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Nicolas Martins 2025.1 - Farmacologia II FARMACOLOGIA DOS OPIOIDES ● Introdução A dor é um componente presente praticamente em todas as patologias clínicas e seu tratamento é um imperativo clínico fundamental. Os opioides são fundamentais para o tratamento da dor aguda, mas, nos últimos anos, sua eficácia e segurança no tratamento das dores crônicas têm sido questionadas em razão da acumulação de exemplos de adição e morte causadas por seu uso indevido. Os opióides certamente não são mais a primeira opção de tratamento da dor crônica, e uma abordagem mais conservadora consiste em usar outras classes farmacológicas, inclusive AINE, anticonvulsivantes e antidepressivos. Os opióides são a classe mais poderosa de analgésicos, necessitando um maior cuidado ao utilizá-los. Seu uso é mais comum nos “ dois pólos da vida “ : Ou em casos de dor aguda ( tratada nas primeiras 72 horas ) onde o opioide atua como tratamento imediato, tendo uma ação direta e rápida ou em casos terminais ou de politrauma onde o opioide atua para atenuar a dor de um paciente com prognóstico ruim e/ou , muitas vezes, a beira da morte. Sua analgesia é tão poderosa que ele vai desde a dose analgésica até a dose anestésica, ou seja, ela pode ir desde uma simples dor tegumentar cutânea até a dor de um paciente terminal. ◆ Relembrando a Fisiologia da Dor - Baseado no resumo de Amanda Monteiro A Dor é referida como um fenômeno pois ele não causa somente um sinal ou sintoma, ela pode levar a diferentes comorbidades como a incapacidade física, sofrimento (normalmente acompanhado de alterações de humor e qualidade de vida ) e alterações neurodegenerativas. Podendo ser classificada como uma Síndrome dolorosa, sendo considerada pela OMS como um quinto sinal vital. A dor possui dois componentes importantes: - Componente Sensorial: Irá envolver o giro pós central Oferece noção de qualidade e localização da dor - Componente Afetivo Motivacional: Irá envolver o córtex pré frontal, cíngulo e sistema límbico Oferece noções de aversão ⇒ Tipos de Dor 1 ) Dor fisiológica: dor comum. Braço espetado por um objeto pontiagudo. Tem a finalidade de sinalizar algo que está acontecendo no corpo. 2 ) Dor inflamatória/por excesso de nocicepção: é causada por excesso de nocicepção, oriunda da liberação de substâncias que compõem a inflamação, ocorre uma destruição maciça de células ao redor da lesão, ocasionando além de dor, rubor, calor e tumor. Quando a pessoa sinaliza bem onde está a dor, provavelmente ela é inflamatória.Facilmente tratável 3 ) Dor neuropática: Não tem cura, apenas amenização do sofrimento. É a dor causada por lesão nervosa ou disfunção do sistema nervoso Dor mista/disfuncional: disfunção funcional que envolve um pouco de várias dores, ocorre durante muito tempo e em vários lugares diferentes; exemplo: cefaleias ou fibromialgia. 4 ) Dor nociceptiva: é um aspecto sensorial que através de um estímulo nociceptivo e da ativação de nociceptores, ocorre a transformação em resposta elétrica e depois química. ⇒ Fibras da Dor 1 ) Fibra A-Beta: Tem mielinização grossa com alto calibre. Tem funções de propriocepção e tato Participa nas pequenas vias de dor. Tem uma velocidade de condução muito elevada (30-100 m/s) o que faz com que seja utilizada no caso de transmissão de estímulos muito rápidos como por exemplo, reflexos. 2 ) Fibra A-Delta: Transmite dor rápida e aguda (12-30 m/s) Tem mielinização e é grossa Leva a característica latejante 3 ) Fibra C: Transmite dor lenta (não necessariamente relacionada à dor crônica) Amielinizada e fina Sua condução elétrica é bem menor e não causa alteração na medula espinhal. Na periferia encontram-se as fibras C e A-Delta. Elas se projetam para o corno posterior da medula, cruzam o H medular, acendem o sistema ântero-lateral que se projetam para o tálamo medial e tálamo ventro-basal. ⇒ Trato ascendente O estímulo álgico chega e sensibiliza a via aferente da dor (primeiro neurônio), e então as fibras direcionam-se ao corno posterior da medula, sofrem decussação e ascendem através do sistema ântero-lateral/espinotalâmico através de três vias/feixes possíveis ⇒ Trato Descendente Essa via age sob os terminais dos nociceptores (mecanismo pré-sináptico), inibindo a liberação de neurotransmissores, ou sobre os neurônios espinhais (mecanismo pós-sináptico), sejam eles interneurônios e neurônios de projeção. As variações do limiar à dor, induzidas por diversos fatores emocionais ou cognitivos, envolvem a ativação de núcleos supra espinhais (substância cinzenta periaquedutal, a PAG, a formação reticular e o núcleo magno da rafe) que participam na modulação descendente, controlando a nocicepção. Foi descoberto que a área periaquedutal/formação reticular e o núcleo magno da rafe libera opióides endógenos, a encefalina e a serotonina, respectivamente, ambas importantes para a analgesia. A liberação desses neurotransmissores, a serotonina e a encefalina, inibem neurônios de vias ascendentes - Serotonina: hormônio do prazer, faz com que a pessoa sinta-se bem. Com sua liberação ocorre a inibição de neurônios de vias ascendentes que causam dor; quando a pessoa sente-se bem consigo mesma, a dor torna-se secundária. - Encefalina: hormônio que é poderoso analgésico que alivia a dor e da sensação de euforia ligando-se aos mesmos receptores de algumas drogas → Via OFF: é a via inibitória do funículo dorsolateral. O fato da região periaquedutal receber sinapses do sistema límbico faz com que essa via seja ativada, inibindo a transmissão da dor (impedindo a passagem de sinal da 1º sinapse) e liberando encefalinas. Esse neurotransmissor liga-se ao neurônio pré-sináptico fechando canais de Ca++ (dessa maneira, atenuando a liberação de glutamato), já no neurônio pós-sináptico atua abrindo canais de K+ (hiperpolarizando a célula, diminuindo a frequência da transmissão da dor, porque afasta a membrana do limiar de disparo). → Via ON: é a via excitatória do funículo dorsolateral. Essa via facilita a liberação da dor porque inibe interneurônios inibitórios que atenuam a dor; esse sistema é ativado pelas emoções ruins do sistema límbico, como o medo e a ansiedade. A quantidade de atividade dessas vias define se o portão medular abre ou fecha ⇒ Teoria do Portão Medular O portão serve para explicar a influência da estimulação cutânea tátil no alívio da dor. Ele funciona através do controle da passagem de impulsos nervosos vindos de fibras periféricas de associação do sistema nervoso central. Ele trabalha através da via inibitória descendente que produz os opióides endógenos que ajudam a fechar o portão. - O fechamento do portão atenua a dor, e a continuidade da sua abertura, intensifica. - O próprio organismo pode atenuar a dor, principalmente quando existe uma liberação adrenérgica excessiva. - Ele só funciona com estímulos de caráter baixo de dor. - Condições que influenciam a abertura o portão: Físicas: extensão da lesão e nível de atividade inapropriado. Emocionais: ansiedade, preocupações, tensão e depressão. Mentais: tédio e concentração excessiva na dor. - Condições que influenciam o fechamento do portão: Físicas: fármacos e massagens. Emocionais: pensamentos positivos, relaxamento e descanso. Mentais: participações em atividades externas e não concentração na dor → Novo modelo: Nesse modelo existem dois tipos de interneurônios que estão localizados na substância gelatinosa do corno posterior da medula: o inibitório, que está ligado à fibra A, e o excitatório, que está ligado à fibra C. A fibra A faz uma sinapse excitatória com o interneurônio inibitório que inibe o neurônio de projeção, desse modo atenuando as informações que chegam até o córtex. Já a fibra C faz sinapse excitatória com o interneurônio excitatório, que quando excitado demais, facilita a percepção de dor ◆ Farmacologia da Dor A dor é interceptada na periferia por algumas substâncias que interferem na transmissão de seu potencial de ação. Os anestésicos locais atuam bloqueando canais rápidos de sódio, interrompendo a transmissãonervosa. A fisioterapia com imobilização, drenagem e fisioterapia também podem interromper na periferia a transmissão nervosa, porém, em 99% dos casos usamos os AINES que são substâncias que interrompem a parte inicial da dor bloqueando a síntese de prostaglandina, ( interrompendo a ação da enzima ciclooxigenase responsável pela síntese das PGs ) . Toda vez que usamos um AINE ele é utilizado como um antiinflamatório esteroidal, porém, possui uma capacidade analgesica secundária uma vez que as PGs medeiam as ações inflamatórias e algisicas ( Geram dor ) . Nem todas as substâncias desse grupo são anti inflamatórias, como o tylenol, que possui atividade anti térmica ( já que as PGE2 atuam na regulação do termostato ) e ação analgésica, mas não goza de atividade antiinflamatória. Os opióides são substâncias que interferem na transmissão espinhal e supraespinhal, tanto em nível medular tanto em nível encefálico, alterando as sinapses e controles ascendentes/descendentes que participam da transmissão segmentar e supra segmentar da dor, ou seja, o processo de transmissão central e neuroplasticidade caracterizados pelas vias ON/OFF e o portão medular. ● Terapia Analgésica O ópio naturalmente é oriundo do extrato da papoula - Opiáceo: qualquer agente derivado diretamente do ópio - Opióide: agentes naturais, sintéticos, semi sintético, endógenos ou exógenos que se ligam a receptores opióides, ou seja, é qualquer substância que tenha as propriedades farmacológicas e funcionais de um opiáceo 1 ) Quando realizamos a terapia analgésica começamos primeiramente com AINES como - Diclofenaco, Dipirona, Paracetamol, Lumiracoxibe, Celecoxibe - que normalmente são utilizados em dor branda. 2 ) Na dor moderada como em cólicas nefréticas ou biliares usarão a associação de um AINES com um Opióide/Opiáceo Fraco como - Codeína, Tramadol ( Via Oral ) - essa associação garante um grande poder analgésico. 3 ) Em casos de dores extremamente fortes como politraumas ou pacientes terminales utilizamos Opioide/Opiáceo forte como - Morfina, Metadona - Por via oral, epidural, intravenosa ou intramuscular, nesses casos estamos usando opiáceos em dose plena. ● Peptídeos opióides endógenos Opióide endógeno é uma molécula biológica presente no cérebro que atua por meio de um receptor opioide. Os precursores dos peptídeos opióides constituem uma família numerosa definida pelo pró-hormônio do qual derivam. Existem descritas várias famílias diferentes de peptídeos opióides endógenos, das quais as principais são as encefalinas, as endorfinas e as dinorfinas. Desse modo, Cada precursor é suscetível a clivagens e modificações pós-translacionais complexas, que resultam na síntese de vários peptídeos ativos. As três substâncias ( Endorfinas, Encefalinas e Dinorfinas ) são todas derivadas de uma substância denominada Pré-pró-opiomelanocortina, onde dentro de sua estrutura pode-se observar 03 encefalinas , 02 Endorfinas, 02 moléculas de hormônio melanotrófico e 05 de Dinorfinas. Além da Pré-pró-opiomelanocortina temos também a Pré-Pró-encefalina, que é somente capaz de liberar as encefalinas ao ser clivada, e a Pré-Pró Dinorfinas que podem ser clivadas em dinorfinas Essas substâncias são vindas de uma substância produzida no hipotálamo – Pró-opiomelanocortina (POMC/Big-ACTH). É um polipeptídeo muito longo, cujo interior contém segmentos de duas moléculas de encefalina, uma de endorfina, duas de MSH e uma de ACTH. Desse modo, podemos afirmar que cada precursor está sujeito a uma série de reações complexas de clivagem por diferentes enzimas semelhantes à tripsina e a várias modificações pós-traducionais, que resultam na síntese de vários peptídeos, dentre os quais alguns atuam como opióides. Sendo, o processamento desses peptídeos alterado pelas demandas fisiológicas, resultando na liberação de combinações diferentes de peptídeos derivados pós-tradução por determinada célula em diferentes condições, como por exemplo: ⇒ Endorfinas = Liberada em momentos de satisfação, felicidade e atividade física. ⇒ Encefalinas = Substância que fecha o portão medular através da inibição do interneurônio inibitório – inibição pós sináptica. ⇒ Dinorfinas = Hiperpolariza as fibras A-delta e C impedindo a liberação de glutamato – inibição pré sináptica. ⇒ Proencefalina = Relacionados com a percepção da dor, com a modulação do comportamento afetivo, com a modulação do controle motor, e com a regulação do sistema nervoso autônomo.. ➤ Distribuição Células que produzem Pré-proopiomelanocortina = Núcleo arqueado, núcleo do trato solitário, medula espinhal Peptídeos derivados pré-proopiomelanocortina = Segmento intermediário e distal da hipófise e nas células da ilhota pancreática Peptídeos derivados prodinorfina e proencefalina = Amplamente distribuídos por todo o sistema nervoso ● Opióides - Origem O ópio é uma substância bruta, retirada por meio da incisão da casca de semente após as pétalas da flor terem caído. Os alcalóides importantes para a prática médica são: - Morfina ( 10 % ) - Codeína ( < 0.5 % ) - Utilizada como analgésico e para o controle da tosse, presente em xaropes. - Tebaína - Relaxamento de músculos lisos - Papaverina - Relaxamento de músculos lisos - Tratamento para cólica menstrual ou intestinal ● Estrutura química dos opióides A estrutura das substâncias derivadas do ópio vão variar nas posições 03,06 e 07, onde a variação de compostos nessas 03 posições dará origem a vários fármacos que têm como matriz a molécula da morfina ( sendo ela a molécula mais simples ) OBS.: A heroína possui uma meia-vida extremamente curta quando comparada com a morfina, sendo também cinco vezes mais lipossolúvel que a morfina. Desse modo, a meia vida curta acelera a dependência física e sua alta lipossolubilidade faz com que se entre rapidamente no estado de morfeu ( maior efeito ). ● Classificação ⇒ Pela Origem → Naturais: morfina,codeína → Semi-sintéticos: Buprenorfina e oxicodona → Sintéticos: Nalbufina, naloxona, metadona, propoxifeno, alfentanil, fentanil, sufentanil e remifentanil ⇒ Pela estrutura Fenantrenos, fenilpiperidinas, fenilpiperidinas, benzomorfanos e morfinano ⇒ Pela eficácia → Fraca: Codeína, tramadol e propoxifeno → Forte: Morfina, Metadona, Oxicodona, Fentanil, Sufentanil e Remifentanil ⇒ Pelo tipo de agonismo/antagonismo O que são agonistas-antagonistas? São substâncias que estimulam determinados receptores e bloqueiam outros. Ou seja, é agonista de um e antagonista de outro concomitantemente. Quais são os antagonistas da morfina? As três substâncias antagonistas da Morfina são: Naloxona, Naltrexona e Metilnaltrexona ( derivado mais lipossolúvel que a Naltrexona ) OBS.: O antagonista usado em casos de intoxicação é a Naloxona (Narcan) pois ele é antagonista total dos 3 receptores, então antagoniza os efeitos. Rapidamente revertendo casos de Intoxicação ● Receptores opióides Existem três famílias de receptores opióides presentes no corpo humano e de outros mamíferos: mu,delta e kappa ( MOR, DOR e KOR ) que transmitem seus sinais via proteína G ⇒ Receptor mu ( μ )- MOR: morfina liga-se fortemente e produz analgesia e os efeitos indesejados mais severos ( depressão respiratória, euforia e dependência ) ⇒ Receptor kappa ( K ) - KOR: morfina liga-se com menor intensidade e produz analgesia acompanhada de sedação. Ausência de efeitos colaterais mais severos. Grande esperança para o desenvolvimento de analgésicos seletivos ( nalorfina é antagonista com fraca ação agonista ). ⇒ Receptor delta ( δ ) - DOR: ocorre interação dos analgésicos endógenos ( encefalinas ), morfina também interage neste receptor de forma potente. Menos efeitos colaterais. Não causa sedação, euforia ou dependência. OBS.: K e o δ promovem analgesia na medula e o μ promove a analgesia mais completa, no SNC. Os opióides podem atuar na medula, região periaquedutal. OBS.2: O receptor μ3 é uma dúvida porque os novos artigos dizem que ele faz vasodilatação enquanto os artigos antigos relatam que faz vasoconstrição. Miguel acredita que ocorrevasodilatação mediada por receptor μ3. Esses receptores ainda se subdividem em diferentes em diferentes subtipos. ⇒ Morfina/Heroina / Codeina/ Fentanil - Agonista MOR. KOR e DOR ⇒ Pentazocina/ Nalorfina ( AP ) - Agonista KOR e um pouco DOR mas INIBE o MOR ⇒ Naloxona/ Naltrexona ( antagonistas ) - Naloxona é inibidor dos 03 receptores e a Naltrexona bloqueia mais o MOR e KOR do que DOR (conceito de agonista e antagonista) ● Mecanismos de ação Devido a grande intimidade neural os opióides irão atuar desde dos nociceptores até regiões encefálicas: Pelos neurônios aferentes primários o potencial de ação é transmitido até a ponta posterior da medula, cruzando o H medular e ascendendo pelo sistema anterolateral. Passando pela formação reticular e ativando uma região lotada de receptores opióides, a região periaquedutal, onde se direcionam ao tálamo e do tálamo se irradiam para a área somatossensorial onde o homúnculo de penfield localiza gera a sensação de dor . Ao mesmo tempo que essa informação se encaminha para o córtex somatossensorial ela passa para o sistema límbico, e para a região periaquedutal e periventricular ( onde temos um grande volume de receptores opióides ) onde se encontram as vias descendentes que terminam lá no interneurônio inibitório, que na lâmina 1 na lâmina 5 interrompem a informação que passaria do neurônio aferente primário para o neurônio de transmissão que leva informações até o tálamo. A região periaquedutal será a região onde os opióides atuam. É importante lembrar que na via descendente ao liberar encefalina ela impede que o neurônio aferente primário transmita para o neurônio de transmissão ( a comunicação entre esse dois neurônios usa o Glutamato e substância P e a encefalina atua inibindo a liberação de tais neurotransmissores ) inibindo a transmissão da informação até o córtex somatossensorial. No esquema ao lado podemos observar isso melhor. Lá na periferia temos o neurônio aferente primário. Na nossa medula em nível segmentar também temos receptores para opióides, portanto, os opióides já começam atuar na periferia e na medula . Caso o estímulo consiga cruzar a medula e ascender até o núcleo da rafe mediana ( NRM ) e núcleo paragigantocelular ( NRPG ) nessas áreas também teremos receptores opióides que quando estimulados interrompem a informação para essa região, que possivelmente também tem terminações ao tálamo. Se o estímulo passar para o tálamo, na região periaquedutal também teremos receptores opióides que impedem que a informação chegue ao córtex somatossensorial. Na fibra C nós já possuimos receptores do tipo Mu que inibem a entrada de cálcio no terminal nervoso da fibra c e da fibra delta. Esse cálcio é fundamental para a liberação dos neurotransmissores glutamato e a substância P que atuam nos neurônios de transmissão ( segunda ordem) gerando o potencial de ação que irá ascender até o córtex somatossensorial . No neurônio de transmissão também temos receptores do tipo Mu que ao serem estimulados abrem canal de K+ causando uma hiperpolarização e dificultando a formação de um potencial de ação neste neurônio de segunda ordem.Desse modo, um agonista opiáceo que atua simultaneamente nesses níveis serviria para atenuar a excitação do neurônio de segunda ordem desencadeada pelos estímulos aferentes. Caso essa informação passe e acaba cruzando e ascendendo até o córtex também temos informações descendentes onde lá da região periaquedutal , via funículo dorsolateral, teremos terminações que chegam a nossa medula e fazem com que essa informação seja interrompida. A região periaquedutal apresenta um tipo de neurônio GABAérgico tonicamente ativado, ou seja, que se encontra constantemente gerando potenciais de ação fazendo com que o GABA realize uma inibição constante. Resumindo, esse neurônio está liberando uma substância inibitória ( GABA ) que está tonicamente inativando o sistema formador do feixe descendente que é o responsável por interromper a passagem do estímulo na primeira sinapse sensorial. Portanto, a morfina inibe a liberação do GABA ( Inibe a inibição dos neurônios formadores do funículo dorsolateral - fazendo uma depressão neuronal ) impedindo que ocorra a inibição do sistema descendente e facilitando que o mesmo tranque o portão medular, ou seja, morfina deprime o sistema inibitório via funículo dorsolateral, fechando o portão medular, reduzindo a liberação de todos os neurotransmissores que facilitam o fenômeno da dor (glutamato e substância P). OBS.: O Locus Coeruleus libera noradrenalina no corpo neuronal, atuando em alfa 2 e ocorre inibição do feixe espinotalâmico, por isso que a Clonidina (agonista adrenérgico que atua em alfa2 para tratar HAS) administrada por via tecal pode provocar analgesia. ● Seletividade dos analgesicos para com os diversos receptores ⇒ Metadona - Usado para reverter a dependência de morfina ⇒ Fentanil/Sulfetandil - Poderossimos analgesico ⇒ Codeina - Em doses baixos é um poderoso remedio para tosse mas em doses mais altas além do efeito de diminuição de tosse ele se torna um poderoso analgesico ⇒ Pentazocina - Antagonista de Mu e agonista de kappa ⇒ Nalorfina - Antagonista de Mu e agonista parcial de kappa ⇒ Buprenorfina - Parcial de Mu e antagonista de kappa ⇒ Naloxona - Antagonista dos 03 ● Efeitos dos analgesicos opioides do SNC 1. Analgesia 2. Euforia/disforia - Em indivíduos deprimidos a euforia e em indivíduos normais disforia 3. Sedação - Seu efeito sedativo é tão importante que o efeito disfórico é anulado pela sedação 4. Depressão Respiratória - Em doses terapêuticas causa a depressão respiratória, onde o paciente assume um normal situação de Hipercapnia 5. Supressão do reflexo da tosse 6. Miose - Todas as substâncias são midriáticas, porém, a única substância que causa miose são os opióides 7. Náuseas 8. Vômitos - Vômito em projetil de ação central - Induzem a analgesia sem perda da consciência – os analgésicos opióides bloqueiam o sistema perceptivo e afetivo/emocional do paciente - A dor é menos intensa, menos desconfortável ou desapareceu por completo - Alterações de humor e efeitos recompensadores - Euforia, tranquilidade. Tendo a participação das vias dopaminergicas ( núcleo acumebtne, de recompensa ) - Sonolência e obnubilação mental - Vale lembrar que o efeito da morfina no coração é benéfico, pois induz a liberação de histamina, diminuindo a pós- carga e aumentando a Fração de Ejeção, então não há motivo para ter medo em administrar morfina em um paciente cardiopata. - Dor contínua e difusa é aliviada com mais eficácia que a dor intermitente e aguda, com doses suficientes é possível aliviar até mesmo a dor grave - Embora a dor nociceptiva em geral responda aos analgesicos opioides, a dor neuropatica não costuma responder bem a esses fármacos e pode exigir doses maiores desses analgesicos - Os analgesicos opioides não atleram a sensação dolorosa como também a resposta afetiva - Atuando no componente emocional da dor ● Receptores opióides: Tolerância Redução da eficácia de um fármaco depois de sua administração repetida. Ao final de uma semana ou de 15 em 15 o indivíduo já precisa reajustar a sua dose de opioide. Alguns indivíduos desenvolvem a tolerância aguda, onde em dois dias já começam a desenvolver uma diminuição da intolerância. Os indivíduos vão precisar de doses cada vez maiores para chegar a uma analgesia plena. Mecanismos de tolerância: 1. A dessensibilização a curto prazo. Provavelmente envolve a fosforilação dos receptores e a proteína quinase C. 2. Os receptores e podem sofrer internalização rápida mediada por um agonista através de uma via endocítica clássica, enquanto os receptores não podem ser internalizados depois da exposição prolongada aos agonistas. 3. Depende da estrutura do ligante – isso permite o rodízio de opióides. 4. A tolerância crônica parece estar associada a aumento da atividade da adenilato ciclase ● Vias de administração ⇒ Oral → Morfina, Codeína e Propoxifeno ⇒ Parenteral →IM, IV e SC ⇒ Epidural → morfina ⇒ Retal →morfinae hidromorfina ⇒ Patch transdérmico (emplastro) →fentanil ⇒ Transmucosa oral → citrato de fentanil ⇒ Intranasal → butorfanol ⇒ PCA → analgesia controlada pelo paciente através de um aparelho. ● Farmacocinética Sofrem metabolismo de primeira passagem , desse modo, via oral precisa de uma dose 3x maior do que parenteral. ( 20% chega aos vasos sanguíneos ) → Conjugação com ácido glucurônico → Eliminado pelos rins pela vesícula biliar → Atravessa BHE e placentária (risco de depressão respiratória fetal) – MUITO lipossolúveis como heroína e fentanil ● Efeitos adversos ⇒ Hipotensão - acontece somente com a morfina, já que é derivada de um vegetal e portanto é um grande liberador de histamina. A hipotensão é rapidamente regulada pelo barorreceptor. ● Dependência Em indivíduos com dependência crônica devemos retirar a heroína lenta/gradualmente e substituí-la por metadona, que possui uma síndrome de abstinência mais leve que a heroína. Fazendo a “ troca de vício “. ● Comparação entre a poencia analgesica e a propensão ao vício/abuso ● Interação medicamentosa ● Contraindicação 1. Lesão cerebral 2. Uso crônico durante a gravidez 3. Impedimento da função pulmonar (enfisema) 4. Insuficiência hepática e renal