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6 Princípios básicos de Direitos Humanos

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Princípios básicos dos 
direitos humanos
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SST
Zolotar, Márcia
Princípios básicos dos direitos humanos / Márcia Zolotar 
Ano: 2020
nº de p.: 12
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
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Princípios básicos dos 
direitos humanos
Apresentação
Habitualmente, os direitos humanos são reconhecidos pela grande maioria das 
pessoas como direitos que são próprios dos seres humanos. Em uma primeira 
aproximação, podemos dizer que os direitos humanos são aqueles que possibilitam 
a fruição de todos os direitos independente de cor, raça, sexo, religião, condição 
social, entre outros aspectos.
Assim, para garantir esta fruição, as leis estabelecem quais são os direitos para 
proteger os indivíduos das possiveis afrontas a direitos humanos fundamentais, 
além de visar garantir um dos fundamentos da República Federativa do Brasil: a 
dignidade da pessoa humana, previsto no art. 1º da Constituição Federal de 1988. 
Veremos, a seguir, como os princípios ajudam a garantir esses direitos.
Princípios dos direitos humanos
Agora, vamos falar dos princípios dos direitos humanos à luz da Declaração 
Universal de 1948. Esse documento foi aprovado pela Assembleia das Nações 
Unidas em 10 de dezembro de 1048, sendo aprovada por 48 estados com oito 
abstenções.
Em termos meramente técnicos, a Declaração é uma “recomendação” e, por 
conseguinte, não teria força vinculante. Porém, Fabio Konder Comparato entende de 
forma diversa (2015, p. 239):
Esse entendimento, porém, peca por excesso de formalismo. Reconhece-
se hoje, em toda parte, que a vigência dos direitos humanos independe 
de sua declaração em constituições, leis e tratados internacionais, 
exatamente porque se está diante de exigências de respeito à dignidade 
humana, exercidas contra todos os poderes estabelecidos, oficiais ou não.
Aliada a esse entendimento, declara Flavia Piovesan (2015, p. 226):
Com efeito, a Declaração se impõe como um Código de atuação e conduta 
para os Estados integrantes da comunidade internacional. Seu principal 
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significado é consagrar o reconhecimento universal dos direitos humanos 
pelos Estados, consolidando um parâmetro internacional para a proteção 
desses direitos.
Passaremos a analisar os princípios contidos no citado documento. Vamos lá?
Princípio da igualdade
A Declaração de 1948 determina em seu art. 1º: “Todos os seres humanos nascem 
livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem 
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. 
A figura a seguir ilustra o princípio, a partir do qual se consagra, assim, a igualdade 
a todos, independentemente de raça, religião, cor, opinião política etc., conforme a 
redação do art. 2º desse mesmo diploma
Princípios da igualdade
Fonte: Deduca, 2020
A medida foi adotada face aos horrores cometidos durante a Segunda Guerra 
Mundial em nome de uma superioridade racial ou pelo desrespeito a minorias 
religiosas. Contudo, devemos lembrar que desrespeitos ao principio da igualdade 
não se resumiram às duas guerras mundiais – na Revolução Comunista, 
estabeleceu-se um regime totalitário e de extermínio de todos aqueles que se 
opusessem às ideias defendidas pela revolução.
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Para saber um pouco mais sobre crimes contra a 
humanidade cometidos pela União Soviética, acesse: 
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/17-crimes-
contra-a-humanidade-cometidos-pela-uniao-sovietica-
72k8knzyrinebrvkcngrxya1u/.
Saiba mais
Uma das mais impressionantes perseguições perpetradas foi a chamada 
Holomodor (1932-1933), que significa em ucraniano “matar pela fome”. A questão 
principal – que persiste em certo grau até hoje – era a aceitação da Ucrânia 
como país independente da URSS (antiga União Soviética). Tal prática consistia 
na retirada gradual de alimentos à população ucraniana de modo a enfraquecer 
qualquer revolta ao poder central. 
Além da Declaração de 1948, a Organização das Nações Unidas aprovou duas 
convenções internacionais destinadas a confirmar o princípio da igual dignidade de 
todos os seres humanos:
• Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher (1952).
• Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
(1965).
Princípio da liberdade
Este princípio, na Declaração de 1948, vem consagrado em suas duas dimensões: 
dimensão política e dimensão individual. A dimensão política vem expressamente 
declarada no art. XXI da Declaração, in verbis: “Todo ser humano tem o direito 
de fazer parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de 
representantes livremente escolhidos”.
A dimensão individual, por sua vez, está prevista nos arts. VII a XII e XVI a
XX. Citamos alguns deles para ilustrar:
Art. VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer 
distinção, à igual proteção da lei. Todos têm direito à igual proteção contra 
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer 
incitamento a tal discriminação.
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Art. XIX. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; 
este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de 
procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e 
independentemente de fronteiras.
Veja uma importante ressalva feita por Comparato em relação a essas duas 
dimensões (2015, p. 242):
Reconhece-se com isso que ambas essas dimensões são complemen- 
tares e interdependentes. A liberdade política, sem as liberdades in- 
dividuais, não passa de engodo demagógico de Estados autoritários ou 
totalitários. E o reconhecimento das liberdades individuais, sem efetiva 
participação política do povo no governo, mal esconde a do- minação 
oligárquica dos mais ricos.
Em relação ao princípio da liberdade, devemos citar a Convenção Suplementar 
sobre a Abolição da Escravatura e de Situações Similares à Escravidão, bem como 
o Tráfico de Escravos, aprovada pelo Conselho Econômico e Social das Nações 
Unidas em 7 de setembro de 1956.
Princípio da fraternidade ou solidariedade
Este princípio se encontra nos arts. XXII a XXVI da Declaração de 1948. São, por 
assim dizer, a base dos direitos econômicos e sociais.
Art. XXIII. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de 
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra 
o desemprego.
Art. XXV. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz 
de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive 
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços 
sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, 
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de 
subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
Os direitos sociais e econômicos têm como objetivo garantir aos indivíduos o 
acesso às necessidades básicas, como moradia, saúde, educação, lazer, dentre 
outras. Um dos mecanismos para que essas e outras condições se façam presentes 
é o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, cujo intuito era 
tornar juridicamente vinculantes os dispositivos da Declaração Internacional dos 
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Direitos Humanos, determinando a responsabilização internacional dos Estados-
partes pela violação dos direitos enumerados.
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos foi adotado pela Resolução n. 
2.200-A (XXI), da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 
1966. Entrou em vigor em 1976, quando foi atingido o número mínimo de adesões 
(35 Estados). Segundo Piovesan (2013), até 2011 o pacto contava com a adesão de 
160 Estados-membros.
Após a Declaração de 1948,outros direitos humanos surgiram diante de um mundo 
mais complexo e mais globalizado que passaram a clamar por proteção de forma 
universal. Podemos citar, dentre eles:
• Convenção para a proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972). 
• Convenção da ONU sobre Mudança no Clima (1992).
• Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos (1997).
• Acordo de Paris (2015).
Para saber mais sobre o impacto desses acordos para o Brasil, 
consulte A Entrada de Vigor do Acordo de Paris para o Brasil: o 
que mude para o Brasil?, disponível em: https://www2.senado.leg.
br/bdsf/handle/id/528873.
Saiba mais
Grandes são os desafios enfrentados pelos defensores dos direitos humanos, tanto 
na prática quanto na positivação deles em nível nacional e internacional. Nesse 
sentido, Comparato (2015, p. 570) destaca:
Constitui efetivamente um opróbio verificar que, no momento histórico 
em que parecemos nos tronar, enfim, senhores e possuidores definitivos 
da natureza, como anunciara Descartes, as condições de vida de três 
quartos da humanidade representem a negação objetiva desse direito, 
proclamado na abertura da Declaração de Independência dos Estados 
Unidos como inerente à condição humana.
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https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/528873
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Gerações de Direitos
Partimos, agora, a uma breve análise sobre as gerações de direitos. Essa 
classificação surgiu exatamente da renovação e do desenvolvimento dos direitos 
humanos durante o curso da humanidade. 
Conforme nos orienta André de Carvalho Ramos (2015, p. 125):
Tal teoria foi lançada pelo jurista francês de origem tcheca KAREL VASAK 
que, em Conferência Jurídica proferida no Instituto Interna- cional de 
Direitos Humanos no ano de 1979, classificou os direitos humanos em 
três gerações, cada uma com características próprias.
1. Direitos de 1ª geração: 
São os direitos individuais com caráter negativo por exigirem 7diretamente 
uma abstenção ou ação do Estado, seu principal destinatário. Alguns 
exemplos desses direitos são: o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à 
liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à inviolabilidade de 
domicílio, à liberdade de reunião, entre outros.
2. Direitos de 2ª geração: 
Diferente dos direitos de primeira geração, em que o Estado não deve intervir, 
aqui o Estado passa a ter responsabilidade para a concretização de um ideal 
de vida digno na sociedade.
Ligados ao valor de igualdade, esses direitos são os sociais, econômicos e 
culturais. Para serem garantidos, necessitam, além da intervenção do Estado, 
de que ele disponha de recursos financeiros, sem os quais tais direitos não 
são exequíveis no mundo real.
3. Direitos de 3ª geração: 
Emergiram após a Segunda Guerra Mundial e, ligados aos valores de 
fraternidade ou solidariedade, são os relacionados ao desenvolvimento ou 
progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao 
direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito 
de comunicação.
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São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do 
gênero humano. Outros autores entendem que, modernamente, adiciona-se 
uma 4ª e uma 5ª geração de direitos.
4. Direitos de 4ª geração: 
Relacionam-se à democracia, à informação e ao pluralismo, versando sobre 
o futuro da cidadania e a proteção da vida a partir da abordagem genética e 
suas atuais decorrências.
5. Direitos de 5ª geração: 
Segundo alguns doutrinadores, estes direitos estariam relacionados à 
evolução da cibernética e de tecnologias, como a realidade virtual e a 
internet. Outros, no entanto, os vinculam ao ideal da paz, como ideal supremo 
da humanidade. Devido à sua relevância, eles entendem que esses direitos 
devem ser tratado em dimensão autônoma, desvinculada da 3ª geração de 
direitos, na qual costuma ser inserido.
Análise dos impactos dos Direitos Humanos na 
construção da democracia
Em um Estado democrático, impera o respeito às leis e à subordinação do poder 
ao Direito, havendo independência dos poderes constituídos. Os direitos humanos 
e a democracia caminham lado a lado, e a igualdade no exercício de direitos civis, 
políticos, sociais, econômicos e culturais é garantida a todos – o poder é do povo e 
para o povo.
Com a Declaração Universal de 1948, surge a ideia de universalidade e 
indivisibilidade dos direitos humanos, tão cara à democracia.
 Assim, iniciou-se o movimento de “globalização” e “internacionalização” dos 
direitos humanos. Nesse cenário, fortalece-se a ideia de que a proteção dos direitos 
humanos não deve se restringir ao domínio reservado do Estado, tendo em vista 
ele ter se mostrado em muitas ocasiões: (i) incapaz de proteger seus próprios 
nacionais e (ii) violador de direitos humanos básicos.
Dessa concepção, surgiram duas importantes consequências:
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1. Releitura da noção tradicional de soberania absoluta do Estado, consideran-
do que passam a ser admitidas intervenções a favor do nacional e da prote-
ção dos direitos humanos.
2. A aceitação de que indivíduo possui direitos protegidos na esfera internacio-
nal, na condição de sujeito de Direito.
Assim, o tema de direitos humanos passou a ser global, influenciando diversos 
países a fortalecerem seus compromissos com os parâmetros consagrados pela 
Declaração de 1948. 
O próprio controle e monitoramento externo em relação à proteção aos direitos 
humanos passaram gradativamente a serem aceitos e constituíram uma forte 
ferramenta na consolidação da democracia em diversos países.
Uma vez considerados os direitos humanos como universais 
(entendido o ser humano como um ser essencialmente moral, 
dotado de unicidade existencial e dignidade, esta com valor 
intrínseco à condição humana) e indivisíveis (garantia dos 
direitos civis e políticos é condição para a observância dos 
direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa), somente 
em um regime democrático os direitos humanos, em toda a sua 
amplitude e complexidade, poderão ter condições mínimas para 
serem respeitados e implementados. Sem direitos humanos 
reconhecidos e protegidos, não há democracia.
Atenção
Dessa forma, somente pela democracia e implantação de um sistema internacional 
de proteção de direitos humanos, aliado a sistemas regionais de proteção desses 
direitos e à implementação efetiva da democracia, poderiam evitar futuros conflitos 
e novas violações de direitos humanos.
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Conclusão
A efetivação dos direitos humanos se dá pelas leis, principios e, principalmente, 
pelos tratados internacionais de direitos humanos, que a partir de 1945 surgiram 
para a efetivação dos direitos humanos. O nascimento das Nações Unidas 
contribuiu para o desenvolvimento e a adoção das regras internacionais.
O Brasil, como demais países, adotou em sua Constituição leis que protegem 
formalmente os direitos humanos básicos utilizando, muitas vezes, as 
regras desenvolvidas nos tratados internacionais levando ao seu grande 
comprometimento na efetivação de tais direitos.
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Referências
COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3. ed. rev. amp. São 
Paulo: Saraiva, 2003.
DECLARAÇÃO Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://
declaracao1948.com.br/declaracao-universal/declaracao-direitos-humanos/?gclid
=EAIaIQobChMIgqean6L66wIVhYiRCh02pAa0EAAYASAAEgK2h_D_BwE. Acesso em: 
21 set. 2020.
PIOVESAN, F. Direitos Humanos e Justiça Internacional: um estudo comparativo dos 
sistemas regionais europei, interamericano e africano. São Paulo: Saraiva Educação, 
2015.
PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., 
rev. e atual.São Paulo: Saraiva, 2013.
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