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Disciplina: Contabilidade e Gestão Tributária II Aula 10: Contencioso Fiscal Apresentação O crime �scal, mais conhecido como evasão �scal, consiste na prática de atos que infringem a legislação tributaria e que são cometidos após a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Uma das principais características da evasão �scal é omitir o fato gerador da obrigação tributária, objetivando a redução do pagamento de determinados tributos. Os crimes �scais ou a evasão �scal estão previstos na Lei 8.137/90, que regula os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. Nesta aula, você conhecerá os conceitos sobre Contencioso Fiscal e a sua origem. Além disso, você compreenderá de forma detalhada os crimes �scais e por �m, fará a distinção entre sonegação, fraude, simulação e conluio. Objetivos Reconhecer o arcabouço conceitual do Contencioso Fiscal e a sua origem; Avaliar de forma detalhada os crimes �scais; Distinguir sonegação, fraude, simulação e conluio. Contencioso Fiscal Apesar de não existir uma lei especí�ca regulando os direitos e os deveres dos contribuintes e do �sco, a legislação tributária, mais precisamente a Constituição Federal, o Código Tributário Nacional e o RIR/99, contempla, ainda que de forma esparsa, esta relação. O vocábulo contencioso, do latim contentiosu, signi�ca algo duvidoso, incerto. Pode ser de�nido, também, como o direito que é contestado, ou como a seção ou a repartição onde as questões litigiosas são resolvidas. O termo contencioso �scal, por sua vez, pode ser interpretado como a situação em que o sujeito passivo da obrigação tributária, isto é, o contribuinte ou o responsável, encontra-se em litígio com a administração �scal em virtude de dúvidas ou discordâncias. Especi�camente no que diz respeito ao direito de defesa, convém destacar o art. 5º, LV, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. O contencioso �scal permite aos sujeitos passivos da obrigação tributária o direito de reclamar ou de recorrer dos atos praticados pela Administração Tributária, haja vista que no caso de ser autuado pela �scalização tributária, é dado ao contribuinte o direito de defender-se, inicialmente, na instância administrativa, isto é, junto aos órgãos �scalizadores, sem precisar recorrer de imediato ao poder judiciário. Para impugnar administrativamente os atos praticados pelos órgãos �scalizadores, ao analisar as exigências contidas nos autos de infração, o contribuinte deve anexar à defesa administrativa de fato e de direito, todas as provas que possam anular a cobrança dos tributos. Fonte: Por Andrey_Popov / Shutterstock. Se o contribuinte não lograr êxito no processo, na esfera administrativa, poderá recorrer ao Poder Judiciário, conforme preceitua o art. 5º, XXXV, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Atenção Vale ressaltar que, diferentemente do processo judicial, no qual se faz necessária, obrigatoriamente, a presença de um advogado, na esfera administrativa a defesa do contribuinte pode ser elaborada pelo contabilista ou por outro pro�ssional que detenha vasto conhecimento sobre a matéria. Crimes �scais Os crimes �scais estão delimitados pela Lei n.º 8.137/1990, artigos 1º e 2º, e pelo Código Penal, em especial, os artigos 168-A e 337-A . O que é crime �scal ? A palavra crime é originária do latim crimen, que signi�ca ato de violação às leis ou normas vigentes. Não existe de�nição de crime no Código Penal Brasileiro, entretanto, de acordo com a doutrina dominante, crime pode ser conceituado como fato típico, antijurídico e culpável. Por sua vez, crime �scal pode ser entendido como todo ato praticado por particulares, na condição de contribuintes, com o objetivo de eliminar ou reduzir o pagamento dos tributos, mediante a prática das condutas elencadas na Lei 8.137/90, que de�ne os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. 1 1 O art. 168 do Código Penal trata do crime de apropriação indébita e o art. 168-A, aborda, especi�camente, sobre a apropriação indébita da contribuição recolhida dos contribuintes. 2 Por sua vez, o art. 337 do Código Penal trata do crime praticado em virtude da subtração ou inutilização de livro o�cial ou documento con�ado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público e o art. 337-A, aborda, especi�camente, sobre o crime de supressão ou redução da contribuição social previdenciária e qualquer acessório. 3 De acordo com a jurisprudência do STF, os crimes �scais apresentam como peculiaridade a necessidade de constituição do crédito tributário de�nitiva para que possa haver punição pelo Estado. Desta forma, a investigação dos crimes �scais somente poderá ser iniciada mediante a constituição de�nitiva do crédito tributário. Distinção entre sonegação, fraude, simulação e conluio Os crimes �scais, se exceção, têm como �nalidade precípua a obtenção de vantagens econômica, �nanceira ou �scal ilícita, em detrimento da Fazenda Pública. Dentre os atos praticados pelos contribuintes, considerados pela legislação tributária como crimes �scais, podemos destacar a sonegação, a fraude, a simulação e, por �m, o conluio. Convém destacar que os referidos crimes apresentam como principal característica o dolo ou má fé. Vamos estudar a seguir sobre sonegação, fraude, simulação e conluio. Clique nos botões para ver as informações. A palavra sonegar, que vem do latim subnegare, signi�ca refutar, negar, omitir. O termo sonegar, por sua vez, consiste no ato voluntário e consciente realizado com a �nalidade de eliminar ou reduzir o tributo devido. Sonegação �scal A sonegação �scal pode ser entendida como toda ação ou omissão voluntária e consciente, realizada de forma dolosa, com o objetivo de inviabilizar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou de retardar seu conhecimento por parte do ente público responsável. Originária do latim fraus, fraudis, a palavra fraude pode ser de�nida como dolo, engano, burla, contrabando. Fraude �scal pode ser entendida como toda ação ou omissão dolosa que, burlando a legislação tributária, consegue impedir, retardar, eliminar, bem como modi�car a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal e, consequentemente, reduzir o valor dos tributos devidos. Desta forma, podemos dizer que a fraude consiste num ato ilícito, voluntário e consciente, praticado pelo contribuinte com a �nalidade de se eximir da obrigação tributária. Fraude �scal A palavra simulação tem sua origem no latim simulatio, que signi�ca �ngimento. Assim como a sonegação e a fraude, a simulação �scal é um ato voluntário e consciente que tem como objetivo ocultar ou esconder o fato gerador da obrigação tributária, ou seja, o fato demonstrado não é o realmente determinado pelo �sco, apesar de possuir aparência legal. A legislação tributária não de�ne nem caracteriza com precisão o ato de simulação. Assim, para analisar simulação é necessário recorrer ao Direito Privado, especialmente ao Direito Civil. Simulação �scal O vocábulo conluio, originário do latim colludium, signi�ca combinar, arranjar, tramar. No âmbito da Contabilidade Tributária, podemos dizer que o conluio consiste no ajuste realizado pelos contribuintes com o objetivo de obter economia �scal ilícita, ou seja, é quando duas ou mais pessoas realizam ajustes visando à sonegação �scal ou à fraude �scal. Conluio Sonegação �scal Fonte: Por Andrey_Popov / Shutterstock. A de�nição de sonegação encontra-se no art. 71 da Lei 4.502/64: Art. 71 - Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, oconhecimento por parte da autoridade fazendária: I - Da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - Das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Saiba mais Crime de sonegação �scal <galeria/aula10/anexo/crime_de_sonegação_�scal.pdf> . Fraude �scal A de�nição de fraude encontra-se no art. 72 da Lei 4.502/64. Art. 72 - Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modi�car as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido e evitar ou diferir o seu pagamento. Em geral a fraude é praticada pela distorção das normas jurídicas ou pelo ato simulado, pois o contribuinte utiliza-se de procedimentos que violam a legislação tributária, objetivando o não pagamento dos tributos devidos. Atenção Um dos exemplos mais frequentes da prática da fraude �scal é a modi�cação ou adulteração das vias da nota �scal. Este ato é denominado pelo �sco como “nota calçada", isto é, o contribuinte agindo em desacordo com a legislação tributária, registra um valor na primeira via da nota �scal, a via que se destina à circulação da mercadoria ou a comprovação do serviço prestado, e outro valor inferior nas vias que �cam arquivadas e que poderão ser auditadas em uma �scalização. Simulação �scal De acordo com a legislação brasileira, o ato de simulação é nulo e encontra-se de�nido nos artigos 102 e 105 do Novo Código Civil Brasileiro. Art. 102 – Haverá simulação nos atos jurídicos, em geral: I – quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem, realmente, se conferem, ou transmitirem. II – quando contiverem declaração, con�ssão, condição ou cláusula não verdadeira. III – quando os instrumentos particulares forem antedatados ou pós-datados. Art. 105: Poderão demandar a nulidade dos atos simulados os terceiros lesados pela simulação, ou os representantes do poder público, a bem da lei ou da fazenda. Resumidamente, podemos dizer que a simulação ocorre quando o contribuinte realiza ato diverso do que exprimem as palavras. No caso de simulação, vale ressaltar, também, o que preceitua o art. 167, §1° do Novo Código Civil. Art. 167. - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. §1° Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - Contiverem declaração, con�ssão, condição ou cláusula não verdadeira; III - Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. A simulação compreende a realização à Fazenda Pública. Conluio O conceito de conluio está no art. 73 da Lei 4.502/64: Art. 73 - Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Exemplo Como exemplo de conluio podemos citar o subfaturamento; a nota sanfonada; a nota calçada; a venda de recibos frios para fraudar o Imposto de Renda, ou seja, todas as formas de sonegação ou de fraude �scal que causam dano à Fazenda Pública em virtude do não pagamento de tributo devido. Notas 168-A e 337-A 1 Vale ressaltar que os artigos 168-A e 337-A do Código Penal delimitam, exclusivamente, os crimes praticados contra a previdência social. Próxima aula Contencioso Fiscal. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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