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1 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 MÓDULO DRAMA PROBLEMA 1 – CAVALO DE TROIA OBJETIVO 1: DEFINIR INTOXICAÇÃO AGUDA, XENOBIÓTICO, VENENO, TOXICIDADE, ANTÍDOTO E DOSE LETAL. INTOXICAÇÃO AGUDA As intoxicações podem ser classificadas conforme a frequência e a persistência da exposição do organismo vivo ao toxicante, sendo agudas ou crônicas. As intoxicações agudas é a manifestação clínica, por meio de sinais e sintomas, decorrente de uma única exposição ou múltiplas exposições ao toxicante em um período de 24h. Elas englobam qualquer acidente com substancias químicas diversas como praguicidas, fármacos, drogas de abuso. Além de animais peçonhentos e plantas tóxicas, sendo uma das causas mais importantes de morbidade e mortalidade em nossa população e de notificação compulsória. Já a intoxicação crônica é a manifestação clinica decorrente de múltiplas exposições ao toxicante por um tempo prolongado. Estes agravos são peculiares de cada região, por isso é importante o conhecimento das características epidemiológicas, demográficas e até culturais para um melhor diagnostico e uma terapêutica mais efetiva. XENOBIÓTICO Xenobióticos são compostos químicos estranhos ao organismo humano. Eles são produzidos pela indústria ou pela natureza, através de vegetais e fungos. Podem ser enquadrados em diversas categorias, como por exemplo, pesticidas agrícolas, inseticidas, plásticos, produtos de limpeza e fármacos. VENENO É a mistura de substancias de origem biológica (animal ou vegetal) capaz de causar alterações nocivas a órgãos ou sistemas de organismos vivos quando da interação com eles. TOXICIDADE É uma propriedade intrínseca e potencial que é inerente a um agente químico, sendo este capaz de produzir efeitos nocivos ao organismo. A toxicidade depende principalmente de algumas condições de exposição: dose ou a concentração da sustância liberada; como ela entra no organismo (trato respiratório, gastrointestinal, pele e via sanguínea); o tempo e a frequência da exposição; as propriedades físico-quimicas do toxicante e a suscetibilidade do organismo. ANTÍDOTO É um fármaco (substancia ou mistura) que age dentro do organismo para reverter o efeito do veneno, neutralizando-o quimicamente. O antidoto pode agir contra o veneno em qualquer uma das suas fases, seja na absorção, distribuição ou biotransformação. É importante dizer que os antídotos também apresentam toxicidade, sendo necessários o conhecimento de sua cinética e dinâmica no organismo. DOSE LETAL Comumente, o efeito de uma substancia é proporcional à dose, porém é importante lembrar que algumas substâncias possuem um efeito “tudo ou nada” que independe da dose administrada. A dose letal é a quantidade calculada de um agente químico necessária para causar morte de 50% dos animais em estudo. Geralmente ela é expressa em miligrama ou grama da substância por quilo de peso corporal. OBJETIVO 2: ENTENDER OS TIPOS DE INTOXICAÇÃO (ENFATIZANDO A ALIMENTAR) As intoxicações às substancias químicas podem ser agudas ou crônicas e podem se manifestar de forma leve, moderada ou grave. 1. INTOXICAÇÕES AGUDAS São decorrentes de uma única exposição ao agente toxico ou mesmo de sucessivas exposições, desde que ocorram em um prazo médio de 24h, podendo causar efeitos imediatos sobre a saúde. Na intoxicação aguda, o estabelecimento da associação causa/efeito 2 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 é mais evidente, uma vez que se conhcece o agente toxico. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade de substancia química absorvida, do tempo de absorção, da toxicidade do produto e do tempo decorrido entre a exposição e o atendimento médico. 2. INTOXICAÇÕES CRÔNICAS A intoxicação crônica pode se manifestar por meio de inúmeras doenças, que atinge vários órgãos e sistemas. Os efeitos anosos sobre a saúde humana aparecem no decorrer de repetidas exposições, que ocorre durante o tempo. Os quadros clínicos são indefinidos, inespecíficos, sutis e muitas vezes irreversíveis. 3. INTOXICAÇÃO EXÓGENA Acontece quando a substância intoxicante está no ambiente, capaz de contaminar através da ingestão, contato com a pele ou inalação pelo ar. As mais comuns são o uso de medicamentos em doses elevadas, como antidepressivos, analgésicos, anticonvulsivantes ou ansiolíticos, uso de drogas ilícitas, picada de animais venenosos, como cobra ou escorpião, consumo de álcool em excesso ou inalação de produtos químicos, por exemplo; 4. INTOXICAÇÃO ENDÓGENA É causada pelo acúmulo de substâncias maléficas que o próprio organismo produz, como a ureia, mas que costumam ser eliminadas através da ação do fígado e filtragem pelos rins, e podem ser acumuladas quando estes órgãos apresentam uma insuficiência. Segundo a severidade Leve – são rapidamente reversíveis, e desaparecem com o fim da exposição. Moderada – quando os distúrbios são reversíveis e não são suficientes para provocar danos. Severa – quando ocorrem mudanças irreversíveis suficientemente severas para produzir lesões graves ou morte. Segundo a EPA Local aguda – efeitos sobre pele, membranas mucosas e olhos após exposição que varia de segundos a horas. Sistêmica aguda – efeitos nos diversos sistemas orgânicos após absorção de substâncias por diversas vias, a exposição pode ser de segundos ou horas. Local crônica – efeitos sobre pele e olhos após repetidas exposições durante meses e anos. Sistêmica crônica – efeitos nos sistemas orgânicos após repetidas exposições por diversas vias durante longo período de tempo. Outras classificações Desconhecida – quando os dados toxicológicos sobre a substância são insuficientes. Imediata – ocorre rapidamente após única exposição. Retardada – ocorre rapidamente após longo período de latência OBJETIVO 3: FASES DA INTOXICAÇÃO AGUDA Os complexos eventos envolvidos na intoxicação, desde a exposição às substancias químicas até o aparecimento dos sinais e sintomas, podem ser desdobrados em quatro fases descritas como as fases de intoxicação. A compressão destas fases permite definir melhor a abordagem do ponto de vista da vigilância em saúde, assistência, prevenção e promoção da saúde das pessoas expostas e intoxicadas. FASE DE EXPOSIÇÃO É a fase em que o toxicante entra em contato com o organismo. É importante considerar nessa fase a dose ou a concentração do xenobiotico, a via de 3 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 introdução, a frequência e a duração da exposição. Todos estes fatores condicionam a disponibilidade química do xenobiótico, ou seja, a fração do mesmo disponível para a absorção. FASE TOXICOCINÉTICA Vai incluir todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do agente no organismo. Fazem parte dessa fase a absorção, a distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção. As propriedades de cada toxicante determina o grau de acesso aos órgãos alvos, assim como sua velocidade de eliminação. 1.1 ABSORÇÃO A absorção ocorre quando o agente toxico passa do meio externo para o interno, ou seja, ele é introduzido no organismo e vai para a circulação sistêmica. A absorção depende de fatores ligado aos agentes químicos e também da membrana celular, através de transporte passivo e ativo. Os principais locais de absorção são o sistema digestório, os pulmões e a pele. ABSORÇÃO VIA DÉRMICA A pele constitui como uma barreira efetiva contra a penetração de substancias químicas exógena. No entanto, alguns xenobioticos podem sofrer absorção cutânea. Para ser absorvido através da pele, um toxicante deve atravessar a epiderme ou as glândulas sudoríparas, as sebáceas e os folículos pilosos. Dentre as camadas da pele,a mais determinante é o estrato córneo, que é a camada mais externa com células queratinizadas. Essa via é a porta de entrada maios frequente das intoxicações por agrotóxicos. Pois a contaminação acontece nas mãos, braços, pescoço, face e couro cabeludo pela absorção de respingos, nevoa de pulverização, uso de roupas contaminadas. E dentre os fatores ligados a absorção via dérmica, o tempo de exposição, a hidro ou lipossolubilidade, tamanho das moléculas são os principais fatores. Os efeitos do agente toxico na pele podem ser tópicos ou sistêmicos. Os efeitos tópicos são a corrosão, sensibilização e mutação. Os efeitos sistêmicos podem resultar em ação do toxicante em tecidos distante. ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA A via respiratória é muito importante, pois a maioria das intoxicações ocupacionais são decorrentes da aspiração de substancias contidas no ar. O fluxo sanguíneo continuo exerce uma boa ação de dissolução e muitos agentes químicos podem ser absorvidos a partir do pulmão, como os gases, vapores e aerodispersóides. Essas substancias podem ser absorvidas tanto nas vias aéreas superiores quanto nos alvéolos. Nos alvéolos pulmonares temos uma fase gasosa formada pelo ar alveolar e uma fase liquida formada pelo sangue. O sangue vai transportar moléculas de gás para o restante do organismo, e em cada tecido moléculas de gás são transferidos até que haja um equilíbrio. Após liberar parte do gás para o tecido, o sangue retorna para os pulmões para receber mais gás. No entanto, partículas presentes nos alvéolos que não foram removidas ou absorvidas, podem ficar retidas na região causando as Pneumoconioses, que é uma reação pulmonar a inalação de poeiras minerais. ABSORÇÃO PELO SISTEMA DIGESTÓRIO No trato gastrointestinal um agente toxico poderá sofrer absorção desde a boca até o reto. Poucas substancias vão sofrer absorção na mucosa oral, pois o tempo de contato é pequeno nesse local. Estudos entretanto mostram que a cocaína, a atropina e vários opioides podem sofrer absorção na mucosa bucal. Não sendo absorvido na mucosa oral, o toxicante poderá sofrer absorção na porção do TGI onde existir a maior quantidade de sua forma não ionizada (lipossolúvel). Além disso, um dos fatores que favorece a absorção intestinal de nutrientes e também de xenobióticos é a presença das microvilosidades, que proporcionam uma grande área de superfície. 1.2 DISTRIBUIÇÃO Após ingressar no sangue, o toxicante pode se distribuir pelo organismo. A taxa de distribuição é determinada inicialmente pelo fluxo sanguíneo e pela taxa de difusão para fora do leito capilar, e depende também da afinidade do xenobiotico pelos tecidos. 4 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 Ao circular o agente toxico pode ser biotransformado, ligar-se ao sitio de ação, ser eliminado, ligar-se a proteínas plasmáticas ou eritrócitos ou ser armazenado. Os principais locais de armazenamento são: proteínas plasmáticas, fígado, rins, tecido ósseo, tecido adiposo, placenta, leite materno e cabelos. Destes, cabe destacar que o fígado e os rins apresentam alta capacidade de ligação a diversas substancias, mais do que todos os outros órgãos. Já o armazenamento no tecido adiposo reduz a concentração do toxicante no tecido alvo, por isso, consequentemente espera-se que a toxicidade seja menos severa em um indivíduo obeso do que em um magro. Entretanto, a possibilidade de um aumento repentino da concentração de um agente químico no sangue deve ser considerada quando ocorre uma rápida mobilização de gordura. REDISTRIBUIÇÃO O término do efeito toxico de uma substancia costuma ocorrer por biotransformação ou excreção, mas, também pode resultar da redistribuição da substancia do seu sitio de ação para outros tecidos. Entretanto ele ainda estará armazenada nesses locais na forma ativa e sua saída dependerá da biotransformação e excreção. 1.3 BIOTRANSFORMAÇÃO O organismo apresenta mecanismos de defesa que buscam diminuir a quantidade de substancia toxica que chega de forma ativa no tecido alvo. Para isso, é necessário diminuir a capacidade de difusão do toxicante e aumentar sua velocidade de excreção. A biotransformação é esse conjunto de alterações químicas ou estruturais que as substancias sofrem no organismo, geralmente ocasionadas por processos enzimáticos, que tem como objetivo diminuir ou cessar a toxicidade e facilitar a excreção. A grande maioria das substancias são biotransformadas no fígado, por meio de enzimas. No entanto, qualquer em órgão do corpo pode ocorrer a biotransformação. A biotransformação que ocorre no fígado consiste em carregar eletricamente a substancia toxica para que ao passar pelos túbulos renais, estes não sejam reabsorvidos. Esse processo pode inativar a toxina, fazendo com que modifique sua estrutura ou resulta em toxinas menos toxicas. Esse processo envolve dois tipos de reações, que frequentemente acontecem em sequência. As reações da Fase I consistem principalmente em oxidação, redução e hidrolise, resultando frequentemente na inativação ou na maior toxicidade da droga inicial. Já as reações da Fase II normalmente resultam em compostos inativos e facilmente excretáveis. 1.4 EXCREÇÃO Os xenobioticos que penetram no organismo são posteriormente excretados através da urina, fezes, bile, ar expirado, leite e outras secreções. Existem três classes de excreções: a eliminação através de secreções (biliar, sudorípara, lacrimal, gástrica, salivar, láctea), a eliminação através das excreções (urina, fezes e catarro), e a eliminação pelo ar expirado. Muitos xenobioticos precisam ser transformados em produtos mais hidrossolúveis antes de serem excretados na urina. 5 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 FASE TOXICODINÂMICA Essa fase é caracterizada pela presença do agente toxico ou do produto de biotransformação em sítios específicos, que ao interagir com as moléculas orgânicas constituintes das células produzem alterações bioquímicas, morfológicas e funcionais que caracterizam o processo de intoxicação. Nessa etapa pode ocorre interações de adição, sinergismo, potenciação e antagonismo entre as substancias. • Adição – quando o efeito induzido por dois ou mais compostos é igual à soma dos efeitos de cada agente isolado. • Sinergismo – o efeito induzido por dois ou mais compostos juntos é maior do que a soma dos efeitos de cada agente. • Potenciação – quando um agente que primariamente é desprovido de ação tóxica aumenta a toxicidade de um agente tóxico. • Antagonismo – o efeito de um agente é diminuído, inativado ou eliminado quando combinado com outro agente. Um exemplo dessa fase é a formação de tumores, pois a molécula ou o produto de biotransformação pode atacar o DNA provocando mutações. FASE CLÍNICA É a fase em que há evidencias de sinais e sintomas, ou ainda alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnosticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pelas interações do toxicante com o organismo. OBJETIVO 4: ELUCIDAR A EPIDEMIOLOGIA DAS INTOXICAÇÕES NO BRASIL. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, de 1,5% a 3,0% da população mundial é acometida por intoxicação exógena. No Brasil, ocorrem cerca de 4,8 milhões de casos a cada ano e, aproximadamente, 0,1 a 0,4% das intoxicações resultam em óbito. Segundo dados do SINITOX, a região Nordeste do Brasil apresentou o segundo maior número de casos de intoxicações registradas em 2013, com 10.384 casos, ficando abaixo apenas da região Sudeste, com 23.625 casos. Com relação aos óbitos registrados em 2013 devido às intoxicações humanas, a região Nordeste contabilizou 67 óbitos, ficando atrás apenas da região Sudeste, com 121 óbitos. A região Sul apresentaos maiores coeficientes de incidência para intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, por produtos veterinários e por agrotóxicos de modo geral, a região Centro-Oeste apresenta o maior coeficiente de incidência para intoxicação por agrotóxicos de uso doméstico, seguida de perto pela região Sul e a região Nordeste apresenta o maior coeficiente de incidência para intoxicação por raticidas. As intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, por raticidas e por agrotóxicos de modo geral 6 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 têm em comum a tentativa de suicídio como sua principal circunstância. Crianças de 1 a 4 anos são as maiores vítimas das intoxicações por agrotóxicos de uso doméstico, por produtos veterinários e por raticidas; já os adultos jovens de 20 a 29 anos constituem a faixa etária mais acometida pelas intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola e por agrotóxicos de modo geral. O sexo masculino está mais presente nas intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, por produtos veterinários e por agrotóxicos de modo geral, enquanto o sexo feminino se faz mais presente nas intoxicações por agrotóxicos de uso doméstico e por raticidas. Apesar da zona urbana concentrar a maioria dos casos de intoxicação para todos os tipos de agrotóxicos, seus coeficientes de incidência para intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, por produtos veterinários e por agrotóxicos de modo geral são inferiores aos da zona rural. Os casos mais significativos em adultos que chegam ao pronto socorro são por tentativa de suicídio e o modo de intoxicação é a ingestão por via oral. Também poderá ocorrer abuso, que consiste em usar medicamentos em uma dose maior que a recomendada para obter um efeito mais rápido. Outra causa de intoxicação aguda ocorre em pacientes que usam várias medicações ou tem uma metabolização diminuída, como é o caso dos pacientes com insuficiência renal. OBJETIVO 8: CONHECER AS PRINCIPAIS XENOBIÓTICOS (MAIS UTILIZADOS) E A MORBIMORTALIDADE ASSOCIADA A ELES. Xenobióticos são compostos químicos estranhos ao organismo humano. Eles são produzidos pela indústria ou pela natureza, através de vegetais e fungos. Podem ser enquadrados em diversas categorias, como por exemplo, pesticidas agrícolas, inseticidas, plásticos, produtos de limpeza e fármacos. Nossa sociedade utiliza esses compostos regularmente, sob várias formas, inclusive como medicamentos e antibióticos. Os principais tóxicos são: Raticidas (destinados ao combate a ratos, camundongos e outros roedores). Intoxicação por produto veterinário Ex. ectoparasiticidas Intoxicação por medicamentos: benzodiazepínicos, barbitúricos, antidepressivo, antipiscicoticos. Intoxicação por produto químico de uso industrial. Ex: Compostos de oxigênio, carbono e nitrogênio. Intoxicação por metais Ex. Alumínio, Chumbo, Zinco, Mercúrio. Intoxicação por drogas de abuso Ex: Cocaína, Heroína, Ectase, Maconha, Crack, Cola de Sapateiro. Intoxicação por alimentos e bebidas. Intoxicação por plantas tóxicas. OBJETIVO 5: DESCREVER O DIAGNÓSTICO DAS INTOXICAÇÕES (ANAMNESE, EXAME FISICO E COMPLEMENTAR). A gravidade das intoxicações é determinada por diversos fatores, como o grau de toxicidade do agente, a quantidade de substancia que o paciente foi exposto, o tempo decorrido entre o acidente e a intervenção medica, além de fatores do próprio indivíduo como idade. RECONHECIMENTO CLÍNICO A primeira medida deve ser reconhecer e confirmar a overdose. Isso porque, qualquer evento agudo pode ser sinal de uma intoxicação, ou seja, um paciente com vomito intenso, ou confusão mental ou palpitação deve ser questionado sobre uma possível intoxicação. Uma investigação detalhada deve ser feita, com o paciente e com a família acerca de medicamentos 7 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 ingeridos, hora e dia da ingestão, se foi acidental ou intencional. Quem? Nome, idade, ocupação, sexo, gravidez, histórico (uso de medicamentos, doenças agudas e crônicas, uso de álcool, drogas ilícitas). O que foi utilizado e quanto? Agente e quantidade utilizada. Verificar a disponibilidade da embalagem e bula do produto. Qual a via de exposição? Via oral, dérmica, inalatória, intravenosa (intencional). Onde? Obter dados sobre o local de exposição. Como? Determinar a circunstância na qual ocorreu a exposição ao agrotóxico, se essa foi acidental, ocupacional, tentativa de suicídio, agressão, ambiental (vazamentos ou deriva de pulverização durante a aplicação). E a intenção de uso do produto. Há quanto tempo? Estabelecer o lapso temporal entre a exposição e o atendimento. EXAME FÍSICO O exame físico toxicológico se baseia em dados observacionais. Muitos agentes ingeridos podem causar alteração do pulso, da frequência respiratória e da pressão arterial. Por isso, os sinais vitais devem ser anotados no prontuário e reavaliados periodicamente (FC, FR, pulso e temperatura). Deve-se medir a saturação, a glicemia capilar e o nível de consciência. Além disso, todas as alterações oculares devem ser anotadas (midríase, miose, anisocoria, nistagmo). Odores característicos: ex.: hálito etílico (uso de álcool), odor de alho (organofosforados); Achados cutâneos: sudorese, secura de mucosas, vermelhidão, palidez, cianose, desidratação, edema; Temperatura: hipo ou hipertermia; Alterações de pupilas: miose, midríase, anisocoria, alterações de reflexo pupilar; Alterações da consciência: agitação, sedação, confusão mental, alucinação, delírio, desorientação; Anormalidades neurológicas: convulsão, síncope, alteração de reflexos, alteração de tônus muscular, fasciculações, movimentos anormais; Alterações cardiovasculares: bradicardia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, arritmias; Anormalidades respiratórias: bradipneia ou taquipneia, presença de ruídos adventícios pulmonares; Achados do aparelho digestório: sialorreia, vômitos, hematêmese, diarreia, rigidez abdominal, aumento ou diminuição de ruídos hidroaéreos; Essas informações ajuda a classificação do paciente em um estado de excitação fisiológica ou depressão; EXCITAÇÃO Manifestada por estimulo ao sistema nervoso, taquicardia, elevação da pressão arterial, taquipneia e elevação térmica. Os agentes mais comumente envolvidos são: Anticolinérgicos, Simpatomiméticos, Alucinógenos centrais. Obs: Além disso, as crises de abstinência geralmente tem sintomatologia semelhante. DEPRESSÃO Manifestada por depressão do estado mental, hipotensão, redução da frequência respiratória, cardíaca e da temperatura. Ocorre por intoxicação por: Agentes colinérgicos, Simpaticolíticos, Opióides, Sedativos hipnóticos, Álcool. Quando esses sinais e sintomas são agrupados, eles podem caracterizar uma determinada síndrome toxica. As principais síndromes toxicas utilizadas para o diagnóstico da intoxicação aguda são: síndrome sedativo-hipnótica, opioide, colinérgica, anticolinérgica, adrenérgica, seratoninérgica. 8 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 DICA PARA PROVA Midríase > Miose; portanto na midríase as pupilas vão estar aumentadas. O SNA é composto por duas porções: simpáticos e parassimpático, cuja ações são antagônicas. No simpático o principal neurotransmissor é a adrenalina, enquanto que no parassimpático é a acetilcolina. O SN Simpático está exacerbado quando estamos em uma situação de perigo. Nesse momento precisamos estar “com os olhos bem abertos” (midríase). Por analogia, ocorre midríase nas intoxicações por simpaticomiméticos e anticolinérgicos. Logo essas intoxicações são acompanhadas por alterações simpáticas como: hipertensão, taquicardia, taquipneia e aumento da temperatura corporal. Já no SN Parassimpático, cujo neurotransmissor éa acetilcolina, vai ocorrer a miose. As drogas que causam isso são os Colinérgicos e simpaticolíticos. Além disso sabemos que as drogas que “dão sono” também fazem o olho ficar pequeno, ou seja, causam miose. São elas as sedativos-hipnóticas e os opióides. Essas intoxicações tem em comum o rebaixamento do nível de consciência, hipotensão arterial, bradicardia, bradipineia. SÍNDROME SIMPATOMIMÉTICA É definida por um estado de excesso simpatomimético causando os efeitos esperados de “luta e fuga”. Os sinais vitais estão tipicamente elevados, apresentam hipertensão, taquicardia e taquipneia. Além disso, podem estar hipertérmicos, midriaticos e diaforéticos. SÍNDROME ANTICOLINÉRGICA Muitos fármacos vão possuir propriedades antimuscarinicas levando a essa síndrome. Ao bloquear o tônus colinérgico normal ocorre uma alteração do equilíbrio entre o simpático e parassimpático, fazendo com que o sistema simpático funcione sem oposição. Os sintomas incluem: delírio, hipertermia, midríase, rubor cutâneo e pele e mucosas secas e não diaforéticas. “Louco como um chapeleiro, quente como uma lebre, cego como um morcego, vermelho como uma beterraba e seco como um osso”. SÍNDROME COLINÉRGICA Resulta da superestimulação da porção parassimpática. Esses pacientes se apresentam com diaforese, perda de urina, miose, broncorreia, êmese, lacrimejamento, letargia e salivação. Os agentes causadores são principalmente anti- colinesteásicos como inseticidas organofosforados e carbamatos. SÍNDROME SEDATIVA/HIPNÓTICA A característica dessa síndrome é a sedação. Ocorre frequentemente por intoxicação por álcool, barbitúricos e benzodiazepínicos. SÍNDROME POR OPIÓIDES Essa síndrome envolve miose, sedação e drive respiratório diminuído. O diagnóstico muitas vezes é confirmado observando uma resposta a naloxona, um antagonista direto dos receptores opioides. SÍNDROME METAMOGLOBINÊMICA A metamoglobinemia (MetHba) é síndrome clínica causada pelo aumento da concentração de metemoglobina (MetHb) no sangue, que ocorre em situações agudas de desequilíbrio nas reações de redução e oxidação (desequilíbrio redox) induzidas pela exposição a agentes químicos diversos, como: nitrito, nitrato, anestésicos, naftalina. A principal característica da MetHba é cianose central, que não responde à oxigenoterapia, podendo levar à diminuição da oferta de oxigênio, além disso apresenta com taquicardia, astenia e convulsões. 9 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 10 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 EXAMES COMPLEMENTARES As investigações diagnósticas mais realizadas são: hemograma, função renal, provas de função hepática, exame de urina, triagem toxicológica da urina, concentração de álcool sérico, lactato sérico e glicemia. É importante dizer que o tratamento empírico geralmente começa antes que esses resultados estejam disponíveis. Dependendo do agente envolvido pode ser solicitados exames como Eletrocardiograma (quando alterada pode indicar algumas drogas), Rx (pode ser útil para detectar metais pesados, substancias radiopacas), Gasometria (para detectar acidose ou distúrbios mistos), Lactato arterial (quando aumentada pode indicar que o tóxico está levando a uma péssima perfusão periférica). OBJETIVO 9: RELACIONAR O MECANISMO DE AÇÃO DOS CARBAMATOS E ORGANOSFOSFORADOS COM O QUADRO CLÍNICO DA PACIENTE. CARBAMATOS E ORGANOFOSFORADOS Esses produtos são amplamente utilizados no controle de insetos e outros parasitas, sendo utilizados para finalidades agrícolas, domestica ou veterinária. Inseticidas carbamatos: aldicarbe (chumbinho), carbanil, carbofuran, fenoxicarbe, propoxux, BPMC. Inseticidas organofosforados: diazinon, clopirifosetila, malation. As intoxicações por inibidores da colinesterase (como neostigmina e rivastigmina) utilizadas no tratamento da miastenia gravis e da doença de Alzheimer podem causar quadro semelhante a intoxicação pelos inseticidas. Além disso, algumas armas químicas (como os gases sarin) também atuam inibindo a acetilcolinesterase. MECANISMO DE EFEITOS TOXICOS Apesar de estruturalmente distintos, a toxicidade e o tratamento da intoxicação por estes dois tipos de inseticidas é semelhante, pois eles promovem a inibição da Acetilcolinesterase, resultando no acumulo de acetilcolina nas sinapses colinérgicas, levando a um aumento das respostas nos receptores pós-sinápticos, nicotínicos ou muscarínicos. No caso dos inseticidas Carbamatos, a inibição é reversível e a reativação da enzima é espontânea e rápida, geralmente acontece com menos de 24 horas. Já nas exposições a inseticidas organofosforados, a inibição é quimicamente mais estável quando comparada aos carbamatos e a recuperação da enzima pode ser mais lenta, podendo levar dias a semanas e ser até irreversível. FARMACOCINÉTICA DOS ORGANOFOSFORADOS 1. ABSORÇÃO São bem absorvidos por todas as vias. Deve-se ficar atento as exposições cutâneas maciças pois podem causar grave toxicidade. Além disso, a presença de lesões cutâneas ou ambientes com altas temperaturas podem aumentar a absorção. A dificuldade de remoção destes compostos da pele ou da roupa, pode explicar algumas intoxicações crônicas. 2. DISTRIBUIÇÃO A maioria é lipofílico, levando a um grande volume de distribuição e a possibilidade de acumulo no tecido adiposo. A mobilização deste estoque pode causar recorrência da crise colinérgica. 3. METABOLISMO O metabolismo dele vai ser hepático, sendo que alguns ao serem biotransformados podem gerar subprodutos mais tóxicos. 4. ELIMINAÇÃO A eliminação é renal. FARMACOCINÉTICA DOS CARBAMATOS 1. ABSORÇÃO São bem absorvidos por ingestão e inalação e através da pele e de mucosas. Pesquisas recentes mostram que eles conseguem atravessar a barreira hematoencefálica. 11 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 Possui um pico plasmático em cerca de 30 a 40 minutos da ingestão. 2. DISTRIBUIÇÃO São lipossolúveis possibilitando uma boa distribuição em todos os tecidos incluindo o SNC. 3. METABOLISMO A maior parte é biotransformada no fígado. 4. ELIMINAÇÃO Cerca de 90% é excretado na urina dentro de 3 a 4 dias. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Como já sabemos, esse venenos inibem a acetilcolinesterase, fazendo com que a acetilcolina passe a ser menos degradada se acumulando na fenda sináptica e estimulando cada vez mais os receptores colinérgicos. O intervalo entre a exposição e o início dos sintomas varia de 30 minutos a duas horas. Os sintomas podem ser subdivididos em muscaríneos e nicotínicos (pois são os subtipos de receptores colinérgicos). EFEITOS MUSCARÍNICOS: Náuseas, vômitos, cólicas abdominais, incontinência fecal e urinária, aumento das secreções brônquicas, tosse, espirro, dispneia, sudorese, salivação, miose, borramento visual e lacrimejamento. Na intoxicação grave pode ocorrer bradicardia, bloqueio de condução, hipotensão e edema pulmonar. EFEITOS NICOTÍNICOS: Fasciculações, midríase, fraqueza, delirium, hipertensão, taquicardia e nos casos graves: paralisia e insuficiência respiratória. Os sintomas muscarineos costumam predominar nos pacientes, mas em algumas situações os efeitos nicotínicos podem aparecer. MANIFESTAÇÕES TARDIAS 1. SINDROME INTERMEDIÁRIA Esta síndrome consiste em uma sequência de sinais neurológicos que aparecem de 24 a 96 horas após a crise colinérgica aguda. É caracterizada pela paralisia das musculaturas proximal e respiratória. 2. NEUROPATIA TARDIA Caracteriza-se por uma neuropatia sensitivo-motora que se manifesta de modo ascendente nas extremidades dos membros superiores e inferiores (tipo luvas e bota) até 4 semanas após a exposição. DIAGNÓSTICO O diagnósticoé essencialmente clínico. No entanto, a redução da atividade das acetilcolinesterases sérica e eritrócita para menos de 50% do normal confirma o diagnóstico, mas estes testes não são amplamente disponíveis. TRATAMENTO Em relação as medidas de suporte é necessário desobstruir as vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário. Monitorizar os sinais vitais; manter hidratação adequada. Em pacientes que apresentem exposição cutânea, as medidas de descontaminação externa da pele, olhos, cabelo e a retirada de vestimentas e calçados contaminados devem ser realizadas. Indica-se lavar a pele com quantidade abundante de agua e utilizar sabão neutro. Os atendentes devem utilizar luvas e proteção para evitar contato com secreções e roupas contaminadas. Realizar lavagem gástrica precoce com SF até 1 hora após ingestão. E administrar carvão ativado por SNG após realizar lavagem gástrica. 1. MUSCARÍNICOS: utiliza-se a ATROPINA que age como um bloqueador dos receptores muscarinicos evitando a ação da acetilcolina acumulada nas sinapses, ou seja, é um antagonista competitivo. Dose: 2-5 mg IV a 12 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 cada 5-15 minutos até que as secreções sequem. 2. NICOTÍNICOS: utiliza-se PRALIDOXINA que atua reativando a acetilcolinesterase. Ela é indicada para aqueles que apresentam sintomas colinérgicos graves e persistentes, mesmo após várias horas de atropinização. Pode ser indicada essencialmente no tratamento das intoxicações por organofosforados. Dose: bolus de 30mg/kg durante 30 min, seguido de dose de manutenção. Não devemos administrar a pralidoxina sem a atropina, pois pode haver uma piora clinica transitória. OBJETIVO 6: ENFATIZAR A IMPORTANCIA DO CENTRO DE CONTROLE DE INTOXICAÇÕES (COMO ELE FUNCIONA). No Brasil, tanto as intoxicações exógenas como os acidentes por animais peçonhentos são considerados agravos de notificação compulsória e devem ser registrados no Sinan. O reconhecimento das exposições e intoxicações como um problema de saúde pública favoreceu a criação de serviços especializados, denominados de Centros de Controle de Intoxicações, que tem como objetivo oferecer informações, assessorar a prevenção, diagnóstico, prognóstico e tratamento das intoxicações. Esses serviços foram criados no Brasil na década de 1970. No entanto, somente em 2015 que instituiu 31 desses serviços de saúde que integra várias redes incluindo o SUS, e as Redes de Atenção as Urgências e Emergências, denominada agora de Centro de Intoxicações e Assistência Toxicológica. Elas são unidades de saúde, de referência em toxicologia clinica no SUS, com atendimento em regime de plantão permanente por teleconsulta ou presencial, com o objetivo de prover informações toxicológicas aos profissionais de saúde e as instituições e prestar assistência às pessoas expostas e/ou intoxicadas, visando à redução da morbimortalidade. No entanto, o que ocorre é uma disparidade na cobertura, pois enquanto 7 estados (Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Maranhão, Alagoas e Tocantins) não dispõem de nenhuma cobertura, um único estado (SP) tem 8 CIATox. OBJETIVO 7: ESTUDAR O PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DAS INTOXICAÇÕES AGUDAS (CONDUTAS TERAPEUTICAS). Inicialmente, é importante avaliar em que fase da toxicose o paciente se encontra: FASE PRÉ-CLÍNICA: acontece após a exposição, porem antes do aparecimento de sinais e sintomas, ou seja, o próprio paciente ou o acompanhante contam a história da ingestão excessiva de certa droga. O objetivo nessa fase é reduzir ou evitar a toxicidade, e a prioridade é a descontaminação. FASE TÓXICA: engloba o período do início dos sintomas até o pico das manifestações clinicas ou laboratoriais. Neste estágio o tratamento é guiado pelo exame físico e as prioridades são: estabilizar vias aéreas, a ventilação e a circulação do paciente, além de administrar antídotos específicos. FASE DE RESOLUÇÃO: ocorre o pico dos sintomas até a recuperação completa. O manejo é guiado pelo estado clinico do paciente e a prioridade é encurtar o período de duração da toxicidade. De maneira geral, devemos tratar pacientes com intoxicação aguda da mesma forma que outra doenças ameaçadoras à vida. Por isso, é necessário segui o ABC básico da ressuscitação, assegurando a proteção das vias aéreas, ventilação adequada, mantendo o estado circulatório do paciente com ressuscitação hídrica e suporte vasopressor. Se a via aérea estiver comprometida ou em risco, a intubação é a conduta de escolha. 13 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 Uma vez que o tratamento de suporte tenha sido estabilizado, deve-se progredir para uma avaliação sistêmica das estratégias de descontaminação, aumento da eliminação, terapia focada (antídotos) e obtenção de ajuda dos especialistas. DESCONTAMINAÇÃO Se a intoxicação ocorreu através da pele, devem ser retiradas todas as roupas do paciente, removidos todos os resíduos e ter a pele lavada cuidadosamente. Se foi por via ocular, com auxílio de anestésico tópico, deve-se lavar os olhos com soro fisiológico e solicitar avaliação imediata do oftalmologista. Como a maioria das intoxicações envolve o trato gastrointestinal, as medidas possíveis são: carvão ativado, lavagem gástrica, irrigação intestinal, hiper- hidratação e alcalinização da urina. Atualmente não é recomendada rotineiramente a indução do vomito como medida de suporte nas intoxicações agudas, pois não há evidencias de que melhore a evolução do paciente intoxicado, como também pode interferir na eficácia de outros métodos de descontaminação. Esse método é absolutamente contra indicado em pacientes que ingeriram substancias causticas ou hidrocarbonetos, devido a maior possibilidade de aspiração e lesão da mucosa digestiva. CARVÃO ATIVADO O carvão absorve os venenos ingeridos dentro da luz intestinal, permitindo que o complexo carvão-toxina seja eliminado pelas fezes. Os compostos químicos com carga (ionizados) como ácidos, minerais e sais altamente dissociados do cianeto, flúor, ferro e outros compostos inorgânicos não são bem absorvidos pelo carvão. No entanto, deve-se considerar que o carvão ativado seja benéfico apenas nos pacientes que tenha ate 1 hora de ingestão, pois acredita-se que nesse tempo a toxina esteja ainda no estomago. Após esse período a indicação deve ser individualizada. A dose recomendada é de 1g/kg de peso, diluído em agua, soro ou catárticos (manitol ou sorbitol), via oral ou SNG, e pode ser repetido a cada 2-4 horas objetivando aumentar a eliminação fecal da toxina. Ela possui como efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, prejuízo à absorção de fármacos VO. LAVAGEM GÁSTRICA Consiste na passagem de uma sonda nasogástrica de grosso calibre. Para isso, deve manter o paciente em posição de Tredelemburg e decúbito lateral esquerdo para reduzir o risco de broncoaspiração. Após instalação da SNG administrar e aspirar repetidamente pela via 200-300ml de liquido. Assim como no carvão ativado, a lavagem gástrica tem sua eficácia associada ao tempo entre a exposição e a realização do procedimento. Para isso, ela é indicada ser feito dentro de um período de até 1 hora. A lavagem gástrica está associada a um maior risco de vômitos e aspiração do conteúdo gástrico levando a pneumonia. Ela vai ser contraindicada em casos de ingesta de corrosivos ou destilados do petróleo, pois corre risco de uma perfuração gastroesofagica. Também em casos de cirurgia abdominal recente. 14 Marcela Oliveira Silva – Medicina 4º semestre 2020 MÉTODOS DIALÍTICOS Acidentes agudos de evolução desfavorável podem exigir o uso de medidas de aumento da excreção renal, dentre essas a dialise, para remoção das substanciastoxicas. A hemodiálise clássica é o método dialítico mais usado e disponível. OBJETIVO 10: RECONHECER A IMPORTANCIA DO AMBIENTE BIOPSICOSSOCIAL E OS ASPECTOS ÉTICOS- LEGAIS DA RELAÇÃO MEDICO PACIENTE-FAMILIA NOS CASOS DE INTOXICAÇÕES.
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