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Farmacologia - Opioides


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2021.1 – MED UNIFTC Melissa Cristina | Thaís Silva Turma A – TUT 03 
 
 
 
 
 
 
 
 Caso Clínico: 
Apresentamos o caso de um menino de 4 anos e 12,5 kg atendido em o 
Pain Management Center do Seattle Children’s Hospital. O paciente foi 
admitido no serviço médico por aumento circunferência abdominal 
associada a uma diminuição na produção de fezes. A dor resultante 
levou ao aumento do uso de opióides antes admissão hospitalar. O 
paciente nasceu prematuramente e com o diagnóstico de EB distrófica 
grave logo após o nascimento. O menino estava familiarizado com a 
equipe devido a acesso a cuidados médicos relacionados à colocação 
de tubo de gastrostomia e complicações relacionadas, lise da membrana 
esofágica / intestinal, necrosante enterocolite, tratamento de infecções 
cutâneas frequentes, crônicas distensão abdominal e constipação 
intratável. Na última visita ao atendimento, um tubo retal foi colocado 
em um esforço para minimizar a constipação crônica. O menino era 
tolerante a opioides no nascimento e desde então recebendo opioides 
crônicos para dor relacionada à EB, suas complicações, e o desconforto 
dos cuidados de rotina, incluindo trocas de curativos e banhos. Antes 
desta admissão, seu regime de medicação analgésica incluiu metadona 
12,5 mg por gastrostomia (PG) a cada 6 horas, hidromorfona 2 a 4 mg 
PG a cada 4 horas, naloxona 2,5 mg PG a cada 6 horas e gabapentina 
300 mg PG a cada 6 horas. O regime terapêutico incluiu polietilenoglicol 
17 g PG a cada 8 horas, metoclopramida 1,25 mg PG a cada 6 horas e 
simeticona. Apesar deste regime, ele sofria de distensão crônica 
relacionado à constipação e subsequente desconforto abdominal. A 
naloxona enteral foi iniciada 3 anos antes em um esforço para melhorar 
a função GI no contexto de uso crônico de opioides. Este medicamento 
foi bem tolerado e clinicamente parecia fornecer alguma função 
melhorada. Com o tempo, o aumento da dosagem ocorreu devido ao 
aumento das necessidades de opióides, crescimento do paciente, e 
tentativas contínuas de melhorar a função intestinal. Naloxona era 
inicialmente prescrito com 0,1 mg de PG a cada 6 horas, mas a dosagem 
tem foi aumentado de forma constante para 2,5 mg PG a cada 6 horas 
ao longo dos 3 anos de tratamento. No entanto, conforme a dosagem 
necessária aumentou, a aparente utilidade deste medicamento diminuiu. 
Dosagem acima de 2,5 mg PG a cada 6 horas resultou em aumento da 
necessidade de medicação para dor sem melhora na função GI. Isso foi 
atribuído a absorção enteral e distribuição sistêmica do medicamento, 
incluindo entrada para o sistema nervoso central. No momento desta 
admissão, o diagnóstico principal de constipação induzida por opióides 
foi confirmada após um completo checkout e consideração de causas 
alternativas do paciente sintomas. Posteriormente, a equipe de 
gerenciamento de dor selecionou tratamento com metilnaltrexona na 
esperança de minimizar o antagonismo da analgesia opióide nos 
receptores centrais, ao mesmo tempo que reverte os efeitos do agonismo 
do receptor opioide periférico sobre a função intestinal. Metilnaltrexona 
foi aprovada para uso por via subcutânea injeção, mas estávamos 
preocupados com o risco significativo de lesão e infecção, dadas as 
manifestações cutâneas graves desta criança de EB. A administração 
enteral foi escolhida para minimizar este risco, com dosagem inicial de 
2 mg de PG diariamente (0,16 mg / kg). A naloxona era inicialmente 
reduzido para 1,2 mg, em vez de descontinuado imediatamente, Apesar 
desta precaução de desmame com naloxona, o paciente foi notavelmente 
sedado, mas prontamente desperto durante as primeiras 12 horas após 
a iniciação da metilnaltrexona. Felizmente, ele não experimentou 
depressão respiratória e não exigiu suplementação oxigênio. Dois dias 
após o início da metilnaltrexona, a naloxona foi parado. Neste momento, 
a necessidade de opioide do paciente tinha começou a diminuir. Embora 
a função intestinal fosse ainda limitado com a necessidade contínua de 
um tubo retal, não houve evidência de abstinência de opióides, distúrbio 
gastrointestinal ou aumento desconforto. O paciente agora pesa 14,8 kg. 
Com 200 mg de metilnaltrexona por dia, sua leve distensão abdominal 
crônica tinha resolvido e ele não tinha mais nenhuma admissão para 
distensão abdominal e dor. Porém a motilidade colônica parecia ser 
tornando mais difícil de reter o tubo no lugar. Durante os ensaios sem 
o tubo, o paciente teve evacuações espontâneas. Infelizmente, um dia 
após a remoção do tubo retal, ele desenvolveu distensão abdominal 
devido à retenção significativa de gases. Infelizmente, não houve mais 
melhora de sua capacidade de gerenciar o gás relacionado ao intestino. 
 
Observação: 
1- O paciente faz uso de uma terapia analgésia forte. 
Utiliza dois opidoides. 
2- O paciente foi admitido por aumento de circunferência 
abdominal associada a diminuição de fezes. 
3- Recebeu opioides crônicos para à dor. 
Conceito 
Os opioides constituem a base do tratamento da dor. 
Opioides são fármacos naturais, semissintéticos ou 
sintéticos que produzem efeitos tipo morfina. Esses 
fármacos são divididos em classes químicas com base na 
sua estrutura química. No protocolo de tratamento de dor 
os opióides estão reservados a dor de moderada à grave. 
Dor 
• Dor é definida pela Associação Internacional para o 
Estudo da Dor (IASP) como “uma experiência sensorial 
e emocional desagradável, associada a dano tecidual 
real ou potencial”. 
A dor aguda tem início súbito e duração limitada, com 
causa e localização temporoespacial bem estabelecidas. 
Há uma correlação nítida do nexo entre o estímulo/causa 
e o efeito/dor. Apresenta função de sinalização biológica, 
motivando comportamento de luta, fuga ou proteção da 
área afetada. Frequentemente está associada a respostas 
autonômicas, fisiopatológicas e psicológicas, induzidas por 
estímulos nóxicos provenientes de lesão e/ou de 
enfermidade somática e visceral. Dor crônica, em geral 
não cursa com disfunção ou lesão do sistema nervoso 
central ou periférico, mas eventualmente pode apresentar 
um componente neuropático; ela persiste além do tempo 
esperado de resolução da lesão inicial e, normalmente, 
não se identifica uma causa definida para o quadro. 
Þ A dor envolve uma integração entre a via de 
condução do estimulo com o córtex somatosensorial; 
O ser humano tem a capacidade de somatizar a partir 
do estimulo neuronal e modular a percepção da 
sensação de dor. 
Þ A dor é a percepção da sensação nociceptiva no 
córtex somatosensorial. 
Farmacologia 
OPIOIDES 
 
OPIOIDES 
 
o Receptores Opioides: 
Þ Os efeitos mais importantes dos opioides são 
mediados por três famílias de receptores, designadas 
comumente µ (mi), κ (capa) e δ (delta). Cada família 
de receptores apresenta uma especificidade diferente 
para os fármacos com os quais ela se liga. A 
propriedade analgésica dos opioides é mediada 
primariamente pelos receptores μ, que modulam 
respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e químicas. 
Os receptores κ no corno dorsal também contribuem 
para a analgesia modulando a resposta à nocicepção 
química e térmica. As encefalinas interagem mais 
seletivamente com os receptores δ na periferia. Os 
três receptores opioides são membros da família de 
receptores acoplados à proteína G e inibem a 
adenililciclase. Eles também estão associados a canais 
iônicos, aumentando o efluxo pós-sináptico de K+ 
(hiperpolarização) ou reduzindo o influxo pré-
sináptico de Ca2+, impedindo, assim, o disparo 
neuronal e a liberação do transmissor. 
o Componentes da via de Dor: 
Þ Nocicepção é a detecção de um estímulo nociceptivo, 
ou seja, estímulo capaz de ativar vias específicas de 
dor. 
Þ Nocicepção: condução fisiológica do estimulo a partir 
do neurônio aferente primário (nociceptor) até o 
corno dorsal da medula espinhal onde o neurônio 
aferente primário realiza a primeira sinapse com o 
neurônio de segunda ordem que segue ate o tálamo, 
realiza uma nova sinapse e os neurôniosseguintes 
vão levar a informação ate o córtex que é onde 
ocorre a integração com o sistema somatosensorial, 
ou seja, é onde temos a percepção da dor - 
intensidade, local, modulação, tanto pra sentir quanto 
para reduzir a percepção dolorosa. 
Neurônio aferente primário nociceptivo (nociceptor) 
 
Neurônio de segunda ordem 
 
Corno dorsal da medula 
 
Tálamo 
 
Córtex 
o Modulação descendente – Controle da Dor: 
O corpo possui potentes analgésicos endógenos - 
endorfinas, encefalinas - são polipeptídios que reduzem a 
percepção nociceptiva, ou seja, reduzem as informações 
que vão chegar ate o córtex. 
• A informação nociceptiva é ascendente e o controle 
da dor é uma resposta a essa sensação dolorosa 
então é uma via descendente. 
• O SNC produz e libera algumas substancias que vão 
reduzir essa transmissão nociceptiva e 
consequentemente reduzir a intensidade daresposta 
que vai chegar ate o córtex. 
ð Neurotransmissores envolvidos no controle 
descendente da dor: serotonina, endorfina, 
noradrenalina, acetilcolina, etc. 
Por utilizar essa via que a gabapentina tem ação opióide, 
e os opióides são analgésicos. 
 
Estratégias para o controle da dor: 
ð Intervenções não farmacológicas: cirurgias, 
acupuntura, musicoterapia, eletroterapia. 
ð Intervenções farmacológicas: anestésicos locais, 
opióides, antidepressivos, anticonvulsivantes, 
corticoides, AINEs. 
A escolha dessas intervenções vai depender: 
ð Do tipo de dor envolvida (inflamatória, neuropática, 
etc.) 
ð Da intensidade da dor 
ð Da duração do estímulo doloroso 
Analgésicos: 
ð Não opióides: utilizado para dor mais branda 
(aspirina), crônicas (pregabalina) 
ð Opióides: utilizado para dor moderada a intensa 
(morfina) 
o Circuito nociceptivo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1- Transdução dos sinais: impulso é recebido pelos 
nociceptores e transformado em potencial de ação – 
estímulo elétrico. 
2- Transmissão: impulso é conduzido até a medula 
espinhal 
3- Modulação descendente: na medula espinhal o impulso 
é modulado antes de chegar a níveis superiores do 
SNC 
4- Percepção central: impulso é integrado e percebido 
como dor 
Características dos nociceptores: Nociceptores são 
terminações nervosas livres que detectam estímulos 
nocivos, com alto limiar. 
o Tipos de fibras aferentes: 
ð Aβ: consiste em fibras de condução rápida, que 
respondem com baixo limiar à estímulos mecânicos e 
que são ativadas por toque leve, vibração ou 
movimento de pelos. 
ð Aδ: inclui fibras que conduzem o impulso com 
velocidade intermediária e respondem a estímulos de 
frio, calor e mecânicos de alta intensidade. 
ð Fibras C: conduzem o impulso lentamente, fazem 
sinapses na medula espinal e respondem, tipicamente, 
de modo multimodal; são capazes de produzir 
potenciais de ação em resposta ao calor, temperatura 
morna, estímulos mecânicos intensos ou irritantes 
químicos (nociceptores polimodais) 
Via excitatória– vai levar o estímulo ao para o córtex 
somatosensorial 
 
 
1- Estimulo doloroso é transduzido e segue até chegar 
à medula; 
2- Quando chega até a terminação do neurônio aferente 
primeiro no corno dorsal da medula abre canais de 
cálcio dependentes de voltagem, onde vai ter o 
influxo de cálcio e consequentemente a liberação de 
vesículas contendo os neurotransmissores 
(principalmente glutamato e neuropeptídios - CGRP e 
substância P) que vão ativar o neurônio secundário; 
3- Os neurotransmissores vão se ligar ao neurônio 
secundário para despolarizar a membrana pós-
sináptica e dar continuidade no estimulo elétrico, eles 
fazem isso via receptores inotrópicos (canais iônicos) 
e metabotrópicos (receptores acoplados à proteína 
G); 
4- Essas ligações despolarizam a membrana pós-
sináptica que atinge o limiar de ativação, abrem os 
canais de sódio dependentes de voltagem, tem um 
grande influxo de sódio e deflagram o estimulo ao 
longo do neurônio secundário ate o tálamo. 
Via inibitória 
 
 
 
No corno dorsal da medula espinhal tem as substancias 
que foram liberadas pela modulação central 
(norepinefrina, GABA, encefalinas e endorfinas). 
Primeiro, ocorre a ativação dos receptores – alfa 2, GABAB 
e miopióide – e consequente bloqueio dos canais de cálcio, 
esse bloqueio reduz o influxo de cálcio e por consequência 
vai ter uma menor liberação de vesículas com 
neurotransmissores na fenda sináptica e uma menor 
ativação do neurônio secundário, reduzindo a informação 
que vai chegar no córtex. Os mesmos receptores do 
neurônio primário existem no neurônio secundário, mas 
vão ter uma resposta diferente em cada, no neurônio 
secundário eles ativam canais de potássio fazendo com 
que o potássio saia da célula, gerando uma 
hiperpolarização nessas membranas, ou seja para esse 
neurônio ser ativado – atingir o limiar de ativação – vai 
ser mais difícil. 
Ligação de neurotransmissores: 
ð Alfa 2 adrenérgicos 
ð GABA – receptores GABAB 
ð Endorfinas e encefalinas- receptores miopióides 
 
Analogia com a aula de AINES 
A analgesia provocada por um AINE é aquela provocada 
pela reduçãoo a produção de substâncias álgicas, que 
estimulam os nociceptores. Já os opióides modulam a 
transmissão, agem direto na sinapse. 
o Fisiopatologia da dor: 
 
O estimulo químico, térmico, mecânico ou a produção de 
substancias pró-algicas aumentam o influxo de cálcio, 
despolarizam a membrana, abrem canais de sódio, atigem 
o potencial de ação e essa transmissão eletric vai sendo 
conduzida ao longo da via de transmissão. 
Sensibilização periférica: 
ð Alodinia: percepção de estímulos normalmente inócuos 
são percebidos como dolorosos 
ð Hiperalgesia: quando estímulos de alta intensidade 
são percebidos como mais dolorosos do que o habitual 
no local de lesão (zona de hiperalgesia primária). 
Opioides 
o Histórico: 
Ópio: palavra derivada do grego e significa suco. Por que 
foi obtido do suco da papola (Papaver somniferum). 
• 4000 a.C. Sumérios: primeira referencia escrita 
• 3400 a.C. Assirios, babilônios e egípcios conheciam o 
efeito eufórico do ópio. (suco da papola era 
condiredada uma droga de abuso, com efeito de bem-
estar) 
• Egípcios foram os primeiros a realizarem o opio com 
ação analgésica, uso do ópio para extrações 
dentárias. 
• Papiro de Ebers (1550 a.C.): tratamento de cefaleias, 
sedação 
• Árabes: controle de disenterias 
Exemplos de opioides: 
Morfina (alcaloide de origem natural - protótipo), codeína, 
papaverina, tebaína e entre outros. 
“Os efeitos analgésicos dos opioides são tão poderosos 
porque eles mimetizam um sistema endógeno de modulação 
da dor” – encefalinas. 
 
 
 
 
 
 
 
Até 1972não sabia ao certo como os opoioides atuavam, 
ate que ensaios farmacológicos mostraram que analoxona 
revertia o papel analgésico da morfina. Um ano depois 
foram descobertos os receptores e em 1975 foi descoberta 
avia endógena de modulação. 
 
Subtipos de receptores de opióides, suas funções e 
afinidades com peptídeos endógenos 
 
Analgésicos opioides, seus efeitos nos diferentes 
receptores, suas doses, potencial ora, duração da 
analgesia e eficácia 
o Opioides Endógenos: 
Exógenos mimetizam os opioides endógenos. 
Participam da manutenção da homeostasia corporal; são 
neuromoduladores da resposta a estímulos externos 
• Modulação sensorial: analgesia; 
• Modulação hormonal: inibem hipotálamo – adeno-
hipófise - córtex supra renal: ↓ níveis de corticoides; 
• Modulação gastrointestinal, plexos entéricos; 
• Recompensa e motivação: vias dopaminérgicas; 
• Humor (euforia, tranquilidade), ansiedade, emoção 
• Cognição: aprendizagem e memória 
• Regulação da temperatura corporal. 
o Mecanismo de ação central dos opioides: 
1- Impede a liberação de neurotransmissores: 
(o fármaco exógeno se liga no mesmo receptor que as 
encefalinas e endorfinas, o receptor MIOPIOIDE e o efeito 
do neurônio aferente primário é bloquear canais de cálcio, 
reduzindo o influxo e a liberação de neurotransmissores) 
 
 
2- Reduz as respostas neuronais pós-sinapticas: 
(Os opioidesse ligam a receptores miopioides do neurônio 
secundário o que leva a abertura dos canais de potássio, 
hiperpolarização, redução da ativação dos canais de 
sódio e consequentemente diminui a geração do potencial 
de ação). 
 
 
 
o Mecanismo do efeito periférico dos opioides: 
Inibição da adenilato ciclase: 
 
A imagem representa a região onde o estímulo doloroso 
ativa a via. Geralmente o sensibilizador (prostaglandina) 
se liga ao seu receptor, que acoplado a proteína G do 
tipo S (Gs), ativa a adenatociclase (AC), que converte ATP 
em AMPciclico, que por sua vez ativa a PKA e PKC que 
vão fosforilar os canais de sódio (lado direito) e os canais 
de potássio (lado esquerdo). Nos canais de sódio PKA e 
PKC vão provocar abertura, aumentando o influxo, e nos 
canais de potássio vão reduzindo a saída da célula, 
fazendo com que ele se acumule ali dentro. O aumento 
desses dois íons positivos vai promover a despolarização 
da célula, ou seja, a propagação do estímulo doloroso fica 
mais fácil, o nociceptor é ativado mais facilmente. 
Quando o opióide se liga ao receptor MIOPIOIDE periférico, 
que se liga a proteína G do tipo I (Gi) vai haver uma 
inibição da adenatociclase, ou seja, não vai ter a ativação 
de AMPc, de PKA, PKC, não vai facilitar o influxo de sódio 
nem impedir a saída de potássio. Como resultado, tem-se 
uma diminuição da sensibilização do nociceptor, a 
consequência disso é que a transmissão do impulso estará 
diminuída. 
o Hiperpolarização do neurônio aferente primário: 
 
Acontece também no nociceptor, porém, alguns receptores 
miopioides, quando ativados pelos fármacos opioides, ao 
invés de liberarem a subunidade alfa da proteína Gi e ela 
se ligar a adenatociclase, esse receptor libera a 
subunidade beta e gama, que vão se ligar a PI3K-Akt que 
vão ativar a enzima óxido nítrico sintetase, que sintetiza 
óxido nítrico (NO). A grande quantidade de NO em um 
nociceptor leva a ativação de guanilatociclase (Gc) que 
converte GTP em GNPc, que ativa PKG, que por sua vez 
fosforila canais de potássio, promovendo a saída de 
potássio, isso significa uma hiperpolarização no aferente 
primário. 
o Efeitos Farmacológicos: 
• Analgesia: dor associada a lesão, inflamação e câncer, 
mais efetivos na dor contínua que na aguda e 
intermitente. 
• Euforia: bem-estar e contentamento � importante 
componente da analgesia em pacientes com dor 
crônica: diminui medo, ansiedade, sofrimento 
• TGI: diminuição da motilidade gástrica (esvaziamento); 
diminui HCl ; diminui secreções biliares, pancreáticas e 
intestinais: redução da propulsão, aumento da 
reabsorção de água: constipação. 
• Liberação de histamina por mastócitos: prurido, 
vasodilatação, hipotensão, broncoconstrição 
• Hipotensão e bradicardia 
• Depressão respiratória: os opoiodes tem a capacidade 
de reduzir a quimiossensibilidade do bulbo ao CO2 e 
a frequência respiratória. 
o Tolerância: 
Estado de adaptação à exposição contínua a determinado 
fármaco ou substância induz a diminuição de seu efeito, 
no caso do opioide ao efeito analgésico, sendo necessário 
um aumento da dose deste para se alcançar o efeito 
desejado. 
 
No caso dos opioides a resistência está relacionada à 
alteração do acoplamento das proteínas G excitatórias 
dos receptores opióides, que se da pela internalização dos 
receptores opioides (que naturalmente ficam na periferia), 
ou seja, o acumulo intracelular de fosfato (que esta ligado 
a fração intracelular do receptor), com o passar do tempo, 
a proteína Beta-Arrestina 2 se liga ao receptor 
sinalizando a internalização do receptor miopioide, isso 
faz com que a célula tire o receptor intracelular e precise 
de mais fármaco para que os mesmos efeitos analgésicos 
aconteçam. 
o Dependência: 
Estado de adaptação ao uso crônico de determinado 
fármaco ou substância, que se manifesta por um quadro 
de abstinência após a interrupção aguda, rápida redução 
da dose, diminuição dos níveis séricos sanguíneos ou 
administração de um antagonista desta substância. A 
função homeostática é desregulada. 
• Uma das vias de alteração homeostática é a 
dopaminérgica (via de recompensa), onde a liberação 
de dopamina se torna mais intensa com a utilização 
do opióide. 
ð Física: relacionada à tolerância – síndrome de 
abstinência 
ð Psicológica: desejo mórbido pela droga. 
Dependência física 
 
 
o Opioides naturais: 
CODEINA – MORFINA 
ð Na imagem a seguia a codeína esta representada à 
esquerda e morfina à direita. 
ð A codeína é sitetizda partir da molécula de morfina 
com uma metilação, e é certa de 10 vezes menos 
potente que a morfina, e cerca de 10% da coeina 
metabolizada é transformada em morfina. 
ð A codeína deve ser usada apenas para dor moderada. 
 
 
 
 
 
o Opioides Sintéticos: 
METADONA 
ð Usada no tratamento de dependência química e 
tratamento da dor; depois é retirada lentamente do 
paciente. 
ð A síndrome de abstinência com metadona é mais 
suave, mas mais longa. 
ð Proporciona o alívio prolongado da dor: 1/2vida de 
24h e efeito analgésico de até 8 horas. 
ð A metadona é um opioide sintético, eficaz por via oral, 
com potência equianalgésica variável comparada à 
da morfina, e a conversão entre os dois fármacos não 
é linear. 
ð Causa menos euforia. 
 
 
 
 
 
FENTANIL 
ð Altamente lipossolúvel; 
ð 100x mais potente do que a morfina; 
ð Biodisponível a partir de diversas vias de 
administração; 
ð O uso é restrito ao ambiente hospitalar; 
ð Apresenta rápido início de ação e curta duração (15-
30 min). 
 
 
 
 
 
TRAMADOL 
ð Fármaco Dual (possui dois ou mais mecanismos de 
ação). Tem afinidade com os receptores miopioides 
mas também é um inibidor da recaptação de 
serotonina e norepnefrina, noradrenalina. 
ð É utilizado no manejo da dor moderada ou 
moderadamente intensa. 
ð Dose excessiva ou interações com outras medicações, 
como ISCS, IMAO e antidepressivos tricíclicos, podem 
causar toxicidade no SNC, manifestada por excitação 
ou convulsões. 
o Indicações Clínicas; 
• Dor aguda e crônica associada com lesão tecidual, 
inflamação, infecção e câncer 
• Pré-operatório: reduz dose de anestésico, ansiolítico 
• Infarto do miocárdio: analgesia, vasodilatação, 
bradicardia 
• Câncer: via oral facilita administração prolongada, 
componente afetivo 
• Cirurgia abdominal e torácica: via epidural, preserva 
função motora 
Dependência: agonistas µ fracos de longa duração Ex: 
metadona 
o Tratamento da dor lombar: 
Trechos de artigos que mostram que os opioides podem 
ser usados no tratamento da dor lombar. 
• Revisão de 15 ensaios clínicos randomizados (n=5540) 
• Comparou opioides com placebo ou outros 
medicamentos, usados por curto tempo em adultos 
com dor lombar crônica. Tramadol (5 estudos; 1378 
participantes) superou o placebo no controle de dor 
e função. 
• Morfina, di-hidromorfina, oxicodona e tapentadol (6 
estudos; 1887 participantes) superaram o placebo em 
dor e função. 
o Interação Medicamentosa: 
Estão ligadas ao aumento da possibilidade de depressão 
do SNC ou depressão respiratoria. 
 
o Efeitos Adversos: 
ð SNC 
• Sedalçao: afeta funções corticais = dificuldade de 
concentração e sonolencia. 
• Náusea e vômitos: estimulação direta da zona 
deflagradora quimiorreceptora para âmese (bulbo, 
área postrema); 
• Miose: ativação de receptores mi e receptores kapa: 
ação exitatoria nervo parasimpático; sinal de 
intoxicação importante; 
• Euforia: elevação do humor, diminui a ansiedade= 
sentimento de tranquilidade 
• Disforia: ansiedade desagradavel e desânimo. 
ð Pele: 
• Rubor e alergia: liberação de histamina por 
degranulação de mastócitos (morfina) 
ð Efeitos cardíacos: 
• Hipotensão ortostatica e deasmio (histamina; 
vasodilatação periférica. 
 
Caso Clínico 
Um jovem de 18 anos é levado ao serviço de emergência 
depois de ter sido encontrado irresponsivo na rua. 
Encontra-se letárgico e não responde a perguntas. 
Recebeu uma ampola de dextrose por via intravenosa, 
sem resultado. Durante o exame, sua frequênciacardíaca 
é de 60 bpm e a frequência respiratória é de 8 por minuto 
e superficial. Suas pupilas estão puntiformes e não 
reativas. Há diversas marcas de trajeto intravenoso em 
seus braços bilateralmente. O médico da emergência 
conclui que o paciente teve uma dosagem excessiva 
(overdose) de drogas. 
 
Questões: 
1- Qual é o diagnóstico mais provavél? 
Overdose por opioides (fármacos opioides ou heroína). 
2- Qual é a medicação mais aporpriada para essa 
condição? 
Metadona (antagonista de opioide). 
3- Além de suas acões terapéuticas, quais outros efeitos 
podem produzir esse medicamento? 
Depressão respiratória, náusea, sedacão, alergia, desmaio, 
síndrome de abstinência e entre outros. 
4- Qual das seguintes afirmações com relação à 
metadona está correta? 
a) A metadona é uma excelente escolha para analgesia 
na maioria dos pacientes, pois tem poucas interações 
entre fármacos. 
b) A potência equianalgésica da metadona é similar à 
da morfina. 
c) A duração da analgesia por metadona é muito mais 
curta do que a meia-vida de eliminação. 
d) O metabólito ativo da metadona se acumula em 
pacientes com disfunção renal. 
Resposta correta = C. A duração da analgesia é muito 
mais curta do que a meia-vida de eliminação, levando ao 
perigo de acúmulo e aumento do potencial de depressão 
respiratória e morte. A potência equianalgésica da 
metadona é extremamente variável, com base em muitos 
fatores, sendo altamente recomendável que apenas 
profissionais muito familiarizados com metadona devam 
prescrevê-la. As interações de fármacos associadas com 
metadona são numerosas, devido às múltiplas enzimas 
hepáticas que a biotransformam. A metadona não tem 
metabólitos ativos, o que a torna uma opção para 
pacientes com disfunção renal. 
5- Qual dos seguintes opioides é o menos lipofílico? 
a) Fentanila. 
b) Metadona. 
c) Meperidina. 
d) Morfina 
Resposta correta = D. A morfina é a menos lipofílica dentre 
os opioides listados. Fentanila, metadona e meperidina são 
opioides muito lipofílicos. 
6- Qual das seguintes afirmações com relação à 
metadona está correta? 
a) A metadona é uma excelente escolha para analgesia 
na maioria dos pacientes, pois tem poucas interações 
entre fármacos. 
b) A potência equianalgésica da metadona é similar à 
da morfina. 
c) A duração da analgesia por metadona é muito mais 
curta do que a meia-vida de eliminação. 
d) O metabólito ativo da metadona se acumula em 
pacientes com disfunção renal. 
Resposta correta = C. A duração da analgesia é muito 
mais curta do que a meia-vida de eliminação, levando ao 
perigo de acúmulo e aumento do potencial de depressão 
respiratória e morte. A potência equianalgésica da 
metadona é extremamente variável, com base em muitos 
fatores, sendo altamente recomendável que apenas 
profissionais muito familiarizados com metadona devam 
prescrevê-la. As interações de fármacos associadas com 
metadona são numerosas, devido às múltiplas enzimas 
hepáticas que a biotransformam. A metadona não tem 
metabólitos ativos, o que a torna uma opção para 
pacientes com disfunção renal.