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ARTIGO INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

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RESUMO 
 
O presente artigo busca investigar o problema de estudo das provas obtidas por 
meios ilícitos em que houve a interceptação telefônica, assim será feita a 
contextualização da natureza da prova e seus meios. Trata-se de um estudo 
bibliográfico em que foram consultados obras e artigos de autores que discutem a 
temática abordada. Para isto foram feitos aportes teóricos da literatura do Direito 
sobre a teoria da prova, onde houve a definição dos meios de comprovação desde 
os requisitos legais. A prova cumpre um papel elucidativo da comprovação dos fatos 
referentes ao litígio a ser investigado, por isso, a busca de formação do conjunto 
probatório deve seguir os critérios da legislação, uma vez que provas obtidas por 
meios ilicítos não tem validade processual e portanto não podem ser utilizadas para 
a formação do convencimento do judiciário sobre a matéria em questão. Conclui-se 
que a prova obtida por meio de interceptação telefônica deve atender a todos os 
requisitos legais, para que haja a presevação do direito da intimidade da 
comunicação e a exposição de terceiros, bem como deve ser utilizada somente 
quando foram esgotados todos os demais meios de comprovação de um delito. 
 
Palavras-chave: Teoria Geral da Prova. Interceptação telefônica. Critérios. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este estudo aborda o problema das provas obtidas por meios ilícitos, em 
especial a que se refere a interceptação telefônica. Segundo a Constituição Federal 
de 1988 no art. 5° , inciso LVI, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos. Assim, a interceptação telefônica irregular não tem validade. 
O objetivo geral deste estudo é contextualizar a natureza da prova e seus 
meios, bem como abordar a interceptação telefônica e sua regulamentação. 
A relevância deste estudo está na discussão sobre as provas obtidas por 
meios ilícitos, onde serão abordadas as questões norteadoras: o que são provas 
processuais? O que é interceptação telefônica? Qual a possibilidade de autorização 
judicial para interceptação telefônica? 
Trata-se de um estudo bibliográfico, onde serão analisados as 
considerações doutrinárias e a discussão atual do Direito. O segundo capítulo 
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discute a teoria geral da prova no processo penal, analisando sua classificação, 
sistemas de apreciação, princípios, espécies da prova. 
Este estudo justifica-se pela importância da discussão sobre a teoria da 
prova, mostrando que no conjunto probatório há procedimentos que devem ser 
seguidos para que as provas tenham validade processual. 
 
 
 
2 TEORIA GERAL DA PROVA NO PROCESSO PENAL 
 
A teoria geral da prova aborda aspectos como conceito, natureza, princípios 
entre outros aspectos. 
O conceito de prova pode ser extraído pela sua etomologia o termo prova 
origina-se do latim, probatio, cujo significado é ensaio, verificação, inspeção, exame, 
argumento, razão, aprovação, confirmação. Dele deriva o verbo provar, probare, 
significando ensaiar, verificar, examinar, reconhecer por exeperiência, aprovar, 
demonstrar. (NUCCI, 2008) 
 Ao tratar-se de provas, volta-se o olhar para a busca da verdade, que, no 
processo penal, é demominada material, real ou substancial, justamente para fazer 
contraste com a verdade formal ou instrumental do processo. (NUCCI, 2008). 
A teoria geral da prova mostra que todos os procedimentos relativos a prova 
estao em consonância com a definição das funções investigatorias e acusatórias. 
Nesse sentido, 
 
Toda a questão relativa aos métodos da prova em processo penal passa, 
necessariamente, pelo exame da espécie do modelo processual adotado, no que se 
refere à definição das funções investigatóras e acusatórias. (PACELLI, 2013, p.330). 
 
O princípio da busca da verdade no que tange a teoria da prova tem sido 
pautado na atualidade como o caráter extremamente punitivo. 
Segundo Pacelli (2013) há que destacar que a prova judiciária te um objetivo 
de reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior concidência 
possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como 
efetivamente ocorridos no espaço e no tempo, a prova exerce um papel importante 
na elucidação dos fatos. 
3 
 
A finalidade da prova segundo Cardoso (2013) é influenciar de forma ativa o 
convencimento do julgador. A natureza jurídica das provas, por sua vez, está 
relacionada a delimitação do objeto da mesma, onde o judiciário irá inferir a 
necessidade de comprovação devido a natureza dos fatos. Assim, 
Segundo Funes & Leal (2010), deve-se procurar distinguir o que deve ser 
provado, delimitando assim o objeto da prova. As provas são os fatos relevantes e 
os pertinentes sobre os quais o magistrado deve se manifestar, seja no plano 
processual, como, por exemplo, a ocorrência de algum pressuposto negativo como a 
litispendência, ou seja no plano material, o pagamento anterior da dívida reclamada 
pelo autor. Há também fatos que o legislador entendeu prescindirem de provas, isto 
é, fatos que não necessitam serem provados no processo para que o juiz conheça 
os referidos fatos, forme seu convencimento. 
A admissão da prova está sujeita porém a alguns requisitos como a 
pertinência, relevância e adequação. A pertinência são os fatos que se devem provar 
sobre as questões discutidas em juízo. A relevância mostra que os fatos a serem 
comprovados devem ter conexão ou relação com a pretensão que foi resistida. Por 
outro lado a prova deve estar adequada ao conteúdo que a mesma presta. (FUNES; 
LEAL, 2010). 
A prova tem como objeto os fatos, entretanto somente aqueles fatos que são 
pertinentes ao processo e que são de interesse da parte em demonstrá-lo. Fatos 
que não pertencem ao litígio devem ser descartados e recusados pelo juiz. A 
pertinência e relevância das provas previnem o desenvolvimento de atividade inútil 
para o processo. (CAGLIARI, 2013) 
Os meios de comprovação podem ser por prova direta ou indireta, onde todo 
conteúdo comprobatório poderá ser utilizado, desde que haja validade legal. Assim, 
 
Os meios de provas são tudo aquilo que pode ser utilizado, direta ou indiretamente para 
demonstrar o que for alegado no processo, são os recursos de percepção da verdade e 
formação do convencimento do juiz, o ônus da prova é de quem alega, esse é o 
entendimento majoritário, e facultado ao juiz de ofício [...] Na busca de uma solução da 
lide, busca-se provar a verdade dentro daquilo que for produzido nos autos, demonstrando 
com isso a importância de um processo bem feito, com provas bem produzidas, pois 
depende delas e do convencimento do juiz a condenação ou não do réu. Como o 
magistrado não tem conhecimento técnico de todas as áreas, ele tem que se valer de 
peritos e assistente técnico para o auxiliarem na produção de provas até que possa 
alcançar o seu livre convencimento. (MACIEL, 2013, p.4). 
 
4 
 
As provas conseguidas por meios ilegais não podem ser utilizadas por não 
terem validade processual, por isso, na obtenção do conjunto probatório, devem-se 
obedecer a normas e princípios pré-estabelecidos pela legislação processual. 
Uma prova é considerada ilícita quando contraria normas de direito material, 
de cunho constitucional ou infraconstitucional. Como por exemplo, as provas obtidas 
com violação de domicílio, sem ordem judicial, e a confissão obtida mediante tortura. 
As provas podem ser classificadas como proibidas ou vedadas, isso se diz toda vez 
que para que sejam produzidas ocorre uma violação da lei ou dos princípios do 
direito processual, como por exemplo, as provas ilícitas, ilegítimas e irregulares. As 
provas ilícitas são aquelas que violam disposições de direito material ou princípios 
constitucionais penais. As provas ilegítimas são aquelas que violam normas 
processuais e os princípios constitucionais da mesma espécie: ex: laudo pericial 
subscrito apenas por um perito não oficial. (MACIEL, 2013). 
O ônus da provaé o encargo de qual das partes deve provar os fatos que 
alegam. O Código de Processo Penal no artigo 156, determina que o ônus da prova 
recai sobre aquele que fizer a alegação. No que tange a doutrina tradicional, cabe à 
acusação provar a existência de fato criminoso e por sua vez a defesa do réu, em 
provar a sua inocência. 
Sobre o tema, o promotor Cagliari (2013) entende que: 
 
A disciplina jurídica do onus probandi, segundo reconhecem os doutrinadores, constitui 
um dos problemas fundamentais do processo. Quem deve provar? Quais as 
conseqüências de não desicumbir-se a parte desse ônus, ou de fazê-lo de maneira 
insuficiente? Sobre essas questões assenta-se todo o problema do onus probandi, sobre 
o qual se tem debruçado os estudiosos ao longo dos séculos, formulando teorias e 
orientações diversas. (CAGLIARI, 2013, p.8). 
 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS 
 
A classificação das provas é discutida por vários doutrinadores, no entanto 
será escolhida o seguinte critério: - quanto ao objeto, ao valor, ao sujeito e a forma. 
 O objeto da prova é o fato que objetiva-se provar pelas provas diretas ou 
indiretas. As provas diretas referem-se ao fato em imediato, enquanto as provas 
indiretas são chamadas de circunstanciais, pois delas se deduz a existência de um 
determinado fato por meio de indícios. (CAGLIARI, 2013). 
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O sujeito da prova por sua vez é pessoa ou coisa de onde provém a prova, 
sendo que na prova pessoal há a afirmação consciente que se destina a fazer fé nos 
fatos. (CAGLIARI, 2013). 
Por último a forma da prova é a maneira como a mesma se constitui e se 
apresenta no processo. Segundo Cagliari (2013, p.4). 
 
Forma da prova é a modalidade ou maneira pela qual se apresenta em juízo. Em relação 
à forma a prova é testemunhal, documental ou material. Prova testemunhal, em sentido 
amplo, é a afirmação pessoal oral, compreendendo as produzidas por testemunhas, 
declarações da vítima e do réu. Documental é a afirmação escrita ou gravada. Diz-se 
material a prova consistente em qualquer materialidade que sirva de prova ao fato 
probando; é a atestação emanada. 
 
 
 
2.2 SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DAS PROVAS 
 
 
Os sistemas a serem destacados em relação da apreciação das provas são 
os seguintes: sistemas da íntima convicção do juiz; da prova tarifada e da persuasão 
racional. 
No primeiro sistema, tem o magistrado a ampla liberdade de decidir sobre o 
convencimento da verdade dos fatos segundo critérios de valoração íntima, 
independente dos autos e sem a obrigação de fundamentar seu convencimento. 
Este sistema gera insegurança, principalmente se tratando do Tribunal do Júri, onde 
não há obrigação de fundamentação dos jurados sobre os autos do processo. 
(CAGLIARI, 2013). 
O segundo sistema, das provas legais, se difere do anterior, pois cada prova 
tem seu peso e valor previamente estabelecido em lei, onde o juiz deverá estar 
vinculado de forma simétrica a cada prova apresentada nos autos. Este sistema 
representa uma reação consistente sobre o sistema de convicção íntima, onde o 
processo passa ter validade por meio da comprovação dos fatos, contudo quando há 
provas legais. (CAGLIARI, 2013). 
 O terceiro sistema, da persuasão racional, obriga que o convencimento do 
juiz esteja relacionado ao material probatório e que sua decisão seja devidamente 
fundamentada, mesmo que haja certa liberdade de valoração das provas. 
(CAGLIARI, 2013). 
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2.3 ESPÉCIES DE PROVA 
 
Segundo Moreira (2013), há três espécies de provas: pericial, documental e 
testemunhal. 
A prova documental tem um destaque no conjunto probatório por ter uma 
durabilidade maior que as demais provas, servindo para documentar o fato da 
matéria da alegação. Estes tipos de prova alem de comprovar o fato nele exposto é 
a mais duradoura. Esse tipo de prova tanto pode beneficiar o autor da ação ao 
apresentá-la, como ao réu para provar que os fatos alegados não são verdadeiros. A 
prova documental serve para documentar um fato, não se resume à simples 
escrituração de declarações, abrange também a produção de sons, imagens, 
estados de fato, comportamento e ações, além dos documentos informáticos 
inseridos através das tecnologias modernas. Diferença entre a prova documental e 
prova documentada: a prova documental é aquela pela qual se tem a representação 
imediata do fato a ser reconstruído nos autos. A documentada é o documento que 
sozinho representa o fato. (MOREIRA, 2013, p.15). 
 A prova pericial deve ser pedida pelo juiz, quando há necessidade de 
comprovação por meio de constatação técnica. O magistrado deverá delegar a 
função de perícia técnica ao profissional especializado na matéria em que será feita 
a análise e comprovação dos fatos, nesse sentido, 
 
Em alguns casos existe a necessidade da produção de prova pericial, sem a qual não 
tem como saber qual das partes está com a razão. Portanto, é lícito ao juiz determinar a 
realização de perícia, nos termos do artigo 331 - § 2º combinado com o artigo 130 ambos 
do CPC. Art. 131A perícia é realizada por pessoas especializadas e capacitadas, com 
conhecimento técnico e científico sobre determinado assunto ou problema, mediante 
compromisso, determinado pelo magistrado a pedido da parte ou não; A prova pericial é 
realizada por perito, pessoa da confiança do magistrado, convocada no processo, para 
esclarecer algo que exija conhecimento técnico. Em muitos casos o juiz julga com base 
no laudo técnico. (MOREIRA, 2013,p.15). 
 
A prova testemunhal é realizada por pessoa estranha ao processo, por meio 
de relatos de conhecimento sobre o fato a ser provado, assim, 
A prova testemunhal, por sua vez, efetiva-se por intermédio do relato de 
pessoa que presenciou o fato a se provado ou que tenha conhecimento dos fatos e 
da conduta do réu, apresentando relato para o deslinde do litígio. De uma forma 
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geral, o depoimento da testemunha é sobre aquilo que presenciou, podendo 
também, narrar fato que ouviu sem que tenha presenciado. (MOREIRA, 2013, p.15). 
 
2.5 MEIOS DE PROVA 
 
 
No esforço de provar uma alegação, todo o conteúdo que sirva para a 
comprovação dos fatos deve ser utilizado, portanto, com devida observação legal 
para que o conjunto probatório tenha validade processual. Os meios de provas 
podem ser variados como: oral, testemunhal, depoimento pessoal, prova literal ou 
escrita, documental, pericial, circunstancial, presunções e indícios. No entanto, 
qualquer uma dessas provas não podem ser obtidas por meio ilícito, nesse sentido, 
 
A aceitação de provas ilícitas no processo fere a segurança jurídica, causa grande receio 
à sociedade de uma maneira geral, pois torna, aos olhos de muitos, vulnerável o sistema 
normativo vigente, mais precisamente a Constituição, bem como tornaria vulnerável os 
direitos da personalidade, como por exemplo, o direito à intimidade, à imagem, à honra, 
os quais também são garantidos pela Constituição Federal, posto que o principal objeto 
das provas ilícitas consista na violação à privacidade (escutas telefônicas, quebra do 
sigilo das comunicações, entre outras). (ALVES, 2011, p.2). 
 
A teoria da dos frutos da árvore envenenada, oriunda o direito americano, 
pode ser aplicada no que se refere a apresentação de provas lícitas, obtida por 
meios ilícitos, nesse sentido, 
 
Por essa teoria, entende-se que a ineficácia da prova ilegalmente obtida afeta as provas 
que, embora sejam lícitas, se baseiam em dados obtidos de forma ilícita, não se 
admitindo, também, tais provas. Podemos citar como exemplo o seguinte fato: mediante 
interceptação telefônica, sem ordem judicial, portanto ilícita, toma-se conhecimento de 
que em determinado dia e lugar serão entregues pacotes de droga, apreendidos. Nesse 
caso, obteve-se uma prova lícita, os pacotes de droga, porém, obtidos de forma ilícita, 
interceptação telefônica não autorizada judicialmente.Trata-se da conhecida teoria dos 
frutos da árvore envenenada(fruits of the poisonous tree) criada pela Suprema Corte 
Americana, segundo a qual o vício da planta se transmite a todos os seus frutos.Com 
base nesta teoria o magistrado invalida a prova derivada, pois a mesma estaria viciada 
devido à ilicitude da conduta primária que se estende até onde seus efeitos possam 
perdurar ou atingir. (ALVES, 2011, p.2). 
 
 
 
 
 
 3 DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
3.1 CONCEITO E HIPÓTESES DE CABIMENTO 
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A interceptação telefônica, como meio de prova, tem sua regulamentação e 
restrições legais na Lei 9296/96. 
A definição de intercepção telefônica pode ser entendida como: 
 
A gravação, a captação de conversa telefônica e ocorre quando, em momento algum, 
nenhum dos interlocutores tem ciência da invasão de privacidade, torna-se importante 
frisar este conceito para que não venhamos confundir interceptação telefônica com 
gravação clandestina da conversa telefônica, pois nesta última, um dos interlocutores 
sabe que a gravação se realiza. (LIMA, 2005, p.1). 
 
 
A interceptação telefônica está amparada por lei e sua natureza jurídica é de 
medida cautelar, de índole normativa e processual. (HARTZ, 2008, p.23). 
Para Geraldo Prado (2008 p.23), a utilização de interceptação de dados 
deve estar subordinada a Constituição implica dever de conformação da atividade 
administrativa e jurisdicional pelos preceitos constitucionais 
A interceptação telefônica é expressamente proibida quando a prova puder 
ser feita por outros meios disponíveis. Estes são definidos como aqueles existentes 
no momento em que é solicitada a interceptação, por isso, o juiz deve avaliar se há 
necessidade confirmada para tal procedimento. (MOLLMANN, 2011). 
No curso da interceptação telefônica podem aparecer outros meios de prova, 
o que não invalida a escuta telefônica, no entanto, se por desinteresse das 
autoridades tais meios de provas não forem utilizados, a prova colhida pela 
interceptação estará contaminada e não poderá ser utilizada. O inciso III da Lei 
dispõe que a interceptação não será admitida nas hipóteses em que o fato 
investigado constituir infração penal punida no máximo com pena de detenção. 
Somente é possível a interceptação em crimes punidos com reclusão. 
Ficam excluídas as contravenções penais, que são punidas com prisão simples, e os 
delitos apenados com detenção. Porém, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo 
a interceptação das comunicações quando obtida de maneira lícita e legítima, em 
delitos punidos com reclusão conexos com os delitos apenados com detenção. 
(MOLLMANN, 2011). 
O Art. 4° prevê que a interceptação da comunicação telefônica deverá ter 
justificativa na busca da apuração de uma infração penal, onde os meios devem ser 
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indicados para que não haja violação legal e que haja preservação da relação com 
terceiros. (BRASIL, 1996). 
 
3.2 PRAZO DE INTERCEPTAÇÃO 
 
O prazo de interceptação de acordo com o Art. 5º da Lei 9296/96, estipula 
que a interceptação não pode ultrapassar os quinze dias, podendo ser renovável por 
igual período, no entanto deve haver fundamentação da indispensabilidade do meio 
de prova. (BRASIL, 1996). 
 
 
3.3 PROCEDIMENTO 
 
Os Artigos 6º, 7º, 8º e 9º, dizem respeito ao procedimento da interceptação, 
que deverá ser feita por meio de diligência policial, que deverá encaminhar ao 
judiciário o resultado das operações realizadas. Para a realização da interceptação 
a autoridade policial poderá contar com o apoio de serviços técnicos das operadoras 
de serviço público telefônico; deverá também preservar o sigilo das diligências, 
gravações e transcrições respectivas. O conteúdo que não interessar a prova deverá 
ser inutilizado. (BRASIL, 1996). 
O procedimento da intercepção telefônica foi regulado pela Resolução N. 59 
9/9/2008, do Conselho Nacional da Justiça. Há a ampliação deste sistema de 
interceptação para informática. 
Procede-se a distribuição e encaminhamento dos pedidos de interceptação, 
estes formulados em sede de investigação criminal ou instrução penal, por meio de 
envelopes que poderão ser abertos somente por aqueles que o juiz competente 
determinar. 
O pedido de interceptação telefônica, quando atende os requisitos legais 
previamente estabelecidos, será deferido pelo juiz que fará constar em sua decisão: 
a indicação da autoridade requerente; os números de telefones ou o nome do 
usuário, e-mail ou outro indicador no caso de interceptação de dados; o prazo de 
interceptação; a indicação dos titulares dos referidos números; expressa vedação de 
interceptação de outros números não discriminados na decisão, os nomes das 
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autoridades policiais responsáveis pela investigação e os nomes dos funcionários do 
cartório responsáveis pela tramitação e expedição dos respectivos ofícios. 
 
 
3.4 NULIDADES 
 
A interceptação telefônica deverá correr em segredo de justiça, não sendo 
admitida nas hipóteses de falta de indícios razoáveis de sua aplicação. Assim, 
quando houver outro tipo de prova disponível ou quando o fato a ser investigado não 
seja de matéria grave em relação a pena de no mínimo de detenção. (BRASIL, 
1996). 
Tal medida cautelar deve ser criteriosamente analisada antes de sua 
aplicação desde os requistos legais, tendo em vista o esgotamento de todos os 
meios de provas durante a investigação ou instrução criminal. 
 
4 JURISPRUDÊNCIA 
 
 
Na jurisprudência há uma vasto número de casos em que a interceptação 
telefônica autorizada e cumprindo todos os requisitos legais, passa servir de prova 
emprestada a outro processo investigatório, quando não servindo de comprovação 
para a matéria da alegação inicial, uma vez que haja constatação de outro tipo de 
delito, passa ser prova emprestada para a elucidação de tal conduta. 
 
A PROVA JUDICIÁRIA STJ - HABEAS CORPUS HC 161245 ES 2010/0019030-0 (STJ) 
DATA DE PUBLICAÇÃO: 0/04/2013 
EMENTA: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. 
INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL.INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. 
 1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo do recurso ordinário 
previsto nos arts. 105 , II , a , da Constituição Federal e 30 da Lei n. 8.038 /1990. Atual 
entendimento adotado no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, 
que não têm mais admitido o habeas corpus como sucedâneo do meio processual 
adequado, salvo em situações excepcionais. 2. Pacientes investigados por suposta 
prática de sonegação fiscal, falsidade ideológica, quadrilha e lavagem de dinheiro. 
Desmembramento da investigação criminal, fundada em interceptação telefônica, para 
instauração de outro inquérito. No caso, não houve encontro fortuito de provas na 
Interceptação telefônica, dando origem a uma nova investigação. Os pacientes 
continuam alvo das mesmas investigações, havendo apenas o desmembramento para 
melhor elucidação dos fatos. Assim, as interceptações telefônicas foram colhidas 
licitamente, podendo ser usadas de forma legítima, como prova emprestada, em outro 
procedimento investigatório. Precedentes. 3. Habeas corpus não conhecido. 
 
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A jurisprudência a seguir versa sobre a renovação do período de 
interceptação telefônica quando há necessidade de elucidação ou melhores 
esclarecimentos da matéria a ser investigada sobre o litigo em questão. Assim, 
 
PROCESSO: HC 130818 SP 2009/0042468-8 
RELATOR(A):MINISTRA LAURITA VAZ 
JULGAMENTO:20/09/2012 
ÓRGÃO JULGADOR:T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO:DJE 26/09/2012 
A decisão que deferiu a primeira interceptação telefônica, bem como as que prorrogaram 
por seis vezes a diligência, evidenciou a existência de indícios de participação em 
infrações penais punidas com reclusão e a necessidade da medida, dada a 
imprescindibilidade da providência cautelar para o prosseguimento das investigações, 
porque não se poderia apurar a conduta criminosa de outra maneira,reportando-se a 
representação da autoridade policial.,Tais considerações são suficientes para justificar a 
autorização de escuta telefônica. Em observância ao disposto no art. 93, inciso IX, da 
Constituição Federal. 6. A Lei nº 9.296/96 não limita a diligência a um único período, 
sendo certo que tal interpretação inviabilizaria investigações complexas, como na 
espécie. A interceptação das comunicações telefônicas perdurou pelo tempo necessário 
para a elucidação da trama criminosa, sendo as decisões que prorrogaram o 
monitoramento devidamente motivadas na necessidade de amealhar indícios 
imprescindíveis da participação de cada um dos envolvidos nos crimes apurados, em 
face da complexidade da atuação da quadrilha, sem qualquer constrangimento ilegal. 7. 
Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte e do Supremo Tribunal Federal: 
"Persistindo os pressupostos que conduziram à decretação da interceptação telefônica, 
não há obstáculos para sucessivas prorrogações, desde que devidamente 
fundamentadas, nem ficam maculadas como ilícitas as provas derivadas da 
interceptação."(RHC 85.575/SP, 2.ª Turma, Rel. Ministro JOAQUIM BARBOSA, DJ 
de16/03/2007.) 8. Habeas corpus não conhecido. 
 
 
5 CONCLUSÃO 
 
A prova judiciária tem um objetivo claramente definido, a reconstrução dos 
fatos investigados no processo, buscando a maior coincidência possível com a 
realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente ocorridos 
no espaço e no tempo. Para que a jurisdição penal consiga a estabilizaçã das 
situações eventualmente conflituosas, são disponibilizados diversos meios ou 
métodos de prova, com o quais e mediante os quais se espera chegar o mais 
próximo possível da realidade dos fatos investigados, submetidos, porém, a um 
limite previamente definido na Constituição Federal. 
A provas, mesmo que sejam lícitas, não podem ser otitidas por meios ilícitos, 
críterio que pode ser exemplificado pela teoria dos frutos da árvore invenenada. A 
Constituição Federeal de 1988 prevê a nulidade processual de provas que não 
atendam ao critério de legalidade. 
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A intereceptação telefônica quando não amparada pelos requitos legais 
torna-se ilícita. A definição deste procedimento foi definida anteriormente como a a 
gravação, a captação de conversa telefônica e ocorre quando, em momento algum, 
nenhum dos interlocutores tem ciência da invasão de privacidade. 
Cabe ressaltar que a prova obtida por meio de interceptação telefônica deve 
atender a todos os criterios legais, uma vez que a presevação do direito da 
intimidade da comunicação e a exposição de terceiros é um direito constrituicional. 
Este tipo de prova é admitida pelo judiciário quando se esgotam todos os 
outros meios de comprovação e haja fundamento para que autoridade policial utilize 
este meio de investigação para a comprovação dos fatos, mesmo assim todo o 
conteúdo deste tipo de prova deve correr em segredo de justiça. Conclui-se que a 
prova obtida por meio de interceptação telefônica deve atender a todos os requisitos 
legais, para que haja a presevação do direito da intimidade da comunicação e a 
exposição de terceiros, bem como deve ser utilizada somente limites legais. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper investigates the problem of studying the evidence obtained by unlawful 
means in which there was the telephone interception, so the context of the nature of 
the evidence and their means will be taken. This is a bibliographic study of such 
works and authors of articles that discuss the topic addressed were consulted. For 
this theoretical contributions of the literature on the theory of the law of evidence, 
which was the definition of the means of attestation provided the legal requirements 
were made. The proof plays an instructive role of verification of the facts relating to 
the dispute being investigated, so the search for evidence of training set must follow 
the criteria of the law, since evidence obtained by unlawful means no procedural 
validity and therefore can not be used for the formation of the conviction of the 
judiciary on the matter in question. We conclude that the evidence obtained by 
means of telephone interception must meet all legal requirements , so there is 
preservation the right of privacy of communication and exposure of third parties, and 
should be used only when we were exhausted all other means of evidence of a crime 
. 
 
Keywords: General Theory of Evidence . Telephone Interception. 
13 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
CAGLIARI, José Francisco. Prova no Processo Penal. JUSTITIA, 2013. Disponível 
em: <http://www.justitia.com.br/artigos/299c16.pdf.> Acesso em: 06 nov. 2013. 
 
CARDOSO, Flávio. Provas no Processo Penal. STF TV Justiça, 2013. Disponível 
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http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalTvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Fla
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PRADO, Geraldo. Limite às interceptações telefônicas e a jurisprudência do 
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PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 17 ed. São Paulo: Editora Atlas, 
2013. 
	RESUMO
	Segundo Pacelli (2013) há que destacar que a prova judiciária te um objetivo de reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior concidência possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente oc...
	A PROVA JUDICIÁRIA STJ - HABEAS CORPUS HC 161245 ES 2010/0019030-0 (STJ)
	REFERÊNCIAS

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