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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 1 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com SUMÁRIO INTODUÇÃO .................................................................................... 2 1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS ................. 3 2. AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS 8 3. DIREITOS HUMANOS E RESPONSABILIDADE DO ESTADO 15 4. DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 19 5. INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................................... 22 6. POLÍTICA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ... 28 7. PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 29 8. GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS .................. 36 9. AS TRÊS VERTENTES DA PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA ....................................... 38 9.3 DIREITO DOS REFUGIADOS .............................................. 40 10. A CONSTITUIÇÃO BRASI- LEIRA E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREI- TOS HUMANOS .............................. 41 11. APLICAÇÕES DA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA A TEMAS E PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA ............................................................................................ 45 12. PRÁTICAS JUDICIÁRIAS E POLICIAIS NO ESPAÇO PÚBLICO 51 13. ADMINISTRAÇÃO INSTITU- CIONAL DE CONFLITOS NO ESPAÇO PÚBLICO .................................................. 54 14. ORIENTAÇÕES FINAIS ................................................... 57 15. QUESTÕES ......................................................................... 58 Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 2 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com INTRODUÇÃO Olá, futuros policiais! Quem escreve aqui é o Luís Krieger, um dos colaboradores do Quebrando as Bancas e Policial Rodoviário Federal aprovado no concurso de 2013. Sou formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, além da PRF, também fui aprovado em alguns outros concursos, como Analista do MPU, Capitão da PM/RS, Oficial do Exército – Quadro Complementar e Técnico do Superior Tribunal Militar. Mas vamos ao que importa: Nosso objetivo é esgotar o edital e gabaritar, juntos, a prova da PRF. Para que o estudo funcione e você tenha êxito no concurso, você deve seguir algumas regras: 1 – Leia essa apostila com atenção mais de uma vez. 2 – Para cada hora de estudo, separe 10 min de revisão no dia seguinte. Depois de uma semana, revise novamente o conteúdo, por 05 min. Repita a revisão 30 dias depois. Por fim, perto da prova, dê mais uma boa revisada. 3 – Além de estudar toda esta apostila, leia o material complementar que disponibilizamos para você. 4 – Faça testes até cansar! Seguindo as regras acima, seu sucesso será certo, amigo! Antes de ir para o primeiro tópico, assista a este vídeo para inspirar seus estudos: Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com https://www.youtube.com/watch?v=uCnIKEOtbfc 3 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 1.1 CONCEITO Os Direitos Humanos (DH) podem ser definidos como os direitos indispensáveis para que se tenha uma vida digna. São direitos básicos que todas pessoas possuem (ou deveriam possuir), como: igualdade, direito à vida, liberdade e segurança pessoal. Importante dizer que não há uma lista fechada de quais são os Direitos Humanos. Se hoje o acesso à internet pode ainda não ser considerado um DH, no futuro poderá ser um bem tão essencial quanto a água que bebemos. Sobre os DH’s é importante que você saiba de suas principais características: Os direitos humanos possuem universalidade, ou seja, são direitos de todos humanos, pouco importando a nacionalidade, orientação sexual, opção política etc. Todavia, nem sempre foi assim. Basta lembrar o ocorrido durante o nazismo. A Declaração Universal de 1948 é o marco da universalidade dos Direitos Humanos, consagrando no art. 1º que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Além disso, os direitos humanos possuem a característica da indivisibilidade. Significa que todos os DH’s possuem a mesma proteção jurídica, pois todos são importantes e, juntos, formam o conjunto de direitos humanos, os quais devem ser promovidos por completo, e não isoladamente. Além disso, os direitos humanos gozam das características de imprescritibilidade, inalienabilidade e indisponibilidade. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 4 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com A imprescritibilidade implica no reconhecimento de que os direitos humanos sempre possuem valor, não importando quanto tempo se passe. Além disso, os direitos humanos não podem ser vendidos, não possuindo valor pecuniário. Por isso, são inalienáveis. Por fim, os direitos humanos são indisponíveis, ou seja, não podem ser renunciados, mesmo que o titular dos direitos queira renunciar. 1.2 TERMINOLOGIA “Direitos Humanos” é uma expressão que recebeu muitas críticas no passado pela redundância. Afinal, só o ser humano é titular de direitos, logo todo direito seria humano. Por isso, diversas outras expressões foram criadas: direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais, liberdades públicas, direitos fundamentais e direitos humanos fundamentais. Todavia, de forma clássica, ainda se utiliza a expressão direitos humanos. Direitos Fundamentais (DF) x Direitos Humanos (DH) Muitos distinguem os DH’s dos DF’s do seguinte modo: os direitos fundamentais seriam aqueles positivados, ou seja, escritos em uma Constituição ou Lei; já os direitos humanos seriam aqueles reconhecidos no plano internacional, mesmo sem estarem escritos. Portanto, os DH’s englobam os DF’s. Direitos Humanos Plano Internacional Direitos Fundametais São DH positivados em uma Constituição interna de um Estado Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 5 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Podemos afirmar que os DF’s são os DH’s reconhecidos por um Estado e positivados em uma Constituição. 1.3 ESTRUTURA NORMATIVA Os Direitos humanos possuem uma estrutura normativa variada. Muitas vezes um DH pode significar apenas um não fazer do Estado, como no caso da liberdade. Outras vezes, ao revés, pode significar um fazer do Estado, como no caso da Segurança Pública. Vamos analisar brevemente as possíveis estruturas dos DH’s: Direito-pretensão Significa que uma pessoa tem direito a algo e outrem tem o dever de prestar. Ex.: o direito à educação faz nascer o dever de o Estado prestar a educação. Direito-liberdade Significa não ser privado de suas escolhas individuais, implicando em uma abstenção de outrem. Ex.: liberdade de religião. Direito-poder Uma pessoa, em determina situação, tem um poder em relação a outrem. Ex.: O preso tem o direito-poder de ser defendido por um advogado. Direito-imunidade Significa que uma pessoa tem uma autorização de não sofrer de qualquer modo com determinada ação. Ex.: toda pessoa é imune à prisão, a não ser no caso de flagrante delito ou de ordem escrita e fundamentada de um juiz. 1.4 FUNDAMENTAÇÃO Quando falamos em fundamentação de alguma coisa, estamos querendo saber dos pilares que sustentam tal coisa. Assim como o fundamento de um prédio, os Direitos Humanos também possuem suas estruturas de sustentação. Tais estruturas buscam nos Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 6 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.comdar um motivo do porquê os DH devem ser respeitados por todos. Não fossem esses “motivos”, ninguém respeitaria os Direitos Humanos. Duas correntes de pensamentos buscam fundamentar os Direitos Humanos, ou seja, demonstrar o motivo pelo qual devemos reconhecer e obedecer aos DH’s: corrente Jusnaturalista e corrente Positivista. O fundamento Jusnaturalista Defende que mesmo antes do homem criar leis e textos formais já existiria um conjunto de normas universais com poder vinculante superior às regras fixadas pelo Estado (Direito Posto). Na Idade Média, São Tomás de Aquino, expondo as ideias religiosas de Jusnaturalismo, dizia: as leis humanas devem obedecer às leis naturais, as quais são fruto da razão divina. Além dos religiosos, os contratualistas também defendiam o Jusnaturalismo. Para eles, a supremacia dos Direitos Humanos é fundada em um contrato social realizado entre a comunidade e o Estado, limitando este. Tal contrato não nasce de regras escritas pelos homens, mas de um direito preexistente e atemporal derivado da natureza do homem. Seja para os naturalistas ou para os contratualistas, o Jusnaturalismo firma-se na ideia de um direito preexistente às normas produzidas pelo homem. Vamos, então, resumir: os Direitos Humanos são regras anteriores e que se sobrepõem às regras criadas pelos homens. O fundamento Positivista Para os positivistas, tudo que é importante deve ser escrito em uma lei, tratado ou Constituição. Deve haver uma hierarquia entre as leis, sendo que no topo estaria a Constituição. Assim, os DH’s foram inseridos nas constituições, obtendo uma superioridade. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 7 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Sendo assim, para os positivistas o fundamento dos direitos humanos, que faz com que eles sejam obedecidos e respeitados, reside no fato de ele ter uma validade formal, estando previsto no ordenamento jurídico, como em leis, tratados, constituição, etc. A visão utilitarista e comunista Embora seja menos provável de aparecerem na prova da PRF, devemos ainda dar uma espiada nas teorias utilitaristas e comunistas de fundamentação dos Direitos Humanos. Para os utilitaristas, os DH’s serão respeitados e obedecidos se os cidadãos receberem uma vantagem por conta disso. Para eles, a comunidade cumpre as regras visando vantagens e utilidades, e não por espontaneidade. De outro lado, para o pensamento socialista e comunista, os direitos humanos são reconhecidos em abstrato, sem levar em consideração os meios de implementação desses dispositivos. Na realidade, os DH’s não resolveriam os problemas reais. A solução passava por uma luta de classes, com o fim do capitalismo, onde o homem não seria mais o opressor do próprio homem. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 8 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 2. AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS 2.1 A ANTIGUIDADE ORIENTAL E O ESBOÇO DA CONSTRUÇÃO DE DIREITOS Foram criados nesse período códigos de comportamentos baseados no amor e respeito ao próximo. Alguns pensadores da época podem ser citados: Buda, Confúcio e Zaratrustra. De outro lado, algumas codificações normativas também foram criadas, como a Codificação de Menes, no Antigo Egito, e o Código de Hammurabi, na Babilônia. Tais codificações criam esboços de direitos individuais, como direito à vida, propriedade e honra. 2.2 GRÉCIA E DEMOCRACIA ATENIENSE A Grécia tem importante papel na promoção dos DH em relação aos direitos políticos: a democracia ateniense adotou a participação política dos cidadãos. Além disso, na sua obra A República, Platão trouxe a ideia de igualdade e a noção de bem comum - preceitos alinhados com as ideias de DH’s. 2.3 A REPÚBLICA ROMANA Roma deixou para Humanidade a Lei das Doze Tábuas, buscando controlar os arbítrios do soberano. De outro lado, O Direito Romano trouxe ainda a consagração de diversos direitos, como: propriedade, liberdade e personalidade jurídica. Além disso, Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 9 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com tivemos a consolidação do princípio da legalidade, o qual buscava defender o cidadão dos abusos e promover o bem comum. 2.4 A INFLUÊNCIA DA IGREJA A Bula Sublimis Deus, de Paulo III (1537), é lembrada como uma importante intervenção da Igreja na promoção dos DH’s ao condenar a escravidão. Outra importante manifestação religiosa em prol dos DH’s foi o Édito de Nantes (Henrique IV) estabelecendo tolerância religiosa e colocando fim na guerra entre católicos e protestantes. 2.5 A CRISE DA IDADE MÉDIA E O SURGIMENDO DA IDADE MODERNA Na Idade Média, podemos citar a Magna Carta Inglesa de 1215, a qual consistiu em um catálogo de direitos dos indivíduos contra o Estado – época do Rei João Sem Terra. Após o renascimento, surgiram os Estados Nacionais europeus. Na Idade Moderna, surge a “Bill of Rights” (1689). Em síntese, essa carta consagrava a ideia de redução do poder dos reis ingleses de forma definitiva. 2.6 MUNDO CONTEMPORÂNEO Os Direitos Humanos, como os conhecemos hoje, surgiram na reconstrução da sociedade ocidental ao final da segunda Guerra Mundial. O sistema global nasce em 1945, com a criação da ONU, que é a sucessora da Liga das Nações, a partir da Carta das Nações Unidas. Portanto, a Carta das Nações inaugurou o sistema global de proteção aos Direitos Humanos. Pela primeira na história as Nações Unidas firmaram um tratado com o objetivo de favorecer a proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais para Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 10 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião (art. 1º, III; 13, § 1º, b; 55, c; 56; 62; 68; 72, c). Importante: a Carta da ONU não define o que são os direitos humanos e liberdades fundamentais. Por isso, foi necessária a criação de outros documentos. Em 10/12/1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada, complementando a Carta das Nações Unias. O sistema global tem quatro instrumentos: 1) Carta da ONU; 2) DUDH; 3) DIDCP; 4) DINESC. Além do sistema global, há também sistemas regionais de proteção aos Direitos Humanos, como o Pacto de São José da Costa Rica, para as “Américas”. Alguns documentos internacionais são importantes para nosso estudo, pois podem ser cobrados no concurso da PRF: 2.6.1 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Amigo futuro policial, o tema da DUDH é muuuuito importante em concurso público. Normalmente as questão são centradas na leitura do texto “seco” da Declaração, mas questões teóricos também podem ser cobradas. Por isso, apresentarei aqui um estudo teórico da DUDH e você fica obrigado a fazer a leitura fria do texto da Declaração (disponível no material complementar). Conforme já falado, após os diversos crimes e atrocidades ocorridos contra a humanidade, após a 2ª Guerra Mundial entendeu-se necessária a reconstrução dos Direitos Humanos. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 11 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Nesse sentido, afirmou o CESPE em concurso do DEPEN em 2015: “Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 1948 (Resolução 217–A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo o mundoapós duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. ” A DUDH, sob um prisma estritamente legalista, não apresenta força jurídica obrigatória e vinculante. Todavia, pelo fato da DUDH não obrigar seu cumprimento, já que é apenas uma recomendação, foram elaborados tratados que passavam a incorporar os direitos constantes da Declaração: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Portanto, a DUDH, por si só, não é vinculante e nem traz um rol de órgãos que fiscalizem e exijam seu cumprimento, pois é uma mera “recomendação”. Todavia, a partir da DUDH foram criados tratados que tornaram obrigatórios o cumprimento de direitos que foram extraídos da DUDH. Características da Declaração Universal: Faz parte do Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos. A declaração não apresenta um rol fechado de direitos, podendo ser ampliado. Fundamenta-se na ideia de que todos nascem iguais em dignidade e direitos. Orienta-se pelos princípios da universalidade, igualdade e não-discriminação. Não trata da pena de morte. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 12 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Os exercícios de direitos não podem justificar a violação dos direitos de outrem. Fique ligado! O CESPE gosta bastante de cobrar esse dispositivo da DUDH: Artigo XXVI Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será́ obrigatória. A instrução técnico- prossional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. 2.6.2 Pacto de São José da Costa Rica A Convenção Americana de Direitos Humanos, também chamada de Pacto de San José da Costa Rica, foi assinada em 22 de novembro de 1969, na cidade de San José, na Costa Rica, e ratificado pelo Brasil em setembro de 1992. Faz parte do sistema regional de proteção dos Direitos Humanos, englobando as américas. Tem como escopo buscar entre os países americanos a consolidação dos valores de liberdade pessoal e de justiça social, independentemente de onde a pessoa tenha nascido. Importante destacar que, conforme o Pacto: “Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de Dica: Artigo 14 §1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. §2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 13 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com inadimplemento de obrigação alimentar.” Retomaremos este assunto mais para frente. Merece destaque também a seguinte observação: há algumas situações em que o Estado poderá exigir um trabalho de um cidadão sem que isso configure trabalho forçado ou obrigatório: 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo: a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado; b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele; c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade; d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais. Corte Interamericana de Direitos Humanos Criada pelo Pacto de São José, a Corte Interamericana de Direitos Humanos tem a finalidade de julgar casos de violação dos direitos humanos ocorridos em países que integram a Organização dos Estados Americanos (OEA), que reconheçam sua competência. A Corte é um órgão judicial autônomo, com sede na Costa Rica, cujo propósito é aplicar e interpretar a Convenção Americana de Direitos Humanos e outros tratados de Direitos Humanos. Basicamente analisa os casos de suspeita de que os Estados- membros tenham violado um direito ou liberdade protegido pela Convenção. Necessário destacar que, conforme o § 4º do art. 5º da CF, “O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”. Não confunda: Comissão X Corte Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 14 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Comissão Interamericana de Direito Humanos: foi criada para promover a defesa dos Direitos Humanos, servindo como instância consultiva da Organização. Corte Interamericana de Direitos Humanos: é um órgão judicial autônomo criado com o objetivo de aplicar e interpretar a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Possui função jurisdicional e consultiva. Dica: o artigo 44 do Pacto de San José permite que qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidades não governamentais legalmente reconhecidas em um ou mais Estados-membros da Organização apresentem à comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação da Convenção por um Estado-parte. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 15 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 3. DIREITOS HUMANOS E RESPONSABILIDADE DO ESTADO Este tópico, caro futuro PRF, não é comum de ser encontrado nos manuais e resumos de Direitos Humanos. Algumas apostilas até abordam o tema, porém por vezes aprofundando muito mais do que deveria e, em outras, falando de forma demasiadamente superficial. Por isso, pare este tópico vamos usar como referência um texto que apresenta um equilíbrio perfeito entre aprofundamento na matéria e sintetização: o estudo de Tatiana Botelho, publicado Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano VI, Nº 6 - Junho de 2005. 3.1 A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DOS ESTADOS POR VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS O principal infrator dos direitos humanos de acordo com a jurisprudência internacional é o Poder Executivo. Muitas vezes as regras internacionais são violadas por agentes públicos que agem de acordo com as normas internas. Caso um particular pratique um ato que venha a ferir os Direitos Humanos, ficando o Estado inerte, poderá haver uma responsabilização por violação aos DH’s. De outro lado, pode haver também uma responsabilização internacional do Estado no caso de um ato judicial violar os direitos humanos. Tal violação pode ocorrer pelo fato da decisão ser tardia ou inexistente, ou ainda quando a decisão viola direitos humanos. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 16 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com O Estado tem a responsabilidade de disponibilizar ferramentas aptas a reparar uma violação aos DH’s que tenha ocorrido aos indivíduos. Caso o Estado não repare uma violação, responderá duplamente: pela violação inicial dos DH’s e por não prover ao indivíduo os recursos internos aptos a reparar o dano. Tem o Estado o dever de investigar e punir os responsáveis pela violação de DH’s. De igual modo, deve o Estado reparar as vítimas por tais violações. Além disso, deve combater a impunidade. 3.2 A REPARAÇÃO DOS DANOS NA VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOSQuando uma regra internacional é violada, quem pode pleitear a reparação é o Estado e não o indivíduo, pois o Estado é o titular do direito de exigir no plano internacional. Todavia, no caso de violação aos DH’s, busca-se a responsabilização internacional do Estado. Por esse motivo, prevalece a proteção do indivíduo e, em consequência, deve-se aceitar que ele, enquanto vítima, tenha o direito de obter a reparação. 3.3 AS SANÇÕES COLETIVAS E UNILATERAIS POR VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS Toda vez que uma obrigação internacional é violada surge como reação uma sanção. Temos dois tipos de sanções: Sanções coercitivas: são medidas de imposição de penalidades para que o Estado cumpra obrigação violada. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 17 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Sanções punitivas: são medidas de punição a Estados por seus comportamentos. No campo do Direito Internacional, consagrou-se a adoção das sanções coercitivas, abandonando-se as punitivas. Quando o um Estado viola normas internacionais, há um conjunto de medidas unilaterais que buscam forçar o Estado violador a cumprir com suas obrigações. O nome desse conjunto de medidas é a contramedida. Na prática, as contramedidas são medidas de represálias com ênfase nas medidas de cunho econômico. Cada Estado decide (pela sua vontade discricionária) se vai utilizar ou não de tais medidas contra o Estado violador de Direitos. 3.4 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM CASO DE MORTE DE DETENTO Trata-se de um tema que revolta muita gente, mas, amigo, não estamos aqui para discutir nossas opiniões, mas sim porque você quer ser Policial Rodoviário Federal, não é mesmo? Então vamos lá.... A Responsabilidade civil do Estado pode ser caracterizada como a obrigação que a Administração Pública tem de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, atuando nesta qualidade, causarem a terceiros. Importante consignar que a responsabilidade civil do Estado é objetiva. Veja o que diz a CF: Art. 37 (...) § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 18 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Veja que o dolo e a culpa são exigidos apenas para a ação de regresso. Portanto, contra o Estado não se exige a demonstração de dolo ou culpa. Por isso se diz que a responsabilidade é objetiva. Se um detento é morto dentro da unidade prisional, haverá responsabilidade civil do Estado? Sim, pois conforme o art. 5º, XLIX, da CF, é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. Desse modo, poderá o poder público indenizar pelos danos que o preso venha a sofrer, independentemente de o Estado ter agido com dolo ou culpa, já que a responsabilidade é objetiva. E se o preso tiver em uma situação degradante, cabe indenização? Sim, veja esta notícia retirada do site do STF, em fevereiro de 2017: “O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, nesta quinta- feira (16), que o preso submetido a situação degradante e a superlotação na prisão tem direito a indenização do Estado por danos morais. No Recurso Extraordinário (RE) 580252, com repercussão geral reconhecida, os ministros restabeleceram decisão que havia fixado a indenização em R$ 2 mil para um condenado. ” Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 19 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 4. DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Chegamos, agora, a uma das partes mais importantes de nosso estudo. Você, que será em breve um Policial Rodoviário Federal, deve saber o que nossa lei maior diz sobre os Direitos Humanos, pois toda ação policial deve se ater a preservar e garantir tais direitos. Sendo assim, em nosso estudo devemos focar nossas energias nos dispositivos constitucionais mais importantes sobre direitos humanos. Vamos lá! 4.1 PREVALÊNCIA DOS DIRIETOS HUMANOS (art. 4º, II, da CF) Nossa Constituição determina que a República Federativa do Brasil, nas suas relações internacionais, deverá se guiar pelo princípio da prevalência dos direitos humanos. Mas, na prática, o que significa isso? Na prática, significa que o Brasil está mandando o seguinte recado para os outros países: "então, galera, nós aqui no Brasil nos comprometemos com os Direitos Humanos e os colocamos em primeiro lugar nas nossas relações". É como se fosse um "selo Direitos Humanos" ter uma regra constitucional assim. Um aviso: para nosso concurso só importa o que está escrito na CF, pouco importando o descompasso que possa existir com a realidade. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 20 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 4.2 INVERTENVEÇÃO FEDERAL POR VIOLÇÃO A DIREITOS HUMANOS Conforme determina o art. 34, VII, “b”, os direitos da pessoa humana são considerados como princípios sensíveis da Constituição Federal. O que significa isso? Significa que se houver violação aos direitos humanos por parte dos Estados, a União poderá realizar uma intervenção federal. 4.3 FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA DIREITOS HUMANOS (art. 109, V-A e §5º) Quando ocorre uma violação a Direito Humano no território brasileiro, quem se responsabiliza no Plano Internacional é a União, nos termos do art. 21, I, da CF. Sendo assim, se um pequeno Município do interior brasileiro violar os Direitos Humanos e a União não tiver culpa alguma, ainda assim será ela a responsável no plano internacional. Assim sendo, a União deve ter mecanismos para controlar o respeito aos Direitos Humanos. Um dos instrumentos é a federalização dos crimes contra Direitos Humanos, envolvendo casos mais graves: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º deste artigo; (...) Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 21 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com §5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”. O que seria uma grave violação de direitos humanos? Exemplos: tortura; homicídio motivado por preconceito de raça, sexo etc. Todos esses casos são graves e podem motivar o deslocamento da competência para a Justiça Federal, desde que obedecidos os demais requisitos. É muito importante que você memorize os requisitos para a federalização de crime violador dos direitos humanos: Grave violação de direitos humanos Necessidade de assegurar o cumprimento das obrigações decorrentes de tratados internacionais O pedido deve ser realizado pelo PGR em qualquer fase do inquérito ou processo perante o STJ Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 22 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 5. INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS O que estudaremos a seguir é assunto que deve ser aprofundado no estudo de Direito Constitucional. Em nosso estudo focaremos no que é mais importante para a prova de DireitosHumanos. De qualquer sorte, aconselhamos fortemente que você leia todos os artigos constitucionais mencionados uma, duas, três ou quantas vezes forem necessárias até que você memorize os aspectos principais. É importante que você saiba que os direitos e garantias fundamentais são para todos, valendo inclusive para o estrangeiro que esteja de passagem pelo Brasil, em virtude da princípio da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil (art. 4º, II, da CF). Além disso, os Direitos Fundamentais não valem apenas entre o Estado x Indivíduos (eficácia vertical dos direitos fundamentais), mas também entre Indivíduos x Indivíduos (eficácia horizontal dos direitos fundamentais). 5.1 NOÇÕES GERAIS Primeiramente, é importante que você saiba que nenhum direito fundamental é absoluto. Nem mesmo o direito à vida é absoluto, já que a própria Constituição Federal admite a pena de morte no caso de Guerra Declarada (art. 5º, XLVII). Outra característica importante dos direitos fundamentais é a vedação ao retrocesso: os direitos devem sempre avançar. A Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 23 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com legislação pode até modificar os direitos fundamentais, mas sempre para deixá-lo mais forte. Os direitos e garantias fundamentais foram instituídos na Constituição Federal brasileira no Título II, estando divididos nos seguintes grupos de direitos: Direitos e deveres individuais e coletivos: o Previsão – em maior peso no art. 5º da CF. o Constituem as liberdades negativas, ou seja, determinam um “não fazer do Estado”. Ex.: tenho o direito de ir e vir e o Estado não pode intervir nessa liberdade. Direitos sociais: o Previsão – art. 6º a 11 da CF. o São as chamadas liberdades positivas. Significa que o estado tem o dever de realizar um “fazer” em benefício do cidadão. o São característicos de um Estado Social. Direitos de nacionalidade: o Previsão – arts. 12 e 13 da Constituição. o Nacionalidade é o vínculo jurídico de direito público interno entre uma pessoa e um Estado. o A nacionalidade significa que um indivíduo possui determinados direitos em relação ao Estado de que é nacional, tais como: direito de residir, votar e ser votado, direito de não ser expulso etc. o No Brasil, prevalece o critério ius soli: ou seja, é brasileiro quem nasce no território nacional, como regra. Direitos políticos: o Previsão – art. 14 da CF. o São denominados direito de cidadania, tendo em vista que regulam a participação popular nos rumos da nação. Partidos políticos: Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 24 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com o Previsão – art. 17 da CF. o Os partidos políticos, de acordo com a CF, têm liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção de partidos político. 5.2 DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS No início, falava-se em gerações de Direitos Fundamentais. Todavia, a ideia de geração passa a impressão de que quando se muda de geração a que fica para trás não mais existe. Por isso, prefere-se o uso da expressão “dimensão de direitos fundamentais”, pois todas as dimensões coexistem. Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão: Há um foco nas liberdade individuais em relação ao Estado, ou seja, há uma abstenção do Estado na interferência da vida do indivíduo. Tais direitos, abarcados na primeira dimensão, estão relacionados às liberdades públicas e aos direitos políticos, focando na liberdade. O titular dos direitos da primeira dimensão é o indivíduo. São direitos de resistência frente ao Estado. Alguns documentos históricos podem ser mencionados como precursores dos direitos fundamentais de primeira dimensão, conforme ensina Pedro Lenza (você não precisa memorizar a lista abaixo – o objetivo é contextualizar): Magna Carta de 1215 Paz de Westfália (1648) Habbeas Corpus Act (1679) Bill of Rights (1688) Declaração Americana e Francesa Como exemplo de direito fundamental de primeira dimensão podemos citar o direito de ir e vir. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 25 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Direitos Fundamentais de 2ª Dimensão: Lembra-se das suas aulas de história que mostrava as precárias condições de trabalho no século XIX durante a revolução industrial? Não mais havia escravos, todavia, para sobreviver, muitas pessoas chegavam a trabalhar 20h sem descanso. Fora isso, não havia qualquer amparo em caso de acidentes ou problemas de saúde, surgindo uma massa de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade e pobreza. Por isso, por meio de movimentos sociais, como a Comuna de Paris, em 1848, e o Movimento Cartista, ocorrido na Inglaterra, a população exigiu que o Estado fornecesse aos cidadãos uma proteção, com direitos sociais, culturais e econômicos, bem como direitos coletivos, correspondendo aos direitos de igualdade. Dentro dessa ideia de direitos da segunda dimensão, podemos citar: Constituição do México, de 1917; Constituição de Weimar, de 1919, na Alemanha. Se nos direitos de primeira dimensão queria-se uma omissão do Estado em relação ao indivíduo, nos direitos da segunda dimensão, pelo contrário, buscava-se uma atitude. São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem atuações do Estado. Direitos Fundamentais de 3ª Dimensão: Com o avanço da sociedade, surgem novas preocupações mundiais: preservação ambiental, proteção dos consumidores etc. Nesta dimensão de direitos, o ser humano passa a pertencer à coletividade, surgindo a ideia de direitos ligados à solidariedade e fraternidade. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano. Bonavides identifica os seguintes direitos da 3ª Dimensão: Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 26 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Direito ao desenvolvimento; Direito ao meio ambiente; Direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade; Direito de comunicação. Direitos Fundamentais de 4ª Dimensão Tais direitos, segundo Bonavides, decorrem da globalização dos direitos fundamentais. Há uma ideia de globalização política, de universalidade (eu sei, é confuso mesmo, mas memorize as palavras-chaves). Os exemplos de direitos de 4ª Dimensão: Democracia Informação Pluralismo. 5.3 RESTRIÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS Nossa Constituição Federal prevê dois momentos em que os direitos fundamentais serão restringidos. Tais hipóteses estão relacionados a momentos de crise. São elas: estado de defesa e estado de sítio. O estado de defesa (previsto no art. 137 da CF) é uma medida menos severa que o estado de sítio (previsto no art. 137 e 138 da CF). Enquanto no estado de sítio exige-se autorização do Congresso Nacional para ser decretado, no de defesa não. Os pressupostos para a utilização do estado de defesa são grave ou iminente instabilidade institucional ou calamidades de grandes proporções da natureza. Os direitos fundamentais que podem ser restringidos no estado de defesa são: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 27 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; d) garantia da prisão somente em flagrante delito ou por ordem de autoridade judicial competente pelo prazo máximo de 30 dias, prorrogável uma vez por igual período (o prazo da prisão não poderá exceder 10 dias, salvose o Judiciário autorizar, sendo vedada a incomunicabilidade do preso). O estado de sítio envolve medidas mais severas. Por isso, necessita de autorização do Congresso Nacional, por maioria absoluta. Tem cabimento em situação de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado defesa. Outra hipótese de cabimento é no caso de declaração de guerra ou de resposta a agressão armada estrangeira. No caso de estado de sítio decretado em decorrência de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa, somente poderão ser tomadas as seguintes medidas: a) obrigação de permanência em localidade determinada; b) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; c) restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; d) suspensão da liberdade de reunião; e) busca e apreensão em domicílio; f) intervenção nas empresas de serviços públicos; g) requisição de bens. Já no caso de estado de sítio decretado em decorrência de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, todos os direitos e garantias fundamentais poderão ser restringidos, devendo, contudo, haver previsão acerca disso no decreto presidencial, após autorização do Congresso. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 28 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 6. POLÍTICA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS Após a ditadura, com o retorno do governo civil, percebeu-se a necessidade de adoção de uma Política Nacional de Direitos Humanos, em 1985, com o objetivo de se desenvolver políticas públicas para a afirmação dos direitos humanos na sociedade brasileira. Com o Governo FHC, houve uma intensificação no desenvolvimento da Política Nacional de Direitos Humanos. Apesar do Brasil figurar entre as 10 maiores economias do mundo, é apenas o 79º no ranking de desenvolvimento humano, conforme relatório de Desenvolvimento Humano dos Programas das Nações Unidas. Portanto, é necessária a implementação de uma política forte de desenvolvimento dos Direitos Humanos. Ministério dos Direitos Humanos É o órgão responsável por implementar, promover e assegurar os direitos humanos no Brasil. O órgão foi criado pelo FHC em 1997, na forma de Secretaria de Direitos Humanos. No Governo Dilma foi elevado ao Ministério. Recentemente, o Governo Temer havia extinto o Ministério dos DH. Todavia, em fevereiro de 2017 voltou atrás, recriando-o. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 29 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 7. PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS A busca por uma melhor qualidade de vida para os cidadãos brasileiros começa pela implementação de uma política pública de direitos humanos, que busque aproximar nosso desenvolvimento econômico do desenvolvimento humano. Os Programas Nacionais de Direitos Humanos (PNDH) constituem o primeiro passo para o desenvolvimento de uma política de valorização dos Direitos Humanos. Até a presente data, o Governo já elaborou três PNDH’s. PNDH-1 (Decreto nº 1904, de 1996) O primeiro PNDH, elaborado juntamente com a sociedade civil por meio de debates, tinha como meta realizar um diagnóstico da situação dos Direitos Humanos no Brasil, bem como verificar Dica: A competência administrativa de realizar políticas públicas de implementação dos direitos humanos é comum a todos os entes federados, conforme se extrai do art. 23, X, da CF/88: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; Assim sendo, os Estados e Municípios também podem criar programas de direitos humanos. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 30 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com as medidas para a sua defesa e promoção (conforme art. 1º, do Decreto nº 1904). Portanto, a missão do PNDH identificar os problemas de direitos humanos e executas, a curto, médio e longo prazo as medidas de promoção e defesa desses direitos. Importante: o PNDH não possui força cogente, ou seja, não é obrigatório que se obedeça a suas disposições, já que é mero decreto presidencial que busca dar fiel execução às leis. Todavia, serve como importante orientação para as ações governamentais. O PNDH-1 é bastante voltado à garantia de proteção dos direitos civis, tendo foco no combate à impunidade e à violência policial. Adotou também como meta a adesão brasileira aos tratados de direitos humanos. Podemos apontar como fruto do PNDH-1: Reconhecimento das mortes de pessoas desaparecidas em razão de participação política, com indenização às famílias (Lei nº 9140/95); Transferência da justiça militar para justiça comum dos crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares (Lei nº 9299/96); Tipificação do crime de tortura (Lei nº 9455/97) Proposta de emenda constitucional sobre a reforma do Poder Judiciário, na qual se inclui a chamada “federalização” dos crimes de direitos humanos. PNDH-2 (Decreto nº 4229, de 2002) Assim como o PNDH-1, foi elaborado a partir do diálogo com a sociedade civil, incluindo consulta pública por meio da internet, tendo como ênfase os direitos sociais em sentido amplo. Enquanto o PNDH-1 concentrou-se nos direitos civis (lembre-se, a ditadura havia acabado de terminar), o PNDH-2 focou nos problemas sociais e nos grupos vulneráveis, lançando 518 tipos de ações governamentais. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 31 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com PNDH-3 (Decreto nº 7037, de 2009) É o único programa que ainda está em vigor. O PNDH-3, assim como seus antecessores, também contou com a participação da sociedade civil. Foi dividido em seis eixos orientadores, 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 521 linhas de ações. O PNDH-3 foi muito mais detalhista que os anteriores e previa algumas ideias, como: descriminalização do aborto, laicização do Estado, responsabilidade social dos meios de comunicação, conflitos sociais no campo e repressão política da ditadura militar. Em relação ao aborto, o texto do PNDH-3 previa: “Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”. Após repercussão negativa, o Governo alterou o texto para o seguinte: “considerar o aborto tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde”. Necessário destacar, ainda, que foi criado o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3, com objetivo de monitorar as ações. Objetivava-se, com isso, que o programa não fosse apenas uma folha de papel, mas que efetivamente fosse um instrumento para a implantação dos Direitos Humanos. Por fim, para nosso estudo é imprescindível a leitura da tabela abaixo, que trata dos eixos e diretrizes do PNDH-3. Dica: Leia três vezes a tabela abaixo e, próximo à prova da PRF leia mais outras três vezes. EIXOS E DIRETRIZES DO PNDH-3 EIXO ORIENTADOR DIRETRIZES I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil: a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa; Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com32 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públicas e de interação democrática; e c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação; II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos: a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório; b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento; e c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos; III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades: a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena; b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 33 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação; c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência: a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública; b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos criminosos; d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária; e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 34 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos; V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos: a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de direitos; b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras; c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos; d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade: a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever do Estado; Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 35 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 36 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 8. GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS Globalização é um processo de integração, em nível mundial, em relação aos aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais. Tudo isso está relacionado a uma redução de distâncias temporais e espaciais, com o desenvolvimento tecnológico. Como consequência, há uma ruptura do protecionismo interno dos Estados. O processo de desenvolvimento da globalização pode ser dividido em 04 fases: 1ª Fase: século XV até a Revolução Industrial 2ª Fase: Revolução Industrial até a 2ª Guerra Mundial 3ª Fase: 2ª Guerra Mundial até 1989 (Guerra Fria). 4ª Fase: Nova Ordem Mundial. Na última fase há uma grande expansão da globalização, a qual traz benefícios e prejuízos. Tivemos melhorias no transporte, no acesso à informação e o maior desenvolvimento da tecnologia. Características da Globalização: Pilares da Globalização: capital e tecnologia. Consumo. Formação de Blocos Econômicos (Regionais) – destaque para a União Europeia, que possui moeda única. Internacionalização dos fluxos de capitais. Empresas Transnacionais. Importante apontar o fortalecimento das empresas transacionais com a globalização, fazendo com que surgisse uma nova divisão internacional do trabalho. As grandes empresas, com sedes nos países desenvolvidos, fixam suas fábricas nos países Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 37 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com subdesenvolvidos, em face da mão de obra mais barata, remetendo o lucro novamente para os países desenvolvidos. Agora, focando no aspecto dos Direitos Humanos, podemos afirmar que globalização, a partir do momento em que facilitou a comunicação entre os povos, tornou mais fácil e célere as denúncias por violação a Direitos Humanos. Dessa forma, é como se os Direitos Humanos pudessem mais facilmente serem fiscalizadas por todos. Por outro lado, com a facilitação dos transportes, também ocorreram diversos crimes relacionados à globalização, como o tráfico de drogas, de armas e de pessoas. Buscando combater esses crimes transacionais, o Brasil aderiu à Convenção de Palermo, que combate o tráfico em suas diversas formas. Desse modo, fruto da Globalização, foi a intensificação da proteção em nível internacional dos Direitos Humanos, por meio de Tratados, Pactos e tribunais internacionais. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 38 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 9. AS TRÊS VERTENTES DA PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA Podemos falar que existem dois “tipos” de direitos humanos. Em sentido estrito, DH’s são aqueles garantidos em tempos de paz. Já em sentido amplo, os DH seriam compostos pelo Direito Humanitário e pelo Direito dos Refugiados. 9.1 DIREITOS HUMANOS Os povos tendem, por natureza, a dominar os mais fracos, impondo a lei do mais forte. Para conter os excessos da humanidade, são necessárias regras jurídicas, trazendo civilização ao estado da barbárie. Como se sabe, se não houver freios, o homem tende a explorar, escravizar e causar o mal. Basta olhar para a história da humanidade e perceber todas as atrocidades que o homem já cometeu. Partindo desse pressuposto, de que o homem tende a causar o mal, é necessária a adoção de um conjunto de regras e ideias capazes de afastar esse estado maléfico do aspecto humano. Conforme aponta Ricardo Castilho, “um dos fatores mais relevantes dos últimos séculos,no sentido de refinar o comportamento do homem, em sociedade, foram, precisamente, os direitos humanos”. Mas, objetivamente, o que você deve fixar para concurso é: os Direitos Humanos, em sentido estrito, são um conjunto de atividades que buscam assegurar ao homem a dignidade e evitar que passe sofrimentos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada em 1948 após a Segunda Guerra Mundial, determina que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos, são dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 39 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com espírito de fraternidade; que toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e liberdades estabelecidas na Declaração, sem distinção de qualquer espécie (raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer condição); e que toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Direitos Humanos X Direitos Fundamentais Parte da doutrina distingue os direitos humanos (DH’s) dos direitos fundamentais (DF’s). Os DF’s seriam aqueles positivados, ou seja, reconhecidos pelos Estados e existentes nas leis e constituições nacionais. Já os DH’s seriam aqueles previstos no plano internacional, ou seja, fora dos Estados. 9.2 DIREITO HUMANITÁRIO Durante a Primeira Guerra Mundial diversos combatentes e civis foram vítimas de situações de crueldade extrema. Com a segunda Grande Guerra, novas atrocidades se repetiram, o que levou diversos países a elaborar a Convenção de Genebra, a qual é formada por outras quatro convenções: Convenção para a Melhoria da Sorte dos Feridos, Enfermos e dos Exércitos em Campanha; Convenção para a Melhoria da Sorte dos Feridos, Enfermos e Náufragos das Forças Armadas no Mar; Convenção para a Proteção dos Prisioneiros de Guerra e Convenção para a Proteção dos Civis em Tempos de Guerra. A Convenção de Genebra buscou, portanto, regrar o tratamento dos prisioneiros de guerra e da população civil dos países em conflito. Buscou-se asseguras os Direitos Fundamentais. Podemos definir o Direito Humanitário como: regulamentação jurídica do emprego da força e violência no âmbito Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 40 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com internacional, impondo uma limitação à atuação dos Estados perante os indivíduos diante de uma situação e conflito. 9.3 DIREITO DOS REFUGIADOS Surgido após a Segunda Guerra Mundial, em 1951 a ONU promulgou a Convenção que trata do Estatuto dos Refugiados. Buscou-se que os países acolhessem e protegessem pessoas que fossem perseguidas em suas terras de origem em virtude de: raça, religião, nacionalidade, filiação a certo grupo social ou em razão de suas opiniões políticas. A Convenção determina que o refugiado deverá obedecer às leis do país que lhe oferecer refúgio e terá direito a não ser discriminado quanto à raça, religião ou país de origem, podendo continuar a residir no país asilante. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 41 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 10. A CONSTITUIÇÃO BRASI- LEIRA E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREI- TOS HUMANOS Galera, esse tema é muito importante em concurso público. Então, não preciso nem dizer né... Atenção total! Primeiro: é importante que você tenha uma noção de hierarquia das normas. Faremos isso brevemente aqui, apenas para que você possa entender o assunto. Se já sabe, pule para o próximo parágrafo. Vamos lá! A Constituição Federal está no topo da hierarquia das normas. Nenhuma norma pode se sobrepor à CF. Abaixo da CF estão todas as leis, as quais devem obedecer à CF, seja lei ordinária ou lei complementar. E abaixo das leis estão os Decretos, os quais devem obedecer às leis e à CF. Então, como regra, esse é o panorama: A Constituição Federal possui normas originárias e derivadas. As primeiras, foram inseridas na Constituição pelo próprio Poder Constituinte Originário, no caso o Poder Legislativo ao criar a CF. Já as derivadas são fruto de uma necessidade de Constituição Federal Leis Ordinárias e Complementares Decretos, Portarias, Resoluções, etc. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 42 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com atualização do texto constitucional, a fim de manter a sua atualidade, sendo materializadas em emendas de revisão e emendas constitucionais. As normas constitucionais originárias servem de parâmetro para todas as outras normas, inclusive para as Emendas à Constituição. Assim, as EC devem respeitar as normas constitucionais originárias. Portanto, há uma diferença entre normas constitucionais originárias e emendas constitucionais. Desde 2004, a nossa pirâmide hierárquica sofreu uma modificação. A Constituição Federal, por meio de uma Emenda Constitucional de 2004, em seu art. 5º, §3º, nos diz que: os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às Emendas Constitucionais. Memorize isso! Podemos citar como exemplo de convenção/tratado internacional sobre Direitos Humanos com equivalência à Emenda Constitucional a “Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo”. Portanto, se o Tratado for aprovado conforme prevê a CF e versar sobre Direitos Humanos, terá ele a mesma força que uma Emenda à Constituição. E como fica a situação de um tratado/convenção sobre direitos humanos que não tenha sido aprovado conforme a regra do art. 5º, §3º, da CF? Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, se o tratado ou convenção internacional sobre direitos humanos tiver sido aprovado antes de 2004, ou seja, antes da regra do art. 5º, §3º, da CF, terá ele valor supralegal, ou seja, abaixo da Constituição Federal, mas acima de todas as leis. Este tema é bastante cobrado em concurso público! Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 43 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Por outro lado, se o tratado ou convenção internacional não for sobre direitos humanos, ele terá força de lei ordinária. Então a nossa pirâmide ficaria assim: Cuidado! Os tratados Cuidado! Tratados e convenções sobre DH aprovados conforme o art. 5º, §3º, da CF, não equivalem a normas constitucionais originárias, mas a emendas constitucionais, ou seja, normas constitucionais derivadas. A questão do Depositário Infiel A CF, no art. 5º, LXVII, afirma que não é admitida a prisão civil por dívida, salvo no caso de obrigação alimentícia e no caso de depositário infiel. Portanto, de acordo com a CF, seria possível a prisão do depositário infiel. Ocorre que o Pacto de São José da Costa Rica, que versa sobre Direitos Humanos, em seu art. 7º, parágrafo 7º, proíbe a prisão civil por dívida, excetuado o devedor voluntário de pensão Constituição Federal e Tratados/convenções sobre DH aprovados conf. Art. 5º, §3º, da CF Tratados/convenções sobre DH não aprovados conf. Art. 5º, §3º, da CF Decretos, Portarias, Resoluções, etc. Leis Ordinárias e Complementares, Tratados e Convenções Internacionais Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 44 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com alimentícia. O Pactode São José não foi aprovado nos termos do art. 5º, §3º, da CF, logo tem status supralegal. Por isso, todas as leis que o contrariem estão revogadas. Assim, embora a Constituição Federal permita, é necessário que uma lei diga como seria a prisão do depositário infiel. Todavia, tal lei iria contrariar o Pacto. Assim sendo, decidiu o STF que não é possível a prisão do depositário infiel. A questão é um pouco confusa, mas o importante a memorizar é: 1. O Pacto de São José da costa Rica tem status supralegal. 2. Não é possível a prisão do depositário infiel, pois qualquer lei que afirma que a prisão é possível irá contrariar o Pacto de São José. Introdução de um Tratado no ordenamento jurídico brasileiro O processo de internalização de um Tratado começa depois da assinatura, quando o Ministro das Relações Exteriores encaminha uma Exposição de Motivos ao Presidente da República. O Presidente, após receber o documento, se concordar com o tratado, encaminha uma Mensagem ao Congresso Nacional. No Congresso, o tratado será examinado na Câmara dos Deputados e depois no Senado Federal. Uma vez aprovado, o Congresso emite um Decreto Legislativo. O ato seguinte é a ratificação pelo Presidente da República e, por fim, a promulgação por meio de decreto de execução, também de competência do Chefe do Poder Executivo da União Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 45 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 11. APLICAÇÕES DA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA A TEMAS E PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA 11.1 A IGUALDADE JURÍDICA A Constituição Federal prevê: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...). É importante referir que a igualdade ela não é necessariamente matemática, ou seja, não implica em distribuir os bens sociais em porções iguais a cada pessoa. Se determinado cidadão é rico, ele necessita de menos bens sociais do que outro que é pobre. Da mesma forma uma pessoa cega irá necessitar de muito mais bens sociais do que alguém que possui capacidade física plena. Se os bens sociais fossem distribuídos de forma matematicamente igual para todos, teríamos apenas uma igualdade formal. Todavia, buscamos mais que isso, queremos uma igualdade material, ou seja, substancial. Conforme ensinou Rui Barbosa, devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 46 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Em virtude do princípio da igualdade material, ou da equidade, quando você for aprovado na prova objetiva e na redação, você será convocado para o TAF e lá verificará que há uma diferença nos índices: para os homens são exigidos índices mais severos do que para as mulheres, em função da maior força física que possuem os indivíduos do sexo masculino. Não entendeu? Então veja a imagem abaixo e entenderá: Igualdade Formal Igualdade Material (equidade) 11.2 OS DIREITOS DE CIDADANIA A cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um país. A cidadania também pode ser definida como a condição do cidadão, indivíduo que vive de acordo com um conjunto de estatutos pertencentes a uma comunidade politicamente e socialmente articulada. Na prática, cidadania significa poder participar da vida política de um país, tendo direitos e deveres, em virtude do status de cidadão. No ordenamento jurídico brasileiro há diversos direitos de cidadania, incluindo o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 47 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Código de Defesa do Consumidor. Todos os direitos de cidadania derivam dos direitos previstos na Constituição Federal. Vamos destacar aqui os principais direitos de cidadania: Todos são iguais perante a lei. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento humano degradante. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial. É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de interesse particular, ou de interesse coletivo geral, que serão prestadas na lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: o direito de petição dos poderes públicos em defesa dos direitos ou contra a ilegalidade ou abuso de poder; a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal. A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 48 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judicial competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 11.3 O PLURALISMO JURÍDICO O pluralismo jurídico está caracterizado na concomitância de duas ou mais ordens pré-existentes num mesmo Estado. As regras de condutas no não vem apenas da fonte estatal, mas também de forças paralelas de outras organizações. A Igreja, em seu interior, possui regras morais e de conduta próprias, que diferem das regras que o cidadão comum é submetido. Na Igreja Católica os padres não podem casar, por exemplo, tendo uma severa restrição em sua liberdade. Outro exemplo de uma outra fonte de regras de condutas paralela é o que o ocorre dentro da Organização Criminosa do PCC: eles possuem regras próprias e inclusive um tribunal. Para seus integrantes, as regras do PCC constituem uma outra ordem jurídica que deve ser obedecida. Portanto, o pluralismo jurídico é um fenômeno social, e não legislativo. Anderson de Souza Prado nos explica, de forma resumida, o que é o pluralismo jurídico: “O pluralismo jurídico é composto pela diversidade de normas que vigem em uma determinada sociedade de forma simultânea, sendo considerada uma questão social e em partes como antagonismo ao monismo jurídico, que é o monopólio das normas jurídicas exercidas pelo Estado. ” Em alguns casos o próprio Estado reconhece o pluralismo jurídico. Podemos citar o tratamento constitucional conferido aos Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 49 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com povos indígenas, aos quais se reconhece o direito de autonomia e autogoverno nas questões relacionadas aos assuntos locais dos indígenas. Nesse sentido, a Constituição Federal Brasileira, nos arts. 231 e 232, reconhece orespeito às formas de organização própria dos povos indígenas, além de suas crenças costumes, usos e tradições bem como os direitos originários dos povos indígenas sobre suas terras. O CESPE já cobrou este assunto (inclusive na prova da PRF), então fique atento. Segundo Bobbio, há quatro espécies de ordens jurídicas não-estatais: a. ordenamentos acima do Estado, como o ordenamento internacional e, segundo algumas doutrinas, a Igreja Católica; b. ordenamentos abaixo do Estado, propriamente sociais, reconhecidos pelo Estado e por ele limitados ou absorvidos; c. ordenamentos ao lado do Estado, como a Igreja Católica, conforme determinadas acepções ou a ordem jurídica internacional, na teoria denominada dualista; d. ordenamentos contra o Estado, como organizações criminosas, seitas secretas ou paramilitares. 11.4 O ACESSO À JUSTIÇA No passado, quando o Estado ainda não era organizado, por óbvio, não existia a Justiça. Assim, os conflitos eram resolvidos por meio da força, vencendo o mais forte. Com a estruturação do Estado, este avocou a solução dos conflitos e passou a deter o poder de dizer quem tinha o direito, tendo o monopólio da Justiça. Assim, o vencedor de um conflito não mais será a parte mais forte, mas sim a parte que possui o direito. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 50 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Em face do Estado deter o monopólio da Justiça, deverá ele também propiciar acesso à Justiça. Por isso, a Constituição Federal prevê a garantia constitucional de acesso à Justiça: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Para Uadi Lammêgo Bulos, o objetivo da garantia constitucional do acesso à justiça é “difundir a mensagem de que todo homem, independente de raça, credo, condição econômica, posição política ou social, tem o direito de ser ouvido por um tribunal independente e imparcial, na defesa de seu patrimônio ou liberdade. ” Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 51 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 12. PRÁTICAS JUDICIÁRIAS E POLICIAIS NO ESPAÇO PÚBLICO O tópico que vamos iniciar agora é daqueles que se você tiver bom senso não precisa nem estudar. De qualquer modo, vou lançar aqui algumas ideias gerais que até quem não possui bom senso vai matar a questão rsrs. Vamos nessa, futuro policial... A atuação policial no espaço público deve partir do seguinte pressuposto: garantir a segurança de todos com cidadania. O que significa isso? Significa que os policiais devem tratar o cidadão de forma respeitosa, conforme determina o Decreto nº 1.171/94 (Código de Ética): XIV – São deveres fundamentais do servidor público: g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; O respeito a tal regra de conduta não significa que, diante de um infrator social, deverá o policial quedar-se em inércia. Se preciso for, a força deverá ser utilizada. Todavia, não se pode confundir o uso legítimo da força, dentro da legalidade, com truculência. Outro ponto necessário de destaque nesse tópico é: ao policial cabe cumprir a lei e fazê-la cumprir. Portanto, não pode o policial descumprir a legislação valendo-se de seu cargo público. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 52 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com É óbvio que, diante de uma situação concreta, o policial poderá acabar violando algumas regras como do Código de Trânsito, por exemplo, como num caso de acompanhamento tático de indivíduos que efetuaram um roubo e estão fugindo pela rodovia. Há casos em que será necessário até mesmo andar pela contramão da via. O que se deve ter em mente é: não se pode violar às normas sem um motivo que justifique. Por fim, é importante que você, futuro PRF, saiba que quando estiver uniformizado, você representa toda a instituição. Então cada ação sua deve ser acertada, pois um erro poderá condenar toda a instituição. Em relação à prática judiciária no espaço público, de importante temos para destacar os casos de fiscalização da atuação policial. Sabemos que, como regra, cabe ao Ministério Público fiscalizar a atuação policial. Todavia, o Judiciário também poderá realizar um controle indireto da atividade policial, ao analisar, por exemplo, as prisões em flagrante efetuadas pelos policiais. Com esse objetivo (fiscalizar a atuação policial), o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 213, de 15/12/2015, dispondo sobre a apresentação de toda pessoa presa à autoridade judicial no prazo de 24h. A questão do uso de algemas Muito importante! Fique ligado. Conforme a Súmula Vinculante nº 11 do STF, só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 53 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com Tratando-se de Súmula Vinculante, significa que tal regra deve ser obedecida pela Administração Pública e seus agentes. Recentemente, regulando o uso de algemas, o Presidente Temer editou o Decreto nº 8.858/2016, o qual prevê que é permitido o emprego de algemas apenas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros, justificada a sua excepcionalidade por escrito (art. 2º). Na prática, repetiu-se o que já havia sido previsto pelo STF. Dispõe ainda o Decreto que é vedado o emprego de algemas em mulheres presas em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional durante o trabalho de parto, no trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada (art. 3º). DICA: Pode-se usar as algemas nos casos PRF: Perigo – Resistência – Fuga Transaction: HP19415281069760 e-mail: shirlenekatia34@gmail.com 54 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PARA A PRF - 1ª Edição www.quebrandoasbancas.com 13. ADMINISTRAÇÃO INSTITU- CIONAL DE CONFLITOS NO ESPAÇO PÚBLICO O tema da Administração institucional de conflitos é bastante difícil de ser localizado em livros ou apostilas. Por isso, aqui vou me valer de meu caderno de anotações das aulas de Direitos Humanos ministradas no Curso de Formação da PRF e em alguns outros materiais... Vamos nessa! A Constituição Federal determina, em seu art. 1º, que o Brasil é um Estado Democrático de Direito. E o que isso significa? Significa que os cidadãos devem respeitar as leis e os direitos dos outros. Do contrário, haverá consequências, já que é dever do Estado garantir a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio. Como sabemos, as manifestações são livres. Todavia, o direito de manifestação