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SÍNDROME METABÓLICA / OBESIDADE Obesidade, HAS, DM, dislipidemia. Paciente com muitas comorbidades. A Sd. Metabólica aumenta em 2x o risco de desenvolver DCV e em 5x o risco do paciente desenvolver DM2 Em 1988 foi descrita como síndrome X, depois vieram algumas denominações como quarteto mortal, síndrome de resistência a insulina e por ulMmo a OMS uMl izou s índrome metabólica. Nas úlMmas décadas com o crescimento econômico, com a adoção do esMlo de vida sedentário e a piora da alimentação aconteceu um crescimento importante da frequência de Sd. Metabólica em todo o mundo. A Federação Internacional de Diabetes esMma que 1/4 da população tenha Sd. Metabólica. ANORMALIDADES METABÓLICAS - Resistencia a insulina - Hipertensão - Obesidade central: a síndrome metabólica nada mais é do que o acúmulo de gordura visceral. O paciente com síndrome metabólica tem muita propensão para acumular gordura no abdome. Leva a um aumento da resistência a insulina, o que leva as outras anormalidades. - Disglicemia - Dislipidemia: classicamente o paciente com Sd. Metabólica apresenta um aumento do triglicerídeo e uma diminuição do HDL. Para critérios diagnósMcos sempre usar TG e HDL. O LDL na síndrome metabólica estará menor e mais denso, sendo pior do que já é normalmente, o perigo disso é que essa paracula vai sofrer mais facilmente oxidação, o que leva à uma aterosclerose de forma mais fácil também, sendo mais perigoso para o paciente. Porém ao diagnósMco, ele não é uMlizado porque nos exames laboratoriais ele não estará aumentado. DIAGNÓSTICO - Trglicerídos alto - HDL baixo FATOR AMBIENTAL Paciente sedentário, que se alimenta mal, tabagista, eMlista. FATOR GENÉTICO Pacientes com maior facilidade à acumular gordura na região abdominal devido à fatores genéMcos. Com o aumento da gordura visceral, teremos adipócito visceral, com esse aumento, ocorre também a alteração do metabolismo dos ácidos graxos e secreção maior de citadinas inflamatórias (causando uma inflamação sistêmica global), causando uma resistência a insulina. DEFINIÇÃO / CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS NCEP/ATPIII: para o diagnósMco, pelos menos 3 critérios devem estar presentes, mas não exige um critério obrigatório. - Gl icemia Jejum ≥ 100 OU Uso de Hipoglicemiante (glifage, diamicron) - Triglicerídeos ≥ 150 - HDL: homens < 40 e mulheres < 50 - Pressão arterial ≥ 130 ≥ 85mmHg e/ou uso de anM-hipertensivo oral - Ava l iação corpora l : C i rcunferênc ia Abdominal Homens > 102cm e mulheres > 88cm IDF: exige que tenha um critério obrigatório - obesidade central. Para diagnósMco pelo menos 2 critérios devem estar presentes + obesidade central. - Pressão arterial ≥ 130 ≥ 85mmHg ou uso de AnM-hipertensivo oral - Ava l iação corpora l : C i rcunferênc ia abdominal Homens ≥ 90cm e Mulheres ≥ 80cm e/ou IMC > 30 (critério obrigatório) - Glicemia ≥ 100 ou DM2 - Triglicerídeos ≥ 150 OU tratamento com hipolipemiante. - HDL: homens <40 e mulheres < 50 OU Tratamento com hipolipemiante OMS: Resistência a insulina + 2 critérios - Glicemia ≥ 110 ou DM2 ou TOTG 140-200 - Relação cintura / quadril: homens > 0,9; mulheres ≥ 0,85 OU IMC ≥ 30 - TG ≥ 150; HDL homens ≤ 35 e mulheres ≤ 39 (sendo um critério só, se não Mver presença dos dois juntos, não é considerado um critério) - PA ≥ 140x90 ou uso de anM-hipertensivo - Microalbuminúria ≥ 20 ug/min ou relação alb/cr ≥ 30mg/g FATORES DE RISCO - Obesidade (60%); - Hábitos de vida MANIFESTAÇÕES ASSOCIADAS - Acantose nigricans: caracterísMca do paciente que apresenta resistência a insulina, se localiza principalmente nas axilas, região dorsal do pescoço e virilha - Esteatose hepáMca - SOP - Síndrome da apneia do sono TRATAMENTO 1. Tratar as causas Prevenir que o paciente desenvolva DM2 e DCV. • MEV • Perda de peso - impacto muito grande. • AMvidade ssica • Mudança da alimentação • Cessar tabagismo • Levar um esMlo de vida menos estressante • A c o m p a n h a m e n to m u l M d i s c i p l i n a r : endrocinologista, nutricionista. 2. Tratar fatores de risco CDV. • HAS, tomar cuidado com uso de diuréMcos e betabloqueadores, pois esses medicamentos estão associados ao aumento da resistência a insulina. Uma opção para esses pacientes são o uso de iECA, antagonistas do receptor de angiotensina • DM2: o uso de medicamentos como metormina podem ser interessantes pq atuam na diminuição da resistência a insulina • Dislipidemia: uMlizar estaMna e o alvo vai variar de acordo com o paciente. TERAPIA DA OBESIDADE PANORAMA E DIAGNÓSTICO A obesidade é considerada uma pandemia, esMma-se que em 2030 aproximadamente 38% da população mundial será obesa. Em 2018, no Brasil, 19,8% da população Mnha obesidade. IMC: Índice de Massa Corporal IMC = P/A2 IMC ≥ 25 = sobrepeso IMC ≥ 30 = obesidade Limitações: Alto IMC: grande percentual de massa muscular Baixo IMC: baixa estatura e pouca massa muscular. PORÇÃO TOTAL DE GORDURA CORPÓREA: • Prega cutânea • Impedância bioelétrica • Pesagem subaquáMca Esses métodos conseguem calcular a o percentual de gordura do indivíduo, são mais específicos que o IMC. Distribuição da gordura corporal é a relação cintura/quadril (RCQ): RCQ = perímetro da cintura / perímetro do quadril Homens: RCQ > 0,9 Mulheres: RCQ > 0,8 Atribuído à gordura visceral, existe um perfil metabólico pior. Tecido adiposo branco visceral X tecido adiposo branco subcutâneo TECIDO ADIPOSO BRANCO VISCERAL Maior produtor de citocinas pró-inflamatórias, quanto mais o individuo tem esse acúmulo de gordura visceral, mais inflamado eles está. Além disso, esse tecido tem alta taxa lipolíMca, o que significa que ele é inervado com muitos receptores adrenérgicos, a esMmularão desses receptores leva à lipólise que é a quebra dos triglicerídeos em ácidos graxos resistentes e glicerol, causando uma consequência de: - Hiperinsulinemia - Resistência à insulina - Esteatose hepáMca não alcoólica. TECIDO ADIPOSO BRANCO SUBCUTÂNEO Ocorre menos lipólise, é comum que os lipídios ingeridos na dieta, se acumulem nesse d e p ó s i to s u b c u tâ n e o, s e n d o m e n o s mobilizados. Funciona como um tamponamento de lipídios. Diminuição de depósito ectópico de gordura, como no sgado, coração, músculo, pâncreas. Na obesidade ocorre um acúmulo de tecido adiposo branco tanto subcutâneo quanto visceral e ocorre porque existe nesses indivíduos um balanço energéMco posiMvo caracterísMco. Onde se tem um aumento da ingestão alimentar em detrimento do gasto energéMco. O t r a t a m e n t o f a r m a c o l ó g i c o a g e principalmente inibindo a ingestão alimentar É indicado quando: - IMC ≥ 30 - IMC ≥ 27 com 2 ou mais comorbidades (diabetes e hipertensão). Os fármacos anM-obesidade são considerados eficazes quando conseguem diminuir 5% da massa corporal do indivíduo. O tratamento farmacológico é aconselhado que ocorra junto com MEV, pois sozinho não conseguirá aMngir os objeMvos necessários para o indivíduo. COMPONENTES HOMEOSTÁTICOS E HEDÔNICOS DA INGESTÃO ALIMENTAR Por que ingerimos alimentos? - D e m a n d a e n e rgéM ca : co m p o n e nte homeostáMco - Prazer: componente hedônico COMPONENTE HOMEOSTÁTICO Hipotálamo é subdividido em núcleos O núcleo arqueado do hipotálamo tem 2 populações neuronais, as anorexigênicas e o r e x i g ê n i c a s , q u e c o - e x p r e s s a m neuropepadeos específicos. As populações anorexigênicas co-expressam a Pró-opiomelanocorMna (POMC) e o Transcrito Relacionado a Cocaína e Anfetamina (CART), que são neuropepadeos que estão envolvidos no bloqueio da ingestão de alimentos. As populações orexigênicas co-expressam o Neuropepadeo Y (NPY) e a Proteína Relacionada ao AgouM (AgRP), que são neuropepadeos que levamo indivíduo a querer se alimentar. Essas populações tem receptores para sinais periféricos, por exemplo, quando o estômago está vazio no momento em que antecede a refeição, existem hormônios no trato gastrointesMnal que vão sinalizar para as populações, aMvando principalmente as orexigênicas. Por outro lado, quando ja se alimentou, os hormônios liberados aMvam a população anorexigênica, fazendo com que o individuo encerre a alimentação. Esse equilibrio é importante para que o individuo comece e termine suas refeições. POMC: polipepadeo que é clivado em outros pepadeos. Quando clivado, ocorre a produção do alfa- MSH que é liberado em outros núcleos hipotalâmicos (PVN e LH) que leva a aMvidade de um receptor de melanocorMna, que por sua vez diminui a ingestão alimentar e aumenta o gasto energéMco do indivíduo. Em suma, o individuo para de se alimentar quando ocorre a aMvação de melanocorMna e o gasto energéMco aumento, causando um balanço enérgico negaMvo no indivíduo. Quando o gene POMC ou receptor MC4R tem mutações, são ligados a casos de obesidade humana. CART: Transcrito Relacionado à Cocaína e Anfetamina Esse pepadeo também é liberado no núcleo paraventricular e no hipotálamo lateral. O receptor que o CART aMva ainda não foi idenMficado, mas ja foi demonstrado que a liberação do CART nas regiões hipotalâmicas levam a diminuição do consumo de alimentos e ao aumento do gasto energéMco. M u t a ç õ e s n o C A R T t a m b é m e s t ã o relacionadas com casos de obesidade em humanos. No núcleo paraventricular, temos outras populações neuronais, que são o TRH - Hormônio Liberador de Tireotrofina e o CRH - Hormônio Liberador de CorMcotrofina. Portanto, a aMvidade do POMC e CART, também leva a aMvação de mais neurônios anorexigênicos, produtores de TRH e CRH. Por outro lado, a aMvidade do POMC e CART, inibe populações orexigênicas presenter no hipotálamo lateral. Ocorre a inibição de populações neuronais que produzem o MCH - Hormônio Concentrador de Melanina e o ORX - Orexina que são neuropepadeos orexigênicos, que fazem que o indivíduo queira se alimentar. A Proteína Relacionada ao AgouM (AgRP) é l i b e ra d a n o s n ú c l e o s h i p o ta l â m i co s paraventricular e hipotálamo lateral. A AgRP inibe o receptor de melanocorMna, a consequência disso é o aumento da ingestão alimentar e a diminuição do gasto energéMco. AgRP: antagonista MC4R - compete com o alfa- MSH. O Neuropepadeo Y (NPY) age principalmente em receptores Y1 e Y5. Sua ação leva ao aumento de consumo de alimento e diminuição do gasto energéMco. Em uma situação que temos o esamulo da população neuronal produtora de NPY e AgRP, teremos a inibição no núcleo paraventricular das populações produtoras de TRH e CRH e teremos esamulo das populações neuronais produtoras de outros pepadeos orexigênicos presente no hipotálamo lateral (MCH e ORX) INGESTÃO ALIMENTAR: COMPONENTE HEDÔNICO (PRAZER) O sistema de recompensa do cérebro, inclui o sistema dopaminérgico mesolímbico, que por sua vez, envolve neurônios produtores de Dopamina (DA) que partem da Área Tegmental Ventral (VTA) e se projetam pro Núcleo accumbens (Nacc). Quando esses neurônios são aMvados, existe a produção de dopamina no núcleo accumbens. Dessa forma, a ingestão de alimentos altamente gordurosos, palatáveis, ricos em açúcar e gordura, levam ao aumento de dopamina na região como sistema de recompensa. O componente homeostáMco conversa com o componente hedônico, pelo neuropepadio O R X . Q u a n d o t e m o c o m p o n e n t e homeostáMco esMmulado, tem-se o aumento da produção de ORX, dessa forma, acontece o esamulo de dopamina no núcleo accumbens. Através desse mecanismo, ocorre maior esamulo para ingestão de al imentos específicos que são relacionados com o aumento da obesidade. LEPTINA E SISTEMA ENDOCANABINOIDE LepMna: hormônio pepadico, produzido pelo gene ob Leptos = magro O gene ob é expresso no tecido adiposo, portanto, o tecido adiposo branco é o principal local da produção de lepMna. Porém, o hormônio lepMna também pode ser expresso em outros lugares do corpo como músculo-esqueléMco, placenta e outros. Importante lembrar que o principal local de produção desse hormônio é o tecido adiposo branco. A lepMna é produzida pelo gene ob e cai na corrente sanguínea e age no hipotálamo. LepMna é um hormônio anorexigênico, portanto, sua ação no hipotálamo leva a aMvação de vias hipotalâmicas anorexigênicas, produtoras de POMC e CART e leva a inibição de vias hipotalâmicas orexigênicas produtoras de NPY e AgRP. Dessa forma, a ação da lepMna resulta na inibição da ingestão de alimentos e aumento do gasto energéMco. A lepMna age através da sua via de sinalização que envolve seu receptor de forma longa. Representado o ObRb (forma longa do receptor da lepMna), levando ao recrutamento e fo s fo r i l a ç ã o d e o u t ra s p r o t e í n a s intracelulares, JAK 2 ( Janus kinase 2) e STAT3 (Transdutor de sinal e aMvador da transcrição 3). Como consequência temos a dimerizarão da STAT3 que vai até o núcleo da célula e fosforila a expressão gênica, aumentando a expressão de genes anorexigênicos como POMC e CART. Tanto a população anorexigênica como orexigênica expressam o receptor ObRb, dessa forma a lepMna se liga no receptor e esMmula a população neuronal que expressa POMC e CART e inibe a população neuronal que expressa NPY e AgRP. Como consequência disso, temos aMvação das populações neuronais produtoras de TRH e CRH (populações anorexigênicas) e inibição das populações neuronais produtoras de MCH e ORX (populações orexigênicas). Portanto, a ação da lepMna no hipotálamo leva a diminuição da ingestão de alimento e o aumento do gasto energéMco. Mutação do gene ob: deficiência da produção do hormônio lepMna. O indivíduo que não produz lepMna suficiente possuirá: - Obesidade - Hiperfagia - Diabetes - Hipogonadismo hipogonadotrófico Todo esse quadro clínico, é devido a deficiência na produção do hormônio lepMna. Pacientes com mutação no gene ob tratados com lepMna: LepMna é uma boa estratégia para tratamento da obesidade em pacientes sem a mutação no gene ob? Não! A resistência hipotalâmica ao hormônio lepUna em obesos. Essa resistência é caracterizada pela diminuição da expressão do ObRb e aumento de proteínas que inibem a via da lepMna (SOCS3). O que significa que indivíduos obesos, respondem de maneira reduzida à lepMna naturalmente, inclusive esses pacientes tem um aumento da concentração do hormônio no sangue, portanto é ineficaz o tratamento de obesos com lepMna, pois os mesmos já tem resistência ao hormônio. Quando existe menor sinalização da lepMna, ocorre um aumento da sinalização do sistema endocanabinóide, que reforça ainda mais o fenóMpo de obesidade. O sistema endocanabinóide é composto por lipídeos que nós mesmos produzimos, os principais são: 2-araquidonoilglicerol (2-AG) e Anandamida (AEA). Esses lipídeos tem estrutura molecular semelhante ao canabinóide exógeno ∆-9- tetrahidrocanabinol (∆9THC) que está presente na planta do gênero cannabis. Tanto os lipídeos que nós produzimos (2-AG, AEA) como o ∆9THC aMvam os mesmos receptores nas nossas células que são o receptor CB1 (canabinóide Mpo 1) e o receptor CB2 (canabinóide Mpo 2), por isso, os canabinóides tem alguns efeitos comuns. O CB1 e CB2 estão amplamente distribuídos no corpo. O CB1 está muito presente no SNC, mas também pode ser encontrado na periferia. Enquanto o CB2 tem o papel menos compreendido, mas ja foi idenMficado que esses receptores estão mais presentes em células do sistema imune. Regulação do Balanço EnergéMco O aumento da sinalização do CB1 tanto por mecanismos homeopáMcos como hedônicos, aumenta a ingestãoalimentar e diminui o gasto energéMco. Através disso, tem-se o aumento de tecido adiposo branco nos indivíduos. O CB1 está expresso principalmente no hipotálamo lateral, e quando aMvado ele inibe a liberação de GABA para o neurônios que expressam ORX, como tem-se a inibição de um neurotransmissor inibitório (GABA), o resultado disso é um esamulo excitatório. Portanto, através da inibição de GABA, ocorre u m a u m e n t o d a l i b e r a ç ã o d e O R X (neuropepadio orexigênico), assim ocorre o aumento de um mecanismo homeostáMco no indivíduo, levando a um maior consumo de alimento. O CB1 também é expresso na área segmental ventral, o que também inibe a liberação de GABA para neurônios dopaminérgicos, como consequência, ocorre a excitação de neurônios dopaminérgicos e o aumento da liberação de dopamina. Observa-se que tanto por mecanismo homeostáMco e hedônico a sinalização do CB1 vai aumentar de forma importante o consumo de alimento no indivíduo. E mais, aumenta de forma importante o consumo de determinados alimentos, ocorre a busca por alimentos palatáveis (açúcar, gordura). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO • Rimonabanto - Antagonista de receptores CB1. Eficiente no combate à obesidade. Desde o in íc io da administração do medicamento, existe a diminuição da ingestão alimentar e a diminuição por busca de alimentos altamente palatáveis (gordurosos) Além disso, melhora parâmetros metabólicos, como a melhora do controle glicêmico, diminui a deposição de gordura no sgado e diminui casos de aterosclerose. Efeitos adversos: depressão e suicídio. Por estar envolvido em regiões relacionadas ao prazer do cérebro, quando se uMliza esse medicamento, o indivíduo tem sintomas de ansiedade, depressão e comportamento suicida. Em 2008 a ANVISA proibiu a comercialização. Antagonistas do sistema endocanabinóide são promissores no tratamento da obesidade. Muitas pesquisas estão direcionadas para conseguir um medicamento que aja como antagonista do sistema endocanabinóide seleMvo. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA OBESIDADE Para um tratamento adequado, é importante uma equipe mulMdisciplinar acompanhando o paciente. Os fármacos devem ser associados à MEV. ANVISA RECOMENDA: - Sibutramina - Lorcasserina - LiragluMda Esses fármacos tem em comum a ação específica no SNC que diminui a ingestão de alimentos. SIBUTRAMINA Mais uMlizado. 13 fabricantes tem registro e autorização para produção. No mercado brasileiro, há 22 sibutraminas disponíveis. Mecanismo de ação: inibidor da recitação de serotonina e noradrenalina na circuitaria hipotalâmica que regula a ingestão alimentar. Sacietógeno. Age nas populações neuronais anorexigênicas, produtoras de neuropepadeos POMC e CART. E m u m a s i t u a ç ã o n o r m a l , o s neurotransmissores (noradrenal ina e serotonina) são recaptados. Quando existe a presença da sibutramina, essa receptação é inibida, dessa forma, tem-se mais receptores na fenda sinápMca, a consequência disso é u m a m a i o r a M v a ç ã o d o s n e u rô n i o s anorexigênicos. Por isso, a sibutramina tem efeito sacietógeno. Algumas evidencias apontam aumento da termogênese. Também ja foi relatado efeito benéfico da sibutramina sobre a dislipidemia, fazendo com que o HDL aumente, enquanto o LDL e TG diminua. Já foi demonstrado que a sibutramina pode melhorar o controle glicêmico e insulinêmico. Apesar do mecanismo de ação semelhante à fármacos anMdepressivos, não existe propriedade anMdepressiva na sibutramina. Efeitos adversos: Atribuidos ao fato de aumentar o tônus noradrenérg ico e serotoninérgico do indivíduo. - Secura da boca - Sudorese - Taquicardia - ConsMpação - Elevação de PA - Aumento de risco cardiovascular em uso prolongado. Não é recomendado o uso da sibutramina quando o indivíduo faz uso de outros medicamentos que também aumentam o tônus da serotonina, como inibidores seleMvos da captação de serotonina; inibidores da moniamina oxidase e outros fármacos serotoninérgicos. Aumentam o risco de síndrome serotonínica, que pode levar ao aumento da temperatura corporal, espasmos musculares, ansiedade e delírio. CLORIDRATO DE LORCASSERINA Registrado em 2016, nome comercial Belviq. Mecanismo de ação: Agonista serotoninérgico EsMmula receptores de serotonina presentes na população neuronal anorexigênica que co- expressa POMC e CART no hipotálamo. Como consequência dessa esMmulação, teremos maior expressão de POMC e alfa-MSH (pepadeos anorexigênicos). Que diminuem a ingesta de alimentos e aumentam o gasto energéMco. Farmacociné=ca: envolve sua metabolização no sgado, esse fármaco é metabolizado em 2 metabólitos no sgado e são eliminados na urina. Portanto, não é recomendado para pacientes com insuficiência renal grave. Efeitos adversos: associação com aumento do tônus serotoninérgico - Secura da boca - ConsMpação - Náusea - Cefaleia - Tonturas - Letargia - Alterações de humor Não é recomendado o uso com medicamentos que aumentam o tônus serotoninérgico, como inibidores da captação de serotonina, inibidores de monomania oxidase e outros fármacos serotoninérgicos. Ocorre o risco aumentado da síndrome serotonínica, que envolve o aumento da temperatura corporal, espasmos musculares, ansiedade e delírio. LIRAGLUTIDA Registrada em 2016, tem formulação injetável. Reduz consumo alimentar, produz um efeito de saciedade. Tem efeito anM-diabéMco, na realidade inicialmente foi uMlizada com o propósito de melhorar o controle glicêmico do individuo. Mecanismo de ação: agonista do receptor do pepadeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) O GLP-1 é o hormônio que produzimos e a liragluMda vai agir como um análogo desse hormônio, aMvando os receptores desse hormônio. GLP-1: pepadeo semelhante ao glucagon 1. Produzido no intesMno delgado inferior e cólon. Célula entero-endócrinas (células L) produzem GLP-1 quando a gente se alimenta. Quando ocorre a alimentação, chegam os nutrientes provenientes da mesma no intesMno (carboidratos + ácidos graxos), as células L tem receptores que vão idenMficar e reconhecer esses nutrientes, a parMr disso ocorre maior produção de GLP-1 e secreção desse hormônio na corrente sanguínea. Existem receptores de GLP-1 no cérebro e na periferia, o pico de GLP-1 no sangue ocorre de 5 a 30min após a refeição. O GLP-1 vai se ligar aos seus receptores, causando um efeito anorexigênico e também um efeito de increMna (hormônio increMna aumenta liberação de insulina e proliferação de células ß). A meia-vida da forma aMva do GLP-1: 2 minutos, pois o GLP-1 é converMdo em metabólitos inaMvos pela enzima dipepMdil- pepMdade 2 (DPP-4). A liragluMda é resistente a ação da DPP-4 e tem uma meia-vida de aproximadamente 13h, prolongando o efeito anorexigênico, que pode ser usado para tratar a obesidade. No SNC, existem os receptores para o GLP-1 e a liragluMda se liga a esses receptores e s M m u l a n d o p o p u l a ç õ e s n e u r o n a i s anorexigênicas. Quando a liragluMda se liga aos receptores de GLP-1 na área tegmental ventral, ela vai inibir a liberação de dopamina, associada ao consumo de alimentos. Portanto, a liragluMda reduz o consumo de a l i m e n t o s t a n t o p o r m e c a n i s m o s homeopáMcos como hedônicos. Efeitos adversos: - Náusea - Vômito - Diarréia - Cefaleia - Tonturas - PancreaMte - Hipoglicemia ORLISTATE Tem como alvo o TGI Foi lançado no Brasil no final dos anos 90, produzido por 10 laboratórios. Nomes comerciais: Xenical (120mg), Alli (60mg). Não atua no SNC. Atua no lúmen do TGI Mecanismo de ação: inibidor das lipases gástricas e pancreáMcas impedindo a degradação de lipídeos da dieta à ácidos graxos e glicerol, o que diminui a absorção de gorduras e, consequentemente,o aporte calórico da dieta. E l i m i n a ç ã o f e c a l d e g o r d u r a d e aproximadamente 30% da dorgura da dieta. O orlistate é administrado de forma concomitante com o alimento rico em gordura, tem uma absorção sistêmica mínima e será eliminado nas fezes. Efeitos adversos: - Cólicas intesMnais - Borborigmo intesMnal - Manchas oleosas nas roupas - Flatos com secreção - InconMnência fecal - Necessidade de suplementação com vitaminas lipossolúveis. - Menor absorção de ciclosporina Atribuídos a falta da digestão da gordura. A diminuição dos efeitos, pode ocorrer com a diminuição da ingestão de gordura. ANOREXÍGENOS NÃO RECOMENDADOS PELA ANVISA Em 2011, a ANVISA reMrou do mercado 3 substâncias inibidoras de apeMte, por falta de estudos que demonstrassem segurança e eficácia. - Anorexígenos feneMlamínicos (análogos a anfetamina): Femproporex e Anfepramona - Anorexígeno tricíclico: Mazindol Esses medicamentos também não são comercializados nos EUA e Europa. Em 2017, o congresso brasileiro liberou o uso no país. Esses medicamentos tem mecanismos de ação parecidos com as anfetaminas. A anfetamina atua de diversas maneiras, p o d e n d o i n i b i r a r e c a p t a ç ã o d e neurotransmissores (noradrenalina, dopamina ou serotonina). Sendo a ordem de afinidade de ligação: t r a n s p o r t a d o r d e n o r a d r e n a l i n a > transportador de dopamina > transportador de serotonina. Dessa forma, gera uma maior disponibilidade de noradrenalina. Outro mecanismo de ação das anfetaminas é d i m i n u i r a q u a n M d a d e d e s s e s neurotransmissores dentro das vesículas intra- celulares, pois a anfetamina compete com essas monoaminas, aumentando a quanMdade no citoplasma e diminuindo a quanMdade desses neurotransmissores nas vesículas. Um terceiro mecanismo da anfetamina é inibir a MAO (monoamino-oxidase) que degrada as monoaminas (noradrenalina, dopamina e serotonina). Dessa forma, por diversos mecanismos, a anfetamina aumenta a quanMdade de neurotransmissores disponíveis para a comunicação neuronal. 90% do Femproporex será converMdo em anfetamina. A Anfepramona é um derivado de anfetamina. E s s e s m e d i c a m e n t o s p o d e m c a u s a r dependência devido à sua capacidade de aumentar a liberação de dopamina. Esamulo da neurotransmissao noradrenérgica na sinalização anorexigênica hipotalâmica: aumentam os mecanismos homeostáMcos ligados a inibição do consumo de alimentos e aumento do gasto energéMco. O M a z i n d o l i n i b e a r e c a p t a ç ã o d e noradrenalina e dopamina. E esMmula a neurotransmissão noradrenérgica na sinalização anorexigênica hipotalâmica: d i m i n u i n d o o co n s u m o a l i m e nta r e aumentando o gasto energéMco. Não é um anfetamínico mas tem efeitos adversos semelhantes. Efeitos adversos: - Arritmia cardíaca - Insônia - Dependência - Transtornos Psiquiátricos PROGRAMAÇÃO METABÓLICA DA OBESIDADE Nenhum país conseguiu diminuir a prevalência de indivíduos obesos. Obesidade não é uma escolha de esMlo de vida, mas uma doença crônica com origens complexas. A OMS lança o plano de ação saúde 2020, como foco a nutrição materna para prevenir a obesidade nas próximas gerações. Período perinatal que engloba os meses anteriores à concepção, a gestação e a amamentação. Causando uma programação metabólica. A programação metabólica está envolvida com a nutrição da criança desde sua concepção. Subnutrição materna = levam os indivíduos nascidos a serem obesos em algum momento da vida. EpigenéMca ajuda a explicar como uma caracter ísMca adquira passa para os descendentes. A forma como os genes se expressam diz muito mais sobre saúde ou doença do que DNA. A n u t r i çã o m ate r n a p o d e m l eva r a mecanismos adaptaMvos na prole, que envolvem modificações epigenéMcas nas próximas gerações. Em momentos iniciais da vida, as marcas epigenéMcas tem alto nível de plasMcidade. Ácidos graxos poli-insaturados: depositados no tecido adiposo e cérebro do feto em desenvolvimento. S ã o e x t r e m a m e n t e i m p o r t a n t e s n o neurodesenvolvimento do bebê. Esses lipídeos são categorizados em 2 partes. - Ácido graxo poli-insaturado linolênico - Ácido graxo poli-insaturado linoleico Os dois sao essenciais, precisamos consumi-las através da dieta. O linolênico da origem ao EPA e ao DHA, importantes para o neurodesenvolvimento do feto. O acido linoleico da origem ao acido aracdônico, também tem sua importância ao neurodesenvolvimento. Atualmente a dieta que se tem, consome-se uma relação de 1:20 de ácidos linolênicos para linoleicos, enquanto a recomendação é que seja de 1:1. Quando existe a suplementação materna de omega 3, em testes com roedores, os filhotes tem índices menores de glicemia, lipidemia, porcentagem de meMlação global do sgado. Esses ácidos graxos também são importantes no momento da lactação. Mães com sobrepeso e obesas tem maior razão de ácidos graxos poliinsaturados omega 6, comparados ao omega 3 no leite. Causando uma maior indice de massa corporal nas crianças e um menor score de função cogniMva em crianças. Demonstrando a importância de uma alimentação materna rica em omega 3 para o combate da obesidade e do neurodesenvolvimento das crianças. Importante focar em indivíduos em idade reproduMva para que sejam pessoas saudáveis e causem impactos nas próximas gerações. Importante ampliar o aconselhamento nutricional nas consultas de pré-natal, pois a nutrição da mãe tem impacto direto na geração dos filhos, podendo até programar a criança para ser obesa. Importante fomentar o aleitamento exclusivo nos primeiros 6 meses de vida. COVID-19 Colisão de duas epidemias de saúde pública em países desenvolvidos (Covid x Obesidade) Obesidade e diabetes: 1 em cada 3 pacientes que necessitam de UTI, venMlação mecânica ou que morrem de COVID-19 Também representa uma ameaça para o período perinatal, aumentando o estresse materno. Filhos gestados nesse momento, podem ser programados para obesidade, pois o aumento do estresse materno pode gerar aumento de adiposidade nos filhos e em seguida obesidade. Desvio de profissionais de saúde para trabalhar na resposta à pandemia do novo coronavírus Novo coronavírus aMvo não foi detectado no leite materno de nenhuma mãe com confirmação ou suspeita da doença. Então é aconselhável que através de medidas de higiene, a mãe não deixe de amamentar seus filhos. Pois a amamentação é mais benéfica para a saúde da criança. CIRURGIA DA OBESIDADE Problema de saúde mundial 300 mil mortes/ ano 10 mi dólares / ano MulMfatorial A obesidade cresce 60% em 10 anos no Brasil. Métodos de avaliação Relacionados a quanMdade de gordura: - Peso corporal - IMC - Peso relaMvo - Pregas Cutâneas Relacionados a distribuição de gordura: - Relação cintura/quadril - Perímetro da cintura - Diâmetro sagital Método complementar: - Bioimpedanciometria elétrica. Classificação quan<ta<va IMC = kg/m2 Classificação qualita<va Androide X Ginecoide INDICACOES PARA BARIÁTRIA IMC ≥ 40 Ou IMC ≥ 35 se HAS, DM Apneia do sono ou artrose.
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