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Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 1 PEDAGOGIA MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO TOMO X Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 2 Questões 1 e 2 Questão 1.1 A didática escolar cumpre funções de caráter político, educativo e científico a um só tempo. A integralização dessas funções pela didática escolar torna essa disciplina acadêmica algo mais complexo que a simples procura e implementação de procedimentos de ensino. Por meio desse processo, a unidade dialética da teoria e da prática assume as características de uma verdadeira investigação científica da realidade cotidiana da prática pedagógica. RAYS, O. A. A relação teoria-prática na didática escolar crítica. In: VEIGA, I.P.A. (Org.). Didática: o ensino e suas relações. 7. ed. Campinas: Papirus, 2003 (com adaptações). A partir das informações apresentadas, avalie as afirmativas. I. A práxis pedagógica envolve a adoção do método dialético no processo de elaboração do conhecimento em articulação com a teoria histórico-cultural. II. A apropriação crítica e histórica do conhecimento é um instrumento de compreensão da realidade social e da atuação crítica para a transformação da sociedade. III. A Didática é uma área do conhecimento que utiliza os elementos do cotidiano escolar e das questões sociais para atualizar a prática docente. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Questão 2.2 Lev Semenovitch Vygotsky, psicólogo russo, elaborou sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. Esse pressuposto teórico, conhecido como Teoria Histórico-Cultural, apresenta como questão central a apropriação de conhecimentos pela interação do sujeito com o contexto social. Considerando os pressupostos da teoria vygotskyana, avalie as afirmativas a seguir. I. O desenvolvimento cognitivo é produzido no processo de internalização da interação social com a cultura. II. Ao acessar a língua escrita, o indivíduo se apropria das técnicas inerentes a esse instrumento cultural, modificando suas funções mentais superiores. 1Questão 9 – Enade 2017. 2Questão 12 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 3 III. A apropriação da linguagem específica do meio sociocultural transforma os rumos do desenvolvimento individual. IV. O desenvolvimento das funções psíquicas superiores decorre de funções existentes no indivíduo. V. A educação sistemática e organizada pode contribuir com o processo de aquisição dos sistemas de conceitos científicos, o que modifica a estrutura do pensamento do indivíduo. É correto apenas o que se afirma em A. I e IV. B. I e V. C. II, III e IV. D. I, II, III e V. E. II, III, IV e V. Introdução teórica 1.1. Didática escolar A Didática Escolar pode ser considerada, grosso modo, como o procedimento no qual teoria e prática coincidem, unem-se, integram-se. Logo, a didática baliza o trabalho do professor, que deve ter presentes em sua práxis aspectos como o domínio do conteúdo a ser ensinado, o saber ensinar e as relações situacionais que vão se apresentado ao longo das experiências docentes. Urbanetz e Melo (2008) indicam que o ato de ensinar deve estar fundamentado no diálogo entre professores e alunos, relação na qual o professor exerce o papel de mediador do conhecimento. Ao ato de ensinar fundamentado nessas características, dá-se o nome de método dialético, que conta com alguns passos indicados por esses autores, mencionados a seguir. Prática social: deve-se tentar ensinar ao aluno com informações que ele já tenha, baseadas na prática social dele e do professor. Problematização: a partir do que o aluno já conhece, levantam-se questões relativas ao problema proposto. É nesse ponto que o aluno é estimulado a perguntar o porquê das coisas. Instrumentalização: nessa parte do andamento da atividade pedagógica, o professor disponibiliza instrumentos para o aluno resolver o problema proposto. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 4 Catarse: ponto culminante do processo de aprendizagem, quando o aluno tem um insight e afirma “agora entendi”. Em cada aula dada, a catarse é o que o professor, de fato, busca. Prática social: após o “insight de entender a matéria”, é preciso que o conhecimento sirva para as práticas sociais às quais o aluno estará exposto, o que significa que é preciso trazer para o cotidiano do aluno o que foi aprendido e mostrar a ele o porquê de ter aprendido aquilo. Com base nas características apresentadas, é possível verificar que a didática é uma área do conhecimento que utiliza elementos do cotidiano escolar e das questões sociais a fim de atualizar a prática docente, articulada a questões histórico-culturais relevantes para a compreensão da realidade social e para a atuação crítica de todos os participantes do processo de ensinar/aprender. 1.2. Teoria histórico-cultural A teoria histórico-cultural tem suas origens nos estudos do psicólogo russo Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), que procurava entender a estagnação em que a psicologia se encontrava no início do século XX. Vygotsky desenvolveu estudos que demonstravam a mediação social no desenvolvimento das funções psicológicas superiores. De acordo com o que Oliveira (1997) preconiza, as premissas dessa nova abordagem são: as funções psicológicas têm um suporte biológico, já que são produtos da atividade cerebral; o funcionamento psicológico baseia-se nas relações sociais entre os indivíduos e o mundo exterior, e essas relações desenvolvem-se em um processo histórico; a relação homem/mundo é mediada por sistemas simbólicos. Segundo Souza (2011), ao estudar a relação entre o pensamento e a linguagem, Vygotsky expressou divergências em relação aos esquemas propostos pelos behavioristas e por Piaget. Para os behavioristas, o desenvolvimento da linguagem passa pelo discurso oral e pelo murmúrio até atingir o discurso interior; para Piaget, do pensamento autístico para o discurso socializado. As conclusões a que Vygotsky chegou mostraram que “a verdadeira trajetória de desenvolvimento do pensamento não se constrói no sentido do pensamento individual para o socializado, mas do pensamento socializado para o individual” (OLIVEIRA, 1997). Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 5 Essa constatação permitiu a Vygotsky compreender que o pensamento não é formado com autonomia e independência, mas sob condições determinadas, sob a mediação dos signos e dos instrumentos culturais que se apresentam histórica e socialmente disponíveis. Assim, os “sistemas de representação da realidade”, entre eles a linguagem, estabelecem-se socialmente, o que faz com que o desenvolvimento cognitivo decorra do processo de internalização da interação social com o meio cultural do qual o indivíduo faz parte. Portanto, a apropriação da linguagem específica do meio sociocultural determina e molda os rumos do desenvolvimento individual. A interação social e a convivência com determinadas maneiras de agir e determinados produtos culturais indicam que “os indivíduos vão construir seu sistema de signos, o qual consistirá numa espécie de ‘código’ para decifração do mundo” (OLIVEIRA, 1997). Assim, ao ter acesso à língua escrita, o indivíduo apropria-se das técnicas inerentes a esse instrumento cultural, modificando suas funções mentais superiores. Ademais, a educação sistemática e organizada pode contribuir com o processo de aquisição dos sistemas de conceitos científicos, o que modifica a estrutura do pensamento do indivíduo. 2. Análise das afirmativasQuestão 1. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O método dialético na práxis pedagógica contribui com o processo de apropriação do conhecimento, que ocorre pela interação do sujeito com os aspectos históricos e culturais. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A apropriação crítica e histórica do conhecimento, na qual os processos didático-pedagógicos devem estar fundamentados, é um instrumento de compreensão da realidade social, condição necessária para que seja possível a transformação da sociedade. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A Didática é uma área do conhecimento em constante aprimoramento, pois a prática docente deve ser atualizada de acordo com a realidade do cotidiano escolar e das questões sociais. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 6 Alternativa correta: E. Questão 2. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com Vygotsky, “a verdadeira trajetória de desenvolvimento do pensamento não se constrói no sentido do pensamento individual para o socializado, mas do pensamento socializado para o individual” (OLIVEIRA, 1997). II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Vygotsky desenvolveu estudos que demonstram a mediação social no desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Ao acessar a língua escrita, o indivíduo apropria-se das técnicas inerentes a esse sistema simbólico-social, o que impacta as funções mentais superiores. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A apropriação da linguagem específica do meio sociocultural transforma os rumos do desenvolvimento individual. Antes, pressupunha-se que o aspecto individual era preponderante sobre os aspectos socioculturais e sócio-históricos. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com as ideias estudadas e defendidas por Vygotsky, o desenvolvimento das funções psíquicas superiores não deriva de funções existentes na pessoa. As funções psíquicas superiores dos indivíduos surgem e são desenvolvidas a partir das interações deles com o mundo que os cerca. V – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com Vygotsky, o desenvolvimento intelectual das pessoas ocorre em função das interações sociais e das condições de vida. Assim, a educação sistemática e organizada pode ter efeito positivo na aquisição de conhecimentos e no aprimoramento intelectual do indivíduo. Alternativa correta: D. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 7 3. Indicações bibliográficas OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997. SOUZA, G. V. Teoria histórico-cultural e aprendizagem contextualizada. In: Estudando Vygotsky v. 2, fev. 2011. URBANETZ, S. T; MELO, A. Fundamentos da didática. Curitiba: Ibpex, 2008. VASCONCELLOS, C. S. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad, 2005. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 8 Questão 3 Questão 3.3 Um aluno da rede pública de ensino, com 11 anos de idade, está matriculado no 5º ano do Ensino Fundamental e tem surdez profunda bilateral. Ele é bem-humorado, brincalhão e bastante sociável. É fluente na língua brasileira de sinais (Libras), mas apresenta dificuldades de leitura e escrita da língua portuguesa. Tem potencial cognitivo elevado, embora necessite de constante interferência e auxílio da professora para realizar suas atividades. Disponível em <http://www.cepae.faced.ufu.br>. Acesso em 07 jul. 2017 (com adaptações). Considerando a situação apresentada e o que estabelece a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, deve-se assegurar a esse aluno A. escolarização que atenda à proposta educacional bilíngue, considerando-se a língua de sinais como primeira língua. B. atendimento educacional especializado, priorizando-se o ensino da língua portuguesa, de modo a garantir a educação bilíngue. C. processo avaliativo que priorize o uso da língua portuguesa na modalidade escrita, dada a importância da manutenção do registro da aprendizagem. D. ensino da língua brasileira de sinais (Libras) após a aquisição da língua portuguesa na modalidade escrita, em processo análogo ao da alfabetização de aluno ouvinte. E. educação inclusiva, apesar de a surdez não se enquadrar no campo da deficiência física ou das limitações de mobilidade. 1. Introdução teórica 1. Introdução teórica Política Nacional de Educação Especial A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo garantir a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e/ou superdotação, orientando os sistemas de ensino a garantir (BRASIL, 2008): acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial, da educação infantil e da educação superior; 3Questão 10 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 9 oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação das famílias e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações; articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Ainda de acordo com apontamentos e direcionamentos dados pelo Ministério da Educação (2008), perdurou, por muito tempo, a ideia de que a educação especial organizada de forma paralela à educação comum seria mais apropriada para a aprendizagem dos alunos que apresentavam deficiência, problemas de saúde, ou qualquer inadequação com relação à estrutura organizada pelos sistemas de ensino. Essa concepção exerceu impacto duradouro na história da educação especial e apresentou como resultado, em contraposição à dimensão pedagógica, práticas que enfatizavam os aspectos relacionados à deficiência. O desenvolvimento de estudos no campo da educação e na defesa dos direitos humanos, por conseguinte, tem modificado essas concepções quanto ao ensino a pessoas com deficiências. As legislações e as práticas pedagógicas e de gestão vêm promovendo a reestruturação do ensino regular e do ensino especial. Em 1994, com a Declaração de Salamanca, estabelece-se como princípio que as escolas do ensino regular devem educar todos os alunos, enfrentando a situação de exclusão escolar das crianças com deficiência, das que vivem nas ruas ou que trabalham, das superdotadas, das que vivem em desvantagem social e das que apresentam diferenças linguísticas, étnicas ou culturais (BRASIL, 2008). Na perspectiva da educação inclusiva, de acordo com o que preconiza o Ministério da Educação (2008), a educação especial passou, portanto, a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com deficiência, que se caracterizam por transtornos globais de desenvolvimento e pelas altas habilidades e/ou superdotação. Nesses casos e em outros, que lidam com transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientada para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos. Consideram-se alunos com deficiência aqueles que têm impedimentos de longo prazo ou permanentes, de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, que podem ter restrita sua participação no universo escolar e na sociedade por conta das barreiras impostas por sua deficiência. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 10 No caso mais específico dos alunos com surdez, existem certas especificidades a ser cumpridas. Para a sua inclusão nas escolas comuns, deve haver educação bilíngue (língua portuguesa e Libras– Língua Brasileira de Sinais). As escolas regulares desenvolvem o ensino da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua para os alunos surdos, serviços de tradução/interpretação de Libras e de língua portuguesa, e o ensino de Libras para todos os demais alunos da escola. Além disso, o atendimento educacional especializado deve ser oferecido tanto na modalidade oral e escrita quanto na Língua Brasileira de Sinais. 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. A ideia de educação inclusiva pressupõe a garantia de escolarização adequada. No caso do aluno surdo, deve-se atender à proposta educacional bilíngue, sendo a língua de sinais a primeira língua. B e C – Alternativas incorretas. JUSTIFICATIVA. O ensino da língua portuguesa, embora importante, não é priorizado, uma vez que as escolas comuns desenvolvem o ensino da língua portuguesa como segunda língua na modalidade escrita para os alunos com surdez. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O ensino da Libras é anterior ao ensino da língua portuguesa na modalidade escrita. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Ao contrário do que diz a alternativa, a surdez enquadra-se no campo da deficiência física. 3. Indicações bibliográficas BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 11 BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Lei Nº. 10.436. Brasília, 2002. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 12 Questão 4 Questão 4.4 As escolas brasileiras não têm um único jeito de ensinar sobre gênero e sexualidade; pesquisas evidenciam currículos e práticas pedagógicas e de gestão marcadas pela discriminação. Distinções sexistas nas aulas, na chamada, nas filas de meninos e de meninas, nos uniformes, no tratamento e nas expectativas sobre alunos ou alunas, tolerância da violência verbal e até física entre os meninos, representações de homens e mulheres nos materiais didáticos, abordagem quase exclusivamente biológica da sexualidade no livro didático, estigmatização referente à manifestação da sexualidade das adolescentes, perseguição sofrida por homossexuais, travestis e transexuais evidenciam o quanto a escola (já) ensina, em diferentes momentos e espaços, sobre masculinidade, feminilidade, sexo, afeto, conjugalidade, família. Disponível em <http://www.spm.gov.br>. Acesso em 11 jul. 2017 (com adaptações). Nesse contexto, para construir uma prática pedagógica que promova transformações no sentido da igualdade de gênero a partir do respeito às diferenças, espera-se que a escola A. incorpore o conceito de gênero nos diferentes componentes do currículo de maneira transversal. B. realize atividades em seu cotidiano que definam para as crianças o que é masculino e o que é feminino. C. valha-se das diferenças sexuais naturais entre meninos e meninas para conduzir a classe e manter a disciplina. D. refira-se à questão de gênero de forma tangencial, suficiente para promover vivência menos intransigente e mais equânime entre homens e mulheres. E. reforce modelos de comportamentos socialmente atribuídos a homens e mulheres que formam um conjunto de representações sobre masculinidade e feminilidade. 1. Introdução teórica Sexo, sexualidade e gênero Na sociedade atual, há confusão e desinformação sobre os conceitos e as distinções entre sexo, sexualidade e gênero. Grosso modo, o sexo é algo definido biologicamente. Seremos fêmeas ou machos, mulheres ou homens, conforme a informação genética levada pelo espermatozoide ao óvulo. A sexualidade, por sua vez, está relacionada às pessoas por quem sentimos atração, desejo sexual. Já o gênero tem relação com as características que costumam ser atribuídas socialmente a cada sexo. 4Questão 11 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 13 Hoje, as definições de heterossexualidade e de homossexualidade não são capazes de definir com precisão as diversas formas de desejo sexual/afetivo humano. Diversos estudos, como o de Miskolsi (2017) e o de Butler (2003), indicam que a orientação sexual de cada pessoa é algo que se situa em algum ponto num amplo espectro entre esses dois polos hipotéticos. De acordo com Gomes (2013), a sexualidade humana é uma construção em vários aspectos. Trata-se de algo construído social, histórica e culturalmente, e que demanda constante reflexão, tendo em vista a vastidão dos referenciais que fortalecem a naturalização dos preconceitos de gênero, classe, etnia, diversidade cultural etc. Em nossas escolas, existem professores sem formação acadêmica para lidar com questões relacionadas à sexualidade, fato do qual advém parte das dificuldades de tratar questões referentes ao tema de forma clara e aberta. Outro aspecto importante e que ajuda a elucidar a origem das dificuldades que os temas sexualidade e igualdade de gêneros costumam suscitar nas instituições de ensino está relacionado ao fato de que a escola foi incumbida, desde o seu início, de separar os indivíduos: ricos de pobres, meninos de meninas, adultos de crianças etc. Segundo Louro (1997), “a escola que nos foi legada pela sociedade ocidental moderna começou por separar adultos de crianças, católicos de protestantes; se fez diferente para os ricos e para os pobres e imediatamente separou os meninos das meninas”. Além disso, e ainda conforme o mesmo autor, “surgiram regulamentos que serviam, na maioria das vezes, para ‘garantir’ – e também produzir – as diferenças entre os sujeitos”. De circunstâncias como as elencadas nos parágrafos anteriores é que deriva o fato de as escolas brasileiras não terem um único jeito de ensinar sobre gênero, sexualidade e respeito às diferenças, e de, na maioria dos casos, fazê-lo de forma inadequada, incompatível com a realidade atual e com as demandas da sociedade e dos indivíduos. Atualmente, o papel das escolas e do currículo escolar frente à sexualidade humana não pode ser outro senão o de combater estereótipos referentes a gênero, sexualidade, sexo, reprodução humana, além de levar aos alunos o entendimento dos direitos humanos e do respeito a diferenças de qualquer natureza. É necessária, portanto, uma nova práxis, transformadora, capaz de desnaturalizar as discriminações e as ideias equivocadamente pré- concebidas, pois a escola é o espaço privilegiado para o tratamento pedagógico dessas questões. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 14 2. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Para construir uma prática pedagógica que promova transformações no sentido da igualdade de gênero a partir do respeito às diferenças, espera-se que a escola incorpore o conceito de gênero nos diferentes componentes do currículo de maneira transversal. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Realizar atividades que definam para as crianças o que é masculino e o que é feminino não é condizente com uma prática pedagógica que busque promover transformações. Historicamente, definir o que é masculino e o que é feminino tem sido o papel tradicional da escola. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Valer-se das diferenças sexuais naturais entre meninos e meninas para conduzir a classe e manter a disciplina não apresenta nada de transformador, não promove mudanças no sentido da igualdade de gênero nem do respeito às diferenças. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Aludir à questão de gênero de forma tangencial não é suficiente para promover vivência menos intransigente e mais equânime entre homense mulheres. É preciso que a escola trate seus temas de maneira clara e direta, sem tangenciamentos. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Reafirmar padrões comportamentais atribuídos a homens e a mulheres, papel historicamente desempenhado por muitas escolas ainda nos dias atuais, não contribui em nada para a construção de prática pedagógica que promova transformações no sentido da igualdade de gênero a partir do respeito às diferenças. 3. Indicações bibliográficas BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 15 GOMES, A. R. C. Gênero e sexualidade na escola. In: XI Congresso Nacional de Educação EDUCERE. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2013. LOURO, G. L. A construção escolar das diferenças. Petrópolis: Vozes, 1997. MISKOLCI, R. Desejos digitais: uma análise sociológica por parceiros on-line. São Paulo: Autêntica, 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 16 Questão 5 Questão 5.5 A professora de uma escola pública tem sua prática pedagógica fundamentada na teoria de Jean Piaget. Essa professora irá desenvolver com uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental uma aula de Ciências sobre o tema força e movimento, utilizando a abordagem construtivista. Nesse contexto, qual deverá ser a proposta de trabalho elaborada pela professora? A. Demonstrar aos estudantes, em laboratório, experimentos relacionados ao tema e realizar avaliação do conteúdo trabalhado. B. Utilizar livro didático e figuras previamente selecionadas para sintetizar conceitos e informações relacionados ao conteúdo trabalhado. C. Aplicar exercícios de fixação em níveis crescentes de complexidade para a internalização dos conteúdos pelos estudantes. D. Partir do saber do cotidiano do estudante sobre a relação entre força e movimento para provocar o surgimento de hipóteses, criar conflitos cognitivos para desenvolvimento do conceito desejado. E. Realizar leituras informativas sobre o conteúdo e, a partir da apresentação de slides ilustrativos, descrever o conceito de força e de movimento, apresentando exemplos. 1. Introdução teórica 1. Introdução teórica Construtivismo O construtivismo, ou abordagem construtivista, pode ser caracterizado como uma corrente de pensamento que ganhou espaço especialmente no campo das teorias pedagógicas, inspirado na obra do suíço Jean Piaget (1896-1930), biólogo reconhecido por dedicar sua vida ao entendimento dos processos de aquisição do conhecimento humano. A teoria desenvolvida por Jean Piaget não teve intenções pedagógicas. No entanto, ao mostrar a forma como o indivíduo estabelece uma relação de interação com o meio, ofereceu aos educadores importantes princípios para orientar as práticas pedagógicas. Essa 5Questão 13 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 17 relação com o meio, o mundo físico e o mundo social promove o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos (SANTOS, 2001). Piaget elaborou uma teoria do conhecimento a respeito do desenvolvimento da inteligência e, com isso, deixou valiosas contribuições a quem interpreta sua obra com intenções pedagógicas. A principal ideia do construtivismo é a de que a educação deve possibilitar à criança seu pleno desenvolvimento, ao longo de todos os estágios de maturação da inteligência. No âmbito educacional, isso significa que é preciso levar em consideração os esquemas de assimilação e acomodação da criança, a fim de promover situações didáticas desafiadoras, que causem os conflitos cognitivos, que são os responsáveis pela construção do conhecimento por meio da participação ativa do sujeito cognoscente. Os conceitos piagetianos mais básicos fazem referência aos mecanismos de funcionamento da inteligência e à construção/constituição do sujeito a partir de sua interação com o meio. Sob essa perspectiva, as estruturas cognitivas do sujeito não nascem prontas; assim, portanto, o conhecimento repousa em todos os níveis em que ocorra interação entre os sujeitos e os objetos durante o seu processo de desenvolvimento. Segundo os construtos teóricos e as práticas à luz do construtivismo, na relação entre professor e aluno, ambos aprendem, e o construtivismo é direcionado pela relação do aluno frente ao objeto do conhecimento. O indivíduo aprende agindo sobre o saber, experimentando, manipulando, e o que se busca nessa relação é o desenvolvimento lógico das estruturas cognitivas. O professor que utiliza essa abordagem está constantemente incentivando seus alunos a pesquisar e a valorizar os vários tipos de materiais que possam ser utilizados nas suas atividades ou brincadeiras, ou seja, parte-se do saber cotidiano do estudante sobre um tema qualquer para provocar o surgimento de hipóteses, de conflitos cognitivos para desenvolver com o aluno o conceito desejado. 2. Análise das alternativas A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A concepção construtivista prevê que o aluno chegue a conclusões e construa seu conhecimento, o que não acontece com demonstrações realizadas pelo professor nem com avaliações estritamente voltadas à assimilação de conteúdo. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 18 B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Usar livro didático e imagens antecipadamente escolhidas para resumir conceitos e informações relacionados ao conteúdo trabalhado é uma ação que parte do professor como centro do saber e, por isso, não tem caráter construtivista. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Aplicar exercícios de fixação em níveis crescentes de complexidade pode estimular a memorização e a mecanização de resolução, o que não está de acordo com os princípios do construtivismo. D – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Para a aula em questão, e de acordo com os subsídios teóricos do construtivismo, a professora deve partir do saber do cotidiano do estudante sobre a relação entre força e movimento para provocar o surgimento de hipóteses, criar conflitos cognitivos para desenvolvimento do conceito desejado. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Promover leituras informativas, apresentar slides ilustrativos e descrever o conceito de força e de movimento não são ações que estimulem o surgimento de hipóteses dos alunos. 3. Indicações bibliográficas COLL, C. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1996. SANTOS, M. E. V. M. Mudança conceptual na sala de aula - um desafio pedagógico. Lisboa: Livros Horizonte, 2001. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 19 Questão 6 Questão 6.6 Disponível em <http://www.arquivosturmadamonica.blogspot.com>. Acesso em 30 jul. 2017 (com adaptações). Considerando a tirinha apresentada e as questões de variação linguística que ela suscita, assinale a opção correta. A. A gramática normativa é a fonte de explicação para os fenômenos linguísticos em uma sociedade. B. A realidade linguística é grafocêntrica, o que justifica o ensino das modalidades orais e escritas da língua. C. As marcas da oralidade devem ser suprimidas para o uso correto de qualquer gênero do discurso escrito. D. O fenômeno da variação linguística indica que uma língua falada deve respeitar as regras da gramática normativa. E. O caráter multicultural e desigual da oralidade, que se realiza tanto na forma culta quanto em outras, carrega marcas de tempo, espaço e lugar. 1. Introdução teórica Variação linguística Variação linguística é um fenômeno que ocorre com qualquer língua, que pode ser compreendido, basicamente, como as variações decorrentes de processos históricos e de localização geográfica de um idioma. Em um mesmo país, sobretudo em naçõescom grandes territórios como o Brasil, com um único idioma oficial, a língua sofre diversas alterações quanto ao uso que seus falantes fazem dela, pois os idiomas não são sistemas fechados, imutáveis. Assim, vão ganhando 6Questão 30 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 20 nuances que os tornam um pouco diferentes de uma região para outra, de uma situação comunicativa para outra, de uma classe social para outra etc. Tomando a língua portuguesa como exemplo, o português falado na região nordeste é diferente do falado na região sul. Isso também ocorre na mesma região: o português de São Paulo é diferente do português do Rio de Janeiro. O português da cidade de São Paulo é diferente do que é falado em regiões do interior do estado de São Paulo. Se considerarmos outros países de língua portuguesa, então, as diferenças ficam ainda mais acentuadas. Nesse sentido, vê-se na tirinha um diálogo entre duas crianças, no qual há fortes marcas de oralidade e informalidade e do modo de falar chamado de caipira, o que demonstra um dos inúmeros aspectos da heterogeneidade do nosso idioma e de nossas riquezas culturais, já que as variantes de uma língua, quando estudadas profundamente, levam-nos a grandes níveis de especificidade em todos os seus aspectos – fonéticos, sintáticos, morfológicos, lexicais, semânticos, pragmáticos etc. Em qualquer idioma, ocorrem variações, inevitavelmente, porque o princípio fundamental de uma língua é a comunicação, o que torna compreensível o fato de que seus falantes façam rearranjos segundo suas necessidades comunicativas. Assim, os diferentes falares, incluídos neles todos os tipos de diferenças de uso de uma língua, devem ser considerados variações, e não erros. Qualquer atitude diferente disso nos fará incorrer em preconceito linguístico, que atribui erroneamente maior status a determinado tipo de uso/variação de uma língua. As variações linguísticas ocorrem porque vivemos em sociedades complexas, nas quais estão inseridos diferentes grupos sociais (alguns deles tiveram acesso à educação formal e, outros, não, por exemplo). Podemos verificar também que um idioma varia de acordo com suas situações de uso, pois um mesmo grupo social pode comunicar-se de maneira diferente, conforme a necessidade de adequação, o que acarreta um comportamento linguístico em uma entrevista de emprego e outro em uma conversa com amigos em uma situação informal. Podemos pensar, ademais, nos tipos de variação linguística dentro de grupos específicos: os médicos apropriam-se de um vocabulário específico de sua profissão quando estão exercendo seu trabalho, e essas marcas podem aparecer em outros tipos de interações linguísticas. O mesmo acontece com os profissionais de informática, jornalistas, arquitetos, publicitários, advogados, pedreiros etc. Do ponto de vista científico, a Linguística aborda tipos de variantes ou variações linguísticas, explicados a seguir. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 21 Variação diatópica. A variação diatópica ocorre quando são comparados os usos de um idioma em diferentes regiões, ou seja, tem caráter geográfico. No caso do português do Brasil, em alguns lugares se diz “guri”, mas em outros se diz “piá” ou “garoto”. Em um exemplo para um caso de sintaxe, notamos que em certas regiões do Nordeste usa-se a marca de negação no final das frases. Assim, ao perguntarmos “Esse ônibus circula pela Avenida Beira-mar?”, em vez de obtermos como resposta “Não circula”, obteremos, “Circula, não”. Na modalidade oral da língua, às variações diatópicas está associado o que se conhece popularmente como “sotaques”, que são as variações de ordem fonético-fonológica que há nas diferentes regiões onde se fala um mesmo idioma (como as demonstradas na tirinha motivadora desta questão Enade). Variação diastrática. As variações diastráticas são aquelas que denotam o que ocorre de linguisticamente diferente quando são comparados indivíduos que pertencem a diferentes classes sociais ou a grupos distintos. Assim, podemos notar, por exemplo, que pessoas menos escolarizadas costumam dizer “iorgute” ou “prástico”, ao passo que as mais escolarizadas dizem “iogurte” e “plástico”. Gírias e jargão técnico também marcam diferenças linguísticas de ordem diastrática. Variação diacrônica. A variação linguística diacrônica consiste em uma mudança histórica, que representa os diferentes estágios pelos quais qualquer língua passa no decorrer do tempo. No caso do idioma português (ou de qualquer outro), percebemos, pela análise de textos de outras épocas, o quanto o português contemporâneo é distinto do português arcaico. Determinadas expressões e palavras vão deixando de ser usadas e dando lugar a novas formas. A variação histórica de uma língua ocorre de maneira lenta e gradual. Variação diafásica. A variação diafásica refere-se às diferentes situações de comunicação, a como um mesmo falante causa variações no uso que faz de determinado idioma de acordo com fatores de natureza pragmático-discursiva, ou seja, em função do contexto, adaptando-se às circunstâncias, sendo menos ou mais formal etc. Dito de outra forma, a variação diafásica são o domínio e o poder de distinção que um falante tem de saber que, numa entrevista de emprego, cumprimentará as pessoas com “Como vai?” em vez dos informais “E aí?” ou “Beleza?”, por exemplo. Em resumo, é de extrema importância considerar os diferentes usos que pessoas, grupos e povos fazem da língua portuguesa ou de qualquer outro idioma. Um idioma sempre Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 22 revela aspectos multiculturais, tanto na forma culta quando em outras, e carrega em si marcas de tempo, espaço e lugar. 2. Análise das alternativas A – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A Linguística é a ciência que serve de fonte de explicação para os fenômenos linguísticos em uma sociedade, não a gramática normativa. A gramática normativa consegue apenas fazer um registro parcial dos inúmeros aspectos de uma língua, quase sempre relacionado apenas ao que se refere ao que é tido como norma culta de um idioma. B – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A realidade linguística não é grafocêntrica (centrada na escrita), uma vez que a escrita é primordialmente uma tentativa de representar/registrar a fala (ou seja, a oralidade antecede a escrita). Além disso, mesmo que a afirmativa fosse verdadeira e a realidade linguística fosse grafocêntrica, ela não justificaria o ensino da modalidade oral da língua, mas tão-somente da escrita. C – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As marcas da oralidade nem sempre devem ser suprimidas para o uso correto de qualquer gênero do discurso escrito. Dependendo do tipo de texto que se escreva, pode ser até desejável que haja marcas da oralidade (na área da Publicidade, isso é bastante comum). É claramente o caso da tirinha em questão. D – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O fenômeno da variação linguística não indica que uma língua falada deve respeitar as regras da gramática normativa. O fenômeno da variação linguística demonstra que nem sempre a oralidade respeita as regras da gramática normativa, e isso é muito claro no caso da tirinha apresentada. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 23 E – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O caráter multicultural e desigual da oralidade, que se realiza tanto na forma culta quanto em outras, realmente carrega marcas de tempo (variações diacrônicas), de espaço e lugar (variações diatópicas), além das de ordem diafásica e diastrática. 3. Indicações bibliográficas CALVET, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola, 2002. WALTER, H. A aventura das línguas no ocidente: origem, história e geografia. SãoPaulo: Mandarim Editora, 2001. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 24 Questão 7 Questão 7.7 A contemporaneidade surge com uma “sociedade pedagógica”, que exige a ampliação dos campos de atuação do pedagogo. O pedagogo pode atuar em duas esferas de ação educativa: escolar e extraescolar. Nos espaços considerados não escolares, o pedagogo gerencia muito mais do que aprendizagens, sua atuação exige inúmeros conhecimentos teóricos e outras habilidades para planejar e construir a dinâmica de suas relações e práticas. BEILLEROT, J. A Sociedade pedagógica. Porto: Rés, 1995 (com adaptações). Nesse contexto, indique dois espaços não escolares de atuação do pedagogo e descreva o papel exercido por esse profissional em cada um deles. 1. Introdução teórica A atuação do pedagogo em espaços não escolares Na atualidade, as mudanças nas relações de trabalho implicam o fato de as empresas precisarem se reorganizar em diversos âmbitos, sobretudo com relação a cargos, funções e atividades organizacionais. De acordo com Minarelli (1995), as grandes empresas e corporações, para sobreviver à crise econômica mundial e atender às novas demandas do mercado, eliminaram ou redesenharam cargos e, em muitos casos, operações inteiras. Os trabalhadores precisarão reciclar-se periodicamente para manter seus conhecimentos atualizados e desenvolver outras habilidades. Resultam, dessa nova configuração do mundo do trabalho, novos acontecimentos que demandam um profissional que seja capacitado para ajudar a organização, de qualquer segmento, a atingir os objetivos e as metas organizacionais: trata-se do pedagogo que atua em espações não escolares, que facilita a interação entre as habilidades dos profissionais das instituições e as necessidades e anseios das empresas. O pedagogo em espaços não escolares deve ser dotado de flexibilidade em suas ações, conhecimento e experiências relativos à gestão participativa, competência e habilidade na busca de soluções para os impasses que possam surgir, compreensão do processo histórico, social, administrativo e operacional em que está inserido, comprometimento e envolvimento com a rotina da empresa, além de habilidade para planejar, organizar, liderar, monitorar, empreender. 7Questão Discursiva 4 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 25 A formação do pedagogo deve, então, ser generalista, com ênfase em gestão dos processos educativos em diferentes espaços, sejam educacionais ou não, e em diversos contextos socioculturais e profissionais. 2. Padrão de resposta do INEP O estudante poderá mencionar quaisquer dois entre os seguintes espaços de atuação do pedagogo: hospitais, empresas, ONGs, entre outros. Nos espaços não escolares, o pedagogo pode assumir diferentes papéis na atuação profissional, tais como: gestão, supervisão, administração, coordenação, avaliação, planejamento, consultoria, formação, pesquisa, produção de materiais didáticos e multimídia, ensino, quando relacionados a atividades pedagógicas, com intencionalidade educativa. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2017/ Pad_Resp_Pedagogia.pdf>. Acesso em 09 mar. 2020. 3. Indicações bibliográficas DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1998. LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê?. São Paulo: Cortez, 1999. MINARELLI, J. A. Empregabilidade: o caminho das pedras. São Paulo: Gente, 1995. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 26 Questão 8 Questão 8.8 A proposta que inspira os Projetos de Trabalho está vinculada à perspectiva do conhecimento globalizado e relacional. Essa modalidade de articulação dos conhecimentos escolares é uma forma de organizar a atividade de ensino e aprendizagem que implica considerar que tais conhecimentos não se ordenam para sua compreensão de uma forma rígida, nem em função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização dos alunos. A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação ao tratamento da informação e à relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos e a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio. HERNANDEZ, F.; VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988 (com adaptações). Considerando essa perspectiva da pedagogia de projetos, avalie as afirmativas. I. Essa modalidade foi criada com o intuito de organizar práticas pedagógicas. II. No desenvolvimento da pedagogia de projetos, deve-se verificar que componentes curriculares são adequados para aliar teoria e prática. III. O estudante é o sujeito central do processo de ensino-aprendizagem, e suas hipóteses e experimentos devem ser considerados nesse processo. IV. A etapa mais importante da pedagogia de projetos é a de levantamento de dúvidas e definição dos objetivos da aprendizagem. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. II e IV. C. III e IV. D. I, II e III. E. I, III e IV. 1. Introdução teórica Pedagogia de projetos A pedagogia de projetos é uma metodologia de trabalho educacional que objetiva organizar a construção dos conhecimentos em torno de metas previamente definidas entre alunos e professores coletivamente. O projeto deve ser visto como um auxílio, um recurso, uma metodologia de trabalho destinada a dar vida ao conteúdo, o que deixa a escola mais atraente aos olhos dos alunos e da comunidade. 8Questão 15 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 27 Atualmente, a escola objetiva formar cidadãos autônomos e participativos na sociedade. E, para conseguir formá-los, é necessário desenvolver nos alunos a autonomia, que deve ser despertada desde a Educação Infantil. A pedagogia de projetos é um dos instrumentos, de fácil operacionalização, para atingir tal objetivo. Um dos temas que vêm sendo discutidos no âmbito educacional atual é o trabalho por projetos. Mas qual projeto? O político-pedagógico da escola? O de sala de aula? O do professor? O dos alunos? O da biblioteca? Essa gama de projetos que circula frequentemente no ambiente do sistema de ensino deixa o professor preocupado em saber como situar a sua prática pedagógica para propiciar aos alunos novas formas de aprender, que integrem as diferentes possibilidades nas atividades do espaço escolar. Na pedagogia de projetos, o aluno aprende com sua própria produção, ou seja, no processo de produzir, de pesquisar, de levantar dúvidas e de criar relações que incentivem novas buscas, descobertas e reconstruções de conhecimento, ou seja, a problemática tratada deve ser significativa para o aluno. Portanto, dessa forma, o papel do professor deixa de ser aquele de protagonismo, ensinando por mera transmissão de informações, para criar situações de aprendizagem. No trabalho com projetos, cabe ao professor realizar as mediações necessárias para que o aluno possa encontrar sentido naquilo que está aprendendo, a partir das relações criadas nessas situações. Assim, a etapa primordial da pedagogia de projetos é a de levantamento de dúvidas e definição dos objetivos da aprendizagem. Não obstante, para fazer a mediação pedagógica, o professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, entender seu caminho cognitivo e seu universo afetivo, sua história, sua cultura, seu cotidiano, seu contexto de vida. O aluno é o pilar central do processo de ensino-aprendizagem, e suas hipóteses e experimentos devem ser considerados nesse processo. Ademais, é fundamental que o professor tenha clareza da sua intencionalidadepedagógica para saber intervir no processo de aprendizagem do aluno, garantindo que os conceitos utilizados na realização do projeto sejam compreendidos, sistematizados e formalizados pelo aluno. Afinal, segundo Paulo Freire, "o trabalho do professor é o trabalho do professor com os alunos e não do professor consigo mesmo". A pedagogia de projetos viabiliza um modo de aprender baseado na integração entre os conteúdos das várias áreas do conhecimento e entre as diversas mídias disponíveis na escola. No entanto, esses novos desafios educacionais ainda não se enquadram na estrutura do sistema de ensino, que ainda costuma estar calcado em uma organização funcional e operacional que dificulta o desenvolvimento de projetos que envolvam ações Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 28 interdisciplinares, como aulas de apenas 50 minutos e uma grade curricular sequencial. É necessário pensar em uma aprendizagem que extrapole o tempo da aula e o espaço físico da sala de aula e da escola. Nessa perspectiva de integração entre diferentes mídias e conteúdos, a pedagogia de projetos abrange a inter-relação de conceitos e de princípios que, sem o devido entendimento, podem fragilizar qualquer iniciativa de melhoria de qualidade de ensino e de mudança da prática do professor. Por fim, um projeto implica antecipar algo desejável que ainda não foi realizado, traz a ideia de pensar uma realidade que ainda não aconteceu. O processo de projetar implica analisar o presente como fonte de possibilidades, algo próprio da atividade humana, de sua forma de pensar em algo que deseja tornar real; portanto, o sentido da ação não pode ser separado da ideia de projeção. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A pedagogia de projetos foi criada com o intuito romper com as práticas educacionais tradicionais, não para organizar práticas pedagógicas já estabelecidas. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. No desenvolvimento da pedagogia de projetos, os componentes curriculares, considerados “estanques” e representantes de práticas pedagógicas com as quais o professor quer romper, têm pouca ou nenhuma importância. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Nessa concepção, o estudante deve ter o protagonismo, isto é, ser o sujeito central do processo de ensino-aprendizagem. Consequentemente, suas hipóteses e seus experimentos devem ser considerados. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A etapa mais importante da pedagogia de projetos é, realmente, a de levantamento de dúvidas e definição dos objetivos da aprendizagem. Essa é a etapa primordial que guiará todo o processo. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 29 Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas ALMEIDA, M. E. B. de. Como se trabalha com projetos (Entrevista). Revista TV ESCOLA. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, nº 22, março/abril, 2002. PRADO, M. E. B. B. Pedagogia de projetos. Disponível em <http://www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto18.pdf> Acesso em 31 ago. 2018. http://www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto18.pdf Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 30 Questão 9 Questão 9.9 O Projeto Político-Pedagógico (PPP) compreende propostas e programas de ações planejadas para serem executadas e avaliadas com base em princípios e diretrizes educativas. Relaciona-se, ainda às finalidades que cada instituição pretende alcançar, sendo um documento norteador das políticas escolares e também articulador das intenções, prioridades e estratégias para a realização de sua função social. Por sua vez, o currículo pode ser definido como conjunto de saberes produzidos na escola. Ele reflete todas as experiências relacionadas a conhecimentos que serão proporcionadas aos estudantes de determinado curso. Esses dois instrumentos ganham importância e relevância no processo educativo como norteadores das atividades escolares. A construção coletiva é embasada na gestão democrática, planejando-se as atividades escolares na busca do atendimento adequado da escola à comunidade em que está inserida. Assim, a escola deve cumprir seu papel social, que é formar para a autonomia e cidadania. Acerca dos temas apresentados, avalie as afirmativas. I. Na prática escolar, além do currículo explícito, há o currículo oculto, não aparente aos nossos olhos, porém muito significativo na vida escolar e na percepção do estudante. II. No Brasil, não existe um currículo único nacional, porém os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem como sugestão uma forma de definição das disciplinas e de distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares propostos. III. A elaboração do PPP e do currículo é atribuição exclusiva da equipe gestora da escola, de forma a inserir o currículo nas atividades educativas, visando a atender os estudantes de acordo com suas necessidades. IV. Tanto o PPP quanto o currículo são planos que direcionam a escola na busca do cumprimento dos seus objetivos; devem ser flexíveis diante das necessidades de adaptação no cotidiano escolar e ser construídos e/ou reconstruídos constantemente, tendo em vista as mudanças na sociedade. V. Ao realizar a mediação entre escola e comunidade, o currículo possibilita a construção da ação pedagógica por meio da articulação entre os conhecimentos construídos na prática social e transmitidos, organizados e transformados na prática escolar; por isso, o currículo, às vezes, apresenta divergências com o projeto político-pedagógico de uma instituição. 9Questão 19 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 31 É correto apenas o que se afirma em A. I, II e III. B. I, II e IV. C. I, III e V. D. II, IV e V. E. III, IV e V. 1. Introdução teórica Projeto Político-Pedagógico (PPP) A construção, a execução, a avaliação e a autonomia de um Projeto Político- Pedagógico (PPP) converteram-se em uma necessidade premente no processo de organização escolar. Desde a instituição da Lei de Diretrizes e Bases, LDB/9394-96, em seu artigo 12, cada unidade escolar tem o dever de buscar caminhos organizatórios para autoadministrar-se, para gerir o processo educacional. No Brasil, não existe um currículo único nacional, embora os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) tragam como sugestão uma forma de definição das disciplinas e de distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares existentes. O PPP ganha, por conseguinte, importância ainda maior quanto à organização do trabalho da escola. O PPP, bem como o currículo vigente, é um plano que direciona a escola no cumprimento de seus objetivos, sempre com flexibilidade para ser reconstruído constantemente, tendo em vista as mudanças na sociedade. Quando se fala em currículo, logo se imagina o currículo explícito, visível, tangível. No entanto, na prática escolar, também tem grande importância o currículo oculto, que não é aparente aos olhos, mas que é muito significativo na percepção do estudante em sua vida escolar. De acordo com as determinações da legislação, a construção do PPP na escola é dever de todos os sujeitos inseridos e envolvidos na comunidade escolar, a fim de que seus anseios e suas projeções sirvam de base para discutir, elaborar, executar e avaliar o andamento da vida escolar em todos os seus aspectos, tendo o próprio PPP como base norteadora. Nas escolas, deve haver a premissa de que a governança escolar de qualidade social para todos tenha subjacente a si a demanda de um projeto institucional coletivo e Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 32 participativo, com grandes possibilidades de trazer mudanças inovadoras e favoráveis mais pelas discussões e ações do coletivo quepor práticas ou iniciativas individuais. Na avaliação de um PPP, é preciso reconhecer que esse processo é constituído de uma dimensão de cunho político, cujas expectativas e realidade curricular se inserem em um contexto amplo no tocante às políticas educacionais e ao cotidiano escolar, uma vez que, na atualidade, o controle da sociedade civil sobre a educação e a escola pública configura-se como um espaço onde o pleno exercício da participação democrática se consolida. Assim, portanto, o PPP, em condições ideais, reflete a escola como instância social que viabiliza os caminhos para a construção da cidadania, pois deve estar comprometido com a formação cidadã, isto é, a formação do cidadão crítico, compromissado, partícipe. O PPP é, ademais, a “carta de definição da política educativa da escola”, conforme Alarcão (2003). 1. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O currículo oculto, não aparente aos nossos olhos, é muito significativo na vida escolar e na percepção do estudante, pois também direciona o cotidiano de aprendizagem. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Os Parâmetros Curriculares Nacionais não impõem um currículo único nacional. Eles trazem como sugestão uma forma de definição das disciplinas e de distribuição dos conteúdos entre os componentes curriculares propostos. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A elaboração do PPP e do currículo não é atribuição exclusiva da equipe gestora da escola; é necessário que todos estejam envolvidos nesse processo (professores, alunos, famílias etc.). Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 33 IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O PPP e o currículo direcionam a escola na busca do cumprimento dos seus objetivos. Para isso, devem ser flexíveis para se adaptar às necessidades do cotidiano escolar. Assim, devem ser reconstruídos constantemente, de acordo com as mudanças na sociedade. V – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O currículo deve ser flexível e passível de mudanças, adaptações e reconstruções. Portanto, ele não é o elemento que possibilita a construção da ação pedagógica: é a ação pedagógica que possibilita que o currículo seja levado a cabo, que seja adaptado, modificado, refeito etc. Alternativa correta: B. 3. Indicações bibliográficas ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. GADOTTI, M.; ROMÃO, J. E. (orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas. São Paulo: Cortez, 1997. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 34 Questão 10 Questão 10.10 TEXTO 1 Tomar como partida as crianças enquanto sujeitos de direitos, os quais são garantidos por leis e diretrizes nacionais, relaciona-se com a preocupação em prover o atendimento adequado em uma instituição educativa, que não seja apenas assistencial, mas promotora de educação, voltada para o desenvolvimento integral da criança. MONTEIRO, M. I.; VOLTARELI, M. A. Concepções de professoras de educação infantil sobre as práticas docentes para a primeira infância. Disponível em <http://revista.fct.unesp.br>. Acesso em 5 set. 2017 (com adaptações). TEXTO 2 Faz-se necessário superar aquela educação reprodutora, que didatiza o lúdico, patologiza a infância e reduz a educação ao ensino, e promover uma educação que valorize o convívio com as diferenças, que priorize as expressões infantis, que agregue as famílias nas creches e que opte por considerar o ato de brincar como um favorecedor de descobertas. FARIA, A. L. G.; FINCO, D. Apresentação. In: FARIA, A. L. G.; FINCO, D (Org.). Sociologia da infância no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2011 (com adaptações). A partir dos fragmentos de texto apresentados, avalie as afirmativas. I. A formação docente para atuação na educação infantil é desenvolvida em conjunto com a formação que habilita o docente a atuar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, nos dois níveis, são exigidos os mesmos conhecimentos e são iguais os objetivos formativos. II. Cuidar e educar são princípios norteadores da educação infantil, e a prática educativa nesse segmento deve abordá-los sem que haja sobreposição entre eles. III. No trabalho docente na educação infantil, deve-se considerar o brincar como forma específica de manifestação da criança e, portanto, elemento fundamental no desenvolvimento do trabalho educativo. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 10Questão 16 – Enade 2017. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 35 1. Introdução teórica Especificidades da infância e da educação infantil A infância é um tema complexo, que inquieta a segurança de nossos saberes e questiona o poder de nossas práticas (LARROSA, 2004). Além de toda essa complexidade inerente, a concepção do que é infância sofreu diversas variações ao longo do tempo, além das múltiplas diferenças culturais que estão em jogo na vida de uma criança de acordo com a comunidade em que ela está inserida. A Psicologia, nesse contexto, ganhou destaque ao considerar a infância como um campo de estudo. A infância passou a ser vista como um tempo específico da vida humana e deixou de ser “patologizada”, ou seja, a criança deixou de ser vista como um “adulto pequeno e problemático” e passou a ser considerada no contexto de suas inúmeras especificidades. Uma dessas especificidades diz respeito ao brincar, elemento fundamental no desenvolvimento do trabalho educativo na educação infantil. Desde o momento em que nascemos, aprendemos as regras da vida por meio do brincar. Para contar, por exemplo, os pais ensinam cantando “um, dois, feijão com arroz, três, quatro, feijão no prato, cinco, seis, biscoito inglês” etc. Essas experiências são ricas fontes de aprendizado, que estimulam outras buscas na criança, que está imersa no universo da brincadeira, do faz de conta, da fantasia. Assim, o ato de brincar faz parte do processo natural de aprendizagem de todos nós, desde a infância até alguns momentos da fase adulta da vida. Outra especificidade importante da infância e do trabalho do professor no contexto da educação infantil diz respeito ao cuidar. Cuidar e educar são princípios norteadores da educação infantil, e a prática educativa nessa etapa escolar deve abordar esses princípios, mas sem que haja sobreposição entre eles. Na educação infantil – que, de acordo com o Artigo 30 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), é aquela oferecida em creches às crianças de até três anos de idade e em pré-escola às de quatro e cinco anos de idade –, a criança deve ser avaliada por meio de instrumentos que não objetivem a promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. No entanto, deve haver acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 36 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A educação infantil não exige do docente exatamente os mesmos conhecimentos necessários para o trabalho no ensino fundamental. Há certos conhecimentos e objetivos formativos distintos nessas duas etapas do ensino. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Cuidar e educar são princípios norteadores da educação infantil com grande importância. Eles devem ser realizados sem que um se sobreponha ao outro. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O brincar faz parte da infância e, por isso, é elemento fundamental no desenvolvimento do trabalho educativo. Alternativa correta: D. 3. Indicações bibliográficas LARROSA, J. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascarados. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2004. ZABALZA, M. A. O dilema institucionaldas escolas infantis. Por que educar significa cuidar? In.: Pátio Educação Infantil. Ano 1. N. 1, 2003. Material Específico – Pedagogia – Tomo X – CQA/UNIP 37 ÍNDICE REMISSIVO Questão 1 Didática Escolar. Teoria histórico-cultural vygotskyana. Questão 2 Didática Escolar. Teoria histórico-cultural vygotskyana. Questão 3 Política Nacional de Educação Especial. Educação Inclusiva. Questão 4 Gênero e sexualidade nas escolas. Questão 5 Construtivismo. Questão 6 Variação Linguística. Questão 7 Atuação do pedagogo em espaços não escolares. Questão 8 Pedagogia de projetos. Questão 9 Projeto Político-Pedagógico (PPP). Questão 10 Especificidades da infância e da educação infantil.
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