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Fórum Anatomia Pelve - Mesa 5 - Turmas A/B Integrantes: Ana Carolina Falck de Almeida, Ana Clara Esteves Perotti, Arthur Conte Pires, Carolina de Moura Marolli, Cauê dos Santos de Oliveira, Eduardo Alves da Silva Júnior, Gabriel Ben Bordinhão, Gabriel Mesquita, Gabriela Souza Volpi, Geovana Eduarda Altoé Couto, Giovanna Severino Rodrigues, Igor Gabriel Pereira Nunes, Ismael Cavalheiro Carvalho Caso 1 1) Defina vulva, seus limites, mencionando os componentes anatômicos vulvares. Descreva a rima do pudendo. Localize o frênulo do clitóris e conceitue prepúcio do clitóris e as relações de sintopia com as estruturas da rima. A vulva, ou pudendo, são os órgãos genitais externos femininos, entre eles: ○ ● O monte do púbis, localizado superiormente à rima do pudendo, é uma massa de tecido adiposo subcutâneo, anterior à sínfise púbica; ● ● Os lábios maiores do pudendo, são pregas cutâneas que circundam à rima do pudendo e oferecem proteção indireta ao clitóris e aos óstios da uretra e da vagina; ○ ● Os lábios menores do pudendo, também são pregas de pele, porém sem pelo e tecido adiposo, situados na rima do pudendo; ○ ● O clitóris é um órgão erétil, localizado no ponto de encontro entre os lábios menores do pudendo. É o único órgão humano apenas com função excitatória. O frênulo do clitóris é formado pela união das lâminas mediais dos lábios menores e o prepúcio é formado pela união das lâminas laterais dos lábios menores; ● O Vestíbulo da vagina é circundado pelos lábios menores e contém, os óstios externos da uretra e da vagina, além dos ductos das glândulas vestibulares maiores e menores; ● Os bulbos do vestíbulo, que são massas de tecido erétil situadas lateralmente ao longo do óstio da vagina, cobertas pelos músculos bulboesponjosos inferolateralmente; ● As glândulas vestibulares maiores e menores, localizam-se no vestíbulo da vagina. As maiores, também conhecidas como glândulas de Bartholin, se abrem na posição de cinco e sete horas em relação ao óstio da vagina. A rima do pudendo é a fenda da vulva, anterior ao corpo do períneo, que contém os lábios menores e o vestíbulo da vagina. 2) Descreva a inervação vulvar. Explique a origem do nervo pudendo, seu trajeto no canal pudendo (de Alcock) (mencione o seu conteúdo) até seu término, descrevendo seus territórios de inervação A face anterior da vulva é inervada por derivados do plexo lombar: os nervos labiais anteriores, derivados do nervo ilioinguinal, e o ramo genital do nervo genitofemoral. A face posterior da vulva é inervada por derivados do plexo sacral: o ramo perineal do nervo cutâneo femoral posterior lateralmente e o nervo pudendo centralmente. O nervo pudendo é o principal nervo do períneo, pois dá inervação sensitiva para os órgãos genitais, motora para os músculos perineais e os esfíncteres externos da uretra e do ânus. Em relação ao seu trajeto, ele sai da pelve pelo forame isquiático maior, entre os músculos piriforme e coccígeo, em seguida ele se curva ao redor da espinha isquiática e do ligamento sacroespinal para penetrar no períneo, pelo forame isquiático menor. Ao entrar no forame isquiático menor, ele é acompanhado pelos vasos pudendo e pelo nervo para o músculo obturador interno em um canal formado pelas divisões da fáscia do músculo obturador interno, o canal de Alcock. 3) Explique de que forma o nervo pudendo pode ser utilizado para a analgesia do parto e quais os pontos de referência que podem ser utilizados para a anestesia vulvar neste parto? Esta analgesia seria completa (de todo o canal de parto e da vulva)? Explique sua resposta baseada na inervação vulvar e vaginal. A analgesia durante o parto pode ser feita por bloqueio do nervo pudendo, responsável pela inervação sensitiva da maior parte da vulva via seus ramos, anais inferiores, perineais e o dorsal do clitóris. Para isso, é necessário localizar a espinha esquiática da paciente por palpação. Depois se aplica a injeção no local onde o nervo pudendo cruza a face lateral do ligamento sacroespinal, próximo de sua fixação à espinha isquiática ou na parte inicial do canal do pudendo. A agulha é introduzida na pele sobrejacente ou através da vagina paralelamente ao dedo que palpa. Vale lembrar que o dedo do médico deve ficar entre a agulha e a cabeça do bebê durante o procedimento. O bloqueio do pudendo não faz a analgesia completa, já que outros nervos, como os labiais anteriores ou o ramo perineal do nervo cutâneo femoral posterior, também suprem sensitivamente a vulva. Além disso, a parte superior do canal de parto (colo do útero e parte superior da vagina) também não é anestesiada, de modo que a mãe consegue sentir as contrações uterinas. Caso 2 Homem, 64 anos, procurou ambulatório de urologia queixando-se de alguns sintomas do trato urinário inferior como esforço para urinar, diminuição do jato urinário, intermitência, noctúria (aumento da frequência urinária a noite) e urgência miccional ocasional. Referiu início dos sintomas 6 meses antes, com piora progressiva. Refere que seu pai teve câncer de próstata. Foi solicitada a dosagem sérica de antígeno prostático específico (PSA) total que revelou valores normais. Ao toque retal verificou-se aumento do volume prostático, com superfície lisa. Solicitada ultrassonografia prostática, por via abdominal, identificou-se bexiga de paredes espessadas ("bexiga de esforço") e aumento do volume prostático com projeção intravesical (Figura 1). Embora as características ecográficas não sejam sugestivas de neoplasia, decorrente da história familiar e idade do paciente optou-se por realizar a punção biópsia prostática e estudo histopatológico, que demonstrou tratar-se de hiperplasia prostática benigna. Em função de falha no tratamento conservador com medicações, foi realizada ressecção transuretral (RTU) da próstata (Figura.2), sem intercorrências. 1) Descreva a estrutura da próstata (lobos), suas relações de sintopia. Descreva as vesículas seminais, ductos ejaculatórios e glândulas bulbouretrais e explique qual a relação destas estruturas com a próstata e uretra e suas contribuições na composição do líquido de ejaculação. A próstata é uma glândula exócrina acessória do sistema urogenital masculino localizada na cavidade pélvica. Possui um formato de noz, com base voltada para o colo da bexiga e ápice em contato com o com as fáscias dos músculos esfíncter da uretra e transverso profundo do períneo. Sua face anterior está em contato com a gordura retroperitonial (separando-a da sínfise púbica) enquanto sua face posterior relaciona-se com a ampola do reto (face examinada no toque retal). Por fim, suas faces inferolaterais direita e esquerda possuem sintopia com o músculo levantador do anus. O líquido prostático (secreção dessa glândula) representa 1/5 do volume total do sêmen, é levemente alcalino e possui como funções: neutralizar o pH da uretra e liquefazer o sêmen (ação da fibrionolisina) A próstata também pode ser subdividida em lobos, os quais não possuem grandes marcos e definições anatômicas mas auxiliam na clínica médica. São eles: - Lobo Anteriorou Ismo da Próstata: localizado na porção anterior á uretra prostática. É constituído majoritariamente por fibras musculares e possui função glandular muito reduzida. - Lobo Posterior (lóbulos inferoposteriores): corresponde a região posterior á uretra e aos ductos ejaculatórios, sendo a porção mais dorsal da próstata. - Lobos Laterais Direito e Esquerdo (lóbulos inferolaterais): área localizada lateralmente á uretra prostática. - Lobo Médio (lóbulos anteromediais e superomediais): região que circunda a uretra prostática e os ductos ejaculatórios. É a área mais afetada por Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). As vesículas seminais também são glândulas exócrinas acessórias e estão localizadas entre a face posterior da bexiga e o reto, superiormente à próstata. Possuem uma forma alongada, cuja extremidade passa entre a bexiga e o ureter, estendendo-se medialmente. Possui como função produzir uma secreção rica em frutose e com função nutritiva para os espermatozoides (também auxilia a alcalinizar o meio). Essa glândula emite o ducto da vesícula seminal o qual se une ao ducto deferente para formar o ducto ejaculatório. Os ductos ejaculatórios direito e esquerdo se formam próximo ao colo da bexiga e seguem através da próstata, convergindo para o colículo seminal (local de abertura do ducto onde a secreção da vesícula seminal + espermatozóides são liberados na uretra prostática). Por fim, as glândulas bulbouretrais estão inseridas no músculo esfíncter externo da uretra, lateralmente à uretra membranácea (segmento entre a próstata e o pênis). Sua secreção assemelha-se a um muco e é liberada durante a excitação para lubrificar e esterilizar a uretra peniana. 2) Descreva a inervação prostática, mencionando a relação dela com os nervos eretores penianos. A inervação simpática da próstata advém dos segmentos medulares de T12-L3. Os corpos neuronais localizados nesses segmentos emitem fibras simpáticas pré-ganglionares que irão atravessar o tronco simpático para integrar os nervos esplênicos lombares e o plexo hipogástrico (origina o plexo pélvico), os quais inervam a próstata. Já a inervação parassimpática é feita pelo plexo nervoso prostático, o qual é formado nervos esplâncnicos pélvicos (esses nervos se formam no plexo sacral e recebem fibras dos segmentos S2-S4). A principal relação entre inervação prostática e ereção peniana é justamente o plexo nervoso prostático pois ele origina os nervos cavernosos que realizam a inervação parassimpática do pênis. Os nervos cavernosos são responsáveis por estimular o relaxamento da musculatura lisa nas trabéculas e artérias helicinas, aumentando o diâmetro desses vasos e promovendo o acúmulo de sangue nos espaços cavernosos. 3) Explique qual a relação da próstata com o músculo esfíncter interno da uretra e músculo esfíncter externo da uretra. Justifique, do ponto de vista da estrutura anatômica a possibilidade de retenção urinária pela hiperplasia da próstata e de incontinência urinária após procedimentos cirúrgicos prostáticos. Figura 1. O músculo esfíncter interno da uretra se localiza na porção inferior da bexiga, formando a parede do colo da bexiga. Algumas de suas fibras musculares se projetam em direção a próstata, sendo contínuas com as fibras musculares prostáticas, sobretudo na região do istmo. Já o músculo esfíncter externo da uretra contém as glândulas bulbouretrais e circunda a uretra membranácea, estendendo-se do ápice da próstata até o bulbo do pênis. Em casos de Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), há um aumento do lobo médio, que se dilata comprimindo a uretra prostática e diminuindo o fluxo de urina que, consequentemente, prejudica a micção. Já os casos de incontinência urinária após a realização de procedimentos prostáticos se deve à lesão da musculatura dos esfíncteres ou de lesão dos nervos que os inervam (nervo dorsal do pênis e nervos esplâncnicos pélvicos). 4) Explique, a vascularização da próstata e justifique do ponto de vista anatômico, baseada nestas estruturas, o fato de a coluna vertebral ser o local mais comum de metástases (disseminação por via hematogênica) do câncer prostático. A irrigação da próstata é feita pelos ramos prostáticos da artéria ilíaca interna (ilíaca comum -> ilíaca interna -> vesical inferior -> ramos prostáticos). Além disso, a próstata recebe ramos da artéria pudenda interna e retal média, ambas ramos da artéria ilíaca interna. Já a drenagem venosa é feita por veias prostáticas que drenam para o plexo venoso prostático, localizado superolateralmente. Esse plexo, apesar de drenar para as veias ilíacas internas, também se comunica posteriormente com o plexo venoso vertebral interno, localizado no canal vertebral. É a partir dessa anastomose que a metástase prostática pode se disseminar hematogenicamente para a coluna vertebral. 5) E do ponto de vista da drenagem, linfática, para onde ocorrerá a drenagem da linfa desta glândula? A linfa da próstata drena para os vasos linfáticos prostáticos os quais podem seguir para os linfonodos sacrais ou para os linfonodos ilíacos internos. Caso 3 Uma jovem de 19 anos, procura serviço de Pronto Atendimento, grávida, na 7ª semana de gestação., com queixa de secreção vaginal, dor na parte inferior do abdome, tontura quando se levanta e dor em ombro direito. Ela nega a passagem de qualquer tecido pela vagina, trauma ou relação sexual recente. Sua história médica é significativa para infecção da pelve há três anos. Não relatou comorbidades, negou uso de medicamentos. Hábitos intestinal e urinário inalterados. Nega febre. EXAME FÍSICO: Hidratada, hipocorada (+/4+), acianótica e anictérica. Palidez e extremidades frias. Sons respiratórios normais, ritmo cardíaco regular em dois tempos, sem sopros, com bulhas normofonéticas. Pressão arterial era de 90/60 mmHg, frequência cardíaca de 110 batimentos/min, pulsos radiais diminuídos simetricamente e perfusão capilar instantânea. Abdome globoso, discretamente distendido, de difícil palpação, com dor à palpação difusa do abdome, sem sinais de irritação peritonial, ruídos hidroaéreos presentes. Exame especular: sangramento cervical discreto, ativo. Ao toque vaginal: colo fechado, doloroso à mobilização, útero de consistência amolecida, sensibilidade moderada das estruturas acessórias (anexos) direitas. Exames laboratoriais: fração b da gonadotrofina coriônica humana (BHcg) quantitativa é 2.300 mUI/mL, hemograma com Hgb de 8,7g/dL, leucocitose leve. Ultrassonografia transvaginal mostra um útero vazio e quantidade moderada de líquido na escavação retouterina, identificando provável saco gestacional roto em tuba uterina direita (gravidez ectópica). 1) Descrever a anatomia das tubas uterinas, o suprimento sanguíneo dos ovários, das tubas uterinas. Pressupondo que este líquido na pelve seja sangue, levando em consideração a hipótese diagnóstica, qual a origem deste sangramento? As tubas uterinas estendem-se lateralmente a partir dos cornos uterinos e se abrem na cavidade peritoneal perto dos ovários (10 cm de comprimento). As tubas uterinas estão em um mesentério estreito, a mesossalpinge, que forma as margenslivres anterossuperiores dos ligamentos largos, estendem-se simetricamente em direção posterolateral até as paredes laterais da pelve, onde se curvam anterior e superiormente aos ovários no ligamento largo em posição horizontal. As tubas uterinas podem ser divididas em quatro partes, da região lateral para a medial: - Infundíbulo: a extremidade distal afunilada da tuba que se abre na cavidade peritoneal através do óstio abdominal. Possui as fímbrias; - Ampola: a parte mais larga e mais longa da tuba, que começa na extremidade medial do infundíbulo; a fertilização do ovócito geralmente ocorre na ampola; - Istmo: a parte da tuba que tem parede espessa e entra no corno uterino; - Parte uterina: o segmento intramural curto da tuba que atravessa a parede do útero e se abre, através do óstio uterino, para a cavidade do útero no corno do útero. O suprimento sanguíneo é feito pelas artérias ováricas, que se originam da artéria aorta abdominal. Na margem da pelve, cruzam sobre os vasos ilíacos externos e entram nos ligamentos suspensores, aproximando-se das faces laterais dos ovários e das tubas uterinas. A provável origem desse sangramento é das artérias ováricas. 2) Onde normalmente ocorre a fertilização? A fertilização é a quando o espermatozoide se une ao óvulo e forma o zigoto. Essa formação ocorre no interior das tubas uterinas, geralmente na Ampola, e o óvulo fecundado em seguida se encaminha na direção do útero. 3) Como diagnóstico diferencial, poderíamos pensar em doença inflamatório pélvica (DIP). Pacientes com DIP podem apresentar coleção purulenta na pelve. Explique do ponto de vista anatômico como ocorre esta contaminação. Essa contaminação pode acontecer pela genitália externa, então para a genitália interna e para a cavidade abdominopélvica ( da vulva, para a vagina, útero, tuba uterina pelo óstio uterino e então para a cavidade pélvica pelo óstio abdominal) . 4) Revise os espaços onde podem ocorrer acúmulo de líquido na pelve feminina. Como podemos puncionar o líquido da escavação retouterina para auxílio diagnóstico? A pelve feminina possui dois espaços nos quais podem se acumular líquido na cavidade pélvica, a escavação retouterina (fundo-de-saco de douglas) que se localiza entre o reto (posterior) e o útero (anterior), e a escavação vesicouterina que se localiza entre a bexiga (anterior) e o útero (posterior). Um abscesso pélvico na escavação retouterina pode ser drenado por meio de uma incisão feita na parte posterior do fórnice da vagina (culdocentese). Essa técnica também permite aspirar o líquido na cavidade peritoneal (p. ex., sangue). 5) Qual é a causa da hipotensão? Explique, do ponto de vista anatômico, a dor no ombro referida pela paciente. A causa da hipotensão é a hemorragia das tubas uterinas devido à gravidez ectópica. A dor no ombro ocorre devido a origem comum do nervo frênico (C3-C5) com os nervos sensoriais do ombro. O nervo frênico é um dos nervos responsáveis por inervar o peritônio, juntamente com os nervos toraco-abdominais, os nervos subcostais e o plexo lombosacral. 6) Explique as relações de sintopia do ovário com a tuba uterina. Explique a inervação ovárica e o fenômeno da dor referida no período ovulatório. A relação de sintopia entre o ovário e a tuba uterina é que o ovário está situado posteriormente ao ligamento largo do útero e inferiormente a tuba uterina, colocando-se paralelamente a tuba. Contudo, em função do terço distal da tuba uterina normalmente estar voltada inferiormente, o ovário assume uma posição vertical, tendo uma de suas extremidades dirigida superiormente e a outra inferiormente. A inervação ovário é derivada dos plexos autonômicos e se dá em parte pelo plexo ovárico que desce com os vasos ováricos e em parte pelo plexo uterino. Já com relação a dor no período ovulatório, ela se dá pela pressão e rompimento da parede ovariana para a liberação do oócito que será captado pela tuba uterina. A percepção da dor é possível, mesmo os ovários e a tuba uterina sendo intraperitoneais e estando localizadas acima da linha de dor pélvica, através das fibras de dor aferentes viscerais que ascendem retrogradamente com as fibras simpáticas descendentes do plexo ovárico (através dos plexos uterino e hipogástrico inferior, dos nervos esplâncnicos pélvicos de S2- S4) e dos nervos esplâncnicos lombares até os nervos espinais de T11- L1. 7) Em caso de uma lesão neoplásica de ovário, descreva a sequência da drenagem linfática desta estrutura. Os vasos linfáticos dos ovários, unidos aos vasos das tubas uterinas e à maioria dos vasos do fundo do útero, seguem as veias ováricas enquanto ascendem para os linfonodos lombares da cava e da aorta, direitos e esquerdos Caso 4 1) Descreva a vascularização do testículo. Qual a relação dos achados ecográficos com a hipótese diagnóstica do ponto de vista anatômico? A vascularização arterial do testículo é feita pelas longas artérias testiculares. Elas se originam da face anterolateral da parte abdominal da aorta, abaixo das artérias renais. Seguem no retroperitônio, cruzam os ureteres para chegar aos anéis inguinais profundos, onde entram nos canais inguinais. Os atravessam e saem deles pelos anéis inguinais superficiais e entram nos funículos espermáticos para irrigar o testículo. Já a vascularização venosa é dada pelo plexo venoso pampiniforme, uma rede de veias situadas anteriormente ao ducto deferente e que circundam a artéria testicular. Essas veias convergem superiormente para formar duas veias testiculares. A veia testicular direita drena para a veia cava inferior, a esquerda, para a veia renal esquerda. A hidrocele é a presença de líquido em quantidades anormais dentro do escroto e envolvendo o testículo, que pode ser tanto unilateral quanto bilateral e diminui o fluxo sanguíneo arterial e venoso. Ao olharmos os achados ecográficos, podemos observar que o testículo direito apresenta fluxo extremamente reduzido quando comparado ao esquerdo. Dessa forma, associando os sintomas e a ecografia, podemos chegar a conclusão de se tratar de uma torção do funículo espermático, que explica a interrupção do fluxo sanguíneo. 2) Revise o trajeto percorrido pelo testículo desde a fase embrionária até o nascimento do feto. Quais as estruturas são responsáveis por fixar o testículo na posição anatômica? Os testículos se desenvolvem no tecido conjuntivo extraperitoneal na região lombar superior da parede posterior do abdome. O testículo primitivo é unido à parede do abdome (no local do futuro anel profundo do canal inguinal) pelo gubernáculo masculino (trato fibroso). Um divertículo peritoneal, o processo vaginal, atravessa o canal inguinal em desenvolvimento, conduzindo lâminas musculares e de fáscia da parede anterolateral do abdome à sua frente quando entra no escroto primitivo. Na 12ª semana, o testículo está na pelve, e com 28 semanas, situa-se próximo ao anel inguinal profundo em desenvolvimento. Nessa semana, o testículo começa a atravessar o canal inguinal durante 3 dias. Cerca de 4 semanas depois, o testículo entra no escroto. Enquanto ele, seus ductos e vasos mudam de lugar, são envoltos por extensõesmusculofasciais da parede anterolateral do abdome, que geram os derivados no escroto do adulto: as fáscias espermáticas interna e externa e o músculo cremaster. O pedículo do processo vaginal normalmente degenera; no entanto, sua parte sacular distal forma a túnica vaginal, a bainha serosa do testículo e epidídimo Os funículos espermáticos fixam o testículo no escroto. 3) Quais as estruturas que transitam pelo canal inguinal e funículo espermático? O funículo espermático contém estruturas que entram e saem do testículo e suspendem o testículo no escroto. Ele começa no anel inguinal profundo, lateralmente aos vasos epigástricos inferiores, atravessa o canal inguinal, sai no anel inguinal superficial e termina no escroto na margem posterior do testículo. Em seu conteúdo, achamos: - Ducto deferente: um tubo muscular com aproximadamente 45 cm de comprimento que dá passagem aos espermatozoides do epidídimo para o ducto ejaculatório - Artéria testicular: tem origem na aorta e irriga o testículo e o epidídimo - Artéria do ducto deferente: originada na artéria vesical inferior - Artéria cremastérica: originada na artéria epigástrica inferior - Plexo venoso pampiniforme: uma rede formada por até 12 veias que convergem superiormente e formam as veias testiculares direita e esquerda - Fibras nervosas simpáticas nas artérias e fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas no ducto deferente - Ramo genital do nervo genitofemoral: supre o músculo cremaster - Vasos linfáticos: drenagem do testículo e de estruturas intimamente associadas e seguem para os linfonodos lombares - Vestígio do processo vaginal: pode ser visto como um filamento fibroso na parte anterior do funículo espermático estendendo-se entre o peritônio abdominal e a túnica vaginal; pode não ser detectável. O canal inguinal é formado em relação à descida do testículo durante o desenvolvimento fetal. Os principais conteúdos são o funículo espermático em homens e o ligamento redondo do útero nas mulheres, e contém vasos sanguíneos e linfáticos e o nervo ilioinguinal em ambos os sexos. Possui duas extremidades: anel inguinal profundo (entrada) e superficial (saída). 4) Após a ecografia, foi indicada cirurgia para exploração da bolsa escrotal. Quais as camadas que necessitam ser incisadas para exploração testicular via bolsa escrotal? (Estratigrafia da pele até o testículo) Relacione estas camadas com a descida escrotal embrionária. - Pele - Tela subcutânea (túnica Dartos e m. dartos) - Fáscia espermática externa - Músculo cremaster - Fáscia cremastérica - Fáscia espermática interna - Túnica vaginal (lâmina visceral e parietal) O escroto é dividido internamente pelo septo do escroto(uma continuação da túnica dardos) que é demarcado pelo rafe escrotal que é uma crista cutânea que marca a linha de fusão das Eminências Labioescrotais embrionárias. Essas eminências são envaginações cutâneas da parede anterior do abdome e é a partir delas que o escroto se desenvolve e no período fetal abriga os testículos e funículos espermáticos. 7. Descreva o trajeto percorrido pelos espermatozoides desde sua formação até a ejaculação. Os espermatozoides são formados nos túbulos seminíferos do testículo. Por meio do ducto eferente eles chegam ao epidídimo, depois passam pela vesícula seminal, seguem para o ducto ejaculatório e por fim chegam à uretra. 8. Baseado na estrutura anatômica da drenagem venosa dos testículos, explique porque as varicoceles (dilatação do plexo pampiniforme) é mais comum a esquerda do que a direita. Elas são mais comuns à esquerda porque a veia testicular esquerda forma um ângulo reto com a veia renal esquerda o que oferece mais resistência à drenagem venosa quando comparada com o lado direito, no qual a veia testicular tem um caminho menos tortuoso que vai para a veia cava inferior. Caso 5 Mulher, 68 anos, na menopausa, procurou o consultório ginecológico em função de metrorragia (sangramento vaginal não relacionado com o período menstrual) de pequena monta, porém com vários episódios repetidos. A hemorragia provocou estranheza na paciente, uma vez que a menopausa ocorreu aos 53 anos. Nega emagrecimento. Ao exame ginecológico: observou-se discreto sangramento pelo óstio externo do útero. Toque vaginal bimanual identificou útero com aparente aumento de volume. A análise ultrassonográfica transvaginal identificou espessamento do endométrio sugestivo de processo neoplásico (Figura 1). A histeroscopia com biópsia confirmou suspeita de câncer endometrial. A paciente realizou demais exames pré-operatórios para cirurgia de histerectomia. FIGURA 1: ultrassonografia transvaginal no plano longitudinal (A) e plano transversal (B) evidenciando imagem sugestiva de espessamento do endométrio 1) Para análise dos exames ultrassonográficos transvaginais é fundamental o conhecimento da posição e formato normais do útero na cavidade pélvica. Comente-os. Defina anteversão, retroversão, anteflexão e retroflexão. O útero é um órgão oco de formato piriforme (em formato de pêra), com paredes espessas, situado na cavidade pélvica menor (pelve verdadeira). Apesar de possuir variações, o útero tem cerca de 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2 cm de espessura e pesa cerca de 90 gramas. O sufixo “versão” se refere à relação entre o colo e o corpo do útero, enquanto o sufixo “flexão” significa a relação entre o corpo e o fundo do útero. Assim, normalmente, o útero forma um ângulo anterossuperiormente em relação ao eixo da vagina (anteversão), e está fletido anteriormente em relação ao colo (anteflexão), formando o ângulo de flexão. Dessa maneira, anteroinferiormente ao útero encontram-se a bexiga urinária e a escavação vesicouterina; posteriormente, encontram-se o reto e a escavação retouterina; lateralmente, encontram-se o ligamento largo peritoneal (ladeando o corpo do útero) e os ligamentos transversos do colo. Além disso, é importante lembrar que com a gravidez ou até mesmo com a variação de tamanho da bexiga urinária, o útero pode sofrer alterações na sua posição, já que, por exemplo, quando a bexiga urinária está vazia, o útero normalmente situa-se em um plano quase transversal, e com o enchimento desta, sua posição passa a se alterar. Por fim, o formato do útero também pode variar de acordo com a idade. 2) Defina vagina mencionando o seu comprimento médio. Cite as relações anatômicas da vagina, explicando que tipos de informações um exame ultrassonográfico através da vagina (transvaginal) poderia fornecer. A vagina é uma estrutura tubular musculomembranácea de 7 a 9cm de comprimento, que estende-se do colo do útero até o óstio da vagina. Ela serve como canal para o líquido menstrual, forma a parte inferior do canal de parto, recebe o pênis e o sêmen durante a relação sexual e comunica-se superiormente com o canal do colo do útero, através do óstio externo do colo do útero (óstio uterino). Essa protrusão do colo do útero na parede anterior da vagina cria um recesso circunferencial em torno do colo do útero, chamado de fórnice da vagina, que,embora seja um espaço contínuo, é dividido em partes anterior, posterior e lateral. Além disso, o óstio da vagina (juntamente com o óstio externo da uretra, os ductos da glândula vestibular maior e as glândulas vestibulares menores) abre-se no vestíbulo da vagina, a fenda entre os lábios menores do pudendo. Por fim, o ultrassom transvaginal é um exame de imagem não invasivo, capaz de avaliar o canal vaginal, o colo do útero, o útero, as trompas e os ovários da mulher. As imagens fornecidas pelo exame possibilitam observar irregularidades presentes nesses órgãos, servindo para diagnosticar possíveis cistos, infecções, gravidez ectópica e câncer, que podem se tornar casos graves se não diagnosticados previamente. Além disso, durante a gravidez, o exame pode identificar sinais de aborto, acompanhar os batimentos cardíacos do feto, examinar a saúde da placenta e identificar irregularidades na vagina. 3) O câncer endometrial tem início no interior da cavidade uterina. Defina cavidade uterina, canal do colo uterino, óstio interno do colo uterino, óstio externo do colo uterino, perimétrio, miométrio e endométrio. Como o formato do óstio externo do colo uterino pode indicar a história gestacional de uma paciente? As principais partes do útero são: fundo (parte superior ao corpo, entre os óstios das tubas uterinas), corpo (se estende desde o fundo até o istmo, local em que está situada a cavidade uterina), istmo (porção inferior estreita do útero que marca a junção do corpo com o colo) e colo do útero (porção estreita que se projeta na parte superior da vagina, possuindo assim uma porção vaginal e outra supra-vaginal. Além disso, o lúmen do colo uterino recebe o nome de canal do colo do útero, que se abre na cavidade do útero como óstio interno do colo uterino ou óstio anatômico interno, e na vagina como óstio externo do colo uterino ou óstio uterino). Além disso, o útero possui paredes bastante espessas que são divididas em três camadas: perimétrio (revestimento seroso externo que consiste em peritônio sustentado por uma fina lâmina de tecido conjuntivo), miométrio (camada média mais espessa, formada por musculatura lisa, que está relacionada às contrações durante o parto e, também, às cólicas menstruais) e endométrio (túnica mucosa interna, que, se não houver concepção, a sua face interna é eliminada durante a menstruação). Desse modo, como durante a passagem do bebê pelo canal do parto, o óstio externo do colo uterino (óstio uterino) se dilata, é possível diferenciar uma paciente que nunca teve filhos por parto vaginal (nulípara) daquelas que já tiveram filhos por essa mesma via. Portanto, em nulíparas, este óstio possui um formato circular, enquanto que em mulheres que tiveram seus filhos por parto vaginal, o óstio uterino passa a assumir um formato de “fenda”, devido às lacerações que ocorrem durante o trabalho de parto. Por fim, cabe destacar que o colo uterino possui menos músculo quando comparado com o corpo do útero, além de ser mais rico em tecido fibroso e colágeno, o que ajuda a explicar as lacerações ocorridas durante o parto. 4) Para a remoção cirúrgica do útero faz-se necessária a secção dos ligamentos de fixação e sustentação do órgão. Descreva os ligamentos uterinos, diferenciando os de fixação dos de sustentação. O útero é uma estrutura situada no centro da cavidade pélvica e para se manter nessa posição ele possui diversos mecanismos de sustentação. A sustentação ativa do útero é dada pelo ligamento largo do útero e pelo ligamento redondo do útero. O ligamento largo do útero é uma dupla lâmina de peritônio que se estende das laterais do útero até as paredes laterais e o assoalho da pelve. Esse ligamento ajuda a manter o útero em posição e possui três subdivisões: uma parte derivada da camada posterior que se fixa ao ovário, chamada mesovário; uma parte superior ao mesovário que se fixa na tuba uterina, chamada mesossalpinge; uma parte proveniente do útero para a parede lateral da pelve, chamada de mesométrio. Além disso, lateralmente, o peritônio do ligamento largo é prolongado superiormente sobre os vasos como o ligamento suspensor do ovário, que ajuda a manter o ovário em sua posição, juntamente com o ligamento útero-ovárico, que fixa-se ao útero posteroinferiormente à junção uterotubária. Já, o ligamento redondo do útero fixa-se anteroinferiormente à junção uterotubária, passa ao longo do ligamento largo, também anteroinferiormente, atravessa o canal inguinal e chega ao lábio maior do pudendo. Além disso, temos a sustentação dinâmica do útero, que está relacionada ao diafragma da pelve, já que seu tônus e a contração ativa durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal (espirro, tosse etc.) auxiliam na sustentação desse órgão. Por fim, a sustentação passiva do útero é dada por sua posição, uma vez que, normalmente, o útero está antevertido e antefletido e, assim, fica apoiado sobre o topo da bexiga urinária. Além disso, o colo do útero acaba sendo a parte menos móvel do órgão em razão da sustentação passiva proporcionada por ligamentos fixados a ele, os ligamentos transversos do colo (seguem da porção supravaginal do colo e do fórnice da vagina até as paredes laterais da pelve) e os ligamentos retouterinos (seguem do colo do útero até o sacro). 5) Uma das complicações iatrogênicas urinárias mais comuns da histerectomia é a ligadura inadvertida do ureter. Explique as vascularizações e a relação anatômica do ureter com a artéria uterina. A vascularização do útero provém principalmente das artérias uterinas, que se originam a partir das artérias ilíacas internas e seguem através dos ligamentos transversos do colo. Além disso, o útero, principalmente o fundo do útero, pode receber irrigação colateral das artérias ováricas, originadas da parte abdominal da aorta. Quanto à drenagem venosa do útero, ela se dará principalmente através das veias uterinas, que penetram nos ligamentos largos com as artérias e formam um plexo venoso uterino de cada lado do colo, que irá drenar para as veias ilíacas internas. Já, a irrigação arterial da vagina se dá por vasos que se originam das artérias uterinas, que irão irrigar a parte superior da vagina, e por ramos das artérias vaginal e pudenda interna, responsáveis por irrigar as partes média e inferior da vagina, respectivamente. A drenagem venosa da vagina é feita por plexos vaginais que se juntam ao plexo venoso uterino, formando o plexo venoso uterovaginal, drenando para as veias ilíacas internas através da veia uterina. Desse modo, uma complicação comum da histerectomia é a ligadura inadvertida do ureter, que ocorre uma vez que as artérias uterinas (que precisa ser ligada para a realização do procedimento) situam-se superiormente aos ureteres, fazendo com que possa haver lesão destes durante o procedimento. Por fim, na histerectomia, a ligadura da artéria uterina é realizada distalmenteà artéria vaginal e aos ramos vaginais para possibilitar fluxo sanguíneo máximo para a extremidade superior da vagina para promover a cicatrização. Caso 6 Mulher, 65 anos, hipertensa, é levada por familiares para atendimento em serviço de emergência com queixa de dor abdominal associada a redução do nível de consciência. Ao exame físico encontrava-se desorientada, com fácies de dor, hipocorada, taquipneica; PA = 100 x 70 mmHg, FC = 110 bpm. Ao exame do abdome apresentou dor difusa à palpação abdominal e presença de importante massa pulsátil em região epigástrica. Realizada Tomografia Computadorizada de abdome que evidenciou aneurisma de aorta abdominal com aproximadamente 6 cm de diâmetro e presença de coleção líquida moderada em retroperitônio (sugestivo de ruptura de aneurisma) (Figura.1). Encaminhada imediatamente ao centro cirúrgico teve o sangramento retroperitoneal interrompido com clampes vasculares seguida pela colocação de prótese aórtica (Figura 19.1 B e C). 1) Defina o retroperitônio e seus limites. Que estruturas estão presentes nesta região? O retroperitônio pertence à cavidade abdominal? O retroperitônio é o espaço localizado posterior ao peritônio e anterior à parede posterior do abdome, limitado superiormente pelo diafragma e inferiormente pelo diafragma pélvico. Além disso, o retroperitônio pode ser dividido em três espaços: espaço pararrenal anterior, espaço pararrenal posterior e espaço perirrenal. - Órgãos retroperitoneais primários: rins, glândulas supra renais, ureteres, artéria aorta, veia cava inferior e reto. - Órgãos retroperitoneais secundários: pâncreas, duodeno distal e os cólons ascendente e descendente. O retroperitônio se estende desde, no seu limite superior, o diafragma, até, inferiormente, a abertura pélvica superior (pelve maior - falsa), portanto, sim, o retroperitônio pertence à cavidade abdominal. 2) Explique a localização da aorta abdominal, suas relações mais importantes de sintopia e seus ramos. Inicialmente, para compreendermos a localização e relações de sintopia da aorta abdominal, devemos delimitá-la. A aorta abdominal possui aproximadamente 13 cm de comprimento e se inicia quando a artéria aorta desce através do hiato aórtico (abertura posterior ao diafragma para a aorta descendente) no nível da vértebra T XII, neste ponto a aorta já está na cavidade abdominal e se estende inferiormente até o nível da vértebra L IV, onde se divide nas artérias ilíacas comuns direita e esquerda. Esta porção da aorta pode ser representada na parede anterior do abdome como uma faixa de 2 centímetros de espessura que vai de um ponto mediano a 2,5 cm superior ao plano transpilórico até 2 a 3 cm inferior e à esquerda do umbigo, no nível do plano supracristal. A aorta abdominal desce anteriormente aos corpos vertebrais de T XII a LIV e, ao longo deste trajeto, se localiza posterior ao plexo e gânglios celíacos na porção mais superior, um pouco abaixo, vemos estruturas como o corpo do pâncreas, veia esplênica e veia renal esquerda e, mais inferiormente, observamos a parte horizontal do duodeno e alças de intestino delgado que também estão anteriores à esta artéria. Ramos da aorta abdominal: Tronco celíaco, artéria mesentérica superior/inferior, A. suprarrenal, A. renal, A. gonadal (testicular ou ovárica), A. subcostal, A. frênica inferior e A. lombar. 3) Descreva a ramescência da Aorta abdominal e seus territórios de vascularização. Os ramos da aorta abdominal e seus respectivos territórios de vascularização considerando o nível em que se iniciam serão listados abaixo. - Artérias frênicas inferiores (T XII): São os ramos mais superiores da aorta abdominal se projetando latero-superiormente em direção à face inferior do diafragma (irriga esta área), no caminho, em ambos os lados, surgem as artérias suprarrenais superiores (ajudam na irrigação desta glândula) e, no ramo esquerdo, observamos a formação do ramo recorrente do esôfago que, junto com a artéria gástrica esquerda, irrigam a porção abdominal do esôfago. - Tronco celíaco (T XII): é um curto e calibroso ramo que se projeta anteroinferiormente e logo se ramifica em artéria gástrica esquerda (ascende no retroperitônio até o hiato esofágico, ajuda na irrigação esofágica e se anastomosa com a A. gástrica direita na curvatura menor do estômago nutrindo esta região); artéria esplênica (segue retroperitonealmente ao longo da margem superior do pâncreas, onde surgem ramos que o irrigarão até que este vaso alcance o baço, no seu trajeto vemos a formação da A. gastromental esquerda que participará da irrigação da curvatura maior); artéria hepática comum (possui um grande número de ramificações sendo as principais a artéria gástrica direita, hepática própria, gastroduodenal e gastromental direita, com isso, o sangue que passa pela hepática comum resultará na irrigação da porção direita da curvatura menor e maior do estômago, primeira porção do duodeno, fígado, vesícula biliar e ductos biliares). - Artéria suprarrenal média (L I): surge logo inferiormente ao tronco celíaco nos dois lados da aorta para ajudar a irrigar as glândulas suprarrenais, pois, além destas, vemos ainda as suprarrenais superiores que surgem como ramos das artérias frênicas inferiores e as suprarrenais inferiores, ramos das artérias renais. - Artéria mesentérica superior (L I): Se ramifica da aorta a aproximadamente 1 cm inferiormente ao tronco celíaco, esta artéria de grande importância dará origem a artéria pancreaticoduodenal inferior, A. cólica média, A. cólica direita, A. ileocólica no lado direito e diversos ramos anastomótico jejunoileais no lado esquerdo. Todas estas ramificações resultarão na irrigação do jejuno e íleo, apêndice vermiforme, ceco, colo ascendente e colo transverso. - Artérias renais direita e esquerda (L I): ambas seguem horizontalmente em direção aos rins, no início destas vemos a formação da artéria suprarrenal inferior, que ascende em direção a tal glândula; a artéria renal direita é mais longa e passa posteriormente à veia cava inferior. - 1ª a 4ª Artérias lombares (L I - L IV): estes quatro pares de artérias se projetam lateralmente e seguem em direção horizontal irrigando as cápsulas suprarrenais, a parede abdominal com sua respectiva musculatura e as próprias vértebras lombares. - Artérias gonadais (L II): No sexo feminino é chamada de artéria ovárica, esta, por sua vez, projeta-se inferiormente cruzando a margem da pelve e irrigando parte do ureter, ovário e extremidade ampular da tuba uterina; já no sexo masculino, esta é chamada de artéria testicular, ela atravessa o canal inguinal e entra no escroto, assim, irriga a parte abdominal do ureter, testículo e epidídimo. - Artéria mesentérica inferior (L III): emerge da parte anterior esquerda da aorta abdominal, cerca de 4 cm superior à bifurcação aórtica, esta artéria dá origem à artéria cólica esquerda, artérias sigmóideas e artéria retal superior; sendo assim, irriga a porção proximal do reto, colo descendente e sigmóide. 4) A observação detalhada do exame evidenciou que este aneurisma se estendiadesde aproximadamente 1cm abaixo do tronco celíaco apresentando 6cm de diâmetro e 8 cm de extensão em direção inferior. Se, for realizado o clampeamento (obstrução do fluxo de sangue com uma pinça) da aorta abdominal para conter o sangramento, logo abaixo do tronco celíaco e este clampeamento for demorado, em consequência da dificuldade cirúrgica, quais órgãos poderão apresentar problemas. Justifique. Observando a ramescência da aorta abdominal, podemos concluir que, com um clampeamento demorado logo abaixo do tronco celíaco, ocorrerá comprometimento da irrigação: de grande parte das glândulas suprarrenais e rins (artérias renais e suprarrenais médias comprometidas); do jejuno e íleo, apêndice vermiforme, ceco, colo ascendente e transverso (Artéria mesentérica superior comprometida); de parte do ureter, ovário e extremidade ampular da tuba uterina (mulheres) e testículo e epidídimo (homens) (artérias gonadais comprometidas); da parte proximal do reto, colo sigmóide e descendente (artéria mesentérica inferior comprometida). Além disso, toda a irrigação inferior à artéria aorta abdominal também estará comprometida de alguma forma, pois as artérias ilíacas comuns, continuação que se bifurca inferiormente à aorta abdominal, estará, também, comprometida. Assim, bexiga, reto, útero, ureteres, ovários, tubas uterinas, testículo e epidídimo são algumas entre as estruturas dessa região que serão afetadas. 5) Quais seriam as abordagens cirúrgicas (incisões e acessos) possíveis para abordar um aneurisma na localização descrita. Explique do ponto de vista anatômico de que forma a aorta abdominal seria alcançada para a cirurgia. Existem 3 formas para essa abordagem cirúrgica, duas delas sendo através de cirurgias abertas, uma transperitoneal e outra por uma via de acesso retroperitoneal e, por último, uma abordagem que, pelo avanço tecnológico, hoje se torna possível, que é através do acesso endovascular. A escolha vai variar devido a diversos fatores, por exemplo, para pacientes jovens, com baixo risco ou nos que a anatomia desfavorece a abordagem endovascular, opta-se pela cirurgia aberta. Via transperitoneal: Nesta cirurgia, é feita uma incisão xifo púbica, ou seja, com o paciente em decúbito dorsal horizontal, uma incisão é feita na linha mediana abdominal, entre o processo xifóide e a sínfise púbica, com desvio para a esquerda na cicatriz umbilical até acessar o peritônio. Com isso, as vísceras eram rebatidas para a região direita e superior da cavidade abdominal, com exposição da região retroperitoneal e, consequentemente, da aorta abdominal. Via retroperitoneal: A incisão é iniciada na linha mediana, aproximadamente 3 cm abaixo da cicatriz umbilical, e vai em direção ao 10º ou 11º espaço intercostal, podendo variar conforme o nível da aorta a ser abordado. A aponeurose oblíqua externa e as bainhas do m. reto abdominal são seccionadas, sendo este músculo retraído para a direita; os músculos oblíquos externo e interno são seccionados e o transverso é preferencialmente divulsionado (separação do tecido sem seccioná-lo). Após isso, as vísceras peritoneais são rebatidas para a direita e, assim, a aorta abdominal é acessada. Acesso endovascular: O acesso costuma ser feito na região da virilha (acima da coxa), para ascender até alcançar a aorta abdominal. (eu acredito que seja na artéria ilíaca externa) Caso 7 Uma mulher de 45 anos sofreu cirurgia para remoção do útero (histerectomia total) decorrente de endometriose sintomática há 3 dias. Ela se queixa de hipersensibilidade no dorso e na região lateral do tronco à direita. Relata também urina avermelhada, porém acredita estar relacionada ainda com uso de sonda vesical durante a cirurgia. Ao exame, a temperatura era de 38,8oC, frequência cardíaca de 100 batimentos/min e pressão arterial de 130/90 mmHg. Ausculta cardíaca e respiratória normais. O abdome está difusamente sensível ao toque, mas os ruídos intestinais estavam normais. Existe uma sensibilidade mais intensa ao toque no ângulo costovertebral direita. A incisão cirúrgica parece estar dentro dos limites normais (incisão supra-púbica – indica cirurgia via abdominal). Paciente foi então submetida a ecografia abdominal total (figura1) e após uma urografia excretora (figura 2). 1) Diante do exame de imagem (observe a porção óssea), em qual local houve esta lesão? Descreva os trajetos abdominal e pélvico do ureter. O trajeto abdominal do ureter vai da sua origem, na pelve renal, a partir de onde segue intimamente aderido ao peritônio parietal, retroperitonealmente, com projeção superficial de um ponto 5cm lateral ao processo espinhoso de LI à espinha ilíaca posterossuperior. Cruzam a bifurcação da A. ilíaca comum anteriormente à artéria, passando sobre a margem superior da pelve (promontório do sacro e asas laterais). Seu trajeto pélvico é na parede lateral da pelve, entre peritônio parietal posteriormente e artéria ilíaca interna e seus ramos anteriormente; até que na espinha isquiática curva-se anteromedialmente, acima do M. levantador do ânus e segue até a bexiga. Nas mulheres, ao longo desse trajeto pélvico em sentido anterior, os ureteres passam inferiormente à A. uterina, localizada na base do ligamento largo (dupla lâmina de peritônio entre útero e parede lateral da pelve) ou na porção superior do ligamento transverso do colo do útero (lâmina média da bainha hipogástrica, dependência da fáscia pélvica), para então seguir na margem lateral do colo do útero até a bexiga urinária, na qual penetra obliquamente em direção inferomedial. Não raro a A. uterina está intimamente associada, enrolada, ao ureter, de forma que na histerectomia o ureter pode vir a ser campleado junto da A. uterina, que é ligada e seccionada para retirada do útero. No exame de imagem, a lesão ocorreu próximo do nível da espinha isquiática. 2) Descrever os locais nos quais o ureter é anatomicamente estreitado e quais os locais de risco de lesão, relacionado a suas relações de sintopia, durante cirurgias abdominais e pélvicas. Sintopia do ureter. A primeira constrição é na junção entre ureter e pelve renal a nível aproximado de LI e LII; a segunda, ao cruzar a margem superior da pelve – onde cruza anteriormente à bifurcação da A. ilíaca comum – a nível do promontório do sacro; e a terceira constrição é em sua passagem através da bexiga urinária. A lesão dos ureteres, durante cirurgias abdominais e pélvicas, pode ocorrer também pelo comprometimento da sua vascularização mediante tração. As relações de sintopia estão descritas acima. 3) Relembre a vascularização do útero, de que forma isto tem relação com a lesão de ureter? O útero é irrigado pela A. uterina, cuja relação de sintopia com o ureter vai da sua origem, onde o ureter passa medialmente, até o nível da espinha isquiática, onde o ureter cruza inferiormente. A origem da A. uterina é a divisão anterior da A. ilíaca interna, a partir daí desce sobre a parede lateral da pelve, "serpenteando" o ureter, e segue medialmente em direção do colo uterino. Possivelmente, a A. ovárica pode prover circulaçãocolateral. A drenagem venosa é por meio das veias uterinas, que formam o plexo venoso uterino de cada lado do colo. Esse plexo drena para a veia ilíaca interna. 4) Qual o suprimento sanguíneo do ureter? Parte abdominal: ramos uretéricos da A. renal, A. ovárica/testicular, da parte abdominal da aorta e da A. ilíaca comum. Esses ramos seguem medialmente até o ureter, formando anastomose longitudinal na parede do ureter, mas pequenos e delicados de modo que suas rupturas podem causar isquemia. A drenagem venosa é para veias renais e veias ováricas/testiculares. Parte pélvica: ramos uretéricos da A. ilíaca comum, A. ilíaca interna, A. ovárica (em mulheres) e um ramo da A. uterina (correspondência, em homens, sendo ramo da A. vesical inferior). Há também anastomoses, mas não são necessariamente efetivas. A drenagem venosa é paralela às artérias. Assim, há ramos uretéricos da A. renal, da A. gonadal, da própria parte abdominal da aorta, da A. ilíaca comum, da A. ilíaca interna e da A. uterina/ A. vesical inferior. 5) Caso a paciente fosse submetida a ooforectomia (remoção cirúrgica do ovário), haveria risco de lesionar o ureter? Justifique do ponto de vista anatômico. Não. Os ovários estão em posição superior ao colo do útero – onde a sintopia entre A. uterina e ureter torna mais comum a lesão iatrogênica – e lateralmente, entre útero e parede lateral da pelve. É nessa região de sintopia entre ureter e A. uterina que estes seguem anteriormente; assim, em porções mais cefálicas dos ureteres, estes estarão em posição posterior aos ovários. 6) Pensando em fazer uma cistoscopia (endoscopia bexiga vesical) para melhor avaliação do caso, revise a anatomia da uretra feminina e da bexiga. A uretra feminina segue do óstio interno da uretra na bexiga urinária em sentido anteroinferior, posterior e inferior à sínfise púbica, até o óstio externo da uretra no vestíbulo da vagina. A uretra é anterior à vagina, e ambas estruturas seguem juntas através do diafragma da pelve, do M. esfíncter externo da uretra e da membrana do períneo. Já a bexiga está situada em posição superior, levemente posterior, ao púbis, separada desse osso do quadril pelo espaço retropúbico (fáscia endopélvica subperitoneal, frouxa, que "aloja" a bexiga urinária quando cheia). O colo da bexiga urinária é mantido firmemente em posição pelos ligamentos laterais vesicais e pelo arco tendíneo da fáscia da pelve (componentes anteriores – lig. puboprostático/pubovesical). Quando vazia, apresenta ápice – aponta para margem superior da sínfise púbica –, fundo – parede posterior, oposto ao ápice –, leito – púbis, fáscia do diafragma pélvico e parte superior do M. obturador interno. Suas paredes são compostas pelo músculo detrusor, cujas fibras são contínuas com a parede da uretra (nos homens, formam o M. esfíncter interno da uretra, de ação involuntária, que evita refluxo ejaculatório, e essa continuidade é com a próstata). Os óstios dos ureteres também são circundados por M. detrusor, e junto do óstio da uretra, formam o trígono vesical no qual se eleva a úvula da bexiga. 7) Quais estruturas anatômicas estão relacionadas com a função de evitar o refluxo de urina da bexiga para o ureter quando esta está cheia? A disposição circular das fibras M. detrusor ao redor do óstio dos ureteres, que contraem junto da bexiga urinária durante a micção. Mais importante ainda é o ângulo oblíquo em direção inferomedial, que forma uma "válvula unidirecional" colabada quando a bexiga urinária está cheia. Caso 8 Mulher, 45 anos, refere quadro de dor abdominal de forte intensidade e de início súbito há algumas horas. Refere que a dor inicia na região lombar esquerda e irradia para a região inguinal esquerda. Refere ter percebido hematúria (sangue na urina). Foi solicitado exame de Rx simples de Abdomen, com a imagem abaixo (figura 1). Com o diagnóstico de ureterolitíase (cálculo impactado no ureter), responda às perguntas abaixo: 1. Revise a anatomia renal, do pedículo renal e ureter. Baseado na estrutura anatômica do rim e seu sistema coletor, existem locais onde é mais provável que cálculos (pedras) localizadas nos cálices renais possam migrar para o ureter mais facilmente? Os rins produzem urina que é conduzida pelos ureteres até a bexiga urinária na pelve. Apresenta a face superomedial de cada rim normalmente está em contato com a glândula suprarrenal e é circundado por uma cápsula adiposa. Os rins e ureteres são estruturas retroperitoneais na parede posterior do abdome. Inferomedialmente, uma extensão delicada da fáscia renal prolonga-se ao longo do ureter como a fáscia periureteral. Superiormente, os rins estão associados ao diafragma. Inferiormente, as faces posteriores do rim têm relação com os músculos psoas maior medialmente e quadrado do lombo. Localiza-se ao nível das vértebras T XII a L III É mantido em uma posição relativamente fixa pelo feixes de colágeno, a fáscia renal, a cápsula adiposa e pelos vasos renais e ureter, no entanto se movimentam durante a respiração e ao passar da posição de decúbito dorsal para a posição ortostática. A pelve renal é a expansão afunilada e achatada da extremidade superior do ureter, tendo o seu ápice contínuo com o ureter, além de receber dois ou três cálices maiores, e cada um deles se divide em dois ou três cálices menores. Já os ureteres são ductos musculares com lumens estreitos que conduzem a urina dos rins para a bexiga. Na sua trajetória, eles seguem inferiormente, dos ápices das pelves renais nos hilos renais, passando sobre a margem da pelve na bifurcação das artérias ilíacas comuns, passando, posteriormente, ao longo da parede lateral da pelve e entram na bexiga urinária. Apresenta normalmente constrições relativas em três locais: o primeiro na junção dos ureteres e pelves renais; o segundo no local em que os ureteres cruzam a margem da abertura superior da pelve e o terceiro durante sua passagem através da parede da bexiga urinária, sendo essas constrições, locais de possíveis obstruções por cálculos ureterais. O pedículo renal é composto pelos seguintes elementos: ureter, artéria e veia renais, vasos linfáticos e nervos. Está localizado na borda medial dos rins, na fissura vertical perto do plano transpilórico, acima do plano mediano e é denominada hilo renal. Cabe ressaltar que a veia renal se situa anteriormente à artéria renal, que é anterior à pelve renal. Os cálculos são formados na sua maioria por sais de ácidos e eles podem se formar e se localizar nos cálices renais, ureteres ou bexiga urinária e pode causar obstrução completa ou intermitente do fluxo urinário. Devido ao formato dos cálices renais, os cálculos que possuem maior chance de conseguirem migrar para o ureter são os que se formam nos cálices menores, pois se tornam agregados menores e ser de mais fácil mobilidade e passagem pelos canais estreitos no ureter. 2. Correlacione as porções ureterais com a sua representação no Rx simples de abdômen, como na imagem acima. A partir da análise do Rx Simples de Abdômen, podemosobservar uma possível obstrução do ureter por cálculo na região da terceira constrição do ureter, que, neste caso, se dá ao nível da junção do ureter com a bexiga. 3. Quais as alterações anatômicas podem se desenvolver, no rim, caso um cálculo impactado no ureter não seja retirado e a urina não consiga ultrapassar este ponto de obstrução? Explique com base em seus conhecimentos de anatomia. Se uma obstrução completa do ureter impedir o fluxo da urina, ela reflui para trás do ponto de bloqueio, a área de coleta (pelve renal), dilatando o rim e aumentando a pressão sobre suas estruturas internas. Condição chamada de hidronefrose. A pressão elevada devido à obstrução pode acabar por lesionar o rim e resultar na perda da função renal. 4. Justifique, baseado na inervação do ureter, os pontos de dor referidos pela paciente. Os nervos da parte abdominal dos ureteres têm origem no plexos renal, aórtico abdominal e hipogástrico superior. As fibras aferentes viscerais que conduzem a sensação de dor acompanham as fibras simpáticas retrógradas até os gânglios sensitivos espinais e segmentos medulares T11–L2. Por isso a dor referida pelo paciente vai da lombar à região inguinal esquerda, acompanhando o padrão de inervação segmentar. 5. Defina a localização do rim na cavidade abdominal e explique de que forma ele se mantém em sua posição. Caso o cálculo ureteral não seja expelido espontaneamente, quais acessos (através da parede abdominal) podem ser utilizados para realizar essa extração do cálculo. Superiormente, os rins estão associados ao diafragma; inferiormente, as faces posteriores do rim têm relação com os músculos psoas maior medialmente e quadrado do lombo; o fígado, o duodeno e o colo ascendente são anteriores ao rim direito; o estômago, baço, pâncreas, jejuno e o colo descendente são anteriores ao rim esquerdo. Vale ressaltar que o rim direito não está no mesmo plano do esquerdo, ele está cerca de 1 cm inferior. Além disso, visto que o acesso cirúrgico habitual aos rins é através da parede posterior do abdome, convém lembrar que o polo inferior do rim direito está aproximadamente um dedo superior à crista ilíaca. 6. Baseado na estrutura da anatomia renal e sua vascularização, explique porque existe risco elevado de sangramento em procedimentos cirúrgicos realizados sobre o rim. Em procedimentos realizados no rim pode haver o comprometimento do suprimento vascular do ureter por tração, que leva à ruptura dos vasos que o suprem. 7. Qual seria o acesso (caminho anatômico) natural para retirada de cálculos no ureter. Entra pela uretra, segue até à bexiga e da bexiga chega ao ureter. Caso 9 Homem, 32 anos, procurou ambulatório urológico queixando-se de "ferida no pênis que nunca cicatriza". Alegou já ter procurado 3 outros urologistas, que lhe prescreveram agentes tópicos diversos, sem resultado, acreditando tratar-se de "doença sexual': Desta vez, ao ser examinado, foi evidenciada lesão dismórfica na glande, com odor fétido (Figura 1). Solicitada biópsia peniana, foi confirmada suspeita de carcinoma epidermóide peniano. O paciente foi encaminhado para cirurgia urológica de penectomia parcial (Figura 60.4.2) e linfadenectomia inguinal profilática (Figura 60.4.3). Encontrasse em seguimento médico e psicológico 1) Para compreensão do estadiamento do câncer peniano é fundamental o conhecimento dos componentes do órgão. Cite a composição básica peniana (corpo e raiz) e explique a função de cada componente. O pênis é o órgão masculino da cópula e, conduzindo a uretra, oferece a saída comum para a urina e o sêmen. O pênis é formado por três corpos cilíndricos de tecido cavernoso erétil: um par de corpos cavernosos dorsalmente (corpos cavernosos do pênis), revestidos por um denso envoltório fibroso (túnica albugínea) e separados por meio de um septo peniano, e por um corpo esponjoso ventralmente (corpo esponjoso do pênis), que circunda a parte esponjosa da uretra. Externamente todas as estruturas de tecido erétil do pênis são envolvidas pela fáscia do pênis. É importante lembrar também que o pênis é recoberto por pele frouxa, sem gordura na fáscia superficial. O corpo do pênis é a parte pendular livre suspensa da sínfise púbica. A raiz do pênis, parte fixa localizada no espaço superficial do períneo, é formada pelos ramos, bulbo e músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso. Os ramos e o bulbo do pênis consistem em massas de tecido erétil e parte posterior aumentada do bulbo do pênis é perfurada superiormente pela uretra, continuando a partir de sua parte membranácea. Por fim, é válido mencionar que, exceto por algumas fibras do músculo bulboesponjoso perto da raiz do pênis e do músculo isquiocavernoso que circundam os ramos, o corpo do pênis não tem músculos. 2) Conceitue prepúcio, frênulo do prepúcio, glândulas prepuciais (de Tyson) e esmegma Prepúcio: No colo da glande do pênis, a pele e a fáscia do pênis são prolongadas como uma dupla camada de pele, o prepúcio do pênis, que cobre a glande em extensão variável. Frênulo do prepúcio: O frênulo do prepúcio é uma prega mediana que vai da camada profunda do prepúcio até a face uretral da glande do pênis. Glândulas prepuciais e esmegma: As glândulas prepuciais são glândulas sebáceas modificadas localizadas em volta da glande do pênis, suas secreções oleosas (esmegma) protegem a glande contra o atrito do prepúcio. 3) Observa-se nítido comprometimento da glande, pela lesão neoplásica, no paciente. Defina glande, coroa da glande e colo da glande (sulco balanoprepucial). Qual a diferença entre a inervação da glande e as demais regiões do pênis? Glande do pênis: Na parte distal do corpo do pênis, o corpo esponjoso se expande para formar a glande do pênis cônica, ou cabeça do pênis. A abertura em fenda da parte esponjosa da uretra, o óstio externo da uretra, está localizada na extremidade da glande do pênis. Coroa do pênis: A margem da glande do pênis projeta-se além das extremidades dos corpos cavernosos para formar a coroa da glande. Colo da glande: A coroa da glande pende sobre uma constrição sulcada oblíqua, o colo da glande, que separa a glande do corpo do pênis. Diferença da inervação da glande das demais regiões penianas: A inervação sensitiva e simpática do pênis é realizada principalmente pelo nervo dorsal do pênis, um ramo terminal do nervo pudendo, que segue para o dorso do pênis, onde passa lateralmente à artéria dorsal e inerva a pele e a glande do pênis. O pênis, sobretudo a glande do pênis, é ricamente suprida por diversas terminações nervosas sensitivas. Já os ramos do nervo ilioinguinal suprem a pele na raiz do pênis, e os nervos cavernosos, que conduzem fibras parassimpáticas em separado do plexo nervoso prostático, inervam as artérias helicinas do tecido erétil. 4) Descreva as vascularizações arterial e venosa do pênis, diferenciando os vasos relacionados com a ereção dos vasos responsáveis pela oxigenação/aporte de nutrientes tissular. A vascularização arterial do pênis é realizada principalmente por ramosdas artérias pudendas internas. Seus principais ramos são: Artérias dorsais do pênis: seguem de cada lado da veia dorsal profunda no sulco dorsal entre os corpos cavernosos, irrigando o tecido fibroso ao redor dos corpos cavernosos, o corpo esponjoso, a parte esponjosa da uretra e a pele do pênis. Artérias profundas do pênis: perfuram os ramos na parte proximal e seguem distalmente perto do centro dos corpos cavernosos, irrigando o tecido erétil nessas estruturas. Artérias do bulbo do pênis: Irrigam a parte posterior (bulbar) do corpo esponjoso e a uretra em seu interior, além da glândula bulbouretral. Além disso, é válido mencionar que os ramos superficiais e profundos das artérias pudendas externas irrigam a pele do pênis, anastomosando-se com ramos das artérias pudendas internas. Já na drenagem venosa do pênis, o sangue dos espaços cavernosos é drenado por um plexo venoso que se une à veia dorsal profunda do pênis na fáscia profunda. Essa veia passa entre as lâminas do ligamento suspensor do pênis, inferiormente ao ligamento púbico inferior e anteriormente à membrana do períneo, para entrar na pelve, onde drena para o plexo venoso prostático. O sangue da pele e da tela subcutânea do pênis drena para a(s) veia(s) dorsal(is) superficial(is), que drena(m) para a veia pudenda externa superficial. Parte do sangue também segue para a veia pudenda interna. Vasos relacionados com a ereção: As artérias profundas do pênis são os principais vasos que irrigam os espaços cavernosos no tecido erétil dos corpos cavernosos e, portanto, participam da ereção do pênis. Elas emitem vários ramos que se abrem diretamente para os espaços cavernosos. Quando o pênis está flácido, essas artérias encontram-se espiraladas, restringindo o fluxo sanguíneo, através das artérias helicinas do pênis. 5) Explique a inervação peniana, diferenciando a inervação destinada à sensibilidade geral da inervação relacionada com a ereção. Explique sucintamente o mecanismo da ereção e a detumescência peniana. Inervação do pênis: A inervação peniana é realizada por nervos que derivam dos segmentos S2–S4 da medula espinal e dos gânglios sensitivos de nervos espinais, atravessando os nervos esplâncnicos pélvicos e pudendos, respectivamente. A inervação sensitiva e simpática é garantida principalmente pelo nervo dorsal do pênis, um ramo terminal do nervo pudendo, que tem origem no canal do pudendo e segue anteriormente até o espaço profundo do períneo. Depois, segue para o dorso do pênis, onde passa lateralmente à artéria dorsal e inerva a pele e a glande do pênis. O pênis é ricamente suprido por diversas terminações nervosas sensitivas, sobretudo a glande do pênis. Além disso, os ramos do nervo ilioinguinal suprem a pele na raiz do pênis e, os nervos cavernosos, que conduzem fibras parassimpáticas em separado do plexo nervoso prostático, inervam as artérias helicinas do tecido erétil. Mecanismo de ereção e detumescência peniana: O tecido erétil é todo trabeculado e recebe sangue através das artérias que estão no centro dos corpos cavernosos e no corpo esponjoso. As artérias profundas do pênis são os principais vasos que irrigam os espaços cavernosos no tecido erétil dos corpos cavernosos e, portanto, participam da ereção e detumescência do pênis, essas artérias emitem vários ramos que se abrem diretamente para os espaços cavernosos. Nesse sentido, quando há estimulação erótica, o sistema nervoso autônomo parassimpático permite que as artérias tenham fluxo sanguíneo, o que enche os espaços corpos cavernosos de sangue e leva a ereção do pênis. Já na detumescência peniana, quando o pênis está flácido, essas artérias encontram-se espiraladas pela ação do sistema nervoso autônomo simpático, o que restringe o fluxo sanguíneo através das artérias helicinas do pênis. 6) Descreva a drenagem linfática peniana, explicando o motivo da linfadenectomia no paciente. A linfa da pele de todas as partes do períneo, excluindo a glande do pênis, drena para os linfonodos inguinais superficiais. A drenagem linfática das partes membranácea e proximal da uretra e dos corpos cavernosos segue para os linfonodos ilíacos internos, enquanto a maioria dos vasos da parte esponjosa da uretra, distal, e da glande do pênis segue para os linfonodos inguinais profundos, mas parte da linfa segue para os linfonodos inguinais externos. Para finalizar, a linfadenectomia inguinal será realizada no paciente para retirar os linfonodos inguinais e prevenir a disseminação do carcinoma pelos vasos (metástase). Caso 10 Homem, 29 anos, procurou ambulatório urológico queixando-se de aumento gradual do volume testicular direito nos últimos 12 meses. Referiu discreta dor local. Ao exame físico observou-se testículo direito de volume algo aumentado, com consistência pétrea e indolor à palpação. Solicitada ultrassonografia escrotal que identificou imagem de ecogenicidade heterogênea sugestiva de câncer testicular (Figura 1 A). Indicada tomografia computadorizada para avaliação de cadeias linfáticas, verificou-se linfonodomegalia retroperitoneal importante (aumento dos linfonodos retroperitoneais) (Figura.1 B). O paciente foi submetido a orquiectomia radical (ressecção do testículo) (Figura.2) e linfadenectomia retroperitoneal (ressecção de linfonodos) (Figura.3), com diagnóstico histopatológico de seminoma. 1) O conhecimento da vascularização testicular é fundamental para a realização das orquiectomias. Explique a vascularização arterial, venosa e linfática dos testículos. O testículo é irrigado pelas Artérias Testiculares, ramos da face anterolateral da parte abdominal da aorta, imediatamente abaixo das artérias renais. Essa artéria segue no retroperitônio em direção oblíqua até chegar aos anéis inguinais profundos. Daí, atravessa o canal inguinal e entram no funículo espermático para irrigar o testiculo. A A. Testicular ou seus ramos irão se anastomosar com a A. do ducto deferente. Já na vascularização venosa do testículo, temos o plexo venoso pampiniforme, que é uma rede de veias anteriores ao ducto deferente que circundam a A. testicular no funículo espermático e faz parte do sistema termorregulador do testículo. As veias desse plexo convergem superiormente formando a V. Testicular Direita que desemboca na V. Cava Inferior e a V. Testicular Esquerda que entra na V. Renal Esquerda. A drenagem linfática dos testículos segue as artérias e veias testiculares até os linfonodos lombares direito e esquerdo e pré-aórticos. 2) Na Figura 2A observa-se garroteamento do funículo espermático para prevenção de dispersão de células neoplásicas, durante a manipulação cirúrgica do tumor testicular. Defina funículo espermático mencionando o respectivo conteúdo no sexo masculino. Cite a diferença com relação ao sexo feminino. O funículo espermático é uma estrutura que começa no anel inguinal profundo, atravessa o canal inguinal e sai no anel inguinal superficial terminando no escroto, na margem posterior do testículo. Revestindo esse funículo temos a Fáscia Espermática Interna (derivada
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