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1 RESUMO O presente artigo busca investigar o problema de estudo das provas obtidas por meios ilícitos em que houve a interceptação telefônica, assim será feita a contextualização da natureza da prova e seus meios. Trata-se de um estudo bibliográfico em que foram consultados obras e artigos de autores que discutem a temática abordada. Para isto foram feitos aportes teóricos da literatura do Direito sobre a teoria da prova, onde houve a definição dos meios de comprovação desde os requisitos legais. A prova cumpre um papel elucidativo da comprovação dos fatos referentes ao litígio a ser investigado, por isso, a busca de formação do conjunto probatório deve seguir os critérios da legislação, uma vez que provas obtidas por meios ilicítos não tem validade processual e portanto não podem ser utilizadas para a formação do convencimento do judiciário sobre a matéria em questão. Conclui-se que a prova obtida por meio de interceptação telefônica deve atender a todos os requisitos legais, para que haja a presevação do direito da intimidade da comunicação e a exposição de terceiros, bem como deve ser utilizada somente quando foram esgotados todos os demais meios de comprovação de um delito. Palavras-chave: Teoria Geral da Prova. Interceptação telefônica. Critérios. 1. INTRODUÇÃO Este estudo aborda o problema das provas obtidas por meios ilícitos, em especial a que se refere a interceptação telefônica. Segundo a Constituição Federal de 1988 no art. 5° , inciso LVI, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Assim, a interceptação telefônica irregular não tem validade. O objetivo geral deste estudo é contextualizar a natureza da prova e seus meios, bem como abordar a interceptação telefônica e sua regulamentação. A relevância deste estudo está na discussão sobre as provas obtidas por meios ilícitos, onde serão abordadas as questões norteadoras: o que são provas processuais? O que é interceptação telefônica? Qual a possibilidade de autorização judicial para interceptação telefônica? Trata-se de um estudo bibliográfico, onde serão analisados as considerações doutrinárias e a discussão atual do Direito. O segundo capítulo 2 discute a teoria geral da prova no processo penal, analisando sua classificação, sistemas de apreciação, princípios, espécies da prova. Este estudo justifica-se pela importância da discussão sobre a teoria da prova, mostrando que no conjunto probatório há procedimentos que devem ser seguidos para que as provas tenham validade processual. 2 TEORIA GERAL DA PROVA NO PROCESSO PENAL A teoria geral da prova aborda aspectos como conceito, natureza, princípios entre outros aspectos. O conceito de prova pode ser extraído pela sua etomologia o termo prova origina-se do latim, probatio, cujo significado é ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação, confirmação. Dele deriva o verbo provar, probare, significando ensaiar, verificar, examinar, reconhecer por exeperiência, aprovar, demonstrar. (NUCCI, 2008) Ao tratar-se de provas, volta-se o olhar para a busca da verdade, que, no processo penal, é demominada material, real ou substancial, justamente para fazer contraste com a verdade formal ou instrumental do processo. (NUCCI, 2008). A teoria geral da prova mostra que todos os procedimentos relativos a prova estao em consonância com a definição das funções investigatorias e acusatórias. Nesse sentido, Toda a questão relativa aos métodos da prova em processo penal passa, necessariamente, pelo exame da espécie do modelo processual adotado, no que se refere à definição das funções investigatóras e acusatórias. (PACELLI, 2013, p.330). O princípio da busca da verdade no que tange a teoria da prova tem sido pautado na atualidade como o caráter extremamente punitivo. Segundo Pacelli (2013) há que destacar que a prova judiciária te um objetivo de reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior concidência possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente ocorridos no espaço e no tempo, a prova exerce um papel importante na elucidação dos fatos. 3 A finalidade da prova segundo Cardoso (2013) é influenciar de forma ativa o convencimento do julgador. A natureza jurídica das provas, por sua vez, está relacionada a delimitação do objeto da mesma, onde o judiciário irá inferir a necessidade de comprovação devido a natureza dos fatos. Assim, Segundo Funes & Leal (2010), deve-se procurar distinguir o que deve ser provado, delimitando assim o objeto da prova. As provas são os fatos relevantes e os pertinentes sobre os quais o magistrado deve se manifestar, seja no plano processual, como, por exemplo, a ocorrência de algum pressuposto negativo como a litispendência, ou seja no plano material, o pagamento anterior da dívida reclamada pelo autor. Há também fatos que o legislador entendeu prescindirem de provas, isto é, fatos que não necessitam serem provados no processo para que o juiz conheça os referidos fatos, forme seu convencimento. A admissão da prova está sujeita porém a alguns requisitos como a pertinência, relevância e adequação. A pertinência são os fatos que se devem provar sobre as questões discutidas em juízo. A relevância mostra que os fatos a serem comprovados devem ter conexão ou relação com a pretensão que foi resistida. Por outro lado a prova deve estar adequada ao conteúdo que a mesma presta. (FUNES; LEAL, 2010). A prova tem como objeto os fatos, entretanto somente aqueles fatos que são pertinentes ao processo e que são de interesse da parte em demonstrá-lo. Fatos que não pertencem ao litígio devem ser descartados e recusados pelo juiz. A pertinência e relevância das provas previnem o desenvolvimento de atividade inútil para o processo. (CAGLIARI, 2013) Os meios de comprovação podem ser por prova direta ou indireta, onde todo conteúdo comprobatório poderá ser utilizado, desde que haja validade legal. Assim, Os meios de provas são tudo aquilo que pode ser utilizado, direta ou indiretamente para demonstrar o que for alegado no processo, são os recursos de percepção da verdade e formação do convencimento do juiz, o ônus da prova é de quem alega, esse é o entendimento majoritário, e facultado ao juiz de ofício [...] Na busca de uma solução da lide, busca-se provar a verdade dentro daquilo que for produzido nos autos, demonstrando com isso a importância de um processo bem feito, com provas bem produzidas, pois depende delas e do convencimento do juiz a condenação ou não do réu. Como o magistrado não tem conhecimento técnico de todas as áreas, ele tem que se valer de peritos e assistente técnico para o auxiliarem na produção de provas até que possa alcançar o seu livre convencimento. (MACIEL, 2013, p.4). 4 As provas conseguidas por meios ilegais não podem ser utilizadas por não terem validade processual, por isso, na obtenção do conjunto probatório, devem-se obedecer a normas e princípios pré-estabelecidos pela legislação processual. Uma prova é considerada ilícita quando contraria normas de direito material, de cunho constitucional ou infraconstitucional. Como por exemplo, as provas obtidas com violação de domicílio, sem ordem judicial, e a confissão obtida mediante tortura. As provas podem ser classificadas como proibidas ou vedadas, isso se diz toda vez que para que sejam produzidas ocorre uma violação da lei ou dos princípios do direito processual, como por exemplo, as provas ilícitas, ilegítimas e irregulares. As provas ilícitas são aquelas que violam disposições de direito material ou princípios constitucionais penais. As provas ilegítimas são aquelas que violam normas processuais e os princípios constitucionais da mesma espécie: ex: laudo pericial subscrito apenas por um perito não oficial. (MACIEL, 2013). O ônus da provaé o encargo de qual das partes deve provar os fatos que alegam. O Código de Processo Penal no artigo 156, determina que o ônus da prova recai sobre aquele que fizer a alegação. No que tange a doutrina tradicional, cabe à acusação provar a existência de fato criminoso e por sua vez a defesa do réu, em provar a sua inocência. Sobre o tema, o promotor Cagliari (2013) entende que: A disciplina jurídica do onus probandi, segundo reconhecem os doutrinadores, constitui um dos problemas fundamentais do processo. Quem deve provar? Quais as conseqüências de não desicumbir-se a parte desse ônus, ou de fazê-lo de maneira insuficiente? Sobre essas questões assenta-se todo o problema do onus probandi, sobre o qual se tem debruçado os estudiosos ao longo dos séculos, formulando teorias e orientações diversas. (CAGLIARI, 2013, p.8). 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS A classificação das provas é discutida por vários doutrinadores, no entanto será escolhida o seguinte critério: - quanto ao objeto, ao valor, ao sujeito e a forma. O objeto da prova é o fato que objetiva-se provar pelas provas diretas ou indiretas. As provas diretas referem-se ao fato em imediato, enquanto as provas indiretas são chamadas de circunstanciais, pois delas se deduz a existência de um determinado fato por meio de indícios. (CAGLIARI, 2013). 5 O sujeito da prova por sua vez é pessoa ou coisa de onde provém a prova, sendo que na prova pessoal há a afirmação consciente que se destina a fazer fé nos fatos. (CAGLIARI, 2013). Por último a forma da prova é a maneira como a mesma se constitui e se apresenta no processo. Segundo Cagliari (2013, p.4). Forma da prova é a modalidade ou maneira pela qual se apresenta em juízo. Em relação à forma a prova é testemunhal, documental ou material. Prova testemunhal, em sentido amplo, é a afirmação pessoal oral, compreendendo as produzidas por testemunhas, declarações da vítima e do réu. Documental é a afirmação escrita ou gravada. Diz-se material a prova consistente em qualquer materialidade que sirva de prova ao fato probando; é a atestação emanada. 2.2 SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DAS PROVAS Os sistemas a serem destacados em relação da apreciação das provas são os seguintes: sistemas da íntima convicção do juiz; da prova tarifada e da persuasão racional. No primeiro sistema, tem o magistrado a ampla liberdade de decidir sobre o convencimento da verdade dos fatos segundo critérios de valoração íntima, independente dos autos e sem a obrigação de fundamentar seu convencimento. Este sistema gera insegurança, principalmente se tratando do Tribunal do Júri, onde não há obrigação de fundamentação dos jurados sobre os autos do processo. (CAGLIARI, 2013). O segundo sistema, das provas legais, se difere do anterior, pois cada prova tem seu peso e valor previamente estabelecido em lei, onde o juiz deverá estar vinculado de forma simétrica a cada prova apresentada nos autos. Este sistema representa uma reação consistente sobre o sistema de convicção íntima, onde o processo passa ter validade por meio da comprovação dos fatos, contudo quando há provas legais. (CAGLIARI, 2013). O terceiro sistema, da persuasão racional, obriga que o convencimento do juiz esteja relacionado ao material probatório e que sua decisão seja devidamente fundamentada, mesmo que haja certa liberdade de valoração das provas. (CAGLIARI, 2013). 6 2.3 ESPÉCIES DE PROVA Segundo Moreira (2013), há três espécies de provas: pericial, documental e testemunhal. A prova documental tem um destaque no conjunto probatório por ter uma durabilidade maior que as demais provas, servindo para documentar o fato da matéria da alegação. Estes tipos de prova alem de comprovar o fato nele exposto é a mais duradoura. Esse tipo de prova tanto pode beneficiar o autor da ação ao apresentá-la, como ao réu para provar que os fatos alegados não são verdadeiros. A prova documental serve para documentar um fato, não se resume à simples escrituração de declarações, abrange também a produção de sons, imagens, estados de fato, comportamento e ações, além dos documentos informáticos inseridos através das tecnologias modernas. Diferença entre a prova documental e prova documentada: a prova documental é aquela pela qual se tem a representação imediata do fato a ser reconstruído nos autos. A documentada é o documento que sozinho representa o fato. (MOREIRA, 2013, p.15). A prova pericial deve ser pedida pelo juiz, quando há necessidade de comprovação por meio de constatação técnica. O magistrado deverá delegar a função de perícia técnica ao profissional especializado na matéria em que será feita a análise e comprovação dos fatos, nesse sentido, Em alguns casos existe a necessidade da produção de prova pericial, sem a qual não tem como saber qual das partes está com a razão. Portanto, é lícito ao juiz determinar a realização de perícia, nos termos do artigo 331 - § 2º combinado com o artigo 130 ambos do CPC. Art. 131A perícia é realizada por pessoas especializadas e capacitadas, com conhecimento técnico e científico sobre determinado assunto ou problema, mediante compromisso, determinado pelo magistrado a pedido da parte ou não; A prova pericial é realizada por perito, pessoa da confiança do magistrado, convocada no processo, para esclarecer algo que exija conhecimento técnico. Em muitos casos o juiz julga com base no laudo técnico. (MOREIRA, 2013,p.15). A prova testemunhal é realizada por pessoa estranha ao processo, por meio de relatos de conhecimento sobre o fato a ser provado, assim, A prova testemunhal, por sua vez, efetiva-se por intermédio do relato de pessoa que presenciou o fato a se provado ou que tenha conhecimento dos fatos e da conduta do réu, apresentando relato para o deslinde do litígio. De uma forma 7 geral, o depoimento da testemunha é sobre aquilo que presenciou, podendo também, narrar fato que ouviu sem que tenha presenciado. (MOREIRA, 2013, p.15). 2.5 MEIOS DE PROVA No esforço de provar uma alegação, todo o conteúdo que sirva para a comprovação dos fatos deve ser utilizado, portanto, com devida observação legal para que o conjunto probatório tenha validade processual. Os meios de provas podem ser variados como: oral, testemunhal, depoimento pessoal, prova literal ou escrita, documental, pericial, circunstancial, presunções e indícios. No entanto, qualquer uma dessas provas não podem ser obtidas por meio ilícito, nesse sentido, A aceitação de provas ilícitas no processo fere a segurança jurídica, causa grande receio à sociedade de uma maneira geral, pois torna, aos olhos de muitos, vulnerável o sistema normativo vigente, mais precisamente a Constituição, bem como tornaria vulnerável os direitos da personalidade, como por exemplo, o direito à intimidade, à imagem, à honra, os quais também são garantidos pela Constituição Federal, posto que o principal objeto das provas ilícitas consista na violação à privacidade (escutas telefônicas, quebra do sigilo das comunicações, entre outras). (ALVES, 2011, p.2). A teoria da dos frutos da árvore envenenada, oriunda o direito americano, pode ser aplicada no que se refere a apresentação de provas lícitas, obtida por meios ilícitos, nesse sentido, Por essa teoria, entende-se que a ineficácia da prova ilegalmente obtida afeta as provas que, embora sejam lícitas, se baseiam em dados obtidos de forma ilícita, não se admitindo, também, tais provas. Podemos citar como exemplo o seguinte fato: mediante interceptação telefônica, sem ordem judicial, portanto ilícita, toma-se conhecimento de que em determinado dia e lugar serão entregues pacotes de droga, apreendidos. Nesse caso, obteve-se uma prova lícita, os pacotes de droga, porém, obtidos de forma ilícita, interceptação telefônica não autorizada judicialmente.Trata-se da conhecida teoria dos frutos da árvore envenenada(fruits of the poisonous tree) criada pela Suprema Corte Americana, segundo a qual o vício da planta se transmite a todos os seus frutos.Com base nesta teoria o magistrado invalida a prova derivada, pois a mesma estaria viciada devido à ilicitude da conduta primária que se estende até onde seus efeitos possam perdurar ou atingir. (ALVES, 2011, p.2). 3 DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 3.1 CONCEITO E HIPÓTESES DE CABIMENTO 8 A interceptação telefônica, como meio de prova, tem sua regulamentação e restrições legais na Lei 9296/96. A definição de intercepção telefônica pode ser entendida como: A gravação, a captação de conversa telefônica e ocorre quando, em momento algum, nenhum dos interlocutores tem ciência da invasão de privacidade, torna-se importante frisar este conceito para que não venhamos confundir interceptação telefônica com gravação clandestina da conversa telefônica, pois nesta última, um dos interlocutores sabe que a gravação se realiza. (LIMA, 2005, p.1). A interceptação telefônica está amparada por lei e sua natureza jurídica é de medida cautelar, de índole normativa e processual. (HARTZ, 2008, p.23). Para Geraldo Prado (2008 p.23), a utilização de interceptação de dados deve estar subordinada a Constituição implica dever de conformação da atividade administrativa e jurisdicional pelos preceitos constitucionais A interceptação telefônica é expressamente proibida quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. Estes são definidos como aqueles existentes no momento em que é solicitada a interceptação, por isso, o juiz deve avaliar se há necessidade confirmada para tal procedimento. (MOLLMANN, 2011). No curso da interceptação telefônica podem aparecer outros meios de prova, o que não invalida a escuta telefônica, no entanto, se por desinteresse das autoridades tais meios de provas não forem utilizados, a prova colhida pela interceptação estará contaminada e não poderá ser utilizada. O inciso III da Lei dispõe que a interceptação não será admitida nas hipóteses em que o fato investigado constituir infração penal punida no máximo com pena de detenção. Somente é possível a interceptação em crimes punidos com reclusão. Ficam excluídas as contravenções penais, que são punidas com prisão simples, e os delitos apenados com detenção. Porém, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a interceptação das comunicações quando obtida de maneira lícita e legítima, em delitos punidos com reclusão conexos com os delitos apenados com detenção. (MOLLMANN, 2011). O Art. 4° prevê que a interceptação da comunicação telefônica deverá ter justificativa na busca da apuração de uma infração penal, onde os meios devem ser 9 indicados para que não haja violação legal e que haja preservação da relação com terceiros. (BRASIL, 1996). 3.2 PRAZO DE INTERCEPTAÇÃO O prazo de interceptação de acordo com o Art. 5º da Lei 9296/96, estipula que a interceptação não pode ultrapassar os quinze dias, podendo ser renovável por igual período, no entanto deve haver fundamentação da indispensabilidade do meio de prova. (BRASIL, 1996). 3.3 PROCEDIMENTO Os Artigos 6º, 7º, 8º e 9º, dizem respeito ao procedimento da interceptação, que deverá ser feita por meio de diligência policial, que deverá encaminhar ao judiciário o resultado das operações realizadas. Para a realização da interceptação a autoridade policial poderá contar com o apoio de serviços técnicos das operadoras de serviço público telefônico; deverá também preservar o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. O conteúdo que não interessar a prova deverá ser inutilizado. (BRASIL, 1996). O procedimento da intercepção telefônica foi regulado pela Resolução N. 59 9/9/2008, do Conselho Nacional da Justiça. Há a ampliação deste sistema de interceptação para informática. Procede-se a distribuição e encaminhamento dos pedidos de interceptação, estes formulados em sede de investigação criminal ou instrução penal, por meio de envelopes que poderão ser abertos somente por aqueles que o juiz competente determinar. O pedido de interceptação telefônica, quando atende os requisitos legais previamente estabelecidos, será deferido pelo juiz que fará constar em sua decisão: a indicação da autoridade requerente; os números de telefones ou o nome do usuário, e-mail ou outro indicador no caso de interceptação de dados; o prazo de interceptação; a indicação dos titulares dos referidos números; expressa vedação de interceptação de outros números não discriminados na decisão, os nomes das 10 autoridades policiais responsáveis pela investigação e os nomes dos funcionários do cartório responsáveis pela tramitação e expedição dos respectivos ofícios. 3.4 NULIDADES A interceptação telefônica deverá correr em segredo de justiça, não sendo admitida nas hipóteses de falta de indícios razoáveis de sua aplicação. Assim, quando houver outro tipo de prova disponível ou quando o fato a ser investigado não seja de matéria grave em relação a pena de no mínimo de detenção. (BRASIL, 1996). Tal medida cautelar deve ser criteriosamente analisada antes de sua aplicação desde os requistos legais, tendo em vista o esgotamento de todos os meios de provas durante a investigação ou instrução criminal. 4 JURISPRUDÊNCIA Na jurisprudência há uma vasto número de casos em que a interceptação telefônica autorizada e cumprindo todos os requisitos legais, passa servir de prova emprestada a outro processo investigatório, quando não servindo de comprovação para a matéria da alegação inicial, uma vez que haja constatação de outro tipo de delito, passa ser prova emprestada para a elucidação de tal conduta. A PROVA JUDICIÁRIA STJ - HABEAS CORPUS HC 161245 ES 2010/0019030-0 (STJ) DATA DE PUBLICAÇÃO: 0/04/2013 EMENTA: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. 1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo do recurso ordinário previsto nos arts. 105 , II , a , da Constituição Federal e 30 da Lei n. 8.038 /1990. Atual entendimento adotado no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, que não têm mais admitido o habeas corpus como sucedâneo do meio processual adequado, salvo em situações excepcionais. 2. Pacientes investigados por suposta prática de sonegação fiscal, falsidade ideológica, quadrilha e lavagem de dinheiro. Desmembramento da investigação criminal, fundada em interceptação telefônica, para instauração de outro inquérito. No caso, não houve encontro fortuito de provas na Interceptação telefônica, dando origem a uma nova investigação. Os pacientes continuam alvo das mesmas investigações, havendo apenas o desmembramento para melhor elucidação dos fatos. Assim, as interceptações telefônicas foram colhidas licitamente, podendo ser usadas de forma legítima, como prova emprestada, em outro procedimento investigatório. Precedentes. 3. Habeas corpus não conhecido. 11 A jurisprudência a seguir versa sobre a renovação do período de interceptação telefônica quando há necessidade de elucidação ou melhores esclarecimentos da matéria a ser investigada sobre o litigo em questão. Assim, PROCESSO: HC 130818 SP 2009/0042468-8 RELATOR(A):MINISTRA LAURITA VAZ JULGAMENTO:20/09/2012 ÓRGÃO JULGADOR:T5 - QUINTA TURMA PUBLICAÇÃO:DJE 26/09/2012 A decisão que deferiu a primeira interceptação telefônica, bem como as que prorrogaram por seis vezes a diligência, evidenciou a existência de indícios de participação em infrações penais punidas com reclusão e a necessidade da medida, dada a imprescindibilidade da providência cautelar para o prosseguimento das investigações, porque não se poderia apurar a conduta criminosa de outra maneira,reportando-se a representação da autoridade policial.,Tais considerações são suficientes para justificar a autorização de escuta telefônica. Em observância ao disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal. 6. A Lei nº 9.296/96 não limita a diligência a um único período, sendo certo que tal interpretação inviabilizaria investigações complexas, como na espécie. A interceptação das comunicações telefônicas perdurou pelo tempo necessário para a elucidação da trama criminosa, sendo as decisões que prorrogaram o monitoramento devidamente motivadas na necessidade de amealhar indícios imprescindíveis da participação de cada um dos envolvidos nos crimes apurados, em face da complexidade da atuação da quadrilha, sem qualquer constrangimento ilegal. 7. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte e do Supremo Tribunal Federal: "Persistindo os pressupostos que conduziram à decretação da interceptação telefônica, não há obstáculos para sucessivas prorrogações, desde que devidamente fundamentadas, nem ficam maculadas como ilícitas as provas derivadas da interceptação."(RHC 85.575/SP, 2.ª Turma, Rel. Ministro JOAQUIM BARBOSA, DJ de16/03/2007.) 8. Habeas corpus não conhecido. 5 CONCLUSÃO A prova judiciária tem um objetivo claramente definido, a reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior coincidência possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente ocorridos no espaço e no tempo. Para que a jurisdição penal consiga a estabilizaçã das situações eventualmente conflituosas, são disponibilizados diversos meios ou métodos de prova, com o quais e mediante os quais se espera chegar o mais próximo possível da realidade dos fatos investigados, submetidos, porém, a um limite previamente definido na Constituição Federal. A provas, mesmo que sejam lícitas, não podem ser otitidas por meios ilícitos, críterio que pode ser exemplificado pela teoria dos frutos da árvore invenenada. A Constituição Federeal de 1988 prevê a nulidade processual de provas que não atendam ao critério de legalidade. 12 A intereceptação telefônica quando não amparada pelos requitos legais torna-se ilícita. A definição deste procedimento foi definida anteriormente como a a gravação, a captação de conversa telefônica e ocorre quando, em momento algum, nenhum dos interlocutores tem ciência da invasão de privacidade. Cabe ressaltar que a prova obtida por meio de interceptação telefônica deve atender a todos os criterios legais, uma vez que a presevação do direito da intimidade da comunicação e a exposição de terceiros é um direito constrituicional. Este tipo de prova é admitida pelo judiciário quando se esgotam todos os outros meios de comprovação e haja fundamento para que autoridade policial utilize este meio de investigação para a comprovação dos fatos, mesmo assim todo o conteúdo deste tipo de prova deve correr em segredo de justiça. Conclui-se que a prova obtida por meio de interceptação telefônica deve atender a todos os requisitos legais, para que haja a presevação do direito da intimidade da comunicação e a exposição de terceiros, bem como deve ser utilizada somente limites legais. ABSTRACT This paper investigates the problem of studying the evidence obtained by unlawful means in which there was the telephone interception, so the context of the nature of the evidence and their means will be taken. This is a bibliographic study of such works and authors of articles that discuss the topic addressed were consulted. For this theoretical contributions of the literature on the theory of the law of evidence, which was the definition of the means of attestation provided the legal requirements were made. The proof plays an instructive role of verification of the facts relating to the dispute being investigated, so the search for evidence of training set must follow the criteria of the law, since evidence obtained by unlawful means no procedural validity and therefore can not be used for the formation of the conviction of the judiciary on the matter in question. We conclude that the evidence obtained by means of telephone interception must meet all legal requirements , so there is preservation the right of privacy of communication and exposure of third parties, and should be used only when we were exhausted all other means of evidence of a crime . Keywords: General Theory of Evidence . Telephone Interception. 13 REFERÊNCIAS CAGLIARI, José Francisco. Prova no Processo Penal. JUSTITIA, 2013. Disponível em: <http://www.justitia.com.br/artigos/299c16.pdf.> Acesso em: 06 nov. 2013. CARDOSO, Flávio. Provas no Processo Penal. STF TV Justiça, 2013. 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Manual de Processo Penal e Execução Penal. 5ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 17 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2013. RESUMO Segundo Pacelli (2013) há que destacar que a prova judiciária te um objetivo de reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior concidência possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente oc... A PROVA JUDICIÁRIA STJ - HABEAS CORPUS HC 161245 ES 2010/0019030-0 (STJ) REFERÊNCIAS
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