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JULIA ULRICK – 2025.1 PATOLOGIA 1 MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO Os mediadores da inflamação são as substâncias que iniciam e regulam as reações inflamatórias. Muitos mediadores foram identificados, sendo alvos de terapias destinadas a limitar a inflamação. Aminas vasoativas: histamina e serotonina Elas são armazenadas como moléculas pré formadas nas células e estão, portanto, entre os primeiros mediadores a serem liberados durante a inflamação. As fontes mais ricas de histamina são os mastócitos normalmente presentes no tecido conjuntivo adjacente aos vasos sanguíneos. A histamina também é encontrada nos basófilos do sangue e nas plaquetas. É armazenada nos grânulos dos mastócitos e liberada pela desgranulação em resposta a uma variedade de estímulos, incluindo lesão física, como trauma, frio ou calor; ligação de anticorpos aos mastócitos, que constitui a base das reações alérgicas; e produtos do complemento chamados de anafilatoxinas, descritos adiante. Os anticorpos e produtos do complemento se ligam a receptores específicos nos mastócitos, desencadeando vias de sinalização que induzem a rápida desgranulação. A histamina causa dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas. É considerada o principal mediador da fase transitória imediata do aumento na permeabilidade vascular, produzindo espaços interendoteliais nas vênulas. A serotonina atua como neurotransmissor no TGI, também atua como vasoconstritor. JULIA ULRICK – 2025.1 PATOLOGIA 2 Metabólitos do ácido araquidônico Os mediadores lipídicos, prostaglandinas e leucotrienos, são produzidos a partir do ácido araquidônico (AA), presente nos fosfolipídios da membrana, estimulando as reações vasculares e celulares na inflamação aguda. Os mediadores derivados do AA, também chamados eicosanoides, são sintetizados por duas classes principais de enzimas: ciclo-oxigenases (que geram prostaglandinas) e lipo-oxigenases (que produzem leucotrienos e lipoxinas). Os eicosanoides se ligam aos receptores acoplados à proteína G em muitos tipos celulares, podendo mediar praticamente cada etapa da inflamação. Prostaglandinas As prostaglandinas (PGs) são produzidas pelos mastócitos, macrófagos, células endoteliais e muitos outros tipos celulares, e estão envolvidas em reações vasculares e sistêmicas da inflamação. São geradas pelas ações de duas ciclo- oxigenases, chamadas COX-1 e COX-2. A COX-1 é produzida em resposta a estímulos anti-inflamatórios,e também é particularmente expressa na maioria dos tecidos, onde pode executar uma função homeostática. Em contraste, a COX-2 é induzida pelos estímulos inflamatórios, gerando, dessa forma, as prostaglandinas que são envolvidas nas reações inflamatórias, porém é baixa ou ausente na maioria dos tecidos normais. A PGD2 é a principal prostaglandina produzida pelos mastócitos; em conjunto com a PGE2 (que é mais amplamente distribuída), causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade das vênulas pós- capilares, potencializando, assim, a formação de edema. A PGF2a estimula a contração do músculo liso uterino e brônquico e de pequenas arteríolas, enquanto a PGD2 é quimioatraente para neutrófilos. Além de seus efeitos locais, as prostaglandinas estão envolvidas na patogênese da dor e da febre na inflamação. Leucotrienos Os leucotrienos são produzidos por leucócitos e mastócitos através da ação da lipoxigenase, e são envolvidos nas reações vasculares e do músculo liso, bem como no recrutamento de leucócitos. Os leucotrienos são muito mais potentes do que a histamina em aumentar a permeabilidade vascular e provocar broncoespasmo. JULIA ULRICK – 2025.1 PATOLOGIA 3 Lipoxinas As lipoxinas também são geradas a partir do AA através da via de lipoxigenase, mas, diferentemente das prostaglandinas e leucotrienos, as lipoxinas suprimem a inflamação ao inibir o recrutamento de leucócitos. Elas inibem a quimiotaxia e a adesão dos neutrófilos ao endotélio. Citocinas e quimiocinas As citocinas são proteínas produzidas por muitos tipos celulares (principalmente linfócitos, células dendríticas e macrófagos ativados, mas também células endoteliais, epiteliais e do tecido conjuntivo). As quimiocinas são uma família de proteínas pequenas que agem primariamente como quimioatraentes para tipos específicos de leucócitos. As quimiocinas podem ser expostas em altas concentrações ligadas aos proteoglicanos na superfície das células endoteliais e na matriz extracelular. As quimiocinas têm duas funções principais: estimulam a ligação dos leucócitos ao endotélio e manutenção da arquitetura dos tecidos. Fator de necrose tumoral (TNF) e a Interleucina 1 (IL-1) A TNF e a Il-1 desempenham papel crítico no recrutamento de leucócitos ao promover sua adesão ao endotélio, além de sua migração através dos vasos. Essas citocinas são produzidas principalmente por macrófagos e células dendríticas ativadas; O TNF é ainda produzido por linfócitos T e mastócitos, e a IL-1 por algumas células epiteliais. A secreção de TNF e IL-1 pode ser estimulada por produtos microbianos, imunocomplexos, corpos estranhos, lesão física e por uma variedade de outros estímulos inflamatórios. Tem como principais funções: ativação endotelial, ativação dos leucócitos, respostas sistêmicas da fase aguda. JULIA ULRICK – 2025.1 PATOLOGIA 4 Sistema Complemento O sistema complemento é uma coleção de proteínas solúveis e de receptores de membrana que funcionam principalmente na defesa do hospedeiro contra os microrganismos e nas reações inflamatórias patológicas. O sistema complemento é composto por mais de vinte proteínas, algumas das quais são numeradas de C1 até C9. Esse sistema funciona nas imunidades inata e adaptativa para a defesa contra microrganismos patogênicos. No processo de ativação do complemento, vários produtos de clivagem de proteínas do complemento são elaborados e provocam aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia e opsonização. Fator de ativação plaquetária (PAF) O PAF é outro mediador derivado de fosfolipídios, descoberto como o fator que causava agregação plaquetária, mas agora é conhecido por apresentar múltiplos efeitos inflamatórios. Uma variedade de tipos celulares, incluindo as próprias plaquetas, os basófilos, mastócitos, neutrófilos, macrófagos e as células endoteliais, pode produzir o PAF em ambas as formas, secretada e ligada à célula. Além da agregação plaquetária, o PAF causa vasoconstrição e broncoconstrição, e, em concentrações baixas, provoca vasodilatação e aumento de permeabilidade venular. Espécies reativas de oxigênio (ERO) São radicais livres derivados do O2 liberados extracelularmente dos leucócitos após a exposição a micróbios, quimiocinas e imunocomplexos ou após estimulo fagocitico. As principais são: superóxido, peroxido de hidrogênio e a hidroxila. A função fisiológica é destruir micróbios fagocitados, entretanto, podem ser danosos ao organismo causando dano endotelial, injuria a outras células, inativação de antiproteases, entre outros fatores. Mecanismos antioxidantes que inativam as ERRO: algumas enzimas, como catalase, superóxido dismutase, transferrina. Cininas As cininas são peptídeos vasoativos derivados das proteínas plasmáticas, chamadas de cininogênio, pela ação de proteases específicas denominadas calicreínas. A enzima calicreína cliva um precursor glicoproteico plasmático, o cininogênio de alto peso molecular, para produzir bradicinina. A bradicinina aumenta a permeabilidade vascular e causa contração do músculo liso, dilatação dos vasos sanguíneos e dor quando injetada na pele. Esses efeitos são similares àqueles da histamina. A ação da bradicinina é de curta duração, porque ela é rapidamente inativada por uma enzima chamada cininase. JULIA ULRICK – 2025.1 PATOLOGIA 5 NeuropeptideosOs neuropeptídeos são secretados por nervos sensoriais e vários leucócitos, e têm participação na iniciação e na regulação de respostas inflamatórias. Esses pequenos peptídeos, como a substância P e a neurocinina A, são produzidos no sistema nervoso central e periférico. As fibras dos nervos contendo a substância P são proeminentes nos pulmões e no trato gastrointestinal. A substância P tem muitas funções biológicas, incluindo a transmissão de sinais de dor, regulação da pressão sanguínea, estimulação da secreção hormonal em células endócrinas e aumento na permeabilidade vascular.
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