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Limitações constitucionais ao poder de tributar

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alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR 
1. PRINCÍPIOS 
1.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE/ESTRITA LEGALIDADE/TIPICIDADE CERRADA 
Art. 150, I, CF: sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à U/E/DF/M: exigir ou aumentar 
tributo sem lei que o estabeleça. 
Josiane Minardi: a lei deve conter todos os elementos e supostos da norma jurídica tributária (hipótese de incidência, 
sujeitos da relação jurídico tributária, bases de cálculo e alíquotas), não cabendo qualquer complementação por ato de 
inferior hierarquia. 
Apesar de o art. 150, I, da CF, apenas falar em “exigir ou aumentar”, de acordo com o princípio do paralelismo das formas, 
a lei também é necessária nas hipóteses de redução ou extinção de um tributo. 
Atenção: a simples atualização do valor monetário (se dentro dos índices oficiais) da base de cálculo não constitui 
majoração do tributo, podendo ser feita por decreto. 
Exceção ao princípio da legalidade: o poder executivo pode alterar as alíquotas do II, IE, IOF e IPI e reduzir/reestabelecer 
as alíquotas do ICMS e CIDE combustíveis. 
 II IE IOF IPI CIDE COMB. ICMS COMB. 
ALCANCE DA 
ALTERAÇÃO 
Alteração da 
alíquota 
Alteração da 
alíquota 
Alteração da 
alíquota 
Alteração da 
alíquota 
Redução e 
reestabelecim. 
Redução e 
reestabelecim. 
VEÍCULOS 
NORMATIVOS 
Decreto do PR, 
medida 
provisória ou 
portaria 
ministerial 
Decreto do PR, 
medida 
provisória, 
resolução da 
câmara de 
comércio 
exterior ou 
portaria 
ministerial 
Decreto 
presidencial ou 
medida 
provisória 
Decreto 
presidencial ou 
medida 
provisória 
Decreto 
presidencial ou 
medida 
provisória 
Convênio 
interestadual 
ANTERIORIDADE 
Nenhuma 
(cobrança 
imediata) 
Nenhuma 
(cobrança 
imediata) 
Nenhuma 
(cobrança 
imediata) 
Nonagesimal 
Nenhuma 
(cobrança 
imediata) 
Nenhuma 
(cobrança 
imediata) 
(Tabela retirada do manual de direito tributário do prof. Alexandre Mazza) 
 
1.2. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE/NÃO SURPRESA/EFICÁCIA DIFERIDA 
Art. 150, III: sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à U/E/DF/M: cobrar tributos: 
b. No mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (anterioridade 
anual) 
c. Antes de decorridos 90 dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o 
disposto na alínea b (anterioridade nonagesimal) 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
Ou seja, se um tributo for instituído ou majorada (reduzido ou extinto não), ele só poderá ser exigido no ano seguinte, e 
se tiver passado um intervalo mínimo de 90 dias. Esse princípio tem por base não “pegar o contribuinte de surpresa”, dar 
um tempo para que ele possa se programar para pagar o novo tributo. 
Exemplos: 
ISSQN majorado em janeiro de 2019: só poderá ser exigido em janeiro de 2020 
ISSQN majorado em dezembro de 2019: só poderá ser exigido em março de 2020 
Exceções ao princípio da anterioridade 
ANUAL NONAGESIMAL ANUAL E NONAGESIMAL 
IPI IR IEG 
Redução e reestabelecimento da 
CIDE e ICMS combustíveis 
Alteração da base de cálculo do IPTU e 
IPVA 
Empréstimo compulsório guerra 
ou calamidade pública 
Contribuição social II e IE 
 IOF 
Súmula vinculante 50: norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio 
da anterioridade. 
Ou seja, mudança do prazo de pagamento do tributo não se sujeita ao princípio da anterioridade. 
 
1.3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA 
Art. 150, II, CF: sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à U/E/DF/M: instituir tratamento 
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de 
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos 
ou direitos. 
Alexandre Mazza: note-se que o princípio da isonomia tributária tem dois destinatários: o legislador e a administração 
tributária (fisco). Daí pode falar-se em: 
• Igualdade na lei: é um dever que se volta ao legislador na medida em que exige um tratamento paritário conferido 
pela legislação aos contribuintes 
• Igualdade perante a lei: constitui imperativo destinado a quem exerce as atividades de fiscalização e arrecadação 
de tributos, isto é, aplica-se ao fisco, que não pode desigualar, no exercício de suas atribuições, contribuintes que 
se encontrem em situação equivalente 
O que a CF veda é a discriminação injustificada. Assim, é plenamente constitucional, por exemplo, a previsão de alíquotas 
progressivas para o IR para quem aufere um salário maior, tributando mais quem é economicamente mais forte. 
STF: é inconstitucional a proibição imposta pelo Ministério da Fazenda de importação de automóveis usados, medida 
contrária à isonomia, porque a restrição não se estendia à importação de carros novos. 
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1.4. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE 
Art. 150, III, a, CF: sem prejuízo de outras garantias asseguradas aos contribuintes, é vedado à U/E/DF/M: cobrar tributos 
em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. 
É uma garantia da segurança jurídica que busca impedir que novas leis tributária alcancem fatos anteriores à vigência. 
Assim, o contribuinte, ao praticar uma conduta, já sabe se ela será tributada ou não. 
Exceções ao princípio da irretroatividade: 
• Em se tratando de lei expressamente interpretativa, desde que não comine penalidade 
• Em se tratando de ato não definitivamente julgado, quando uma nova lei exclui infrações ou reduza penalidades 
• Em se tratando de lançamento, quando vier uma lei que crie novos critérios de fiscalização ou apuração 
 
1.5. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO CONFISCO 
Art. 150, IV, CF: sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à U/E/DF/M: utilizar tributo com 
efeito de confisco. 
Josiane Minardi: ainda que não haja um conceito objetivo sobre o efeito confiscatório, não há dúvidas de que o tributo 
terá esse efeito quando inviabilizar o direito de propriedade do contribuinte. Assim, a tributação não pode ser tão elevada 
de modo a impedir o sujeito passivo de manter sua propriedade sobre o bem. 
STF: a verificação do caráter confiscatório de um tributo deve ser realizada à luz de todo o sistema tributário, considerando 
o total da carga tributária exigida pelo mesmo ente federativo, e não de forma individual. Deve-se, ainda, aplicar os 
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 
 
1.6. PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA 
Art. 151, I, CF: é vedado à União: instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique 
distinção ou preferência em relação a E/DF/M, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais 
destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país. 
Ou seja, a União deve instituir a mesma alíquota para os seus tributos em todo território nacional, sem qualquer distinção, 
proibindo discriminações positivas ou negativas. 
Atenção: a mesma vedação é extensiva aos E/DF/M, que não poderão desigualar as alíquotas dentro dos seus territórios, 
instituindo, por exemplo, uma alíquota maior para determinado bairro. 
Exceção ao princípio da uniformidade geográfica: a União pode conceder incentivos fiscais para promover o equilíbrio do 
desenvolvimentosocioeconômico entre diferentes regiões do país. As zonas de incentivo fiscal são áreas em que ficam 
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constitucionalmente autorizadas a outorga de vantagens visando fomentar o desenvolvimento regional. Exemplo clássico 
no Brasil é a Zona Franca de Manaus (arts. 40 e 92 do ADCT). 
 
1.7. PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO 
Art. 150, V, CF: sem prejuízo de outras garantis asseguradas ao contribuinte, é vedado à U/E/DF/M: estabelecer limitações 
ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio 
pela utilização de vias conservadas pelo poder público. 
Ou seja, um tributo não pode ser utilizado de forma a restringir o trânsito das pessoas e bens no território nacional. 
Exceção ao princípio da não limitação: cobrança de pedágios por meio de taxa ou tarifa. 
 
1.8. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE 
Alexandre Mazza: o princípio da cumulatividade tem o objetivo de impedir que determinados tributos plurifásicos “incidam 
em cascata”. Ou seja, sua finalidade é evitar que o recolhimento do tributo recaia sobre o valor dele mesmo, inserido na 
base de cálculo devido a sua incidência na operação anterior. Em termos práticos, quando determinado item ingressa no 
estabelecimento o valor do tributo recolhido gera um crédito (operação de creditamento), que será descontado do 
montante devido no valor do mesmo tributo incidente sobre a operação de saída do bem. 
São sujeitos ao princípio da não cumulatividade: IPI, ICMS, impostos residuais, novas fontes de custeio da seguridade social, 
COFINS/PIS. 
 
1.9. PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE 
A CF exige que as alíquotas do ICMS e do IPI sejam graduadas conforme a essencialidade da mercadoria, serviço ou 
produto. Quanto maior a importância do bem ou serviço, menor será a alíquota. 
 
1.10. PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO QUANTO À PROCEDÊNCIA OU DESTINO 
Art. 152 CF: é vedado aos E/DF/M estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão 
de sua procedência ou destino. 
O legislador não pode alterar a tributação em razão da procedência ou origem do bem ou serviço, uma vez que elas não 
são índices idôneos para alteração de alíquotas e bases de cálculo. 
STF: é proibida a cobrança de IPVA diferenciado para veículo importado, na medida em que isso constitui discriminação 
quanto à procedência do produto. 
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2. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
Alexandre Mazza: imunidades são normas constitucionais que limitam a competência tributária afastando a incidência de 
tributos sobre determinados itens ou pessoas. 
Atenção: imunidade e isenção não se confundem, apesar de produzirem quase o mesmo efeito prático. 
• Imunidade: impede a incidência do tributo porque a CF assim determina. 
• Isenção: consiste na lei que determina que certas situações ou determinados sujeitos não serão tributados. 
IMUNIDADES ISENÇÕES 
Previsto na CF Previsto na lei 
Limita a competência tributária (ocorre antes do fato 
gerador) 
Dispensa o pagamento (ocorre depois do fato gerador) 
Interpretação ampliativa Interpretação literal 
Em regra só alcança impostos Alcança todos os tributos 
Exclui a competência tributária É decorrência da competência tributária 
Irrevogável Revogável 
Perene Tende à temporariedade 
As imunidades apenas excluem a obrigação tributária principal, ou seja, o dever de pagar o tributo. As obrigações 
secundárias/acessórias permanecem mesmo para aqueles que não pagarão o tributo. 
STF: a orientação da corte é no sentido de que a imunidade tributária, por si só, não autoriza a exoneração de cumprimento 
das obrigações acessórias impostas por lei. 
 
2.1. TIPOS DE IMUNIDADE 
2.1.1. Quanto à finalidade 
Subjetivas: são aquelas cujo benefício constitucional for imediatamente dirigido à proteção de pessoas. Exemplo: 
imunidade religiosa, do art. 150, VI, b, CF: é vedado à U/E/DF/M instituir impostos sobre templos de qualquer culto. As 
imunidades subjetivas afastam a incidência de todos os impostos. 
Objetivas: são aquelas voltadas a afastar a incidência de impostos sobre produtos, e não para proteger diretamente 
pessoas. Exemplo: imunidade de imprensa, do art. 150, VI, CF: é vedado à U/E/DF/M instituir impostos sobre livros, jornais, 
periódicos e o papel destinado a sua impressão. As imunidades objetivas não afastam todos os impostos, mas somente 
aqueles diretamente incidentes sobre o item protegido. 
Mistas: são aquelas que “Misturam” a subjetiva e a objetiva. Ou seja, serve para proteger pessoas e objetos. Exemplo: a 
imunidade do ITR não incide sobre pequenas glebas rurais (objeto) quando o proprietário que as explore não possua outro 
(sujeito). 
 
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2.1.2. Quanto à abrangência 
Gerais: são aquelas que, com o objetivo de proteger determinada pessoa ou produto, afastam a incidência de mais de um 
tributo. Exemplos: imunidades das entidades federativas, religiosa, partidos políticos e outras entidades, de imprensa e 
dos fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil. 
Específicas: são aquelas que afastam a incidência de um só tributo. Exemplos: IPI sobre produtos destinados ao exterior, 
ITR sobre pequenas glebas rurais, ICMS sobre operações com ouro definido em lei como ativo financeiro, ICMS sobre 
serviço de comunicação nas modalidades de radiofusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita. 
 
2.1.3. Quanto às espécies alcançadas 
Tributárias: são aquelas que ultrapassam o âmbito específico dos impostos. Exemplo: entidades assistenciais que têm 
imunidade a contribuições sociais. 
Impositivas: são aquelas que excluem a incidência somente de impostos. Exemplo: operações de transferência de imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária são imunes a todos os impostos. 
 
2.1.4. Quanto à aplicabilidade 
Autoaplicáveis/incondicionadas: são aquelas aparelhadas para completa e imediata produção de efeitos, inexigindo 
regulamentação infraconstitucional. Exemplo: imunidade recíproca. 
Não autoaplicáveis/condicionadas: são aquelas que exigem o preenchimento de requisitos previstos em nível 
infraconstitucional. Exemplo: imunidade das entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos “nos termos da lei”. 
 
2.1.5. Quanto à natureza 
Ontológicas/essenciais: são aquelas que representam consequências necessárias de certo princípio constitucional maior, 
especialmente o da isonomia, revestindo-se de um caráter subjetivo. Exemplo: imunidade recíproca, que tem tal natureza 
na medida em que os entes, ante as incontáveis despesas, não revelam interesse público capaz de justificar o pagamento 
de impostos. 
Políticas/incidentais: são aquelas decorrentes de valores constitucionais específicos, mas não fundamentais para a ordem 
jurídica. Exemplo: imunidade religiosa. 
 
 
 
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2.2. IMUNIDADES EM ESPÉCIE 
2.2.1. Imunidade recíproca 
Art. 150, VI, a, CF: é vedado à U/E/DF/M: instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. 
STF: apesar da CF falar em “patrimônio, renda ou serviços”, o entendimento é no sentido de afastar a incidência de 
quaisquer impostos (outros tributos não!) que possam onerar economicamente as finanças do ente federativo. 
A imunidade recíproca também alcança as autarquias e fundações públicasque: 
• Cumpram suas finalidades essenciais ou qualquer uma delas decorrentes 
• Sejam instituídas e mantidas pelo poder público 
• Não cobrem preços e nem tarifas 
• Não entrem na concorrência privada 
Atenção: as entidades autárquicas também entram no conceito de autarquia. Assim, também serão beneficiadas pela 
imunidade recíproca as agências reguladoras e executivas, conselhos de classe (com exceção da OAB, que é entidade sui 
generis) e associações públicas. 
STF: as empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo 
por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca. (Esse entendimento também foi estendido para a empresa 
pública Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO) 
A questão da imunidade recíproca está nas sociedades de economia mista, entidades que recebem capital privado. Em 
casos já julgados, o STF aceitou a aplicação da imunidade recíproca para sociedades de economia mista que têm capital 
privado mínimo, em comparação ao público, bem como se constatada a ausência de finalidade lucrativa da PJ. 
STF: se o imóvel pertencente a qualquer das pessoas imunizadas estiver alugado a terceiro particular, a imunidade só 
persistirá se os valores dos alugueis pagos forem empregados nas atividades públicas desses entes. 
Súmula 591 STF: a imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto 
sobre produtos industrializados. 
STF: apesar de os serviços notariais se caracterizarem como delegação de serviços públicos, o STF entende que seu 
exercício se equipara a atividades privadas e afasta o benefício da imunidade tributária, devendo arcar normalmente com 
seus impostos. 
 
2.2.2. Imunidade religiosa 
Art. 150, IV, b, CF: é vedado à U/E/DF/M: instituir impostos sobre templos de qualquer culto. 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
Rafael Novais: uma das formas de separar o Estado da religião e não intervir na manutenção e administração delas seria 
exatamente afastá-las do campo obrigacional em pagar impostos, não obstante poder exigir o pagamento de outras 
exações. 
Apesar de a CF falar em “templos de qualquer culto”, não se trata de uma imunidade objetiva, em relação ao tempo (como 
estrutura física), mas sim subjetiva, em relação a todos que interferem diretamente na entidade religiosa. Essa proteção 
compreende o patrimônio, renda e serviços relacionados às finalidades essenciais das entidades religiosas. 
Exemplo da imunidade dos templos: não incide IR sobre as rendas obtidas com os dízimos e doações. 
STF: a maçonaria não se enquadra no conceito de religião, mas sim uma “filosofia de vida”, e, portanto, não se beneficia 
com a imunidade religiosa. 
STF: as edificações construídas em conjunto com o templo e utilizadas na estrutura religiosa também passam a gozar da 
imunidade tributária, desde que comprovada a vinculação. Assim, conventos de férias, casas paroquiais, salões de igreja e 
cemitérios que exercem atividade vinculada à administração religiosa alcançam a imunidade. 
STF: imóveis pertencentes às instituições religiosas e que estejam alugados para particulares só preservam a imunidade se 
os valores obtidos com esses alugueis forem empregados na atividade religiosa. Assim, mesmo que o locatário exerça 
atividade econômica no imóvel do templo religiosa, se os alugueis contratuais forem aplicados em fins religiosos, o imóvel 
permanece imune. 
STF: a exploração de atividade de estacionamento executada pelas instituições religiosas tornar-se-ão imunes, se os valores 
obtidos com essa atividade forem empregados em fins religiosos. 
 
2.2.3. Imunidade de instituições 
Art. 150, VI, c, CF: é vedado à U/E/DF/M: instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, 
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, 
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. 
Essa imunidade abrange cinco instituições distintas: 
• Partidos políticos 
• Fundações dos partidos políticos 
• Entidades sindicais dos trabalhadores (sindicatos patronais não!) 
• Entidades de educação sem fins lucrativos 
• Entidades de assistência social sem fins lucrativos 
Esse tipo de imunidade é não autoaplicável, ou seja, precisa de regulamentação prevista em lei. E, apesar da CF não 
especificar qual tipo de lei, o STF tem entendimento consolidado no sentido de que é via lei complementar. 
O CTN exerceu o papel dessa lei complementar e elencou os requisitos para a concessão dessa imunidade, quais sejam: 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
Art. 14 CTN: o disposto na alínea c do inciso IV do art. 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas 
entidades nele referidas: 
I. Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título 
Atenção: não confundir ausência de finalidade lucrativa com impossibilidade de lucro (a instituição pode ter lucro, só não 
pode distribuir ente seus fundadores a título de fins lucrativos) e nem com a impossibilidade de remuneração de diretores 
e profissionais. 
II. Aplicarem integralmente, no país, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais 
III. Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de 
assegurar sua exatidão 
Art. 14, §1º, CTN: na falta de cumprimento do disposto neste art., ou no §1º do art. 9º, a autoridade competente pode 
suspender a aplicação do benefício. 
Súmula vinculante 52: ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das 
entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos alugueis seja aplicado nas atividades para as quais tais 
entidades foram constituídas. 
Súmula 730 STF: a imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, 
da CF, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. 
As imunidades dessas instituições se relacionam apenas aos impostos, não existindo impedimento para incidência das 
outras espécies tributárias. Entretanto, a assistência social gozará de dupla imunidade tributária: tanto para os impostos 
como para as contribuições sociais da seguridade social. 
 
2.2.4. Imunidade cultural/de imprensa 
Art. 150, VI, d, CF: é vedado à U/E/DF/M: instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua 
impressão. 
Essa imunidade visa baratear a difusão cultural, tornando mais acessíveis à população por meio da desoneração tributária. 
Existem grandes discussões acerca de: 
• Insumos: são os decorrentes do papel e seus derivados (o STF já afastou a imunidade das tintas para impressão, 
tiras de plástico para amarrar jornais, serviços de entrega de jornais, serviços gráficos, equipamento de parque 
gráfico, produto de aceleração da secagem da tinta etc) 
• Conceito de elemento cultural: alguns julgados do STF: 
o Publicidade e propaganda: se for exclusivamente propaganda, não há imunidade tributária. Se for 
propaganda em conjunto com informações e cultura, há a imunidade tributária 
o Apostila: por ser um veículo de transmissão de cultura simplificado, há imunidade tributária 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
o Lista telefônica: por ter importanteelemento informativos e por sua distribuição ser gratuita, há 
imunidade tributária 
o Álbum de figurinha: por ter importância no desenvolvimento intelectual e pedagógico das crianças e 
jovens, há imunidade tributária 
• Livros em formato digital: apesar de não ser feito com o papel e seus derivados, os livros em formato digitam 
recebem a benesse da imunidade tributária. Equipamentos exclusivamente utilizados (como o kindle) para a 
reprodução digital de livros digitais também gozam de imunidade 
Súmula 657 STF: a imunidade prevista no art. 150, VI, d, CF, abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação 
de jornais e periódicos. 
 
2.2.5. Imunidade musical nacional 
Art. 150, VI, CF: é vedado à U/E/DF/M: instituir impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no 
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas 
brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial 
de mídias ópticas de leitura a laser. 
Essa imunidade visa baratear a aquisição de obras originais, como forma a evitar o mercado de pirataria. 
Esquematizando: 
OBRA/STATUS IMUNE IMUNE IMUNE NÃO IMUNE 
AUTOR Nacional Nacional Estrangeiro Estrangeiro 
INTÉRPRETE Nacional Estrangeiro Nacional Estrangeiro 
(Tabela retirada do livro de direito tributário facilitado do prof. Rafael Novais) 
 
2.2.6. Outras imunidades constantes da CF 
Taxas: petição e certidão, ação popular, certidão de nascimento e óbito aos reconhecidamente pobres, habeas corpus, 
habeas data, taxa de matrícula em universidades públicas e casamento civil. 
CIDE e contribuições sociais: receitas decorrentes de exportação. 
IPI: produtos industrializados destinados ao exterior. 
ITR: pequenas glebas rurais quando exploradas pelo proprietário que não possua outro imóvel. 
ICMS: mercadorias ou serviços destinados ao exterior, operações de destino de petróleo e seus derivados e energia elétrica 
a outros estados, ouro como ativo financeiro, comunicação de radiofusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e 
gratuita. 
ITBI: realização de capital, fusão, incorporação, cisão ou extinção de PJ com imóveis, salvo se sua atividade for imobiliária. 
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Todos os impostos: operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados do petróleo, 
combustíveis e minerais do país, exceto II, IE e ICMS, e transferência de imóveis desapropriados para reforma agrária. 
Contribuições sociais da seguridade social: aposentadoria e pensões do regime geral e das entidades de assistência social 
sem fins lucrativos. 
 
3. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Alexandre Mazza: competência tributária é a habilitação para criar (instituir) tributos por meio de lei. A competência 
tributária, desse modo, é uma espécie de competência legislativa sendo exercida somente pelo parlamento. Também 
constituem manifestações do exercício da competência tributária a modificação, redução e extinção de tributos. 
A competência tributária é atribuída pela CF às entidades federativas. Ou seja, é exclusiva de PJ de direito público 
integrantes da administração direta, não podendo ser objeto de delegação para outras pessoas. 
Atenção: competência tributária é a aptidão para criar os tributos. Já a capacidade tributária ativa é a aptidão 
administrativa para cobrar ou arrecadar os tributos. Diferentemente da competência, a capacidade ativa é desenvolvida 
como uma atividade administrativa e pode ser objeto de delegação por meio de lei. 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA 
Criar tributos Cobrar, arrecadar tributos 
Função legislativa Função administrativa 
Poder legislativo Poder executivo (fisco) 
Exclusiva de entes federativos (PJ de direito público da 
administração direta) 
Exercida por PF ou PJ, de direito público ou privado 
Indelegável Passível de delegação por lei (parafiscalidade) 
(Tabela retirada do manual de direito tributário do prof. Alexandre Mazza) 
Quando a CF define quais entes serão competentes para criar determinados tributos, ela apenas define a competência 
tributária, mas não cria, efetivamente, o tributo. A instituição de um tributo é papel do legislador infraconstitucional, 
dentro de sua competência definida pela CF. 
Em regra, o veículo normativo que cria um tributo é a lei ordinária. Entretanto, em alguns casos é admitida a medida 
provisória, e em outros é exigida a lei complementar. E essa lei deve conter cinco aspectos básicos da hipótese de 
incidência, quais sejam: 
• Quando deve ser pago o tributo 
• Onde deve ser pago 
• Quanto deve ser pago 
• Quem deve pagar e a quem se deve pagar 
• Por que deve ser pago 
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Art. 6º CTN: a atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas 
as limitações contidas na CF, nas constituições dos estados e nas leis orgânicas do DF e dos municípios, e observado o 
disposto nesta lei. 
Art. 6º, p.ú., CTN: os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras PJ de direito público pertencerá à 
competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. 
 
3.1. TIPOS DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Alexandre Mazza explica que a CF utilizou diversas técnicas para distribuição de competência, entre elas: 
Competência exclusiva/privativa: usada para empréstimos compulsórios, impostos e na maioria das contribuições 
especiais. A competência exclusiva é atribuída a determinado ente, afastando a possibilidade de exercício simultâneo por 
outras pessoas. 
Competência comum: usada nas taxas e contribuições de melhoria. A competência comum é atribuída simultaneamente 
a todos os entes, de modo que será exercida especificamente pelo ente a realizar a atividade a ser remunerada pelo 
respectivo tributo. 
Competência especial/extraordinária: conferida à União no caso de guerra externa ou sua iminência (instituição de IEG). 
Competência cumulativa: atribuída a determinado ente quando pode arrecadar seus tributos privativos e, 
simultaneamente, também os de outro ente, como no caso da tributação nos territórios. Cabe à União (nos territórios que 
não forem divididos em municípios), arrecadar impostos federais, estaduais e municipais. 
Competência concorrente: atribuída a mais de um ente, mas não a todos, como no caso da contribuição de iluminação 
pública, que pode ser arrecadado pelo DF e municípios. 
Competência residual: competência da União para instituir (por lei complementar) impostos não previstos na CF e novas 
fontes de custeio da seguridade social. 
 
3.2. ATRIBUTOS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Indelegabilidade: impossibilidade de o ente competente transferir por vontade própria a aptidão para instituir tributo a 
outra pessoa. 
Privatividade: só é aplicável aos impostos, empréstimos compulsórios e a maioria das contribuições especiais. A 
competência atribuída a determinado ente federativo exclui seu exercício pelas demais pessoas políticas. 
Facultatividade: a competência tributária é uma opção dada pela CF. o ente pode criar o tributo, mas não tem essa 
obrigação. 
Irrenunciabilidade: o ente federativo não pode abrir mão definitivamente das suas competências tributárias. 
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Incaducabilidade/imprescritibilidade: não há prazo para o exercício da competência tributária. A falta de uso não faz a 
competência desaparecer nem ser transferidapara outra entidade. 
Inampliabilidade: o ente federativo não pode, por vontade própria, aumentar suas competências tributárias.

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