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Kaliane Oliveira Ao acontecer alguma agressão ao organismo, ocorre uma resposta inflamatória que acontece mediante a liberação de substâncias que são os mediadores químicos da inflamação. Os mediadores podem estar localizados no plasma sanguíneo (produzidos pelo fígado) na forma de percursores inativos, podem ser armazenados nas células e podem ainda ser produzidas no tecido agredido durante o processo inflamatório. A maioria dos mediadores induz seus efeitos através da ligação a receptores específicos nas células-alvo. Os mediadores podem atuar apenas em um ou em alguns alvos ou ter ações mais amplas, com efeitos diferentes, dependendo do tipo celular que afetam. As ações da maioria dos mediadores são estreitamente reguladas e de curta duração. Uma vez ativados e liberados das células, os mediadores se decompõem rapidamente (p. ex., os metabólitos do ácido araquidônico) ou são inativados por enzimas (p. ex., a cininase inativa a bradicinina) ou são removidos (p. ex., antioxidantes removem metabólitos tóxicos do oxigênio) ou são completamente inibidos (proteínas inibidoras do complemento). Grupos de mediadores Aminas vasoativas Derivados de Proteínas Plasmáticas Metabólitos do Ácido Araquidônico – AA Enzimas Lisossômicas dos Leucócitos (com a degranulação dos lisossomos pode haver destruição de não só as substâncias fagocitadas, mas também, tecidual) Espécies Reativas do Oxigênio (os radicais livres derivados do oxigênio produzidos por reações de oxidação, são liberadas dos neutrófilos e macrófagos ativados por bactérias, imunocomplexos, citocinas e uma variedade de estímulos inflamatórios e causam destruição tecidual, eles podem aumentar a expressão das moléculas no fagócito e a quantidade de citocinas e quimosinas agindo no local) Óxido Nítrico (O NO é um gás radical livre, solúvel, de curta duração, produzido por muitos tipos celulares e capaz de mediar uma variedade de funções, ele regula a liberação de neurotransmissores e o fluxo sanguíneo no SNC, realiza a destruição do micróbio e de células tumorais ao ser utilizado pelos macrófagos, ele age como vasodilatador e provoca relaxamento do músculo liso quando é produzido pelas células endoteliais) Fator de Ativação Plaquetária (PAF) (é gerado a partir dos fosfolipídeos das membranas de neutrófilos, monócitos, basófilos, células endoteliais e plaquetas pela ação da fosfolipase A2, o PAF além de ter ação na agregação plaquetária, tem efeitos diversos na inflamação, atuando na vasodilatação, causa vasoconstricção e broncoconstrição o aumento da permeabilidade vascular e na aderência de leucócitos) Citocinas (são polipeptídios produzidos por muitos tipos celulares, que funcionam como mediadores da inflamação e das respostas imunes. Diferentes citocinas estão envolvidas nas reações inflamatórias imunes inatas a estímulos nocivos e nas respostas imunes adaptativas (específicas) aos micróbios. As citocinas são chamadas de interleucinas (abreviadas IL e numeradas), referindo-se à sua habilidade em mediar as comunicações entre os leucócitos. As principais citocinas na inflamação aguda são o TNF e IL-1, IL-6, bem como um grupo de citocinas quimioatraentes chamadas quimiocinas. Outras citocinas, que são mais importantes na inflamação crônica, incluem interferon (IFN-) e IL-12. Uma citocina chamada IL-17, produzida por linfócitos T e outras células, exerce papel importante no recrutamento de neutrófilos e está envolvida na defesa do hospedeiro contra infecções e doenças inflamatórias.) Neuropeptídeos (ajudam no aumento da permeabilidade vascular, transmitem sinais dolorosos e interfere no calibre dos vasos) Origem dos mediadores Aminas Vasoativas São substâncias químicas que pertencem ao grupo funcional das aminas e atuam diretamente sobre o vaso sanguíneo. A histamina e serotonina são os principais exemplos de aminas vasoativas que exercem a sua ação no início da agressão, ou seja, Kaliane Oliveira elas possuem uma ação rápida e atuam na vasodilatação e no aumento da permeabilidade vascular. Histamina: A histamina é sintetizada em mastócitos, basófilos e em plaquetas, sendo liberadas por: agressão (injúria) tecidual; por uma associação entre antígeno e anticorpo, formando o complexo antígeno-anticorpo (IgE) em reações de caráter imunológico; liberação indireta por ação das proteases C3a e C5a do sistema complemento; proteínas de liberação da histamina derivadas de leucócitos, neuropeptídios e certas citocinas. A histamina se caracteriza como o principal mediador do edema inflamatório, ela causa a dilatação das arteríolas e é o principal mediador da fase imediata de aumento da permeabilidade vascular, produzindo a contração do endotélio venular e as lacunas interendoteliais. Serotonina: A serotonina, por sua vez, é um neurotransmissor, conhecido como “hormônio do bem-estar”, ela é sintetizada nos grânulos das plaquetas sanguíneas e liberado durante a agregação plaquetária. Ela induz a vasoconstricção durante a coagulação. Sistemas Plasmáticos Compreendem subunidades proteicas, proteínas plasmáticas que foram produzidas no fígado e encontram-se na corrente sanguínea na sua forma inativa, na forma de pro-enzimas, que, no momento da agressão são ativadas em sequência em uma reação em cascata. A reação em cascata tem o seu início com um estímulo inicial que pode ser uma agressão diretamente sobre uma subunidade proteica, essa agressão causa uma clivagem (quebra) da molécula, causando a sua ativação, após ser ativada, a enzima pode agir sobre outra molécula clivando-a, assim, desencadeia-se uma reação em cascata e essas subunidades ativadas podem exercer atividades biológicas nas reações inflamatórias. Os sistemas plasmáticos são formados por sistemas interligados, como o sistema da coagulação que está interligado ao sistema fibrinolítico, ao sistema complemento e também ao sistema de cininas. Sistema de Cininas: Começa com a ativação do fator de Hageman (fator XII da cascata intrínseca da coagulação) que transforma pré-calicreína (percursor inativo) em calicreína (enzima) através da ativação. A calicréina cliva o cinogênio (peptídeo de alto peso molecular) em cinina (a mais importante no processo inflamatório é a Bradicinina que tem uma ação Kaliane Oliveira rápida, ele é um vasodilatador, aumenta a permeabilidade vascular, aumenta a dilatação arteriolar, aumenta a contração do músculo liso dos brônquios, ativa os receptores para sensações dolorosas e está envolvida no processo de edema), após o exercício do seu efeito a plasmina inativa a cinanina, transformando-a em produtos inativos. Sistema de coagulação: Consiste em uma cascata de ativação que pode ser ativada por uma via intrínseca (lesão endotelial causa a exposição do sangue com colágeno subendotelial causando uma interação entre moléculas sanguíneas e do tecido subendotelial) ou extrínseca (a lesão endotelial expõe a tromboplastina – glicoproteína sintetizada pelas células endoteliais – a tromboplastina interage com o fator XVI que ativa a via). A via intrínseca é ativada com a interação de moléculas sanguíneas com moléculas do tecido subendotelial, essa interação ativa o fator XII (proteína plasmática) que ativa o fator XI que vai ativar o fator X, a interação da tromboplastina com o fator XVI ativa a via extrínseca que também ativa o fator X (a ativação de fator X em fator Xa é o ponto comum entre as duas vias), o fator X quando ativado, ativa a protombina que forma a trombina ativa que cliva um fibrinogênio formando vários tipos de fibrinopeptideos, inclusive a fibrina. A trombina já causa um aumento da adesão de leucócitos e proliferação de fibroblasto e os fibrinopeptídeos atuam na quimiotaxia dos leucócitos e no aumento da permeabilidadevascular. A coagulação além de formar enzimas ativas durante o processo, ela também é importante para a hemostasia que é um controle da fluidez sanguínea. Sistema de Fibrinólise: Esse sistema é responsável pela destruição do coágulo formado durante a cascata de coagulação. O Fator de Hageman quando ativado ativa um pró- ativador em ativador de plasminogênio que cliva o plasminogênio em plasmina que ativa o C3, o fator de Hageman, aumenta a permeabilidade vascular e cliva o polímero de fibrina estável que é responsável por formar produtos solúveis que aumentam também a permeabilidade vascular. Sistema Complemento: O sistema complemento é composto por pelo menos 20 proteínas e a sua ativação também acontece por meio de reações em cascata. As proteínas do sistema complemento possuem uma ação importante no sistema imunológico e Kaliane Oliveira desempenham ações biológicas especificas no processo inflamatório. O sistema complemento pode proporcionar o aumento da permeabilidade vascular devido aos fragmentos desse sistema que influenciam a degranulação de mastócitos e basófilos liberando histamina no tecido, o sistema complemento age ainda na quimiotaxia e no processo de opsonização (revestem o micróbio para que seja fagocitado e, em seguida, destruído) e na lise dos organismos-alvo. Os componentes do complemento, numerados de C1 a C9, estão presentes no plasma em formas inativas e muitos deles são ativados por proteólise para que eles mesmos adquiram atividades proteolíticas, iniciando, assim, uma cascata enzimática. A ativação do sistema complemento pode acontecer através de uma via clássica ou de uma via alternativa. A via clássica é ativada diante da formação de um complexo antígeno-anticorpo, em que acontece a ativação do componente inicial, o C1, que cliva C4 e C2, formando C4a, C4b, C2a e C2b. C2a juntamente com o C4b forma o complexo C4b2a que também é chamado de C3 convertase que ativa C3, clivando-o em C3a e C3b. O C3b junto com a C3 convertase ativa os demais componentes (C5, C6 e C7), após a clivagem desses fragmentos, forma-se o complexo beta-molecular composto por uma molécula C5, C6, C7, C8 e seis moléculas C9, esse complexo (MAC) ataca a membrana causando a lise do agente agressor. O complexo C3 convertase pode ser ativado também através da via alternativa que é desencadeada por polissacarídeos da parede de bactérias junto com outras enzimas e proteínas plasmáticas. Assim, a partir da formação do complexo C3 convertase, os eventos são comuns as duas vias. Além dessas duas vias, existe ainda a via lectina que se inicia com a ligação de lectina plasmática a resíduos de manose do micróbio, iniciando, assim como a via alternativa na formação do complexo C3 convertase. Durante as reações do sistema complemento acontece eventos presentes nas reações inflamatórias, o fragmento C3a atua na degranulação de mastócitos, aumentando a permeabilidade vascular (por secretar de forma indireta a histamina), o fragmento C5a também atua na degranulação de mastócitos e no aumento da permeabilidade vascular. O C5a e, em menor grau, C3a e C4a, ativa os leucócitos, aumentando sua adesão ao endotélio, e é um potente agente quimiotático para neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos. O C3b e seu produto proteolítico inativo iC3b, quando fixados à superfície bacteriana, atuam como opsoninas, favorecendo a fagocitose por neutrófilos e macrófagos, os quais expressam receptores para esses produtos do complemento. O Kaliane Oliveira MAC, feito de múltiplas cópias do componente final, C9, destrói algumas bactérias (especialmente Neisseria), criando poros que rompem o equilíbrio osmótico. Metabólitos do ácido araquidônico O ácido araquidônico é um ácido graxo poliinsaturado de 20 carbonos que é obtido das fontes alimentares e da conversão a partir do ácido graxo essencial ácido linoleico e está presente na sua forma esterificada nos fosfolipídeos da membrana plasmática sendo liberados através da ação das fosfolipases. O ácido araquidônico é liberado da membrana plasmática através da enzima fosfolipase (principalmente a fosfolipase A2), o ácido na sua forma livre sofre uma ação enzimática e a depender dela, ele segue por vias diferentes para a formação dos seus metabólitos. A enzima fosfolipase é ativada por estímulos mecânicos, químicos e físicos ou por mediadores inflamatórios como o C5a. Via cicloxigenase: A enzima cicloxigenase propicia a formação de prostaglandina G2 (PGG2) e, em seguida, por outra ação enzimática formaria a prostaglandina H2 (PGH2), dela pode ser formado três metabolitos diferentes. A prostaciclina PGI2 causa vasodilatação e inibe a agregação plaquetária, o tromboxano A2 causa vasoconstricção e promove a agregação plaquetária e as prostaglandinas D2 e E2 (PGD2 e PGE2) causam vasodilatação e aumenta a permeabilidade do vaso, estando ainda envolvidas no processo de dor e de febre. Via Lipoxigenase: A enzima 5-Lipoxigenase forma 5-HPETE que dá origem aos leucotrienos A4, C4, D4 e E4 em sequência, os C4, D4 e E4 causam broncoespasmo e aumento da permeabilidade vascular. O 5-HPETE pode ainda formar o 5-HETE que junto ao leuctrieno A4 forma o leucotrieno B4 que causa quimiotaxia, além disso, o 5-HPETE pode sofrer a ação da enzima 12-Lipoxigenase formando lipoxina A2 e B4 (LX A2 e LX B4) essas lipoxinas são chamadas de mediadores inflamatórios por inibir a adesão e quimiotaxia de neutrófilos.
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