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Governo e gestão_ estrutura do setor público 08

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GOVERNO E GESTÃO: ESTRUTURA DO 
SETOR PÚBLICO
GESTÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender as características da Gestão Pública Contemporânea;
2. verificar as principais áreas de atuação que abrangem planejamento, finanças e orçamento;
3. analisar os aspectos que envolvem a gestão de recursos humanos e de materiais.
Características da Gestão Pública
Nascimento (2010) destaca algumas características da nova gestão pública que envolvem a revitalização da
função pública:
• a profissionalização de seus servidores;
• a administração baseada em avaliações periódicas;
• atuação focada em resultados;
• ampliação do atendimento às reais necessidades dos cidadãos-usuários;
• o destaque na regulação e na proteção social.
Além da necessidade premente de simplificar os procedimentos, torna-se necessário potencializar o uso de
novas ferramentas e tecnologias para que haja maior transparência e ampliação de acesso às informações
públicas. O gerenciamento público deve buscar a redução das desigualdades e o equilíbrio social e econômico.
Apesar de ter vários aspectos em comum, vale ressaltar que o modelo de gestão pública é bastante diferente do
modelo das organizações privadas tradicionais, principalmente no que se refere aos aspectos ligados à transição
dos mandatos e à limitação do próprio governo. Os limites estabelecidos pelos regulamentos e normas
restringem uma atuação mais empreendedora e/ou mais dinâmica.
Um modelo de gestão refere-se ao norteamento (ou também a um ideal) que direciona a estruturação, a
coordenação e a execução dos trabalhos de uma organização ou de um setor. Não basta somente atender a uma
necessidade em um determinado momento, pois as organizações precisam crescer na direção correta.
Os modelos de gestão contemporânea devem identificar novas soluções para orientar as ações necessárias para
uma gama de problemas que necessitam ser resolvidos. Para isso, é preciso trabalhar de forma dinâmica, prática
e interdisciplinar potencializando recursos cada dia mais escassos.
Os processos de aprendizagem organizacional precisam ser valorizados para atender à evolução do setor. Deve
ser considerada não somente a parte operacional, que envolve a utilização de recursos, como também a
estratégia, que abrange a redistribuição de recursos.
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Diversas organizações têm trabalhado utilizando um planejamento estratégico, no qual são estabelecidas as
prioridades, as metas, os prazos, os responsáveis, os mecanismos e os resultados pretendidos.
Considera-se nesse modelo a participação de equipes multidisciplinares de gestores que promovem reuniões
periódicas para debater e avaliar medidas tomando decisões colegiadas. Tais práticas buscam não só obter
maior eficiência e alcance das metas, mas também a mudança de cultura do ambiente corporativo.
As organizações públicas (referimo-nos às estruturas gerais e às suas partes - órgãos, setores e departamentos)
precisam definir seus modelos de gestão, instituindo modernos processos de trabalho que envolvem desde a sua
própria atuação até a prestação de serviços oferecidos.
O caráter público desse tipo de organização retrata uma série de especificidades que envolvem: indicações
políticas, compras governamentais reguladas, gestão de recursos humanos, de processos, entre outros.
Um estudo publicado pela Organization for Economic Co-operation and Development (OCDE), em 1987,
"Administration as Service, the Public as Client", traz a tona a questão de "cidadão como cliente". Trata-se de um
conceito que aborda a necessidade do serviço público estar voltado às demandas dos seus clientes (ou seja, dos
cidadãos, da coletividade). A administração passaria a atuar proporcionando, assim, maior disponibilidade de
acesso, garantia e satisfação das suas reais necessidades.
Diversos autores criticaram esse conceito, pois a denominação "cliente" é originária da administração privada,
na qual as empresas têm como objetivo satisfazer as necessidades de cada cliente. Um cidadão não pode ser
considerado somente como um demandante ou usuário de serviços públicos, mas também como detentor da
coisa pública.
Pode-se verificar que o conceito de cidadão como cliente do governo provoca um distanciamento entre eles, pois
se for considerado como cliente, a administração pública deve atender às suas necessidades individuais e não as
da sua comunidade.
Por outro lado, a gestão pública com foco no cidadão é baseada nos ideais de cidadania e de participação. Através
de uma gestão participativa os usuários dos serviços públicos oferecidos podem interagir mais com o governo,
avaliar seu trabalho e contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas.
O orçamento público é um documento legal baseado em uma estimativa de receita e determina as despesas que
poderão ser efetuadas em um determinado período. Para que o mesmo possa ser criado, aprovado e controlado
precisa ser estabelecido através da integração política e técnica existente entre os poderes Executivo e
Legislativo.
É importante ressaltar que o orçamento está associado ao planejamento público e nenhuma despesa poderá ser
feita se não estiver sido prevista no os.
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orçamento. No orçamento são definidos o quanto será gasto em educação, saúde, agricultura, construção civil,
exportação, entre outros.
Seu processo de elaboração é bastante complexo. A com' Posição do orçamento é feita com base em uma
estimativa de receitas, principalmente as oriundas de tributos. Por meio da democracia participativa os
representantes eleitos, que representam o povo, verificam e analisam se o orçamento que foi proposto pelo
Executivo supre as suas expectativas.
Costin (2010) cita que abrange três dimensões:
• a possibilidade de haver controle social ou controle cidadão;
• a utilização do orçamento como um instrumento de gestão; e
• a necessidade de contar com a aprovação e com o controle do Poder Legislativo sobre o aproveitamento 
dos recursos originários dos tributos.
Este processo orçamentário é integrado com a gestão e o planejamento e conta com três instrumentos: o Plano
Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Sobre as finanças públicas, Costin menciona: "AS finanças públicas dizem respeito à captação de recursos pelo
Estado e os gastos públicos que procuram atender às necessidades da população". Ou seja, abrange os gastos e
seus respectivos financiamentos. A maneira que o Estado financia seus gastos se dá por meio de recursos
oriundos de venda de serviços ou tributos, através da dívida interna ou externa (endividamento público) e a
inflação.
Para que se consiga uma boa gestão das finanças públicas Costin (2010) ressalta que é preciso adotar dois
procedimentos: "Estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso; e
estipular um resultado fiscal positivo que permita pagar parcelas da dívida para acompanhar sua evolução".
Com relação às relações de trabalho, o poder público tem características próprias conforme as naturezas das
funções desempenhadas. Os serviços prestados são demandados pela sociedade e os trabalhos a serem
executados são definidos por meio da escolha das prioridades, baseadas nas etapas referentes ao orçamento e
planejamento.
O ingresso no setor público se dá de maneira específica baseado em dispositivos legais. Pode ser feito através de
concurso público (conforme o princípio da impessoalidade) - baseado somente na realização de provas, ou
provas e análise de título e, em determinados casos, entrevistas e provas práticas; cargos temporários (devem
seguir os princípios da publicidade e impessoalidade) - envolve um processo de seleção mais simples e também
a realização de provas. Por exemplo, a contratação de professores substitutos, a contratação de profissionais
para trabalhar no Censo ou em projetos ligados à construção civil; e cargos de confiança - o chefe do Executivo
ou um titularde um órgão pode viabilizar o acesso por nomeação direta.
Costin (2010) destaca alguns princípios importantes nas relações de trabalho, tais como:
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a profissionalização reter e desenvolver talentos;
evitar uma visão tecnocrática e linear da gestão de recursos humanos - as funções devem ser consideradas de
maneira distinta, na qual a administração deve adequá-la conforme a sua necessidade;
privilegiar o trabalho em equipe especialmente em projetos multidisciplinares agregando competências e
habilidades de articulação e interação com diversos órgãos;
promover o aprendizado organizacional oferecer programas de capacitação para servidores e entidades
parceiras. Envolve também a avaliação e a premiação das equipes que obtiveram melhores resultados (alcance de
metas por meio da prestação de serviço com qualidade e eficiência); e
investir em tecnologias de trabalho - visando promover maior agilidade na prestação de serviços reduzindo os
processos burocráticos. O uso de novas tecnologias da informação além de contribuir e estimular a gestão de
conhecimento permite reduzir diversos custos e etapas, otimizando processos internos e externos.
Em alguns lugares pode ser a principal fonte de trabalho ou a mais atrativa por proporcionar um emprego
estável e por garantir salários atrativos. De acordo com o desempenho das funções, trabalhar para o poder
público pode resultar em maior prestígio na comunidade e/ou também maior visibilidade em questões ligadas à
política.
Na administração de pessoal do setor público, é aplicada a avaliação de desempenho que engloba:
a definição de objetivos e metas de cada setor; o compromisso em alcançar resultados, incluindo os fatores
necessários para esse fim;
• o monitoramento e a avaliação periódica buscando melhorias corretivas;
• a implantação de programa de bônus de acordo com cada resultado;
• o direcionamento de profissionais para participar de programas de capacitação;
• indica os colaboradores que estão apresentando um desempenho insuficiente e aponta necessidade de 
mudanças;
• e a sugestão de desligamento daqueles que na avaliação apresentaram baixo desempenho.
A mesma autora cita que a reforma administrativa (que vimos na aula dois) tinha como um de seus objetivos a
valorização das carreiras do Estado e a garantia de suprimento de pessoal de alto nível partindo da premissa de
que "a administração gerencial só pode ser realizada com bons administradores".
A administração de materiais, patrimonial e logística é uma área imprescindível que garante que as organizações
tenham os insumos para a execução das suas atividades. Conforme ressalta Costin (2010), existem cinco fatores
importantes para se ter uma boa gestão de recursos materiais:
• qualidade do material - para se ter qualidade é preciso estabelecer mecanismos para especificar, 
receber, selecionar, acompanhar e avaliar os componentes;
• quantidade necessária -armazenagem, verificação do estoque e dos sistemas de distribuição;
• prazo de entrega - garantir o cumprimento dos prazos estabelecidos;
• preço - realização de pesquisa de preços (respeitando as necessidades de qualidade) atendendo as 
especificidades legais; e
• condições de pagamento -negociação das melhores formas de pagamento.
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especificidades legais; e
• condições de pagamento -negociação das melhores formas de pagamento.
Integrados à gestão de materiais estão também a prestação de serviços que envolvem a assistência técnica, a
distribuição regional, os seguros, a reposição automática. Merece destaque que a área de gestão de materiais é
responsável pelos contratos de prestação de serviços e o gerenciamento de contratos (compras governamentais).
Compras governamentais
Por se tratar de uma área que envolve a realização de compras em grandes quantidades e, com isso, gerar um
impacto no setor econõmico, é regulada por diversos organismos e leis. A regulação torna-se necessária para
evitar a corrupção e estimular a disputa para vender aos governos.
Todos os processos de compras e licitações devem ser cumpridos com base nos princípios fundamentais (vistos
na aula 5): legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
No Brasil, a lei no. 8.666, de 21 de junho de 1993, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública. O artigo 1°. descreve que todos os órgãos da Administração Pública direta, os fundos especiais, as
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios estão obrigados à
licitação.
A licitação é um procedimento legal que apresenta como será o processo de seleção do fornecedor que irá
vender serviços ou bens para o poder público ou de que forma o Estado vai vender ou repassar seus bens. Desta
forma, visa garantir a impessoalidade, evitando favorecimentos nas negociações que envolvem compras,
alienações ou contratação de serviços com o poder público. Além disso, estimula a livre iniciativa, a competição
entre as empresas que terão igualdade de condições, garantindo a moralidade dos procedimentos. Di Pietro cita
que o procedimento envolve as fases: edital, habilitação, homologação e adjudicação.
De acordo com o artigo 45 da lei existem três tipos de licitações:
• menor preço - considera apenas os preços, desde que satisfaça as condições previstas no edital;
• melhor técnica e preço - envolvem atividades de cunho intelectual, especialmente, criação de projetos, 
cálculos, supervisão, fiscalização e gerenciamento; e
• maior lance ou oferta - é diferente da licitação para aquisição, pois trata somente a alienações e 
algumas concessões.
• Licitação
Existem diversas modalidades de licitação e o valor que é estipulado para que seja feita a contratação é o
elemento mais importante que a lei trata para que possa ser 
• Concorrência
A concorrência é a modalidade mais demorada, pois os concorrentes precisam atender previamente uma
série de requisitos solicitados no edital. Quem estiver habilitado pode participar, o vencedor será o que
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oferecer uma proposta com melhores condições para a administração. A licitação é uma modalidade
obrigatória em obras, serviços de engenharia, compras e outros serviços quando o valor dos serviços
superar o que está previsto em lei.
• Tomada de preços
A Tomada de preços é feita entre empresas cadastradas ou que atendam às condições de cadastramento.
Devem seguir prazos e valores definidos na lei no. 8.666/93 (vide quadro na próxima tela).
• Convite
O Convite é a modalidade mais simples de licitação, pois o poder público escolhe quem quer convidar. É
preciso que seja divulgado através de fixação de cópia de convite em quadro de avisos de órgão ou
entidade, em local em que haja possibilidade de grande divulgação. Para que seja feita a contratação, é
necessário que se tenha, no mínimo, três propostas validadas.
• Concurso
O Convite é a modalidade mais simples de licitação, pois o poder público escolhe quem quer convidar. É
preciso que seja divulgado através de fixação de cópia de convite em quadro de avisos de órgão ou
entidade, em local em que haja possibilidade de grande divulgação. Para que seja feita a contratação, é
necessário que se tenha, no mínimo, três propostas validadas.
• Leilão
O Convite é a modalidade mais simples de licitação, pois o poder público escolhe quem quer convidar. É
preciso que seja divulgado através de fixação de cópia de convite em quadro de avisos de órgão ou
entidade, em local em que haja possibilidade de grande divulgação. Para que seja feita a contratação, é
necessário que se tenha, no mínimo, três propostas validadas.
• Pregão
O Pregão é a modalidade mais rápida que as outras. É uma forma de competição pelo fornecimento de
serviços e bens em uma sessão pública. As propostas devem ser apresentadas por escrito e por lances
verbais. O critério é sempre o menor preço. Aescolha é feita mediante análise de todos os documentos
apresentados.
Algumas modalidades de licitação (artigo 23)
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O que vem na próxima aula
•Parcerias públicas e privadas e concessões no setor público
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• compreendeu as características da Gestão Pública Contemporânea;
• verificou as principais áreas de atuação que abrangem planejamento, finanças e orçamento;
• analisou os aspectos que envolvem a gestão de recursos humanos e de materiais.
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