadas como progra-
mas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das 
desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
Tais programas serão constituídos sob a forma de políticas públicas destinadas a reparar 
as distorções e desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esfe-
ras pública e privada, durante o processo de formação social do País.
Observa-se, com isso, que as finalidades a serem alcançados com a edição do Estatuto da 
Igualdade Racial possuem como base o desejo de corrigir as desigualdades sociais e demais 
práticas discriminatórias ocorridas durante o processo de formação social do Brasil.
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2. Direitos FunDamentais
2.1. ConCeito, origem, ClassiFiCação e CaraCterístiCas
Considerando que boa parte dos artigos do estatuto são destinados a elencar a forma 
como uma série de direitos fundamentais serão exercidos pela população negra, faz-se neces-
sário, em um primeiro momento, que tenhamos contato com a origem, com a classificação 
e com as características de tais direitos. Para isso, teremos contato com a teoria geral dos 
direitos fundamentais, assunto intimamente ligado ao Direito Constitucional.
Todos prontos? Vamos lá...
A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de 
imposiçãode limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta 
forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua liber-
dade e uma limitação na atuação do Poder Público.
No texto constitucional, encontramos, por diversas vezes, os termos “direitos” e “garan-
tias”. Mas você já se perguntou o que é um direito? E uma garantia fundamental?
Ainda que o texto da Constituição Federal não tenha feito distinção expressa entre os dois 
institutos, é possível afirmar que ambos os conceitos possuem funções distintas.
Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens conferi-
dos pela Constituição Federal. As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos 
constitucionalmente previstos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.
Como exemplo de direito fundamental, temos a liberdade de locomoção, prevista em nosso 
ordenamento por meio do artigo 5º, XV, da Constituição Federal:
“É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos 
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.”
Para proteger tal direito e assegurar que este possa ser exercido, a própria Constituição Federal 
estabelece, por exemplo, a garantia do habeas corpus, conforme previsão do artigo 5º, LXVIII:
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”
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De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou 
dimensões.
a) Primeira Geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as or-
dens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser objeto 
de contestação por parte da população.
Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e 
abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos 
fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não 
atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou 
“direitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população 
ante os desmandos do Estado.
Importante mencionar que os direitos fundamentais de primeira geração surgiram em me-
ados do século XVIII, possuindo como principal objetivo a conquista de liberdade e sendo ma-
terializado pelos direitos políticos e civis.
Ambos os direitos (políticos e civis) são decorrência de um aumento da liberdade conferida à 
população.
Na medida em que os indivíduos passam a poder votar e exercer seus direitos políticos, esta-
mos diante de um considerável aumento da liberdade.
Tal situação também ocorre na medida em que a população passa a ter direito de usufruir de 
sua propriedade e de se locomover sem a necessidade de obter autorização do Poder Público 
(direitos civis).
São exemplos, ainda, de direitos de primeira geração o direito à vida, o direito de associação e 
o direito de reunião.
b) Segunda Geração: com os direitos de primeira geração, a população conquistou um 
grande passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior liberdade de atuação.
Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência estatal 
se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. Neste cenário, era 
bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a jornadas de trabalho de mais de 
15 horas diárias por 7 dias da semana.
Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados por presta-
ções positivas do Estado para os indivíduos. Neste contexto, a sociedade exige que o Poder 
Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações humanas, mas sim que ofereça 
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a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série de direitos que permitam a manutenção da 
dignidade da pessoa humana.
Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos so-
ciais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos como “li-
berdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no final do século XIX e início 
do século XX.
Na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado são 
garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim que 
está ofertando à população melhores condições de vida.
Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as 
pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-
tações do Poder Público.
c) Terceira Geração: os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comuni-
dade internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o 
próprio indivíduo.
Desta forma, os direitos de terceira geração não se destinam apenas a um indivíduo ou 
grupo de pessoas pertencentes a um determinado Estado. Sua incidência é ampla, difusa, re-
caindo sob toda a espécie humana.
Como exemplo, cita-se o direito ao meio ambiente, ao progresso e à defesa do consumidor. 
Em todas estas situações, o fundamento utilizado é a fraternidade.
Obs.: � Da análise das três primeiras gerações de direitos fundamentais, consegue-se 
notar uma semelhança com o lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e 
Fraternidade.
 � Assim, na medida em que os direitos de primeira geração conferem aos indivíduos 
uma maior liberdade, os de segunda geração, por assegurarem uma série de pres-
tações positivas, estão pautados na igualdade. Os de terceira geração, por sua vez, 
fundamentam-se na fraternidade, uma vez que não estão direcionados para um grupo 
específico de pessoas, mas sim para toda a espécie humana.
Em brilhante passagem, o STF, no julgamento do MS 22.164, descreveu as características 
das três principais gerações de direitos fundamentais:
O direito a integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – constitui 
prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação 
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dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo 
identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, 
a própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e 
políticos) – que compreendemas liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam 
o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e 
culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam 
o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titu-
laridade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o 
princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desen-
volvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto 
valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.
d) Quarta Geração: os direitos fundamentais de quarta geração são aqueles intimamente 
relacionados com a globalização. De acordo com esta corrente, fazem parte de tal geração o 
direito à democracia direta, o direito à informação e todos os direitos relacionados com a bio-
tecnologia.
Nesta dimensão, os direitos fundamentais seriam os responsáveis por evitar que as mani-
pulações genéticas ocorressem sem nenhum tipo de controle.
Marcelo Novelino apresenta uma importante definição acerca dos direitos fundamentais 
de quarta dimensão:
Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-
reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-
pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado 
social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.
e) Quinta Geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração 
de direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por constitucio-
nalistas como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direito de toda a 
espécie humana à paz.
De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível, 
abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-
soa humana.
Podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimensões dos direitos 
fundamentais por meio do gráfico abaixo:
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Geração ou Dimensão Fundamento Características
1ª Geração Liberdade
Surgiram no final do século XVIII.
Exigia uma não atuação do Estado.
São representados pelos direitos civis e políticos.
São conhecidos como “liberdades negativas”.
2ª Geração Igualdade
Surgiram no final do século XIX.
Exigia uma atuação positiva do Estado.
São representados pelos direitos sociais, econômi-
cos e culturais.
São conhecidos como “liberdades positivas”.
3ª Geração Fraternidade
Surgiram no século XX.
Direitos atribuídos a toda a humanidade.
São representados pelo direito ao meio ambiente, 
ao progresso e à defesa do consumidor.
4ª Geração Biotecnologia
Surgiram em meados do século XX.
Fundamentados na ideia de uma sociedade sem 
fronteiras.
Representados pelos direitos à democracia, à infor-
mação e a todas as questões biotecnológicas.
5ª Geração Paz
Surgiram em meados do século XX.
Decorre da necessidade de toda a espécie humana, 
independente das diferenças sociais e ideológicas, 
possuir paz.
Como veremos oportunamente, os direitos fundamentais assegurados pelo Estatuto da 
Igualdade Racial são, preponderantemente, os direitos de segunda geração.
Ainda que a doutrina tenha algumas divergências de posicionamento, dez são as principais 
características dos direitos fundamentais, conforme passa-se a analisar:
a) Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos 
os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política.
Isso não implica em afirmar, contudo, que todos os direitos fundamentais devem, obrigato-
riamente, ser assegurados de igual forma a todos, uma vez que a diversidade da humanidade 
e da realidade vivida por cada pessoa não é uniforme no tempo.
Ainda assim, certos direitos fundamentais (aos quais a doutrina identifica um núcleo exis-
tencial), pela sua importância, devem ser assegurados, indistintamente, a todos.
Se tomarmos como exemplo o direito à vida, nota-se que se trata de um direito fundamental 
que deve ser assegurado a toda a humanidade. Todas as pessoas são titulares deste direito, 
que, devido à sua importância, é reconhecido como parte de um núcleo essencial de direitos 
fundamentais.
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Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remuneradas, vere-
mos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é assegurado, indistintamente, a 
toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.
b) Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acontecimento 
histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos fundamentais está inti-
mamente relacionada com as conquistas da humanidade ao longo dos anos.
Prova disso são as diferentes gerações de direitos fundamentais. No início, como o ho-
mem estava sendo oprimido pela atuação do Estado, a grande conquista foi exigir que o Esta-
do deixasse de atuar, gerando uma maior liberdade aos indivíduos.
Posteriormente, tendo a população uma maior liberdade, a exigência era de que o Estado 
não apenas deixasse de atuar, mas sim que prestasse a toda a sua população uma série de 
direitos mínimos necessários à sua existência.
Conclui-se, desta forma, que os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos 
anos, uma vez que as necessidades dos indivíduos sob a guarda do Poder Público, em igual 
sentido, tende a aumentar com o decorrer do tempo.
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados 
com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como consequên-
cia, é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econômico ou 
patrimonial.
Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito fundamental.
d) Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas atin-
gem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.
Como decorrência, não poderá o particular usufruir apenas dos direitos que entenda neces-
sários para a sua pessoa. Deverá ele, para preservar sua dignidade, fazer uso do conjunto de 
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direitos previstos em nosso ordenamento jurídico, respeitado, como não poderia deixar de ser, 
as particularidades de cada pessoa.
e) Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da utilização 
das medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período de tempo, para fazer jus a 
um direito.
Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre.Assim, caso uma pessoa não utili-
ze um direito fundamental da qual é titular por um longo período de tempo, ainda assim poderá 
fazer uso, à qualquer momento, do direito em questão.
Isso implica em afirmar que os direitos fundamentais são personalíssimos, impossíveis de 
serem alcançados pelo instituto da prescrição.
f) Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode dele dispor, 
renunciando assim ao ser exercício.
Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá 
a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso 
temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.
Ressalta-se, entretanto, que a renúncia jamais poderá ser feita por um período indeterminado 
de tempo, tampouco abranger todos os direitos fundamentais previstos no ordenamento jurídico.
g) Relatividade: de início, temos que memorizar que “Não existem direitos fundamentais de 
caráter absoluto”. Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter 
relativo, encontrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na 
Constituição Federal.
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Desta forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma forma de acober-
tar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade das pessoas que, fazendo 
uso deste direito, cometam infrações tipificadas como crime em nosso ordenamento jurídico.
Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autoridade com-
petente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática ou da harmonização.
Nesta situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão apenas será 
aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os direitos novamente sejam ob-
jeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo procedimento de análise do caso concre-
to, podendo perfeitamente decidir pela prevalência do outro direito. Tudo dependerá, conforme 
mencionado, da análise do caso concreto.
Caso uma pessoa, invocando o direito fundamental da liberdade de pensamento, expresse 
comentários racistas acerca de outrem, estaremos diante de um conflito entre direitos funda-
mentais.
De um lado, a liberdade do pensamento. Do outro, a vedação ao racismo.
Nesta situação, a autoridade competente deverá analisar o caso concreto e decidir, com base 
na ponderação e na harmonização, qual o direito que deverá prevalecer.
Como a decisão apenas produzirá efeitos para as partes envolvidas, nada impede que a auto-
ridade competente, em momento posterior, e estando diante de uma situação em que os 
mesmos direitos estejam em conflito, decida de forma contrária.
h) Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma 
isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando assim que a finalidade para 
a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude.
Uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a todos a dignidade da 
pessoa humana.
Contudo, você acha que este objetivo será alcançado em sua plenitude de que maneira: com 
apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais existentes?
Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é que propor-
cionará o atingimento da finalidade.
i) Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tem-
po, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento da utilização de um direi-
to para que outro possa ser exercido.
j) Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, assegu-
rar condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados pela 
população.
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2.1.1. Teoria do Impacto Desproporcional
A teoria do impacto desproporcional está intimamente relacionada com a desigualdade 
indireta das ações oriundas do Poder Público.
De acordo com esta teoria, as medidas oriundas do Poder Executivo (por meio de atos 
normativos) e do Poder Legislativo (por meio de leis), ainda que editadas com a finalidade 
de garantir o bem-estar coletivo, podem, indiretamente, causar desigualdades a determinados 
grupos vulneráveis da população. Quando isso ocorrer, a teoria do impacto desproporcional 
surge com o objetivo de assegurar que as desigualdades aplicadas a estes grupos, ainda que 
de forma não intencional, sejam corrigidas.
Neste sentido, merece ser destacado o entendimento de Joaquim Barbosa acerca do tema, 
para o qual a teoria do impacto desproporcional pode ser definida como
Toda e qualquer prática empresarial, política governamental ou semigovernamental, de cunho le-
gislativo ou administrativo, ainda que não provida de intenção discriminatória no momento de sua 
concepção, deve ser condenada por violação do princípio constitucional da igualdade material se, 
em consequência de sua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidência especialmente despro-
porcional sobre certas categorias de pessoas.
Um exemplo prático de adoção desta teoria ocorreu no curso da ADI 4424, que tratava de 
dispositivos relacionados com a Lei Maria da Penha. Quando a norma foi editada, uma das 
previsões era de que a mulher teria que fazer a representação para fins de instauração da ação 
penal. Analisando esta previsão, verificou-se que a medida, ainda que indiretamente, causava 
constrangimento às mulheres.
Com base na teoria do impacto desproporcional, o STF entendeu que ação penal, no caso, 
deve ser incondicionada, ou seja, sem a necessidade de representação da mulher para que o 
Poder Público adote as medidas legais cabíveis.
2.2. Convenção internaCional sobre a eliminação De toDas as Formas 
De DisCriminação raCial
Como decorrência dos direitos e garantias fundamentais expressos na Constituição Fe-
deral, o Brasil aderiu à Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de 
Discriminação Racial. Em nosso ordenamento, a norma foi introduzida por meio do Decreto 
65.810/1969.
Ainda que não seja o objetivo principal do nosso estudo, é importante que tenhamos conta-
to com algumas previsões deste decreto, haja vista que algumas questões de prova mesclam 
este conhecimento com as disposições do Estatuto da Igualdade Racial.
Sendo assim, para fins de prova, devemos conhecer as seguintes regras da Convenção 
Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial:
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a) A expressão “discriminação racial” significará qualquer distinção, exclusão restrição ou 
preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por 
objetivo ou efeito anular ou restringiro reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano 
(em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio polí-
tico econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida pública.
b) Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o 
único objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de 
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais 
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, 
contando que, tais medidas não conduzam, em consequência, à manutenção de direitos se-
parados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os seus 
objetivos.
c) Os Estados-Partes especialmente condenam a segregação racial e o apartheid e com-
prometem-se a proibir e a eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas as práticas des-
sa natureza.
d) Os Estados-Partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver sob sua jurisdição, prote-
ção e recursos efetivos perante os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado competen-
tes, contra quaisquer atos de discriminação racial que, contrariamente à presente Convenção, 
violarem seus direitos individuais e suas liberdades fundamentais, assim como o direito de 
pedir a esses tribunais uma satisfação ou repartição justa e adequada por qualquer dano de 
que foi vítima em decorrência de tal discriminação.
2.3. Direito à saúDe
O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante polí-
ticas universais, sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de ou-
tros agravos.
Importante mencionar que o direito à saúde engloba tanto os serviços públicos (SUS) 
quanto os seguros privados de saúde. Neste sentido, o poder público garantirá que o segmento 
da população negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem discriminação.
No âmbito público, o acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS) para 
promoção, proteção e recuperação da saúde da população negra será de responsabilidade dos 
órgãos e instituições públicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração 
direta e indireta.
Uma importante regra presente no estatuto refere-se à constituição da Política Nacional de 
Saúde Integral da População Negra, que, de acordo com as disposições do artigo 7º e 8º, será 
organizada de acordo com uma série de diretrizes e objetivos.
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Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à população negra constitui a Política Nacional de 
Saúde Integral da População Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas:
I – ampliação e fortalecimento da participação de lideranças dos movimentos sociais em defesa da 
saúde da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS;
II – produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;
III – desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educação para contribuir com a 
redução das vulnerabilidades da população negra.
Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra:
I – a promoção da saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades 
étnicas e o combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS;
II – a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao proces-
samento e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero;
III – o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra;
IV – a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos processos de formação e educação 
permanente dos trabalhadores da saúde;
V – a inclusão da temática saúde da população negra nos processos de formação política das lide-
ranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.
Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos serão bene-
ficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas 
condições ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na atenção 
integral à saúde.
Diretrizes da Política Nacional de 
Saúde Integral da População Negra
Objetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População 
Negra
a) ampliação e fortalecimento da 
participação de lideranças dos movi-
mentos sociais em defesa da saúde 
da população negra nas instâncias de 
participação e controle social do SUS;
b) produção de conhecimento cientí-
fico e tecnológico em saúde da popu-
lação negra;
c) desenvolvimento de processos de 
informação, comunicação e educação 
para contribuir com a redução das 
vulnerabilidades da população negra.
a) a promoção da saúde integral da população negra, priorizando 
a redução das desigualdades étnicas e o combate à discriminação 
nas instituições e serviços do SUS;
b) a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no 
que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados desa-
gregados por cor, etnia e gênero;
c) o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e 
saúde da população negra;
d) a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos pro-
cessos de formação e educação permanente dos trabalhadores da 
saúde;
e) a inclusão da temática saúde da população negra nos processos 
de formação política das lideranças de movimentos sociais para o 
exercício da participação e controle social no SUS.
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2.4. Direito à eDuCação, Cultura, lazer e Desporto
A lei estabelece que a população negra tem direito a participar de atividades educacionais, 
culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir 
para o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
Para a efetivação de todos estes direitos, os governos federal, estaduais, distrital e munici-
pais adotarão as seguintes providências:
a) promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra ao ensino 
gratuito e às atividades esportivas e de lazer;
b) apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social e cultural 
da população negra;
c) desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que a solidarie-
dade aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a sociedade;
d) implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira.
2.4.1. Educação
De acordo com a Constituição Federal, a educação, direito de todos e dever do Estado e 
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para 
o trabalho.
Especificamente com relação ao estatuto da igualdade racial, o dispositivo de maior desta-
que (e bastante exigido em provas de concurso público) trata-se do artigo 11, de seguinte teor:
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é 
obrigatório o estudo da história geral da África e dahistória da população negra no Brasil, observado 
o disposto na Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
§ 1º Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministrados no âmbito 
de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social, 
econômico, político e cultural do País.
§ 2º O órgão competente do Poder Executivo fomentará a formação inicial e continuada de profes-
sores e a elaboração de material didático específico para o cumprimento do disposto no caput deste 
artigo.
§ 3º Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos responsáveis pela educação incentiva-
rão a participação de intelectuais e representantes do movimento negro para debater com os estu-
dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
Sendo assim, todos os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, independente de 
serem privados ou públicos, devem incluir em sua grade curricular estudo da história geral da 
África e da história da população negra no Brasil.
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No que se refere à história da população negra no Brasil, os conteúdos devem ser ministra-
dos em todo o currículo escolar, resgatando, com isso, a contribuição decisiva para o desen-
volvimento social, econômico, político e cultural do País.
Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode-
rão criar incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados para temas referentes às 
relações étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.
Outra importante medida de incentivo está prevista no artigo 13, que estabelece que o Po-
der Executivo Federal, por meio dos órgãos competentes, incentivará as instituições de ensino 
superior, públicas e privadas, a adotarem as seguintes práticas:
• Resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar grupos, núcleos e centros de 
pesquisa, nos diversos programas de pós-graduação que desenvolvam temáticas de 
interesse da população negra;
• Incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que 
incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira;
• Desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros 
de tecnologias avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade de gênero entre 
os beneficiários;
• Estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públi-
cos, privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino fundamental, 
ensino médio e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de equi-
dade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.
Por fim, a norma em estudo elenca três outras importantes situações relacionadas com o 
incentivo, por parte do Poder Público, ao direito de educação da população negra.
1) O poder público estimulará e apoiará ações sócio educacionais realizadas por entidades 
do movimento negro que desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante 
cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos.
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2) O poder público adotará programas de ação afirmativa.
3) O Poder Executivo Federal, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de promo-
ção da igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas destinados ao direito 
à educação.
2.4.2. Cultura
A obrigatoriedade de proteção das manifestações culturais encontra fundamento nos 
artigos 215 e 216 da Constituição Federal, que apresentam, em linhas gerais, as seguintes 
previsões:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da 
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das 
de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, toma-
dos individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos 
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações 
artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleonto-
lógico, ecológico e científico.
Com base em tais dispositivos, o Estatuto da Igualdade Racial estabelece que o Poder 
Público garantirá o reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras formas de mani-
festação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio 
histórico e cultural.
Obs.: � A proteção do Poder Público alcança os remanescentes das comunidades quilom-
bolas, a capoeira e o samba e as demais manifestações culturais de matriz africana.
Vamos conhecer cada uma das previsões?
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Remanescentes 
das comunidades 
quilombolas
É assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à preserva-
ção de seus usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado.
A preservação dos documentos e dos sítios detentores de reminiscências históricas 
dos antigos quilombos, tombados na forma da Constituição Federal, receberá especial 
atenção do poder público.
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, 
é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir os respectivos títulos.
O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais volta-
das para o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos 
quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.
Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos rece-
berão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica 
e linhas especiais de financiamento público, destinados à realização de suas ativida-
des produtivas e de infraestrutura.
Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as inicia-
tivas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica.
Capoeira
O poder público garantirá o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas modalida-
des, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira.
O poder público buscará garantir, por meio dos atos normativos necessários, a preserva-
ção dos elementos formadores tradicionaisda capoeira nas suas relações internacionais.
Samba e as demais 
manifestações 
culturais de matriz 
africana.
O poder público incentivará a celebração das personalidades e das datas comemorati-
vas relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz 
africana, bem como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas.
2.4.3. Esporte e Lazer
Assim como ocorre com os demais direitos, o Poder Público fomentará o pleno acesso 
da população negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o lazer como direi-
tos sociais.
Merece destaque, no âmbito das atividades desportivas, a capoeira, que é também, como 
anteriormente analisado, uma importante atividade cultural.
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, nos termos do art. 217 da 
Constituição Federal.
§ 1º A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as modalidades em que a capoeira se 
manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território 
nacional.
§ 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas e mes-
tres tradicionais, pública e formalmente reconhecidos.
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2.5. Direito à liberDaDe De ConsCiênCia e De Crença e ao livre exerCíCio 
Dos Cultos religiosos
Nos termos da Constituição Federal, temos a previsão, no texto do artigo 5º, VI e VII, da 
proteção à liberdade religiosa.
Art. 5º, VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva;
A proteção à liberdade religiosa trata-se de um direito fundamental constitucionalmente 
previsto. Contudo, esta liberdade não deve ser confundida com a possibilidade do Poder Públi-
co exercer qualquer tipo de prestação religiosa.
Como o Brasil é um Estado laico, é livre à população a possibilidade de aderir a qualquer 
tipo de religião ou seita, de não aderir a nenhuma delas ou, ainda, de ser ateu ou agnóstico.
Consequentemente, o Poder Público está impedido de prestar qualquer tipo de assistência 
religiosa. Caso isso fosse possível, a religião ou crença propagada pelo Estado ofenderia as 
convicções daqueles que não concordassem com tal opinião.
Importante mencionar que, ainda que a Constituição Federal assegure a assistência religio-
sa nas entidades civis e militares de internação coletiva, bem como proteja os locais de culto 
e suas liturgias, toda e qualquer prestação de assistência religiosa, em nosso país, apenas 
poderá ser feita por particulares.
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Transpondo tais previsões para o estatuto em análise, a norma em tela estabelece, em 
seus artigos 23 a 25, a forma como a proteção à liberdade religiosa deve ser realizada:
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos 
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de 
matriz africana compreende:
I – a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação e manu-
tenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
II – a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões;
III – a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes ligadas às res-
pectivas convicções religiosas;
IV – a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de artigos e materiais religiosos adequa-
dos aos costumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas 
vedadas por legislação específica;
V – a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao exercício e à difusão das religiões 
de matriz africana;
VI – a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada para 
a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;
VII – o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para divulgação das respectivas religiões;
VIII – a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e prá-
ticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas 
internados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles subme-
tidos a pena privativa de liberdade.
Além disso, o Poder Público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerân-
cia com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especial-
mente com o objetivo de:
a) coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições, 
imagens ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos 
fundados na religiosidade de matrizes africanas;
b) inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico 
e cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões 
de matrizes africanas;
c) assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matrizes 
africanas, ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos 
e outras instâncias de deliberação vinculadas ao poder público.
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DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
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2.6. Direito ao aCesso à terra e à moraDia aDequaDa
O acesso à terra está intimamente ligado ao direito de propriedade, que, nos termos do ar-
tigo 5º da Constituição Federal, é um dos direitos fundamentais que serve de base para todos 
os demais direitos assegurados aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...)
Neste sentido, o Poder Público elaborará e implementará políticas públicas capazes de 
promover o acesso da população negra à terra e às atividades produtivas no campo.
Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no cam-
po, o Poder Público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamen-
to agrícola.
Além disso, salienta-se que serão assegurados à população negra a assistência técnica 
rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o fortalecimentoda infraestrutura de 
logística para a comercialização da produção.
Para que tais medidas sejam efetivadas, o Poder Público promoverá a educação e a orien-
tação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunidades negras rurais.
A moradia, por sua vez, trata-se de um importante direito social assegurado pela Constitui-
ção Federal.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, 
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição.
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Pode-se afirmar que os direitos sociais são oriundos da segunda classe de direitos funda-
mentais, pautados na necessidade de atuação do Poder Público e decorrentes da insatisfação 
da população ante os desmandos da classe empregadora. Representam, ao contrário dos di-
reitos de primeira geração, liberdades positivas, uma vez que exigem, obrigatoriamente, que o 
Estado atue na concessão de certos direitos.
Os direitos sociais são considerados normas programáticas, uma vez que a sua simples 
previsão na Constituição Federal não assegura, imediatamente, a possibilidade de utilização 
destes direitos.
Para que isso seja possível, deve o legislador, pautado nas diretrizes estabelecidas pela 
Constituição Federal, regulamentar a forma e as condições em que os direitos sociais serão 
exercidos.
Como exemplo de direito social temos a moradia.
Mas será que a simples previsão deste direito na Constituição Federal seria capaz se assegu-
rar que todas as pessoas, independente de condições econômicas, sociais e pessoais, teriam 
pleno acesso à moradia?
Certamente que não! Se isso fosse possível, o Poder Público poderia, para satisfazer este 
direito, ter que prejudicar toda a coletividade ante a não execução de outras políticas públicas 
igualmente importantes.
Assim, cabe ao legislador infraconstitucional regular todos os requisitos que precisarão ser 
atendidos (fatores como renda, número de dependentes, condição econômica) para que o 
direito à moradia possa ser exercido.
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Três são os artigos que precisamos conhecer, no âmbito do Estatuto da Igualdade Racial, 
com relação à moradia.
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas públicas para assegurar o direito à 
moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, 
degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover 
melhorias no ambiente e na qualidade de vida.
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provi-
mento habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comunitá-
rios associados à função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica para a construção, 
a reforma ou a regularização fundiária da habitação em área urbana.
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais realizadas no âmbito do Sistema 
Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de 
2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e culturais da população negra.
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estimularão e facilitarão a parti-
cipação de organizações e movimentos representativos da população negra na composição dos 
conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social 
(FNHIS).
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promoverão ações para viabilizar o acesso da 
população negra aos financiamentos habitacionais.
2.7. Direito ao trabalho
O trabalho, assim como ocorre com a moradia, trata-se de um direito social assegurado a 
toda a população. Neste sentido, o desenvolvimento e a implementação de políticas, por parte 
do Poder Público, com o objetivo de incluir a população negra no mercado de trabalho, deve 
pautar-se:
a) naquilo que foi instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial;
b) nos compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre 
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965;
c) nos compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958, 
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na 
profissão;
d) os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunidade 
internacional.
O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mer-
cado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas 
visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de 
medidas similares nas empresas e organizações privadas. Como consequência desta previ-
são, podemos citar a política de cotas para diversos cargos da Administração Pública.
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De igual forma, temos a previsão para que o Poder Executivo Federal implemente critérios 
para provimento de cargos em comissão e funções de confiança destinados a ampliar a par-
ticipação de negros, buscando com isso reproduzir a estrutura da distribuição étnica nacional 
ou, quando for o caso, estadual, observados os dados demográficos oficiais.
Sendo assim, é correto afirmar que a igualdade de oportunidades será lograda mediante a 
adoção de políticas e programas de formação profissional, de emprego e de geração de renda 
voltados para a população negra.
O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção das mesmas medidas do setor 
público por parte do setor privado.
Vejamos, por fim, as demais previsões relacionadas com as políticas públicas direciona-
das à implementação do direito ao trabalho para a população negra.
Art. 39, § 5º Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urba-
no, com ações afirmativas para mulheres negras.
§ 6º O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da mulher 
negra no trabalho artístico e cultural.
§ 7º O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação 
profissional nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores 
negros de baixa escolarização.
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, 
programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orien-
tará a destinação de recursos para seu financiamento.
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de financiamento para constituição e 
ampliação de pequenas e médias empresas e de programas de geraçãode renda, contemplarão o 
estímulo à promoção de empresários negros.
Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades voltadas ao turismo étnico com en-
foque nos locais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os usos e os costumes da 
população negra.
2.8. Direito De aCesso aos meios De ComuniCação
Os meios de comunicação são os responsáveis por retratar diversos comportamento da 
sociedade. Sendo assim, nada mais natural do que a observância, por parte da mídia como um 
todo, de condutas que valorizem e promovam a integração da população negra.
Neste cenário, a norma determina que a produção veiculada pelos órgãos de comunicação 
valorizará a herança cultural e a participação da população negra na história do País.
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Assim, como regra geral, a produção de filmes e programas destinados à veiculação pe-
las emissoras de televisão e em salas cinematográficas deverá adotar a prática de conferir 
oportunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e 
qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou artística. A exceção a tal 
previsão fica por conta, apenas, dos filmes e programas que abordem especificidades de gru-
pos étnicos determinados.
Os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, 
as empresas públicas e as sociedades de economia mista federais deverão incluir cláusulas 
de participação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, programas ou quais-
quer outras peças de caráter publicitário.
Tais órgãos e entidades deverão incluir, nas especificações para contratação de serviços 
de consultoria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitá-
rias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de emprego para as pessoas rela-
cionadas com o projeto ou serviço contratado.
DICA
Entende-se por prática de iguais oportunidades de emprego 
o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a fina-
lidade de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na 
equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.
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3. sistema naCional De promoção Da igualDaDe raCial
3.1. Constituição e objetivos
Como analisado, diversos são os objetivos a serem alcançados com a edição do Estatuto 
da Igualdade Racial. E justamente como forma de possibilitar a consecução de tais objetivos, 
é que a norma instituiu o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR).
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como forma de 
organização e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços desti-
nados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo poder público federal.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão participar do Sinapir mediante adesão.
§ 2º O poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do Sinapir.
Deve ser salientado, com base no mencionado artigo, que o SINAPIR não se trata de uma 
prerrogativa exclusiva da Administração Pública Federal. Em sentido oposto, os demais entes 
federativos (Estados, Distrito Federal e Municípios) também poderão participar do sistema me-
diante adesão. Além disso, deverá haver o incentivo, por parte do Poder Público Federal, para 
que a sociedade e a iniciativa privada também venham a fazer parte do sistema em questão.
E quais são os objetivos do SINAPIR?
De acordo com o artigo 48, bastante exigido em provas de concurso público, são objetivos 
do SINAPIR:
• Promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do racis-
mo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
• Formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a 
integração social da população negra;
• Descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distri-
tal e municipais;
• Articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
• Garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das 
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
3.2. polítiCa naCional De promoção Da igualDaDe raCial
Compete ao Poder Executivo Federal a elaboração do plano nacional de promoção da 
igualdade racial, que deverá conter as metas, princípios e diretrizes para a implementação da 
Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR).
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Estatuto Nacional da Igualdade Racial
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
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A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem 
como a organização, articulação e coordenação do SINAPIR, serão efetivados pelo órgão res-
ponsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
De acordo com a norma, o Poder Executivo Federal desempenha outro importante papel, 
estando autorizado a instituir fórum intergovernamental de promoção da igualdade étnica. Tal 
fórum será coordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da igualdade ét-
nica, com o objetivo de implementar estratégias que visem à incorporação da política nacional 
de promoção da igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.
No âmbito dos demais entes, compete aos Poderes Executivos estaduais, distrital e mu-
nicipais, no âmbito das respectivas esferas de competência, a instituição de conselhos de 
promoção da igualdade étnica, de caráter permanente e consultivo, compostos por igual nú-
mero de representantes de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil 
representativas da população negra.
Como medida de incentivo aos entes, a norma determina que o Poder Executivo priorizará 
o repasse dos recursos referentes aos programas e atividades elencados no presente estatu-
to aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos de promoção da 
igualdade étnica.
3.3. ouviDorias permanentes e aCesso à justiça e à segurança
Para que todas as medidas alcancem os objetivos para os quais foram previstas, é necessá-
rio a constituição de um órgão responsável pelo recebimento de denúncias relacionadas com 
preconceito e discriminação. Sendo assim, merece destaque a possibilidade de constituição 
de Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, conforme previsão do artigo 51:
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e 
Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar de-
núncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a implementação 
de medidas para a promoção da igualdade.
A constituição de tais ouvidorias, entretanto, não afasta o direito ao acesso, por

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