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A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é um termo genérico para designar várias anormalidades hepáticas relacionadas com depósito de lipídios no citoplasma dos hepatócitos em pacientes sem consumo excessivo de etanol. Inclui desde a esteatose hepática benigna até a esteato hepatite não alcoólica (NASH). O tratamento clínico adequado, com adoção de medidas clínicas, mudança no estilo de vida e alimentação saudável, favorece o controle da NASH e reduz o risco da evolução da doença. Os mecanismos envolvidos na patogênese da DHGNA são complexos e envolvem diferentes gatilhos inflamatórios ativados concomitantemente associados à suscetibilidade genética, resistência insulínica (RI), padrão alimentar ocidental e presença de disbiose intestinal. A RI é um gatilho importante no processo patogênico da DHGNA, pois aumenta a lipogênese de novo no fígado e estimula a lipólise, aumentando o influxo de ácidos graxos livres para os hepatócitos, além de aumentar a produção e liberação de citocinas pró-inflamatórias e adipocinas. Esse mecanismo justifica a alta prevalência de DHGNA em pacientes com obesidade, diabetes melitus tipo 2 e síndrome metabólica (SM), uma vez que essas condições clínicas estão fortemente relacionadas com a RI. Ocorre ainda o acúmulo de gordura no fígado na forma de triglicerídeos em consequência da lipotoxidade, altos níveis circulantes de ácidos graxos e colesterol livre e outros metabólicos lipídicos. Os sistemas antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos não são capazes de evitar o dano hepático e esses processos inflamatório e oxidativo hepático crônicos estão relacionados à evolução da esteatose para NASH. A NASH é mais prevalente entre obesos, sobretudo naqueles com hipertensão arterial, hiperglicemia, RI, hipertigliceridemia superior a 150mg/dL, com valores de lipoproteínas de alta densidade (HDL) inferiores a 40mg/dL e 50mg-dL, para homens e mulheres, respectivamente. A persa de peso principalmente de forma gradual, pode contribuir para total reversão do quadro histológico, sendo então, recomendada para pacientes com excesso de peso (IMC superior ou igual a 25kg/m2). A redução de até 1 kg por semana é desejável e pode ser obtida pela redução de 500 a 1000kcal das necessidades energéticas diárias, mas não são recomendadas estratégias que induzam o rápido emagrecimento. A perda de 5% do peso corporal já é o suficiente para promover estabilização da fibrose em 94% dos casos. Quando ocorre a perda de peso de aproximadamente 10% em 6 meses e redução da circunferência abdominal nos pacientes com NASH, observa-se a redução da inflamação e da fibrose hepática. O padrão alimentar mediterrâneo, caracterizado pela oferta de fontes alimentares contendo ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) como as oleaginosas, abacate e azeite de oliva extravirgem, está relacionado com a redução do acúmulo de lipídios hepáticos mesmo sem a perda de peso, o que indica que a composição da dieta é fundamental para o tratamento da DHGNA. Carboidratos A oferta de carboidratos deve ser controlada e recomenda-se utilizar de 45 a 65% do valor energético total (VET), dando- se prioridade aos carboidratos complexos de média e baixa carga glicêmica. A ingestão de mono e dissacarídeos não deve ser estimulada e esse consumo deve ser limitado a 5% do VET. Lipídios As gorduras totais devem ser até 30% do VET, sendo que o consumo de ácidos graxos saturados (SFA) não deve exceder 10%, em razão da capacidade desse nutriente modificar a microbiota intestinal, favorecendo o crescimento de bactérias gram-negativas, Compostos bioativos Como a betaína, antocianinas, resveratrol, flavonoides, quercetina, silibina, vitaminas C, D e E e minerais como cobre e selênio são potenciais candidatos na promoção de efeitos benéficos para pacientes com DHGNA, mas que ainda precisam ser comprovados em estudos.
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