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RESUMO CIVIL III - Direito das Obrigações (Complexas)

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1 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Obrigações complexas 
As obrigações complexas são as que possuem mais de um sujeito em 
determinado polo obrigacional, também aquelas que possuem múltiplos objetos 
a serem escolhidos ou cumpridos para fins de satisfação obrigacional, ou seja, 
mais de uma conduta do devedor em prol do credor. Diferenciam-se da 
simples/comum, pois esta possui um único objeto. 
 
 
Existem as obrigações conjuntivas e as disjuntivas. Na primeira, a 
satisfação obrigacional se dá mediante o cumprimento de todas as condutas 
previamente constituídas entre os sujeitos obrigacionais. Já na segunda, a 
satisfação obrigacional se dá mediante o cumprimento de apenas um dos 
objetos dentre aqueles vários existentes. As obrigações alternativas e 
facultativas são disjuntivas. 
Obrigações alternativas 
A obrigação alternativa tem um ponto de origem, que é a constituição 
de uma obrigação, que irradia vários objetos nos quais somente um deles será 
escolhido para fins de satisfação da obrigação. Exemplo: Entregar um touro ou 
uma vaca. 
 
 
 
 
a) Concentração: Trata-se do ato de escolha da prestação a ser cumprida e, 
consequentemente, comunicação do sujeito obrigacional contrário acerca 
de tal ato. 
Assim como na obrigação de dar coisa incerta, há a concentração na 
obrigação alternativa (apenas nas duas). A diferença de conteúdo (objeto) 
dessas duas obrigações é que na de dar coisa incerta a concentração 
recai sobre o bem físico (concentra o objeto da conduta). Já na alternativa 
a concentração recai sobre o objeto prestacional da obrigação (a conduta). 
b) Titularidade: De acordo com a previsão existente no título obrigacional. 
Caso não haja, aplica-se a regra geral prevista no Código Civil que 
determina que o devedor seja o titular. 
É possível a pluralidade de optantes, mais de uma pessoa conta no título. 
Em caso de escolha entre os múltiplos optantes prevalece a regra da 
Obrigação comum/simples: 
Credor Devedor 
Obrigação alternativa: 
 
Credor Devedor 
A B C D 
 
2 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
unanimidade (apenas com a maioria não traria harmonia). Caso não haja 
unanimidade, a escolha caberá ao juiz (art. 252). 
c) Prazo: É aquele previsto no título obrigacional. Caso não esteja no título, é 
de 15 dias após a citação. 
d) Penalidade pelo não exercício: Inverter o direito de escolha. Se o direito 
de escolha pertence a um terceiro escolhido pelos sujeitos obrigacionais e 
esse terceiro perde o prazo de exercício, o direito de escolha pertence ao 
devedor (regra geral). 
A regra do artigo 244 não se aplica nessa obrigação, pois não se pode 
aferir qualidade em conduta, sem a possibilidade de aferir a intermediária 
(comparar). A única possibilidade de aplicar essa regra entre condutas é 
aplicando o critério econômico. 
e) Fonte: Lei ou vontade. 
f) Finalidade: Para o devedor é de aumentar as chances de cumprimento 
obrigacional, cria um leque de possibilidades para fins de satisfação, 
múltiplos objetos se apresentam para ele cumprir a obrigação. Para o 
credor é de aumentar as chances de receber a obrigação. 
g) Objeto: Livre, ou seja, é permitir múltiplos objetos, desde que não sejam 
ilícitos. 
h) Requisitos: Pluralidade de objetos, que devem ser autônomos e 
independentes entre si. Deve ocorrer o fenômeno da concentração para a 
identificação do objeto a ser cumprido. A partir da concentração, a 
obrigação que era complexa passa a ser simples. 
É possível haver concentrações sucessivas, fruto de uma obrigação 
alternativa em caso de concentração em obrigação de dar coisa incerta em que 
será necessária nova concentração. 
Impossibilidade de cumprimento por vícios originários: A estrutura 
principal (núcleo) só existe por conta da existência da base (multiplicidade de 
objetos). Se um desses objetos é viciado por sua origem (ilícito) acontece uma 
contaminação dessa obrigação como um todo, ou seja, a obrigação inteira se 
torna viciada (ilícita). O que é considerado é a conduta ilícita, não o objeto 
físico. 
Concentração nas obrigações periódicas: Da mesma forma que os 
períodos autônomos independentes têm prazos prescricionais distintos, a 
escolha nesses períodos também são distintos e autônomos. 
Impossibilidade do cumprimento da obrigação por perecimento do 
objeto antes da escolha: 
Premissas: 
a) Se há culpa, há perdas e danos. 
b) Caso um dos objetos autônomos e independentes se perca, há 
concentração. 
 
3 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
c) Caso o perecimento de um dos objetos tenha sido ocasionado por 
sujeitos obrigacionais diversos do titular do direito de escolha, tem-se 
a otimização deste direito, ou seja, se mantém o direito de escolher 
um dos objetos ainda que traduzido economicamente. 
Direito de escolha do devedor: 
 
 
 
a) Impossibilidade de cumprimento de uma das obrigações com ou sem 
culpa do devedor: Esse perecimento não é simultâneo, ou seja, há uma 
ordem cronológica entre os objetos. Se um objeto se perde primeiro, pelo 
fato de serem autônomos e independentes, há concentração ficta no 
subsistente. É ficta, pois se presume que teve a escolha do carro. Se 
sobrar um principal, é nele que recai. 
Exemplo: Touro se perde e a escolha recai sob o objeto subsistente. 
b) Impossibilidade de cumprimento de todas as obrigações por culpa do 
devedor: Esse perecimento não é simultâneo, ou seja, há uma ordem 
cronológica entre os objetos. Sendo assim, o primeiro se perde, seguido 
do segundo, ambos por culpa do devedor. Com a perda do primeiro, 
ocorre a concentração ficta no segundo. Se o segundo se perde com 
culpa, a responsabilidade se da pelo equivalente + perdas e danos. 
c) Perda da primeira sem culpa do devedor e da segunda com culpa 
deste: O perecimento não é simultâneo, ou seja, há uma relação 
cronológica entre os objetos. Ante o perecimento do primeiro, há 
concentração ficta no segundo. Ante a perda do segundo por culpa, 
equivalente + perdas e danos. 
d) Perda da primeira com culpa do devedor e da segunda sem culpa: O 
perecimento não é de forma simultânea, ou seja, há uma ordem 
cronológica entre os objetos. Se o primeiro se perdeu, há concentração 
ficta no segundo. Se o segundo se perdeu sem culpa, resolve a obrigação. 
Há uma corrente minoritária que defende que o credor possa exigir o 
equivalente + perdas e danos da primeira que se perdeu com culpa. 
e) Perda de todas as obrigações sem culpa do devedor: O pertencimento 
não é de forma simultânea, ou seja, há uma ordem cronológica entre os 
objetos. Se o primeiro se perdeu sem culpa, há concentração ficta no 
subsistente. Se o subsistente se perdeu sem culpa, resolve a obrigação. 
f) Perda simultânea das obrigações por culpa do devedor: Ambos os 
objetos se perdem ao mesmo tempo por culpa do devedor. Equivalente + 
perdas e danos de qualquer um dos objetos (já que não houve uma 
ordem). 
 
 
Touro Carro de luxo 
 
4 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
g) Perecimento de uma das prestações por culpa do credor: O direito de 
escolha pertence ao devedor, mas o perecimento de uma das prestações 
ocorre por culpa do credor. Não se fala de concentração ficta, pois o 
interesse nesse caso é do devedor. 
A perda de um dos objetos por culpa de sujeito obrigacional diverso do 
titular do direito de escolha devedor. Se o devedor escolher o primeiro 
objeto que se perdeu por culpa do credor, ele considera a obrigação 
cumprida. É possível que o devedor escolha cumprir o segundo objeto e 
exigir o equivalente + perdas e danos do que se perdeu. 
Exemplo: Touro se perdeu. O devedor mantem o direito de escolha em 
relação a ambos os objetos. Se para ele for economicamente vantajoso, 
ele pode cumprir a obrigação do carro, e, por estar cumprindo mais do que 
deveria já que o credor perdeu o touro, ele pode exigir o equivalente +perdas e danos do touro para equilibrar economicamente. 
h) Perecimento de todas as prestações por culpa do credor: Há perda de 
ambos os objetos de forma cronológica. Ocorre que mediante a otimização 
do direito de escolha, ambos os objetos se mantem para fins de 
cumprimento obrigacional. Sendo assim, o devedor pode exigir o 
equivalente + perdas e danos de qualquer um. 
i) Perda de primeira por culpa do devedor e da segunda por culpa do 
credor: As culpas se anulam, razão pela qual há a extinção da obrigação. 
A obrigação não resolve, ela se extingue. 
Direito de escolha do credor: 
a) Impossibilidade de cumprimento de uma das obrigações sem culpa 
do devedor: Ante a perda do primeiro objeto sem culpa, ausência de 
responsabilidade e ausência de otimização do direito do credor, há 
concentração ficta no objeto subsistente. 
b) Impossibilidade de cumprimento de uma das obrigações com culpa 
do devedor: Ante a perda do primeiro objeto com culpa (passa a ser 
traduzido economicamente). Como a perda se deu por sujeito obrigacional 
diverso do titular do direito de escolha, o credor precisa ter seu direito 
otimizado. O credor pode escolher o subsistente (concentração ficta) ou 
exigir o equivalente +perdas e danos do que se perdeu. 
Exemplo: Ou escolhe o carro ou o dinheiro do touro que se perdeu. 
c) Impossibilidade de todas as prestações por culpa do devedor: Como 
o direito de escolha do credor não pode ser violado, ele pode exigir o 
equivalente + perdas e danos de qualquer um dos objetos que seja mais 
vantajoso para ele. 
d) Impossibilidade de todas as obrigações sem culpa do devedor 
(impossibilidade inocente): Resolve a obrigação. 
e) Perecimento de uma das prestações por culpa do credor: O credor 
que não pode ter o seu direito de escolha violado. Ele pode considerar a 
obrigação satisfeita ou exigir o cumprimento do objeto subsistente e 
indenizar o equivalente + perdas e danos do objeto que deu causa ao 
 
5 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
devedor (se não indenizasse estaria impondo ao devedor um ônus maior 
do que a situação pecuniária da obrigação). 
Obrigações facultativas 
Na obrigação facultativa há múltiplos objetos, havendo um principal e 
outro subsidiário, existindo este apenas na ótica do devedor. Ele só será 
cumprido caso o principal não seja possível (ordem de preferência), e somente 
quem tem a faculdade de exigi-lo é o devedor, pois este é feito em prol dele. 
 
 
 
O direito de escolher o subsidiário para fins de cumprimento obrigacional 
é único e exclusivo do devedor. 
Exemplo: Contrato de aluguel se define a conduta de contratar um 
seguro de incêndio. O objeto principal trata-se da entrega em dinheiro. 
Subsidiariamente permite-se a contratação através de seguradora. 
Hipóteses de responsabilidade por ato do devedor: 
a) Perda com culpa do objeto principal: Ante o perecimento do principal, 
cabe ao devedor cumprir ou não o subsidiário para evitar o 
inadimplemento. 
Uma corrente minoritária defende que o credor pode escolher o 
equivalente do principal + perdas e danos. 
b) Perda sem culpa do objeto principal: Resolve a obrigação. Não tem 
lógica abdicar da resolução da obrigação para cumprir o objeto subsidiário. 
Se escolhesse cumprir o subsidiário, estaria cumprindo ambos os objetos. 
c) Perda do objeto subsidiário com ou sem culpa: Pouco importa o que 
acontece com o objeto subsidiário, pois tal fato não influencia no objeto 
principal. O credor nem sabia da existência dele, apenas prejudica o 
devedor, pois ele perde uma das chances. Ele continua com a 
responsabilidade de satisfazer o principal. 
 Conceito Características 
 
Alternativa 
Trata-se da obrigação em que o 
devedor satisfaz um dentre os 
múltiplos objetos ao credor para 
cumprimento obrigacional. 
Os múltiplos objetos são autônomos 
e independentes, ou seja, qualquer 
um pode ser escolhido para fins de 
satisfação obrigacional. 
 
Facultativa 
Trata-se da obrigação em que o 
devedor pode satisfazer a 
obrigação mediante o cumprimento 
do objeto principal ou do 
subsidiário no caso de perda do 
anterior. 
Os múltiplos objetos tem uma 
relação de preferência, causalidade. 
Ou seja, somente se cumpre o 
subsidiário em caso de 
impossibilidade do principal. 
Obrigação facultativa: 
Credor Devedor 
 
6 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 
Exercícios 
1. João contraiu obrigação com José para entregar uma saca de café ou 
alternativamente um touro, ambos de sua propriedade. A saca de café se perdeu 
em razão de um incêndio que atingiu sua fazenda. João pode ainda cumprir a 
obrigação? E se a obrigação fosse facultativa, qual seria a solução? 
Ante a perda de um dos objetos (o primeiro) dentre aqueles dois que são 
principais, autônomos e independentes, não interessa se teve culpa ou não, a 
concentração fica no subsistente (touro), exigindo-o para fins de cumprimento 
obrigacional. 
Se a obrigação fosse facultativa, o touro seria subsidiário, poderia ser cumprido 
para fins de satisfação obrigacional, mas como o objeto principal se perdeu sem 
culpa é mais vantajoso para o devedor que ele ao invés de escolher o subsidiário 
para fins de cumprimento, ele resolva. 
2. Explique sobre a impossibilidade do cumprimento da obrigação por ilicitude 
originária do objeto. 
No caso de impossibilidade do cumprimento da obrigação por ilicitude originária, 
existe um vício na constituição da obrigação, o qual produz efeitos na obrigação 
em si. À vista disso, se um dos objetos obrigacionais possui vício em sua origem, a 
relação obrigacional será prejudicada como um todo, de modo que a obrigação 
será nula. 
3. Acerca das obrigações assinale a opção correta: 
a) Na obrigação de dar coisa incerta, o bem é definido pela qualidade e 
quantidade. 
b) A concentração é instituto aplicável as obrigações de dar coisa incerta, 
alternativa e facultativa. 
c) As obrigações disjuntivas são aquelas que exigem o cumprimento conjunto de 
ambas as obrigações existentes para a satisfação da obrigação. 
d) A única obrigação cujo direito de escolha pertence somente ao devedor é a 
facultativa. 
4. Explique a diferença entre as multiplicidades de objetos das obrigações 
facultativas e alternativas quanto a escolha para o cumprimento. 
A obrigação facultativa é um instituto que se caracteriza por um objeto sendo o 
principal, e o outro, subsidiário; desta forma, este somente é cumprido em caso de 
impossibilidade de cumprimento daquele. Ademais, os sujeitos obrigacionais 
apresentam características diferentes: enquanto o devedor possui esse objeto 
subsidiário como opção, o credor não o apresenta e nem lhe pode exigir, ou seja, 
fica a critério exclusivamente do devedor o cumprimento da obrigação subsidiária. 
Já na obrigação alternativa, os múltiplos objetos existem para ambos os sujeitos e 
são autônomos e independentes, de forma que o indivíduo detentor de direito de 
escolha pode selecionar qualquer um desses objetos presentes na obrigação. 
5. Sobre as obrigações facultativas e obrigações alternativas, é correto afirmar: 
a) Nas obrigações alternativas, assim como nas facultativas, sempre será o 
devedor que irá escolher a coisa a ser entregue. 
 
7 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
b) Enquanto nas obrigações alternativas sempre será o devedor que escolhe 
qual coisa será entregue, nas facultativas a escolha que em regra deveria ser 
feita pelo devedor, poderá ser feita pelo credor se assim ficar estabelecido. 
c) Nas obrigações alternativas e facultativas sempre será o credor que irá 
escolher a coisa a ser entregue. 
d) Tanto nas obrigações alternativas, como nas facultativas, apesar da escolha 
da coisa a ser entregue, em regra, caber ao devedor, poderá ficar estabelecido 
que a opção deverá ser feita pelo credor, em consonância com o princípio da 
autonomia da vontade. 
e) Enquanto nas obrigações alternativas a escolha, emregra, cabe ao devedor, 
podendo ficar definido que tal opção deverá ser feita pelo credor, nas 
facultativas caberá sempre ao devedor escolher, sendo que a coisa somente 
poderá ser substituída por aquela prevista no título. 
6. Nas obrigações alternativas, quando a obrigação for de prestações anuais e 
cabendo a escolha ao devedor, o direito de ação poderá ser exercido: 
a) Somente no primeiro ano. 
b) Em todos os anos, até o término do contrato. 
c) Somente nos anos em que houver a concordância expressa do credor. 
d) Em anos alternados, sendo um ano para o credor, outro ano para o devedor. 
7. No dia 2 de agosto de 2014, Teresa celebrou contrato de compra e venda com 
Carla, com quem se obrigou a entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no 
dia 20 de setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar a 
escolha do bem a ser entregue. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa 
correta. 
a) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de 
escolher qual das prestações entregará a Teresa. 
b) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da obrigação 
entregando 50 computadores ou 50 impressoras, à sua escolha, uma vez que 
o contrato não atribuiu a escolha ao credor. 
c) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar por 
entregar a Carla 25 computadores e 25 impressoras. 
d) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não 
competindo a Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os 
lucros cessantes. 
Obrigação divisível e indivisível 
Sua principal característica é a existência de múltiplos sujeitos, seja no 
polo ativo ou passivo. 
Obrigação divisível é divisível em relação ao bem físico e a conduta. 
Ela é dividida entre os múltiplos sujeitos obrigacionais. Entre um credor e 
devedor específico, há um único vinculo jurídico específico que produz efeitos, 
em regra, somente a estes credores e devedores. A quantidade de vínculos é a 
mesma que a quantidade de sujeitos obrigacionais. 
 
 
8 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Exemplo: Rateio de churrasco, 400 reais. 
 
 
 
 
 
 
Múltiplos vínculos, cada um com correspondência econômica de 100 
reais: 
1. Credor A e Devedor A. 
2. Credor A e Devedor B. 
3. Credor B e Devedor A. 
4. Credor B e Devedor B. 
Criam-se múltiplos vínculos autônomos e independentes tantos quanto 
forem os sujeitos obrigacionais. Pelo fato de serem autônomos, o que ocorre 
em um vinculo não vai produzir efeitos para os demais (somente naquela 
relação direta). 
Obrigação indivisível é representada por um único vinculo por ficção 
jurídica. Os credores são considerados juridicamente como um só, assim como 
os devedores. 
O fracionamento cria múltiplos vínculos diretos, autônomos e 
independentes, entre os sujeitos obrigacionais. 
Exemplo: Compra de um computador de 2000 reais. 
 
 
 
 
O que acontece entre o credor A e o devedor A afeta eventualmente o 
credor B e o devedor B, diferentemente da obrigação divisível. 
Como a obrigação é indivisível, o bem não comporta fracionamento. Se 
o devedor A cumpre a obrigação, o devedor B não vai precisar cumprir 
também, já que há apenas um objeto. O devedor A encerra o vinculo e faz o 
ajuste interno com o B, cobrando deste 1000 reais para equilibrar a obrigação 
dentro do polo dele. Da mesma forma o credor A recebe 2000 e deve dar ao 
credor B a metade. 
É possível que haja mais de um credor e apenas um devedor, 
diferentemente da obrigação divisível que exige mais de um em cada polo. 
Existe um único vinculo por ficção jurídica entre os vários sujeitos 
obrigacionais (considerados como um só), razão pela qual o que ocorre entre 
um credor e um devedor vai afetar os demais sujeitos. 
Credor A Devedor A 
 
 
 
Credor B Devedor B 
Credor A Devedor A 
 
 
Credor B Devedor B 
 
9 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
O credor só pode perdoar a cota parte (uma parte) para um credor 
específico, não podendo perdoar a obrigação como um todo. 
O objeto, por ser indivisível, impõe a necessidade de cumprimento 
integral de obrigação. Após o ajuste externo (realizado entre o polo ativo e o 
polo passivo) se procede ao ajuste interno (dentro do próprio polo). 
 O devedor que cumpre a obrigação, no ajuste interno, se transforma 
em credor. 
 O credor que recebe a obrigação, no ajuste interno, se transforma em 
devedor. 
 
 
 
 
 
 
Considerando que o devedor B satisfez a obrigação, o ajuste interno 
dará: No polo passivo haverá o credor B (devedor B que satisfez a obrigação) e 
o devedor A, e no polo ativo o devedor A e o credor B. 
Enquanto o ajuste externo é realizado pelas regras de indivisibilidade, o 
ajuste interno é realizado pelas regras de divisibilidade (cota parte). 
Para a lei é necessário para a identificação do credor legítimo e do 
pagamento ser considerado válido a chamada caução de ratificação. Trata-se 
do documento idôneo para atestar: 
a) Credor legítimo. Aquele habilitado a receber a prestação em nome 
dos demais. 
b) Anuência dos demais credores quanto ao recebimento da prestação 
por um credor específico. 
c) Garantia ao devedor que está satisfazendo a obrigação para o credor 
legítimo e não será demandado pelos demais para fins de 
cumprimento obrigacional. 
Para que seja cumprida a obrigação indivisível para um dos credores é 
necessário que eles portem esse documento escrito. Se não houver a caução 
de ratificação o pagamento não pode ser realizado, e caso seja, não é válido, 
devendo o polo passivo cumpri-lo novamente (quem paga mal, paga duas 
vezes). 
Se os credores se apresentarem de forma conjunta para o recebimento 
da prestação: 
a) A primeira corrente acredita que não é necessária caução de 
ratificação, pois os credores estão na presença do devedor. 
b) A segunda corrente acredita que a obrigação é cumprida de forma 
integral por imposição do objeto, o cumprimento da obrigação ainda 
exigiria a entrega para um deles de forma específica, razão pela qual 
se exigiria a caução. 
 
Credor A Devedor A 
 
 
Credor B Devedor B 
 
10 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Fontes: 
a) Lei: O Código Civil determina a indivisibilidade da obrigação (conduta 
ou bem físico). Exemplo: Herança, propriedade não pode ser 
fracionada a menor que 126m². 
b) Vontade das partes: A indivisibilidade é imposta pela vontade das 
partes. Exemplo: Doação com cláusula de incomunicabilidade entre 
os cônjuges. 
c) Propriedade do bem físico: A própria substância do bem físico impõe 
a indivisibilidade. Exemplo: Computador, cavalo, relógio. 
d) Pela situação econômica: A indivisibilidade é imposta por razões 
econômicas, ou seja, o fracionamento ocasionará perda econômica 
no bem. Exemplo: Moedas fundidas por reações químicas em navios 
abandonados, não compensava economicamente fracionar. 
e) Razão determinante do negócio jurídico: A obrigação, fora do 
conjunto, seria divisível, mas pelas particularidades da razão 
determinante passa a ser indivisível. É a base fática para a 
ocorrência do negócio jurídico, ou seja, através de um determinado 
acontecimento fático, surge a intenção de praticar determinado 
negócio jurídico. Nesta modalidade de indivisibilidade, uma situação 
fática, determinante ao negócio jurídico, cria uma impossibilidade de 
fracionamento do objeto. Exemplo: Desejo de se tornar um agricultor. 
Pesquisa uma fazenda que possui irrigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 Conceito Requisitos Vinculo jurídico Objeto físico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Divisível 
Trata-se da 
obrigação em 
que se criam 
múltiplos 
vínculosautônomos e 
independentes 
(fracionamento 
do bem físico e 
da conduta) em 
relação aos 
vários sujeitos 
obrigacionais 
existentes. 
Existem 3: 
a) Possibilidade 
de fracionamento 
(conduta e bem 
físico); 
b) Que essas 
frações guardem 
homogeneidade 
em relação ao 
todo; 
c) Que as frações 
guardem 
proporcionalidade 
econômica em 
relação ao todo. 
Exemplo: Se 
dividira obrigação 
em 4 vínculos 
autônomos 
independentes, 
cada um deles 
precisa tem 25% 
do valor total. 
Ante a 
existência de 
múltiplos 
vínculos 
autônomos e 
independentes, 
o que ocorre em 
um vínculo 
produz efeitos 
somente entre o 
credor e o 
devedor 
específico dele, 
não produzindo 
efeitos para os 
demais. 
Duas 
possibilidades: 
a) Bem divisível 
cria obrigação 
divisível, desde 
que haja 
múltiplos sujeito; 
b) Bem indivisível 
cria obrigação 
divisível, desde 
que existam em, 
pelo menos, igual 
quantidade dos 
vínculos 
existentes. 
Exemplo: Quatro 
computadores. 
 
 
 
 
Indivisível 
Trata-se da 
obrigação em 
que há um 
único vínculo 
(ficção jurídica) 
entre os vários 
sujeitos 
obrigacionais 
existentes (que 
são 
considerados 
como um só). 
O critério é o da 
exclusão, ou seja, 
toda obrigação 
que não for 
divisível, será 
indivisível. Se 
não conseguir 
fracionar é 
indivisível. 
Ante a 
existência de 
um único 
vínculo jurídico 
(por ficção) 
entre os vários 
sujeitos 
obrigacionais 
(que também 
são 
considerados 
como um só) o 
que acontece 
entre um credor 
e m devedor vai 
afetar a todos 
os demais 
sujeitos. 
Duas 
possibilidades: 
a) Bem indivisível 
cria obrigação 
indivisível; 
b) Bem divisível 
cria obrigação 
indivisível, desde 
que haja 
singularidade de 
sujeitos 
obrigacionais. 
 
 
 
 
 
12 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Efeitos da divisibilidade e indivisibilidade 
 Perdas e 
danos 
Insolvência 
(quem suporta 
os prejuízos?) 
Remissão 
(perdão do 
crédito) 
Prescrição 
 
 
 
 
Divisível 
Caso haja 
prejuízo em 
determinado 
vínculo, pelo 
fato de serem 
autônomos e 
independentes, 
os efeitos são 
verificados entre 
os sujeitos 
(somente o 
culpado 
responde pelo 
prejuízo). 
Como os vínculos 
são autônomos e 
independentes, 
eventual 
insolvência de um 
dos devedores 
vai afetar tão 
somente o 
credor, que tem 
vínculo direto 
com ele. 
a) Cada credor 
pode perdoar 
somente o valor 
econômico de 
cada vínculo 
individualizado 
com 
determinado 
devedor. 
b) O benefício 
do perdão é 
aquele devedor 
que possui o 
vínculo direto 
com o credor. 
O perdão que 
acontece em um 
vínculo não 
influencia nos 
demais. 
Como os 
vínculos são 
autônomos e 
independentes, 
cada um deles 
tem um prazo 
prescricional 
diverso 
(igualmente 
independente). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indivisível 
Caso a 
obrigação seja 
convertida em 
pecúnia, a 
obrigação se 
transforma em 
divisível, razão 
pela qual 
somente o 
culpado 
responde pelos 
prejuízos. 
Como o vínculo é 
único entre 
credores e 
devedores e 
estes são 
considerados 
como um só, 
aquele devedor 
que cumprir a 
obrigação 
suportará o 
prejuízo da 
insolvência do 
outro devedor. 
Exemplo: 
Devedor A 
cumpriu a 
obrigação e cobra 
1000 reais do 
devedor B. O 
devedor B é 
insolvente, 
portanto o A é 
quem suporta o 
prejuízo. 
a) Como são 
considerados 
como um só 
(unidade de 
vínculo) o 
perdão feito a 
um dos 
devedores não 
afeta a 
obrigação 
principal; 
b) O benefício 
do perdão pode 
ser um devedor 
específico ou 
dado de forma 
geral, no 
entanto, não 
afetará a 
obrigação; 
c) O devedor 
que cumprir a 
obrigação deve 
reclamar o valor 
do perdão. 
Como o vínculo é 
único entre 
credores e 
devedores e 
estes são 
considerados 
como um só, o 
prazo 
prescricional é 
único para todos 
eles. 
 
 
13 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Exercícios 
1. A e B são credores de C, D e E na quantia de 60 mil reais. Pergunta-se: 
a) A pode exigir a integralidade da dívida do devedor C? Não, pois por se tratar 
de obrigação divisível, A pode cobrar somente o valor representado pelo 
vinculo direto de 10mil reais. C possui dividas com A e com B, e deve paga-las 
de maneira separada em cada vinculo. 
b) B pode perdoar metade da dívida (30 mil) em favor de D? Não, na obrigação 
divisível deve haver proporcionalidade econômica das frações em relação ao 
todo. Por esse motivo, a dívida de cada devedor é de 20 mil reais, sendo de 
10 mil em cada vínculo para cada credor. Estes podem perdoar somente o 
valor econômico de cada vínculo individualizado, sem influenciar nos demais. 
Perdoar metade da dívida em favor de D influenciaria no valor dos demais 
vínculos. Portanto, B pode perdoar somente o valor representado pelo vinculo 
direto de 10mil reais. 
c) Qual a solução jurídica para eventual insolvência de D em relação aos 
credores? Como os vínculos são autônomos e independentes, a eventual 
insolvência de D vai afetar tão somente os credores A e B que tem vínculo 
direto com ele, de modo a suportar o valor econômico do vinculo (10 mil). 
2. A e B são credores de C, D e E em relação a um cavalo Manga Larga marchador 
que possui valor de mercado em 120 mil reais. Pergunta-se: 
a) A pode exigir a integralidade da dívida do devedor C? Sim, pois se trata de 
obrigação indivisível e, pela indivisibilidade do objeto, a obrigação precisa ser 
cumprida de forma integral. 
b) Qual a solução jurídica para eventual insolvência de D em relação aos 
credores? Como o vínculo é único entre credores e devedores, os credores 
continuam com o direito de exigir a integralidade da obrigação de qualquer 
devedor, pois o bem não comporta fracionamento. O devedor que cumpre a 
obrigação vai suportar a cota parte do insolvente. 
c) B pode perdoar metade da dívida (60 mil) em favor de D? Não, pois D não tem 
metade da divida de cota parte. B pode perdoar somente o que ele teria de 
vinculo com D (20 mil). Caso o exercício pedisse “B pode perdoar metade da 
dívida (60 mil) em favor dos devedores?”, poderia ocorrer, já que ele é titular 
da metade. 
- O que aconteceria se após o perdão, D fica insolvente? O que os credores 
poderiam exigir dos devedores, e como ficaria o ajuste interno? Os credores 
continuam com o direito de exigir a integralidade da obrigação, no entanto, 
deverão indenizar a cota parte perdoada. 
Caso B pretenda receber de C a obrigação integral, C entregará o cavalo para 
ele e receberá 20 mil. B deverá indenizar integralmente o devedor A com 60 
mil no ajuste interno. 
Caso A pretenda receber de C a obrigação integral, C entregará o cavalo para 
ele e receberá 20 mil. A deverá transferir 40 mil para B no ajuste interno. 
- O que aconteceria se após o perdão, D fica insolvente e A tivesse perdoado 
sua cota parte por condição pessoal a E? Caso A pretende receber de C a 
obrigação integral, C entregará o cavalo para ele e receberá 40 mil (perdão 
 
14 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
dado para D e para E). A deverá indenizar o credor B em 40 mil no ajuste 
interno, que é a cota parte dele. O credor C reterá o 40 mil, cobrará 20 mil 
restante do E e suportará o prejuízo da insolvência do devedor D. 
3. A, B e C são credores de D, E e F em relação a um valor pecuniário de 90 mil 
reais. Pergunta-se: 
a) A pode exigir a integralidade da dívida do devedor F? Não, pois por se tratar de 
obrigação divisível, A pode cobrar somente o valor representado pelo vinculo direto 
de 10mil reais. F possui dividas com A, B e C e deve paga-las de maneira 
separada em cada vinculo. 
b) Qual a solução jurídica para eventual insolvência de D em relação aos credores? 
Como os vínculos são autônomos e independentes, a eventual insolvência de D 
vai afetar tão somente os credores A, B e C que tem vínculo direto com ele, de 
modo a suportar o valor econômico do vinculo (10 mil). 
c) B pode perdoar metade da dívida (45 mil) em favor de D? Não, na obrigação 
divisíveldeve haver proporcionalidade econômica das frações em relação ao todo. 
Por esse motivo, a dívida de cada devedor é de 30 mil reais, sendo de 10 mil em 
cada vínculo para cada credor. Estes podem perdoar somente o valor econômico 
de cada vínculo individualizado, sem influenciar nos demais. Perdoar metade da 
dívida em favor de D influenciaria no valor dos demais vínculos. Portanto, B pode 
perdoar somente o valor representado pelo vinculo direto de 10mil reais. 
- O que aconteceria se após o perdão, D fica insolvente? O que os credores 
poderiam exigir dos devedores, e como ficaria o ajuste interno? Como os 
vínculos são autônomos e independentes, a eventual insolvência de D vai 
afetar tão somente os credores A, B e C que tem vínculo direto com ele, de 
modo a suportar o valor econômico do vinculo (10 mil). Não há ajuste interno 
na obrigação divisível. 
- O que aconteceria se após o perdão, D fica insolvente, A tivesse perdoado 
sua cota parte por condição pessoal a E, e F tivesse falecido deixando dois 
herdeiros? O que cada credor poderia exigir de cada devedor e como ficaria o 
ajuste interno? Como os vínculos são autônomos e independentes, a eventual 
insolvência de D vai afetar tão somente os credores A e C, considerando que 
B já havia perdoado sua parte com D (10 mil). Se A tivesse perdoado sua cota 
parte a E, este continuaria tendo a obrigação de pagar 10 mil para B e C 
separadamente. Se F tivesse falecido, sua obrigação de pagar passa a ser 
dos dois herdeiros, que devem 5 mil reais cada para cada credor. 
 
 
 
 
 
 
15 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Obrigação solidária e in solidum 
 Obrigação solidária Obrigação in solidum 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceito 
 
 
Trata-se da obrigação em que 
cada um dos credores pode exigir 
a integralidade do objeto em 
relação a cada um dos devedores. 
Cada credor é detentor de todo o 
direito do polo ativo. 
Um credor pode perdoar a 
totalidade da obrigação, pois ele é 
titular de todo o direito do polo 
ativo (no ajuste externo “pode 
tudo”), devendo fazer as 
indenizações de cota parte no 
ajuste interno. Pode perdoar além 
de sua cota parte. 
Trata-se da obrigação em 
que cada um dos credores 
pode exigir a integralidade 
do objeto em relação a 
cada um dos devedores. 
Os devedores, em regra, 
possuem qualidades 
jurídicas distintas, ou seja, 
há um devedor principal 
(direto) e um responsável 
(indireto). 
É possível que os 
devedores tenham uma 
diferença de cota parte de 
acordo com a sua 
qualidade (principal ou 
responsável) em relação à 
extensão econômica dos 
seus deveres. 
 
 
Fundamento 
Decorre de lei ou de acordo entre 
as partes (contrato, título 
obrigacional). Não existe por 
presunção ou interpretação. Deve 
ser expressa. 
 
 
Fato ocorrido na 
sociedade. 
 
 
Fenômeno de 
direito material no 
ajuste interno 
Sub-rogação, troca de qualificação 
jurídica de credor para devedor e 
vice-versa. O devedor principal 
que cumpre a obrigação se sub-
roga nos direitos do credor em 
relação aos obrigados (outros 
devedores principais). Não há a 
extinção da obrigação. 
Direito de regresso. Há a 
extinção da obrigação e 
cria uma nova relação 
jurídica entre o 
responsável e o devedor 
principal. Não acompanha 
garantia pois o vinculo se 
extingue. 
 
 
 
 
 
 
 
Instrumento 
processual 
 
 
 
 
 
 
Chamamento ao processo para 
cumprir a obrigação que eles se 
vincularam. Já está definida a 
responsabilidade de quem deve 
cumprir e receber. 
Denunciação à lide, não 
está definida a 
responsabilidade de quem 
deve cumprir e receber. 
Um suposto devedor que 
está sendo demandado 
para ser criada uma 
obrigação contra ele, 
denuncia possíveis 
devedores à lide, para que 
a partir do momento em 
que eles integrarem o 
processo, o juiz consiga 
definir qual é a 
responsabilidade de cada 
um quanto à obrigação 
que será criada. 
 
16 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
A obrigação solidária trata-se da obrigação em que cada credor pode 
exigir a integralidade da obrigação e que cada devedor tenha o dever de 
cumprir a integralidade da obrigação. 
Fundamento/fonte: Lei ou a vontade das partes. A lei diz que cada um 
dos credores tem a totalidade do direito do polo ativo, e que cada um dos 
devedores tem o dever de cumprir o débito do polo passivo. A solidariedade 
não se presume, resulta da lei ou da vontade entre as partes. 
A obrigação solidária não se cumpre de forma integral não pelo fato do 
bem não possuir fracionamento, mas sim, pois a lei define que o credor é o 
titular do direito do polo (por isso não é necessário caução de ratificação na 
solidariedade ativa, qualquer um dos credores pode exigir tudo). 
Pode existir uma solidariedade passiva sem que exista uma ativa, sendo 
necessária caução de ratificação, já ·que o credor não detém todo o direito do 
polo (pois a solidariedade não está no polo ativo). Cada um dos devedores vai 
ter que cumprir a obrigação de forma integral. 
Exemplo: O efeito da solidariedade ativa é que como os credores detêm 
todo o direito do polo, não é necessária a caução de ratificação. 
Finalidade: Facilitar o cumprimento e recebimento da obrigação, tendo 
em vista que não precisa de caução de ratificação ou formalidades para fins de 
cumprimento obrigacional. Vários credores podendo exigir tudo e vários 
devedores podendo cumprir tudo. 
Características: 
 Externamente, por imposição da lei (ficção jurídica) todo 
credor/devedor possui o direito/débito integral do polo. 
 Externamente, por ficção, há um único vínculo entre o polo ativo e 
polo passivo, e por essa razão se cumpre de forma integral. 
 Coexiste com essa ficção de único vinculo relações diretas e 
autônomas entre credores e devedores (possibilidade de qualidade 
de vínculos distintos). O que ocorre nesses vínculos autônomos e 
independentes não afeta a solidariedade, esta sempre vai se manter, 
podendo ocorrer apenas um desfalque econômico. 
 Corresponsabilidade entre os sujeitos obrigacionais, ou seja, tem-se 
o cumprimento integral no ajuste externo, no entanto, há o ajuste 
interno posterior pelas regras da divisibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: A, B e C estavam trafegando com seu veículo pela cidade. D, 
motorista de uma empresa E, controlada pela empresa F, colide no veículo 
ocasionando danos materiais e estéticos e em todos eles. Os credores 
Credores Devedores 
 
A D 
 
B E 
 
C F 
 
17 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
demandam os devedores D, E e F que, por lei, são devedores solidários. 
23/04/2020, prazo de 3 anos e danos de 90 mil reais. 
Qual a natureza do vinculo entre A, B e C e o devedor D? 
Responsabilidade cvil por ato ilícito (devedor principal). 
Qual a natureza do vinculo entre A, B e C e o devedor E e F? 
Responsabilidade por ato de terceiro, não foram elas que praticaram o ilícito de 
forma completa, mas elas vão ser chamadas a responder pelo dano 
ocasionado pelo devedor principal. 
Credor A notifica o devedor D no dia 23/05/2020. O prazo prescricional 
seria em 22/05/2023. 
Em regra a solidariedade não se desfaz, somente pode ocorrer um 
desfalque econômico na obrigação. 
Espécies: 
a) Ativa: A solidariedade é aquela entre os credores. Significa dizer que 
qualquer credor pode exigir a integralidade da obrigação, pois cada 
um deles, por imposição da lei, detém todo o direito do polo. A 
solidariedade ativa impõe um raciocínio de otimização dos direitos 
dos credores. 
A doutrina majoritária entende que não há hipótese de solidariedade 
ativa no ordenamento jurídico brasileiro. A doutrina minoritária 
entende que conta conjunta e a Lei 209/48, art. 12º são hipóteses de 
solidariedade ativa. 
b) Passiva:A solidariedade é aquele entre os devedores. Significa dizer 
que qualquer devedor será demandado para cumprimento integral da 
obrigação, pois cada um deles, por imposição da lei, detém todo o 
débito do polo. A solidariedade passiva impões uma otimização dos 
direitos dos devedores. 
Exemplo: Pais em relação aos atos dos filhos, empresa por atos do 
empregado. 
c) Mista: A solidariedade é verificada em ambos os polos. Existe um 
conflito entre regras de otimização. 
Efeitos: 
Não há previsão no Código quanto a questão da conversão em perdas e 
danos na solidariedade mista, mas há duas possíveis correntes. 
 Prevalece a solidariedade ativa, pois o ordenamento protege o 
crédito, sendo assim, os credores, quanto a otimização de seu direito 
podem exigir a obrigação integral (principal + perdas e danos). 
 Prevalece a solidariedade passiva, pois o ordenamento prestigia a 
menor onerosidade ao devedor e também por possuir regras que 
responsabilizam somente o culpado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 
 
 
 
 Remissão (ato de 
perdão pelo 
credor) 
Morte Conversão em 
perdas e danos 
Insolvência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ativa 
- É permitida a 
remissão total 
por qualquer um 
dos credores, já 
que ele detém 
todo o direito do 
polo. 
- Se o credor 
realizar perdão 
direto para um 
devedor em 
relação a sua 
cota parte 
específica, esse 
devedor sai da 
solidariedade, e a 
obrigação 
permanece em 
relação aos 
demais com o 
abatimento desta 
cota parte. 
Exemplo: 
Devedores 
devem 90 mil 
reais. Se A faz 
perdão de cota 
parte específica e 
pessoal ao 
devedor E de 30 
mil reais, o 
devedor E é 
retirado da 
solidariedade e a 
obrigação é 
mantida em 
relação aos 
devedores D e F 
e os credores A, 
B e C, em 
relação a 60 mil 
reais. 
Em caso de 
morte do credor 
solidário, a 
solidariedade se 
mantém caso 
esteja na fase do 
espólio ou que, 
encerrado o 
espólio (formal de 
partilha), os 
herdeiros estejam 
atuando em 
conjunto. Se 
estiverem 
atuando 
separado, a 
solidariedade 
para estes 
herdeiros se 
desfaz e passa a 
ser regida pelas 
regras da 
divisibilidade ou 
indivisibilidade. 
Exemplo: 
Devedores 
devem 90 mil 
reais. Se C morre 
e deixa dois 
herdeiros e estes 
estiverem em 
espólio ou ainda 
que 
individualizados 
atuando em 
conjunto, eles se 
manterão na 
solidariedade 
como se fossem 
o C. Caso atuem 
separados, a 
obrigação se 
torna divisível, 
mas mantendo a 
solidariedade 
entre A e B e os 
demais credores. 
Caso haja 
conversão em 
perdas e danos, 
cada credor por 
possuir todo o 
direito do polo 
pode exigir de 
qualquer um 
dos devedores a 
totalidade da 
obrigação + 
perdas e danos, 
inclusive do 
inocente. 
Exemplo: 
Devedor E 
ocasiona 
descumprimento 
obrigacional e 
gerou perdas e 
danos de 25 mil. 
Qualquer um 
dos devedores 
pode exigir 115 
mil (90 mil + 25 
mil) de qualquer 
devedor, já que 
eles detém todo 
o direito do polo. 
Em caso de 
insolvência, o 
devedor que 
cumprir a 
integralidade 
da obrigação 
suportará o 
prejuízo da 
cota parte do 
insolvente. 
Exemplo: E fica 
insolvente. Os 
credores 
poderão exigir 
90 mil de 
qualquer um 
dos devedores. 
D cumpriu a 
obrigação, 
satisfez o 
ajuste externo 
entregando 90 
mil. No ajuste 
interno ele 
cobra 30 mil de 
cada um dos 
devedores e 
suporta o 
prejuízo de E 
sozinho. 
 
19 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
 
 
 
 
 Remissão (ato de 
perdão pelo 
credor) 
 
Morte 
Conversão em 
perdas e danos 
 
Insolvência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passiva 
Como não há 
solidariedade 
ativa, cada 
credor somente 
pode perdoar a 
sua cota parte 
específica do 
vinculo, pois não 
detém todo o 
direito do polo. 
Não haverá 
retirada da 
solidariedade, no 
entanto, haverá 
abatimento da 
cota parte do 
valor integral 
daquele devedor 
específico. 
Em caso de 
morte do devedor 
solidário, a 
solidariedade se 
mantém caso 
esteja na fase do 
espólio ou que, 
encerrado o 
espólio (formal de 
partilha), os 
herdeiros estejam 
atuando em 
conjunto. Se 
estiverem 
atuando 
separado, a 
solidariedade 
para estes 
herdeiros se 
desfaz e passa a 
ser regida pelas 
regras da 
divisibilidade ou 
indivisibilidade. 
Exemplo: 
Devedores 
devem 90 mil 
reais. Se C morre 
e deixa dois 
herdeiros e estes 
estiverem em 
espólio ou ainda 
que 
individualizados 
atuando em 
conjunto, eles se 
manterão na 
solidariedade 
como se fossem 
o C. Caso atuem 
separados, a 
obrigação se 
torna divisível, 
mas mantendo a 
solidariedade 
entre A e B e os 
demais credores. 
Caso haja 
conversão em 
perdas e danos, 
ante as regras 
de proteção dos 
devedores, os 
credores podem 
exigir de 
qualquer um 
dos devedores a 
totalidade da 
obrigação, no 
entanto as 
perdas e danos 
somente do 
devedor 
culpado. 
Exemplo: 
Devedor E 
ocasiona 
descumprimento 
obrigacional e 
gerou prejuízo 
de 25 mil. Os 
credores podem 
exigir 90 mil de 
qualquer um 
dos devedores, 
mas os 25 mil 
reais de perdas 
e danos só 
podem ser 
cobrados do E. 
Em caso de 
insolvência, 
ante as regras 
de proteção 
dos devedores, 
após o ajuste 
externo, há 
rateio de cota 
parte do 
insolvente 
entre os 
devedores. 
Exemplo: E fica 
insolvente. Os 
credores 
poderão exigir 
90 mil de 
qualquer um 
dos devedores. 
D cumpriu a 
obrigação, 
satisfez o 
ajuste externo 
entregando 90 
mil. No ajuste 
interno ele 
cobra 30 mil de 
cada um dos 
devedores e 
divide o 
prejuízo de E 
com F, 
exigindo dele 
mais 15 mil 
(metade de 30 
mil). Há o 
aumento da 
cota parte. 
 
20 Bianca Marinelli – Direito Civil III – 3º termo 
Outros efeitos da solidariedade ativa: 
 Pagamento parcial do débito: Em regra a obrigação deve ser cumprida de 
forma integral, mas é possível que seja feito de forma parcial. 
Exemplo: Devedores devem 90 mil reais. Devedor D realiza o pagamento 
de 20 mil reais para o credor C. A solidariedade se mantém mesmo com o 
pagamento parcial? Sim, se mantém em relação aos três, mas somente em 
relação ao montante de 70 mil. 
 Julgamento favorável ou contrário a um dos credores solidários (art. 274). 
Não atinge os demais devido à otimização do direito do polo, (um não pode 
ser prejudicado por ato do outro) e à independência dos vínculos. 
Exemplo: Devedores devem 90 mil reais. Devedor F ingressa com uma 
ação de reconhecimento de nulidade relativa por vício de consentimento 
contra o credor B. O juiz julga favorável no sentido de determinar que houve 
coação (F é retirado da solidariedade em relação a B). Esse julgamento 
desfavorável prejudica os demais credores (F deixa de ser devedor em 
relação aos demais credores)? Não, isso foi uma questão de vinculo direto. 
Como a solidariedade ativa se presta a otimizar os direitos do polo ativo, 
somente prejudica o credor que atuou com o vício. Segundo fundamentação 
independência dos vínculos. 
O julgamento favorável ou contrário a um dos credores solidários pode 
atingir os demais a menos que se funde em relação pessoal ao credor que 
o obteve. 
Exemplo: Credor A demanda o devedor E, que alega prescrição do direito 
de cobrança, pois já se passaram mais de 3 anos. O juiz reconhece que a 
obrigação não está prescrita pelo fato do credor ser incapaz, e não correr o 
prazo prescricional contra ele. Dentre os 3 credores apenas o A era incapaz 
e possuía o benefício. Esse benefício do julgamento pode ser aproveitado 
pelos demais? Não, pois só não aconteceu a prescrição por exceção 
pessoal. Caso fosse por questão comum poderia aproveitar. 
 
Outros efeitos da solidariedade passiva: 
 Obrigação adicional pactuada: 
Exemplo: Devedores devem 90 mil. Devedor F realiza com o credor B uma 
obrigação adicional quanto à incidência de uma multa mais severa por 
descumprimento obrigacional. Os demais devedores estão vinculados a 
essa obrigação adicional? Não, pois as regras da obrigação da 
solidariedadepassiva são para proteção dos devedores. Ninguém deve ser 
punido por algo que não se vinculou. Seus direitos devem ser otimizados, 
exceto se concordaram. Além disso, multa é perdas e danos, portanto só 
responde aquele que fixou a obrigação adicional. Se fosse na obrigação da 
solidariedade ativa todos os devedores responderiam por ela. 
 Exceções pessoais e comuns: Matérias de defesa que todos os devedores 
podem utilizar. 
As matérias de defesa comuns aproveitam a todos os devedores (se 
comunica) e são aquelas próprias da obrigação em si, e podem ser 
utilizadas por qualquer devedor para tentar desconfigurar a obrigação como 
um todo. Exemplo: Pagamento, prescrição, decadência. 
 
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As matérias de defesa personalíssimas somente um devedor tem como 
maneira de defesa, os demais não podem aproveitar, não se comunica. 
 Renúncia da solidariedade: O que se está a renunciar é o regime jurídico da 
obrigação solidária, não a obrigação em si. 
Exemplo: O credor B realiza renúncia à solidariedade em relação aos 
devedores E e F (agora a obrigação é divisível por cota parte). D se 
mantém na solidariedade passiva em relação ao restante pela cota parte 
remanescente (abatimento de valor econômico para continuar com a 
solidariedade). 
 Pagamento total por responsável: O devedor principal realiza o pagamento 
e no ajuste interno cobra a cota parte dos demais. Se um dos devedores é 
um responsável que não é o devedor principal, quando ele cumpre a 
obrigação ele se sub-roga no valor total, não em cota parte. No ajuste 
interno ele cobra tudo o que ele pagou. 
 
Exercícios 
1. A, B e C são credores solidários de D, E e F devedores solidários (solidariedade 
mista) em relação a um valor pecuniário de 90.000 (noventa mil reais). Pergunta-
se: 
a) A pode exigir a integralidade da dívida do devedor F? Sim, pois cada um dos 
credores, por imposição da lei, detém todo o direito do polo. O credor A detém 
todo o direito do polo e, portanto, pode exigir a integralidade da obrigação do 
devedor F. 
b) Qual a solução jurídica para eventual insolvência de D em relação aos 
credores? Aos credores não seriam afetados quanto ao cumprimento da 
obrigação ante a insolvência do devedor D, pois poderiam exigir a integralidade 
da obrigação de qualquer um dos demais devedores (E e F). 
Entre os devedores, no ajuste interno, haverá rateio de cota parte entre os 
demais devedores solventes, razão pela qual a cota parte de cada um passa a 
ser 45 mil reais. 
Os credores podem exigir o cumprimento da obrigação de qualquer um dos 
devedores solventes, suportando aquele que cumprir, a insolvência do devedor 
D. Os credores, podem exigir o cumprimento da obrigação de qualquer um dos 
devedores solventes. Neste caso, devedor que cumprir a obrigação pode exigir 
a metade da cota da parte do insolvente para o outro devedor (rateio de cota 
parte). 
c) B pode perdoar metade da dívida (45.000) em favor de D? Como se trata de 
perdão direto e pessoal, somente pode atingir o valor da cota parte, 
razão pela qual o montante do perdão somente pode ser feito no valor 
de 30 mil reais. 
- O que aconteceria se após o perdão, D fica insolvente? O que os credores 
poderiam exigir dos devedores, e como ficaria o ajuste interno? Como o 
devedor D após o perdão se torna insolvente, ele é retirado da solidariedade e 
a obrigação se mantem para os demais com o abatimento do valor desse 
perdão, razão pela qual continuam obrigadas em solidariedade pelo valor de 60 
mil reais. No ajuste interno, o devedor que cumpre a obrigação da integralidade 
 
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poderá exigir 30 mil reais do outro devedor (remanescente) referente à sua 
cota parte. No ajuste interno entre os credores, o credor B que realizou o 
perdão não obteria nenhum valor a título de cota parte. 
- O que aconteceria se após o perdão, D fica insolvente e A tivesse perdoado 
sua cota parte por condição pessoal a E e F tivesse falecido deixando dois 
herdeiros? O que cada credor poderia exigir de cada devedor e como ficaria o 
ajuste interno? Como o devedor D foi retirado da solidariedade e o credor A fez 
perdão pessoal para E, este também sai da solidariedade. Como F faleceu 
deixando dois herdeiros, tem-se: Se os herdeiros estão atuando como espólio, 
continuam devedores solidários no importe de 30 mil, e se os herdeiros estão 
atuando em separado, são devedores de obrigação divisível (5 mil por vínculo 
direto). 
2. Luís e Jonathan são devedores solidários de Chico e José credores solidários na 
entrega de uma quantia em dinheiro no valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil 
reais). Pergunta-se: 
a) O que José pode exigir de Luís? Fundamente. Como há solidariedade ativa e 
cada credor é detentor de todo o direito do polo, José pode exigir integralidade 
de obrigação de Luís, ou seja, o valor de 800 mil reais. 
b) Considerando que Jonathan tenha dado causa ao descumprimento da 
obrigação e causado prejuízo a somente Chico no valor de R$ 100.000,00 
reais, o que José pode exigir de Luís? Ante a prevalência das regras da 
solidariedade ativa, cada credor detém todo o direito do polo, que consiste em 
o valor da obrigação + perdas e danos, totalizando o valor de 900 mil reais. 
Sendo assim, José pode exigir de Luís o valor de 900 mil reais. 
Ante a prevalência da solidariedade passiva, somente responde pelas perdas e 
danos o devedor culpado, razão pela qual José somente poderá cobrar de Luís 
a própria obrigação de 800 mil reais. 
c) Considerando que Jonathan tenha dado causa ao descumprimento da 
obrigação e causado prejuízo a somente Chico no valor de R$ 100.000,00 
reais, e que venha a falecer, deixando 2 herdeiros, o que Chico pode exigir de 
cada um deles? Caso os herdeiros estejam atuando em conjunto, mantem-se 
solidariedade e, ante a prevalência das regras da solidariedade ativa, cada 
credor detém todo o direito do polo que no caso consiste em obrigação + 
perdas e danos, totalizando o valor de 900 mil reais. Sendo assim, Chico pode 
exigir de cada herdeiro este valor. 
Caso os herdeiros estejam atuando em separado, a obrigação passa a ser 
regida pelas regras da divisibilidade, razão pela qual cada herdeiro tem vinculo 
direto com valor de 150 mil reais para com Chico. 
d) Considerando que Luís e Jonathan tenham dado causa ao descumprimento da 
obrigação e causado prejuízo a Chico e José no valor de R$ 100.000,00 reais e 
que Luís venha a falecer, deixando 2 herdeiros, e que José também venha a 
falecer deixando igualmente 2 herdeiros, o que cada herdeiro de José poderá 
exigir de cada herdeiro de Luís (discriminar em valores)? Qual será o ajuste 
interno da relação entre os devedores se Jonathan pagar tudo a Chico 
(discriminar em valores)? Se os herdeiros estiverem atuando em conjunto, a 
solidariedade se mantém, razão pela qual pode ser cobrado o valor integral da 
obrigação + perdas e danos, ou seja, o valor de 900 mil reais. 
Se os herdeiros estiverem em separado, a obrigação passa a ser regida pelas 
regras da divisibilidade, razão pela qual cada herdeiro de José pode exigir de 
cada herdeiro de Luís o valor de 56,25 mil reais. 
 
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3. Explique a característica da independência dos vínculos na obrigação solidária e 
dê exemplos de como ela afeta a relação entre credores ou devedores. A 
independência dos vínculos na obrigação solidária se dá pelo ajuste interno, em 
que cada credor solidário recebe sua quota parte e cada devedor solidário paga 
sua quota parte, mesmo que haja a ficção jurídica da unidade dos vínculos pela 
solidariedade, pois o ajuste interno é regido pelas regras da divisibilidade, de forma 
que cada um é responsável pelo seu vínculo com os demais. Assim, por exemplo, 
no caso de prejuízo aos credores por parte de um dos devedores em uma 
obrigação solidária mista mesmo que qualquer dos credores possam exigir a 
integralidade da obrigação, eles somente poderão exigir o prejuízo daqueledevedor responsável por ele (por conta da proteção da menor onerosidade do 
devedor); ademais, caso um dos devedores assuma obrigação adicional posterior, 
somente dele poderá ser exigida pelos credores, pois se os outros devedores não 
concordarem, não terão obrigação nenhuma de se responsabilizar por tal ônus (já 
que é um fator adicional posterior ao firmamento da obrigação inicial). 
4. Explique como se dá o ajuste externo da obrigação solidária e o ajuste interno nos 
polos considerando a situação da conversão da obrigação em perdas e danos. Em 
caso de solidariedade ativa, qualquer dos credores poderá cobrar o valor integral 
somado as perdas e danos de qualquer dos devedores, pois a lei confere direito 
total do polo a qualquer um dos credores. Na solidariedade passiva, por conta da 
proteção dos devedores pela solidariedade, somente o devedor culpado se 
responsabilizaria por essas perdas e danos, de forma que os demais devedores se 
responsabilizam somente pelo valor da obrigação. 
Por fim, na análise da solidariedade mista, tem-se duas correntes acerca da 
conversão em perdas e danos: uma, que preconiza a solidariedade passiva dentro 
da obrigação, fundamentada na proteção do crédito pelo ordenamento jurídico, 
confere o direito de qualquer credor cobrar de qualquer devedor o valor total da 
obrigação somado às perdas e danos; e a segunda, na qual prevalece a 
solidariedade passiva – seguindo o princípio da menor onerosidade do devedor –, 
os credores prejudicados poderiam cobrar o valor das perdas e danos somente do 
devedor culpado, pois os outros devedores não teriam responsabilidade sobre 
esse prejuízo – somente ao valor da obrigação. 
No ajuste interno se for o devedor culpado que pagou, ele só se sub-roga na cota 
parte; se for o devedor não culpado que pagou, ele se sub-roga na cota parte 
quanto no valor das perdas e danos. Já no ajuste interno dos credores, se o credor 
que não suportou o prejuízo que recebeu ele passa a cota parte + prejuízo do 
outro.

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