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A temperatura dos tecidos profundos do corpo (centro do corpo) permanece constante (tem variação de + ou – 0,6ºC). Isso muda quando o indivíduo desenvolve uma doença febril. O corpo pode sofrer grandes variações e permanecer com a temperatura interna constante. Sinais vitais: Axilar: 35,5ºC a 37,0ºC Oral: 36,0ºC a 37,4ºC Retal:36,0ºC a 36,5ºC Quando a intensidade da produção de calor é maior que a perda: temperatura→se eleva. Quando a perda de calor é maior que a produção de calor: Temperatura→ diminui A produção de calor está relacionada ao processo METABÓLICO. A perda de calor: grande parte do calor produzido pelo corpo é gerada nos órgãos profundos- Fígado, cérebro, coração, músculo. A velocidade de perda de calor depende: velocidade de condução do calor de onde ele é produzido até a pele e da velocidade de transferência de calor entre a pele e o ambiente. Sistema de isolamento do corpo: pele, tecidos subcutâneos e tecido adiposo fazem isolamento para manter a temperatura interna do corpo constante. As mulheres são melhores nessa questão de isolamento. PELE: SISTEMA DE CONTROLE EFICIENTE DE RADIAÇÃO DE CALOR, é dependente do fluxo sanguíneo (plexo venoso contínuo) e a condução do sangue é dependente de anastomoses e vasoconstrição. Fluxo sanguíneo: Vasodilatação: perda de calor Vasoconstrição: retenção do calor. Plexo venoso contínuo- formas de perda de calor: Radiação: provoca perda de calor em forma de raios infravermelhos. Todos os objetos que não apresentam temperatura de 0 absoluto irradiam tais raios. Se a temperatura do corpo é maior do que a temperatura do ambiente, maior quantidade de calor é irradiada do corpo do que é irradiada para o corpo. Condução: ocorre por contato (pode ser por objeto ou pelo ar). Esse fenômeno é autolimitado ao igualar as temperaturas, porém o ar tem um mecanismo de convecção. Evaporação: Mesmo quando não estamos suando passamos por esse processo e o corpo não controla isso. O corpo só controla o processo da sudorese. A velocidade de trocas na água é maior. Quando a temperatura do ambiente é menor: perdemos calor por irradiação e condução, quando a temperatura do ambiente é maior a única forma de perda de calor é por evaporação. SUDORESE: Estimulação da área pré óptica no hipotálamo anterior (faz estimulação da perda de calor)→medula espinhal→pele→(glândulas sudoríparas) As glândulas sudoríparas são inervadas por fibras nervosas colinérgicas que liberam acetilcolina, porém podem também ser estimuladas pela epinefrina e pela norepinefrina (importante para perda de calor no exercício). Glândula sudorípara: É uma porção tubular composta de duas partes: uma parte enovelada profunda (produtora do suor) e um ducto que passa através da derme e epiderme até a pele. A glândula produz um líquido PRECURSOR através das células epiteliais da própria glândula e esse líquido é modificado durante a passagem. Composição da secreção do líquido: A composição é similar ao plasma, exceto por não conter proteínas. Essas concentrações possuem cloreto e sódio e outras concentrações menores de soluto do plasma. Ao passar pelo ducto é reabsorvido grande parte do sódio e cloreto (a intensidade dessa reabsorção depende da sudorese). Quando as glândulas são pouco estimuladas, temos uma passagem lenta do líquido precursor (todos os íons cloreto, Na, H2O são reabsorvidos, concentrando mais ainda outros constituintes, portanto, ureia, ácido lático e íons K, estão bastante concentrados. PATOGENIA DA FEBRE: Existem hipertermias na prática clínica que não são febres verdadeiras. Hipertermia é o aumento da produção de calor e ou aumento da aquisição de calor do meio externo. Podemos ter uma diminuição da eliminação do calor e lesões no hipotálamo. Febre: As febres verdadeiras são causadas pela produção de PIROGÊNIOS ENDÓGENOS e se acompanham pela elevação do SET-POINT HIPOTALÂMICO. Embora muitas células sejam capazes de produzir citocinas pirogênicas os PE para serem produzidos e liberados precisam de um estímulo: Infecções Toxinas Reações imunológicas Produtos químicos Colagenose: A colagenose, também conhecida como doença do colágeno, caracteriza- se por um grupo de doenças autoimunes e inflamatórias que prejudicam o tecido conjuntivo do corpo, que é o tecido formado por fibras, como o colágeno, e é responsável por funções como preencher os espaços entre órgãos, dar sustentação, além de ajudar na defesa do corpo Infartos viscerais Traumas Queimaduras Reações inflamatórias. Os PE são IL-1, IL-6, TNF, interferon alfa (estão envolvidos também no processo inflamatório) ganham a circulação e ao que tudo indica vão agir no hipotálamo, elevando SET-POINT. As cp atuam nos receptores hipotalâmicos produzindo prostaglandina E2→ elevação do setpoint→ febre (vários eventos são desencadeados, objetivando aumentar a produção de calor e diminuir liberação de calor), essas alterações envolvem: Sistema endócrino Metabolismo orgânico Sistema nervoso autônomo Mecanismos comportamentais Aumento da atividade muscular Calafrios Tremores Piloereção Aumento metabólico Vasoconstrição O organismo também produz substâncias que funcionam como antitérmicos naturais, impedem a hiperpirexia. Obs: quando a infecção é controlada, cessa o estímulo da produção dos Pe, tendo uma normalização. Resposta da fase aguda: • Sonolência Prostração • Astenia • Alteração na síntese hepática de algumas proteínas como a C reativa, ferritina, fibrinogênio, ceruloplasmina, complemento C3 e C4, fibronectina (muitas dessas substâncias modulam a resposta inflamatória). • Aumento TSH, cortisol, aldosterona, catecolaminas, insulina, glucagon, gliconeogênese, balanço nitrogenado negativo, metabolismo lipídico, baixa concentração de zinco e ferro. • Tende a ocorrer leucocitose, trombocitose e anemia. É possível que determinadas alterações sejam mais intensas e mais bem correlacionadas com determinados agressores e que isso também possa ser usado para diagnóstico ou controle da resposta terapêutica, como é o caso da proteína c reativa. A neutralização de várias dessas substâncias tem sido utilizada como medida terapêutica em várias condições como a sepse. Calafrios correlacionam-se com a intensidade e rapidez da elevação da febre. Semiotécnica da febre: Colina de mercúrio→ é necessário observar a marca, pois essa forma de medição tem dado erros. O Local da tomada da temperatura é na maioria das vezes a região axilar. Também é utilizado a temperatura oral. A correlação de ambas com a temperatura interna é muito irregular e ocorrem erros. A temperatura retal parece ser melhor, porém exige termômetro individual e é mais incomoda. Quanto ao início: Insidiosa: paciente não sabe exatamente quando começou. Súbita: pacientes sabem exatamente quando começou Defervescência (diminuição da febre): considera-se em crise quando a queda da temperatura é rápida, com sudorese profusa, na queda em lise ela se faz lentamente, geralmente acompanhada de bom prognóstico. O tratamento com antitérmicos produz também quedas drásticas da temperatura, em crise com sudorese profunda, quando passa o seu efeito pode causar calafrios. Curvas febris: irregular, contínua ou sustentada (quando as oscilações são menores que 1ºC) remitente ( quando as oscilações são maiores que 1ºC) intermitente (existem períodos de apirexia entre as crises de febre, podendo ser diária, terçã ou quartã) recorrente (períodos de febre de dias ou semanas alternam-secom períodos também variáveis de apirexia) bifásica ( quando entre dois períodos de febre ocorre um intervalo de 1 ou 2 dias de apirexia) febre inversa ( quando a temperatura é maior pela manhã do que pela tarde). CONVULÇÕES FEBRIS: convulsões acompanhadas de febre, porém sem infecção do SNC. A febre nas CF, na maioria das vezes situa-se entre 38ºC e 39ºC. São mais referidas em crianças que apresentam infecções das vias respiratórias superiores por vírus, gastrenterites, exantema súbito, otite média aguda, infecção do trato urinário, vacinas. A febre altera limiar convulsivo pelo fato de poder produzir acidose, aumento do consumo de O2 da glicose e pode causar distúrbios hidroeletrolíticos. As CF são classificadas em: Simples (generalizadas, duração inferior a 15 minutos, crianças dos 6 meses aos 5 anos, sem características focais, não deixam sequelas, não se repetem + de uma vez em 24H) Complexas (generalizadas ou focais, superior a 15 minutos, repetições no mesmo episódio febril. As recidivas ocorrem mais quando o primeiro episódio aconteceu antes dos 12 meses de idade, nos casos de CF complexa e quando há CF na família. A evolução das CF costuma ser favoráveis, nos casos de CF simples, o risco de epilepsia posterior é pouco maior do que a da população geral no caso das CF complexa o risco de epilepsia é maior. Abordagem clínica geral: Febre- curta (são aquelas com duração menores de 3 semanas). Longa (são aquelas maiores que 3 semanas). Quanto ao diagnóstico: fácil, difícil ou obscuro (é caracterizada por febre de existência indiscutível, duração mínima de 3 semanas com quadro inconclusivo). TRATAMENTO DA FEBRE O papel da febre no organismo: O uso generalizado dos antipiréticos nos pacientes com febre parte do princípio de que ele seja nocivo. Existem evidencias que a febre é benéfica para as defesas do hospedeiro, da mesma forma que outras apontam em sentindo contrário. Tratamento antitérmico: Não se sabe se os seus benefícios são maiores do que o risco do seu uso. Argumento a favor e contra o TA: O alívio do desconforto causado pela febre é uma das maiores razões citadas para o TA, porém carece de trabalhos controlados. A comparação entre enfermos em que a baixa da febre foi obtida por meios físicos e pacientes sem tratamento antitérmico mostrou que as diferenças de conforto são mínimas. Por outro lado, quase todos os antitérmicos são também analgésicos e anti- inflamatórios e possivelmente boa parte da melhora sintomática seja devida mais a ação analgésica e anti-inflamatória do que antitérmica. A maioria das febres observadas na prática clínica tem um grau tolerável de desconforto, principalmente as temperaturas baixas e moderadas. Existem ocasiões em que cefaleia, dores pelo corpo, artralgias, hiporexia e vômitos interferem no repouso, na alimentação e hidratação dos enfermos, nesse caso o Ta é justificado. O uso de TA é feito sistematicamente em crianças com CF, entretanto nunca foi comprovado que o TA seja capaz de prevenir o seu aparecimento. Por outro lado, a febre pode piorar após as convulsões, por conta do aumento brusco de produção de calor, e desse ser tratada, bem como as convulsões. Indivíduos com infecções que produzem acidose ou hipóxia também podem desencadear convulsões na epilepsia e estas são indicações precisas do TA. A redução do aparecimento de delírio febril, bem como de ansiedade e depressão, principalmente em idosos, é outra indicação referida para TA; embora estas manifestações assustem, costumam ser benignas na sua evolução, desde que não haja doença neurológica. O TA mostra-se útil para diminuir estes eventos. Há uma ideia disseminada de que a febre seja por si só nociva e por isto deve sempre ser tratada. Esta percepção não tem base científica. Mesmo as febres elevadas são relativamente bem toleradas por vários dias, desde que se tratem paralelamente suas consequências, como as perdas calóricas, hídricas e eletrolíticas. Por outro lado, não há comprovação da redução de morbidade das doenças estudadas com TA. Um grupo de enfermos no qual o TA parece ser bem fundamentado é o de pacientes cardiopatas, embora também faltem trabalhos controlados. A demanda metabólica imposta pela temperatura elevada, principalmente durante a fase de calafrios, pode agravar sobretudo a cardiopatia isquêmica, sendo comuns, também nestes pacientes, a piora da insuficiência coronariana, o surgimento de arritmias e mesmo descompensação cardíaca. Benefícios semelhantes são citados no TA de pneumopatas crônicos que têm dificuldade em atender o aumento do volume respiratório por minuto, o aumento no consumo de oxigênio, o aumento do quociente respiratório e do tônus simpático que ocorrem durante a febre. Os pacientes com sequelas neurológicas graves podem ter alterações importantes nos mecanismos de regulação térmica e ter mais dificuldades no controle da temperatura. Citam-se ainda efeitos adversos da T elevada sobre o feto nos primeiros meses de gestação, quando se justificaria o TA. Os principais argumentos contra o TA são em primeiro lugar a interferência com a semiologia da febre, que pode ter importância para o diagnóstico clínico e para controlar a resposta terapêutica após o tratamento específico. Por vezes o efeito anti-inflamatório dos AT modifica ou até controla as características clínicas de certas doenças como o uso do ácido acetilsalicílico na febre reumática e na artrite reumatoide juvenil. Vários anti- inflamatórios não hormonais como o naproxeno, a indometacina e o diclofenaco são sugeridos para distinguir a febre de doenças neoplásicas pelo fato de responderem melhor a estes agentes do que a produzida por infecções. Os efeitos adversos dos AT pesam contra o tratamento; embora os AT sejam habitualmente bem tolerados em algumas ocasiões os parefeitos são maiores que os possíveis benefícios. Inúmeras referências mostram os efeitos benéficos da febre, principalmente nas de intensidade baixa ou moderada, e que seriam inibidos pelo TA. Na prática clínica poucos são os exemplos em que esta interferência é demonstrada em estudos controlados. A maioria das doenças febris na comunidade é benigna e a febre é bem tolerada. Em tese o TA estaria indicado quando os custos metabólicos da febre são maiores do que os seus benefícios, ou quando o TA diminui os custos metabólicos da febre ou outros efeitos adversos causados por ela sem afetar negativamente o curso da doença de base; é claro que os parefeitos dos antitérmicos também devem ser menores do que o seu benefício. Infelizmente faltam dados clínicos para validar tais indicações quando se utiliza um critério mais científico. Principais AT e o seu mecanismo de ação Os alvos da atuação dos AT são: Redução da produção de mediadores inflamatórios, como as citocinas ou aumento da produção local de moléculas anti-inflamatórias redução na produção de prostaglandina E2 por meio da inibição da ciclo-oxigenase produção de antipiréticos naturais aumentada redução da adesão de células produtoras de PE no foco inflamatório A prostaglandina E2, fundamental para a produção da febre, é sintetizada a partir do ácido araquidônico, com a participação fundamental das duas isoformas da ciclo-oxigenase (Cox 1eCox2). A maioria dos AT age na síntese de prostaglandinas inibindo a Cox 1 e a Cox 2, tanto periférica como centralmente. O paracetamol ou acetaminofeno é um fraco inibidor da Cox l, sendo por isto um fraco anti-inflamatório. O ácido acetilsalicílico e outros anti- inflamatórios não hormonais, além da diminuição da PGE2, diminuem a produção de PE e dascitocinas mediadoras da inflamação, diminuem a adesão das células produtoras de PE nos locais inflamatórios, e aumentam a produção de antipiréticos naturais. A dipirona também parece diminuir a PGE2 por inibição da Cox. O ácido acetilsalicílico ou AAS (ácido acetilsalicílico) tem ação antitérmica, anti-inflamatória e analgésica, além de ser antiagregante-plaquetário. Absorvido na parte alta do delgado, apresenta uma absorção média de 15 a 20 min. É metabolizado no fígado e parte é eliminada intacta pelos rins. A capacidade de metabolização hepática é limitada, podendo haver acúmulo do fármaco quando usado em doses elevadas, com sinais de intoxicação. Em geral a queda da T ocorre 30 a 60 mine o efeito dura de 3 a 4 h. As doses recomendadas são de 10 a 15 mg/kg por tomada; em adultos usam-se quase sempre 500 mg a 1 g por tomada por via oral; as doses podem ser repetidas a cada 6 h. A maioria dos parefeitos costuma ocorrer nas doses altas ou no uso crônico. Alterações digestivas são comuns. Dispepsia, náuseas e queimação retroesternal são referidas com ou sem alterações radiológicas ou endoscópicas. Eventualmente lesões mais graves podem ocorrer, principalmente hemorragia digestiva e úlcera perfurada; estes paraefeitos também são comuns nos outros medicamentos, sendo mais relatados em idosos, nos enfermos com antecedentes de úlcera péptica ou história prévia de sangramento digestivo, uso concomitante de corticosteroides ou de anticoagulantes. Pode causar inúmeros tipos de reação alérgica, principalmente exantemas de vários tipos, fotossensibilização e rinite, por vezes quadros mais graves de anafilaxia. Deve-se evitá-lo próximo ao parto, pois há descrição de aumento do tempo de gestação e da frequência de sangramentos. As doses muito altas, a ingestão acidental ou por tentativa de suicídio podem determinar intoxicação por salicilatos, com quadro neurológico, zumbido, vômitos intensos, hiperpneia, às vezes sangramentos e distúrbios do equilíbrio acidobásico, acidose ou alcalose respiratória. As alterações renais são menos comuns; podem ser distúrbios hidroeletrolíticos e insuficiência renal e são mais descritas em pacientes com ICC e cirrose; nefrite intersticial e nefropatia por analgésicos são raras com o AAS, embora mais descritas em outros medicamentos. Casos de síndrome de Reye, embora raros, foram descritos em menores de 18 anos, principalmente na influenza e na varicela, e, por esta razão, deve-se evitar o seu uso nestas situações. As principais contraindicações são alergia aos salicilatos, últimas semanas de gestação, discrasias sanguíneas em geral, uso de anticoagulantes, insuficiência hepática, insuficiência renal e úlcera péptica. O paracetamol pertence ao grupo dos aminofenóis, inteiramente diverso dos salicilatos e também das fenilpirazolonas. Tem ação AT semelhante à do ácido acetilsalicílico e fracas atuações analgésica e anti- inflamatória. Seus níveis sanguíneos máximos são alcançados em 1 ou 2 h. A vida média plasmática é de 3 a 4 h semelhante à do ácido acetilsalicílico. A dose recomendada do paracetamol é de 1 O a 15 mg/kg, por tomada, repetida a cada 4 ou 6 h. Nas doses rotineiras, o paracetamol é um fármaco bem tolerado quando comparado aos outros antitérmicos, particularmente em relação aos sintomas digestivos e complicações hematológicas. O paracetamol é metabolizado no fígado por conjugação com ácido glicurônico e sulfatião; de modo menos extenso utiliza a via do p 450, formando um metabólito eletrofílico, o N-acetil- pbenzoquinoneimina (NAPQI). Quando as vias primárias estão saturadas, este metabólito se acumula e se liga a proteínas celulares; quando a ligação é extensa e envolve os hepatócitos a toxicidade hepática pode começar. Em condições normais o NAPQI é detoxicado por conjugação com o glutatião. Se os estoques de glutatião estiverem depletados, como no alcoolismo crônico, fome ou jejum prolongado, o risco de hepatotoxicidade aumenta. Na maioria dos casos a hepatotoxicidade aparece em doses muito acima das recomendadas, seja por erro no cálculo, ingesta acidental, tentativa de suicídio ou uso inadvertido de múltiplos produtos contendo paracetamol; casos em menor número tem sido descritos com doses levemente acima do recomendado. Alguns medicamentos, provavelmente por estimular a via p 450, podem aumentar o risco de hepatotoxicidade, se usados simultaneamente, como as tetraciclinas, salicilatos, cloranfenicol, barbitúricos, morfina, entre outros. Nos casos mais graves pode haver icterícia e insuficiência hepática aguda. Apesar de ser um metabólito da fenacetina não apresenta nefrotoxicidade significativa. Raramente causa reações alérgicas. É contraindicado nas insuficiências hepática e renal. A dipirona pertence ao grupo das fenilpirazolonas. Tem boa ação AT e analgésica, embora sendo um anti- inflamatório mais fraco, disponível por via oral e injetável. A dipirona pode ser usada por VO na dose de 10 a 20 mg/kg por tomada, repetindo-se 3 a 4 vezes/ dia, e também IM, porém a injeção é muito dolorosa; algumas apresentações podem ser feitas por via IV, sendo o único AT para uso parenteral do nosso meio. Os derivados pirazolônicos são associados comumente a inúmeros tipos de alergias, incluindo anafilaxia e farmacodermias. Devido ao relacionamento do uso da dipirona com casos de agranulocitose o fármaco foi retirado do comércio de vários países, incluindo os EUA. A agranulocitose parece ser por mecanismo de hipersensibilidade, na qual há uma destruição periférica dos leucócitos; nos casos mais graves pode haver também lesão na medula. O quadro é recorrente e por isto o paciente deve ser proibido de tomar qualquer derivado pirazolônico. Os números da agranulocitose pela dipirona são muito discordantes na literatura, variando de 1:2.000 até 1:1.000.000 de pacientes. Embora seja uma complicação indiscutível ela aparentemente foi supervalorizada em alguns países. Quando se usa muito a dipirona deve-se fazer o controle com hemograma. Habitualmente não é AT de primeira linha, apesar da ação excelente, por causa da agranulocitose; em nosso meio tem sido largamente usada sem problemas hematológicos significativos referidos na literatura nacional. Os AINH são também antitérmicos em graus variáveis e têm sido muito utilizados com esta finalidade, principalmente em pacientes que não apresentam comorbidades que dificultem ou agravem seus inúmeros paraefeitos. Como apresentam atividade anti-inflamatória acentuada, isto pode interferir com a doença de base que esteja causando a febre, podendo em alguns casos dificultar o diagnóstico ou a interpretação da resposta terapêutica aos antibióticos. Em geral seus efeitos adversos são mais frequentes e o custo mais elevado. Embora muito usados em pediatria, ficam em geral em segundo plano nos pacientes mais idosos. O mais citado tem sido o ibuprofeno, embora muitos outros apareçam na literatura com a mesma indicação. Embora os métodos físicos de combate à febre (MF) sejam os de escolha para tratar a hipertermia, o seu papel no tratamento da febre permanece incerto, apesar de milenar. Na hipertermia não há elevação do set- point hipotalâmico e admite-se que a capacidade de eliminar o calor do organismo chegou ao seu limite, não conseguindo mais controlar a T. Durante a febre, a utilização dos MF diminui a T em um primeiro momento, porém como não abaixam o set-point hipotalâmico, a febre retorna tão logo cessa a sua aplicação; provocam perda de calor por condução, convecção ou evaporação; uma variedade de técnicas como compressas ou esponjas molhadas com água morna ou álcool, aplicação de sacos de gelo, cobertores frios,ventiladores após banhos para acelerar a evaporação e banhos de imersão estão entre as mais usadas. Entretanto, logo após a baixa provisória da temperatura são comuns as crises de calafrios, vasoconstrição cutânea e volta da T ao nível anterior, com desgaste metabólico maior e claro desconforto durante a sua aplicação. Poucos estudos comparativos existem entre os MF e os farmacológicos, pois na prática os dois são usados simultaneamente; a comparação entre os MF mais AT com os AT sozinhos mostra resultados semelhantes ou superioridade na combinação de ambos, contudo o desconforto é maior quando se usam os MF. Há necessidade de trabalhos controlados para se estabelecer melhor o risco/benefício de associar os MF ao tratamento farmacológico, sobretudo nas febres altas e hiperpirexias. A febre deve ser tratada inicialmente com os AT e a associação eventual de MF só deve ser feita após o início do efeito dos AT, dando-se preferência à esponja com água morna. Referências GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias I José Rodrigues Coura. -2. ed. -Rio de. Janeiro: Guanabara Koogan, 2013
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