Prévia do material em texto
1MÓDULO 1 ORÇAMENTO EMPRESARIAL B868 Broman, Samantha Orçamento Empresarial/ Samantha Broman. Revisado e atualizado – 2. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Grupo Ibmec Educacional, 2019. 98 p.; 20x26 cm Inclui bibliografia 1. Orçamento empresarial 2. Orçamento operacional 3. Investimentos e financiamentos 4. Demonstrações contábeis I. Broman, Samantha II. Ibmec Online III. Título. CDD: 658.15 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO 8 Unidade 1 Funções do orçamento 11 Unidade 2 Tipos de orçamento 15 Unidade 3 O ciclo orçamentário 21 Unidade 4 Modelo integrado 25 CAPÍTULO 2 ORÇAMENTO OPERACIONAL 28 Unidade 1 Orçamento de vendas e deduções 31 Unidade 2 Orçamento de produção e compras de materiais 36 Unidade 3 Orçamento dos custos da produção 41 Unidade 4 Orçamento das despesas, depreciação e tributos sobre o lucro 46 CAPÍTULO 3 ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOS 56 Unidade 1 Orçamento de Investimentos 59 Unidade 2 Depreciações e Amortizações 63 Unidade 3 Financiamentos e Despesas Financeiras 66 Unidade 4 Consolidação das Demonstrações Contábeis Projetadas 70 CAPÍTULO 4 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 73 Unidade 1 A Demonstração de Resultados (DRE) 76 Unidade 2 Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC) 79 Unidade 3 O Balanço Patrimonial (BP) 86 Unidade 4 Integração 94 4 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL INTRODUÇÃO Como sabemos, os diversos setores de uma empresa devem responder de forma rápida e acertada às necessidades dos clientes, e atuar de acordo com o planejamento estratégico da empresa. Isso não é diferente, quando se trata do setor que desempenha a função de planejamento e orçamento. Rapidez na resposta aos movimentos do mercado, às demandas dos gestores da organização, assim como sua consistência, são fatores determinantes para se estabelecer uma relação de confiança entre o Planejamento e Controle da empresa e os seus gestores. Por isso, a ênfase deste curso está na montagem de um modelo de orçamento. Como veremos, com base nos planos operacionais da empresa, nosso modelo irá projetar as principais demonstrações contábeis. As demonstrações são geradas simultaneamente, a partir de um conjunto de dados de entrada que alimentam planilhas de cálculo. Para alcançar este objetivo será preciso, inicialmente, termos uma visão geral do processo orçamentário – seu propósito, etapas, sua evolução e as formas de gerir o orçamento e mantê-lo alinhado ao planejamento estratégico da empresa. Em seguida, mergulharemos na montagem dos diversos planos da empresa, com foco na obtenção dos elementos que formarão as demonstrações contábeis orçadas. A conclusão de nosso estudo se dará, justamente, com a montagem dessas demonstrações. 5MÓDULO 1 OBJETIVOS DA DISCIPLINA Após concluir o estudo da disciplina Orçamento Empresarial, você será capaz de: ■ compreender o processo orçamentário e suas motivações; ■ conhecer quais planos de operação, investimentos e financiamentos deverão ser elaborados durante o processo; ■ conhecer as inter-relações entre os planos operacionais e destes com as demonstrações contábeis orçadas; ■ elaborar um modelo integrado de orçamento, projetando as demonstrações contábeis da empresa. MENSAGEM DO PROFESSOR Caro(a) aluno(a), quanto maior e mais complexa a organização, maior a necessidade de planejamento e con- trole sobre suas operações e resultados. Ao longo do tempo, instrumentos e técnicas de controle têm sido desenvolvidos no mundo acadêmico e adotados pelas organizações em- presariais. Um dos mais importantes é orçamento empresarial, uma ferramenta de planeja- mento e controle sempre atual e, possivelmente, a mais empregada. A elaboração e o acompanhamento do orçamento requerem a dedicação e reponsabilidade de profissionais da área de Controladoria, tamanho o envolvimento demandado, mas com- preende também a participação de todas as áreas da organização. Contudo, a organização será largamente compensada, pois a implantação de um sistema dessa natureza trará bene- fícios, como a simulação mais precisa de novas estratégias de negócio, permitindo antever decisões e seus impactos nos demonstrativos contábeis. O orçamento deve atingir toda a hierarquia da empresa, desde a cúpula, até o menor nível hierárquico, pois o planejamento percorre todo o conjunto de processos da empresa. Portanto, neste curso você será apresentado a uma das mais importantes e tradicionais fer- ramentas de planejamento e controle. Entender como funciona o processo orçamentário e como se elabora um orçamento é um fator de diferenciação dos profissionais das empresas, principalmente aqueles que irão trabalhar na Controladoria ou na Administração Financeira das empresas. Após este estudo, você estará habilitado a participar ativamente do processo de elaboração do orçamento de uma empresa. Aproveite ao máximo os recursos oferecidos no material didático da disciplina e as interações com seu professor online. Discuta com seus colegas os conceitos tratados em cada unidade. Aproveite para conhecer, ou rever, diversos temas diretamente relacionados à matéria. Seu engajamento é muito importante para o sucesso dessa jornada. Bons estudos! Equipe Ibmec online DIRETRIZES PEDAGÓGICAS Tenha sempre em mente que você é o principal agente de sua aprendizagem! Para um es- tudo eficaz, siga estas dicas: ■ Organize o seu tempo e escolha os melhores dias e horários para estudar; ■ Consulte a bibliografia, o glossário e o material de apoio, caso tenha alguma dúvida; ■ Releia o conteúdo sempre que achar necessário; ■ Leia as indicações de textos complementares, faça os exercícios de feedback automático e participe dos fóruns com o seu professor e os seus colegas de turma. 8 ORÇAMENTO EMPRESARIAL INTRODUÇÃO AO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO Capítulo 1 9CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O processo de elaboração do orçamento faz parte do sistema de planejamento e controle das organizações. É um esforço que envolve toda a empresa, devendo ser coordenado, o que cabe à Controladoria ou à área de Planejamento financeiro da empresa. Entende-se que desde meados da década de 1990, o incremento nas turbulências ambientais e a crescente globalização evidenciaram a necessidade de as empresas reagirem e inovarem com velocidade. Um bom sistema de gestão e controle pode aumentar as chances de sucesso da empresa e, por outro lado, problemas no controle das empresas podem levá-las a grandes perdas e, até mesmo, à falência organizacional (MERCHANT, 1998). Assim, o planejamento e o controle gerencial são entendidos como uma ferramenta imprescindível para a boa gestão do negócio. Para exercer esse papel, é necessário conhecer, antecipadamente, quais objetivos devem ser atingidos com a elaboração do orçamento, como o processo se desenvolve, quais suas etapas, vantagens obtidas e limitações. É disso que vamos tratar neste primeiro módulo. Entenderemos no que consiste um processo orçamentário, o que as empresas almejam com a adoção desta ferramenta. E, além disso, quais são as diferentes formas de orçar e como ocorrem as práticas de revisar os orçamentos, tendo em vista as influências das mudanças externas e as variações entre os resultados de curto prazo encontrados. O Orçamento envolve toda a Organização. No entanto, a gestão eficiente do processo de orçamento, tarefa típica do profissional da área de Finanças é imprescindível, para que a empresa tenha sucesso na sua elaboração. 10 ORÇAMENTO EMPRESARIAL OBJETIVOS DO CAPÍTULO Ao completar este capítulo de estudo, você estará apto a: ■ compreender a finalidade da elaboração do orçamento empresarial; ■ distinguir os diferentes tipos de orçamento e suas particularidades; ■ conhecer as etapas do processo de confecção do orçamento anual da empresa; ■ compreender que o orçamento é integrado e condizente com os sistemas de informação existentes na empresa,podendo ser mais consolidado. Para melhor compreensão dos temas abordados, este módulo está dividido em: Unidade 1 – Funções do orçamento Unidade 2 – Tipos de orçamento Unidade 3 – O ciclo orçamentário Unidade 4 – Modelo integrado 11CAPÍTULO 1 UNIDADE 1 FUNÇÕES DO ORÇAMENTO Em uma perspectiva ampla, o orçamento tem como ponto de partida os objetivos que cons- tam no plano estratégico da empresa (PADOVESE; TARANTO, 2009). Assim, as funções do orçamento decorrem da necessidade de implementar o que foi definido no planejamento estratégico da organização1, considerando que o plano estratégico tem natureza de longo prazo, enquanto o orçamento tem, em geral, o horizonte de 12 meses. O orçamento reúne os planos de operação da empresa e pode desempenhar várias funções no desenvolvimento do controle gerencial das organizações, como: ■ executar a estratégia; ■ comunicar os objetivos; ■ propiciar o controle e o acompanhamento dos resultados; ■ poder gerar metas e ser usado como instrumento de avaliação de desempenho (FRE- ZATTI, 2017). O produto final da elaboração do orçamento é o conjunto de demonstrações contábeis orçadas em bases mensais. Depois que as demonstrações forem produzidas, inicia-se então nova etapa, que é a de acompanhamento da execução do orçamento. O Planejamento O orçamento faz com que os gestores pensem à frente, e possam antecipar os resultados de seus planos, antes de aprová-los e executá-los (PADOVEZE; TARANTO, 2009). ■ Quais resultados (lucro ou prejuízo) são esperados para certa unidade de negócio e para a empresa? O planejamento permite que as decisões sejam antecipadas pelas diversas áreas envolvidas, enquanto o controle busca garantir que essas decisões ocorram. 1 O planejamento estratégico busca aproveitar as oportunidades e evitar riscos, tendo em vista uma análise do ambiente da organização, pela qual, cria-se consciência das oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos para o cumprimento da missão (FREZZATI, 2017). 12 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Assim, a melhor referência para a análise dos resultados é o valor orçado e não os resulta- dos passados, pois os resultados passados podem ter adversidades que não ocorrerão no próximo ano. Além disso, é o valor orçado que reuniu os diferentes planos operacionais e financeiros consolidados em demonstrações contábeis e em metas, após a empresa verifi- car se eles fazem sentido e se proporcionam resultados satisfatórios. Figura 1 - Diagrama do Modelo de Orçamento Modelo de Orçamento Relatórios Orçados Plano de Marketing Plano de Produção, Estocagem e Suprimentos Plano de Recurso Humanos Plano de Investimentos Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Portanto, é importante que o planejamento orçamentário seja abrangente, de forma a envolver todos os planos da empresa (operacionais e de investimentos). Desse modo, no orçamento integrado, busca-se a coerência entre esses planos, de maneira que, caso haja alguma alteração em algum desses planos, os orçamentos relativos aos demais planos sejam também revalidados ou revistos, em caso de necessidade de atualização. PARE PARA PENSAR Quais os resultados geram valor agregado para a empresa? Basta ser lucrativo? Há diferença entre a empresa ser rentável e ser lucrativa? Em finanças, conhecemos diversos indicadores de resultados e técnicas de análise econômico-financeira, para avaliar projetos e empresas. Assim, cabe lembrar que os objetivos devem contemplar: quais os resultados financeiros esperados?; qual a geração futura de caixa?; quais os níveis de retorno/rentabilidade esperado?; quais as metas da empresa, segundo os indicadores financeiros projetados? 13CAPÍTULO 1 Assim, a melhor referência para a análise dos resultados é o valor orçado e não os resulta- dos passados, pois os resultados passados podem ter adversidades que não ocorrerão no próximo ano. Além disso, é o valor orçado que reuniu os diferentes planos operacionais e financeiros consolidados em demonstrações contábeis e em metas, após a empresa verifi- car se eles fazem sentido e se proporcionam resultados satisfatórios. Figura 1 - Diagrama do Modelo de Orçamento Modelo de Orçamento Relatórios Orçados Plano de Marketing Plano de Produção, Estocagem e Suprimentos Plano de Recurso Humanos Plano de Investimentos Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Portanto, é importante que o planejamento orçamentário seja abrangente, de forma a envolver todos os planos da empresa (operacionais e de investimentos). Desse modo, no orçamento integrado, busca-se a coerência entre esses planos, de maneira que, caso haja alguma alteração em algum desses planos, os orçamentos relativos aos demais planos sejam também revalidados ou revistos, em caso de necessidade de atualização. PARE PARA PENSAR Quais os resultados geram valor agregado para a empresa? Basta ser lucrativo? Há diferença entre a empresa ser rentável e ser lucrativa? Em finanças, conhecemos diversos indicadores de resultados e técnicas de análise econômico-financeira, para avaliar projetos e empresas. Assim, cabe lembrar que os objetivos devem contemplar: quais os resultados financeiros esperados?; qual a geração futura de caixa?; quais os níveis de retorno/rentabilidade esperado?; quais as metas da empresa, segundo os indicadores financeiros projetados? A seguir, vamos discutir a importância do controle, tendo em vista que espera-se minimizar qualquer risco que o planejamento venha a ser inócuo. Importância do controle Segundo Frezatti (2017, p. 16): “O controle é fundamental para o entendimento do grau de desempenho atingido e o quão próximo o resultado almejado se situa em relação ao planejado”. A atividade de controle diz respeito ao acompanhamento no orçamento do desempenho efetivo da empresa, em comparação com o seu desempenho planejado. Assim, os resul- tados obtidos são refletidos nas demonstrações contábeis e podem ser comparados com aqueles produzidos no orçamento. Desse modo, a partir do controle contínuo pode-se redi- recionar e ajustar as ações para alcançar os objetivos planejados. Uma vez comparados, faz-se uma análise dos desvios encontrados. Para discutir sobre a relevância das variações entre o orçado e o realizado, a organização pode adotar o referen- cial no valor absoluto, bem como observar o percentual de variação, indicando, a partir de qual variação percentual, alocará maiores esforços para o entendimento de suas causas. A revisão do orçamento mantém a sua utilidade e pode apontar ações a serem tomadas pela administração para que novos desvios sejam evitados. Logo, uma vez que sejam iden- tificadas as variações relevantes entre os resultados previstos e realizados, as áreas em que ocorreram e suas causas, a organização adequa sua visão da realidade e pode decidir por mudanças e /ou providências corretivas (FREZATTI, 2017). Figura 2 - Diagrama de Controle na Organização Apurar variações entre previsto e realizado Tomar conhecimento Ações Tomar conhecimento Ações Realimentção do processo de planejamento Fonte: Elaborada pelos autores, adaptada de FREZATTI (2017, p. 87). 14 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Como benefícios e limitações do processo estruturado de planejamento e controle, Frezatti (2017) explica algumas vantagens em decidir antecipadamente, no processo orçamentário: ■ coordenar das atividades da empresa com base no planejamento, para buscar e geren- ciar recursos, de acordo com as metas; ■ identificar novas perspectivas, incorporar novas informações, tornando o processo de planejamento útil e com a perspectiva de revisões; ■ buscar comprometer as áreas da empresa, a princípio; ■ poder trazer maior transparência para as áreas da empresa, visto que discutiram juntas as etapas do orçamento; ■ definir responsabilidades, de acordo com uma perspectiva de accountability em fazer o que deve ser feito e prestar contas sobre isto; ■ medir a eficiência, por meio de indicadores, não apenas de ordem financeira, mastambém operacionais a serem monitorados com frequência. Cabe destacar que há a necessidade de a alta administração da companhia estar envolvida, tanto na aprovação, quanto no acompanhamento dos orçamentos (ANTHONY; GOVINDA- RAJAN, 2002). NA PRÁTICA As empresas têm adotado o modelo tradicional de “SWOT analysis”, para diagnosticar seu posicionamento no mercado, conhecendo seus pontos fortes (Strengths), pontos fracos (Weaknesses), oportunidades (Opportunities), e ameaças (Threats). As ameaças e oportunidades mostram o lado externo da organização (ex.: potencial de crescimento) e os pontos fortes e fracos apresentam o lado interno da empresa, em termos de sua força (ex.: tecnologia de ponta) e suas vulnerabilidades (ex.: compras concentradas em um único fornecedor). Para conhecer mais sobre o assunto, consulte o “Manual de planejamento estratégico”, de Martinho de Almeida (2009). Mesmo que o planejamento orçamentário tenha algumas limitações, como as dificuldades que surgem ao incorporar, com precisão, dinâmicas sociais e políticas internas e externas (FREZATTI, 2017, p. 39), cabe lembrar que a “adequação da contabilidade gerencial propor- cionaria apoio necessário ao processo de planejamento como um todo”. 15CAPÍTULO 1 Como benefícios e limitações do processo estruturado de planejamento e controle, Frezatti (2017) explica algumas vantagens em decidir antecipadamente, no processo orçamentário: ■ coordenar das atividades da empresa com base no planejamento, para buscar e geren- ciar recursos, de acordo com as metas; ■ identificar novas perspectivas, incorporar novas informações, tornando o processo de planejamento útil e com a perspectiva de revisões; ■ buscar comprometer as áreas da empresa, a princípio; ■ poder trazer maior transparência para as áreas da empresa, visto que discutiram juntas as etapas do orçamento; ■ definir responsabilidades, de acordo com uma perspectiva de accountability em fazer o que deve ser feito e prestar contas sobre isto; ■ medir a eficiência, por meio de indicadores, não apenas de ordem financeira, mas também operacionais a serem monitorados com frequência. Cabe destacar que há a necessidade de a alta administração da companhia estar envolvida, tanto na aprovação, quanto no acompanhamento dos orçamentos (ANTHONY; GOVINDA- RAJAN, 2002). NA PRÁTICA As empresas têm adotado o modelo tradicional de “SWOT analysis”, para diagnosticar seu posicionamento no mercado, conhecendo seus pontos fortes (Strengths), pontos fracos (Weaknesses), oportunidades (Opportunities), e ameaças (Threats). As ameaças e oportunidades mostram o lado externo da organização (ex.: potencial de crescimento) e os pontos fortes e fracos apresentam o lado interno da empresa, em termos de sua força (ex.: tecnologia de ponta) e suas vulnerabilidades (ex.: compras concentradas em um único fornecedor). Para conhecer mais sobre o assunto, consulte o “Manual de planejamento estratégico”, de Martinho de Almeida (2009). Mesmo que o planejamento orçamentário tenha algumas limitações, como as dificuldades que surgem ao incorporar, com precisão, dinâmicas sociais e políticas internas e externas (FREZATTI, 2017, p. 39), cabe lembrar que a “adequação da contabilidade gerencial propor- cionaria apoio necessário ao processo de planejamento como um todo”. UNIDADE 2 TIPOS DE ORÇAMENTO Esta unidade se dedica a apresentar diversas formas de orçar e esclarecer suas particulari- dades. Vamos começar, compreendendo os tipos de orçamento, de acordo com Padovese e Taranto (2009). O orçamento estático O orçamento estático – ou original – é “o mais comum e o mais utilizado pelas organizações” (PADOVEZE; TARANTO, 2009, p. 33). O conceito central que sustenta esse tipo de orçamento é a construção de uma referência fixa; uma referência de desempenho que não será alte- rada ao longo do ano. A tendência é que os desvios sejam justificados e compreendidos, mantendo-se o orçamento como uma peça imutável, ao longo do exercício. Este orçamento anual (internacionalmente conhecido como anual budget) é também chamado de o orçamento ‘fixo’ e ‘tradicional’ (EKHOLM; WALLIN, 2011; FREZATTI, 2017). Observa-se que existem argumentos para que os orçamentos sejam formalizados nas empresas, em termos da sua credibilidade e de outras questões, como a observância ao cronograma do orçamento para decisões, implementações e controle; a sua efetiva comu- nicação e base lógica. Porém, ocorrendo alguma alteração conjuntural drástica, que justifique a revisão do orça- mento, como a empresa faria? Nesse caso, a empresa faz um novo orçamento, utilizando o primeiro como referência. Orçamento flexível e orçamento ajustado O orçamento flexível surge para facilitar a comparação entre o resultado realizado e o orça- mento, uma vez que pode haver diferenças significativas no nível de atividade (no volume de vendas e/ou de produção), que impactarão nos custos variáveis. Considere que um volume de vendas superior ao previsto impactaria em custos variáveis superiores também. Assim, para fins de avaliação de desempenho da gestão, podemos entender que não faria sentido penalizar o gestor da fábrica por ele ter incorrido em custos variáveis maiores. Podemos entender a aplicação do orçamento flexível voltado para a análise das variações, princi- palmente aquelas relacionadas às variações significativas nas vendas e nos custos de produção. 16 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Enquanto o orçamento estático (que é fixo) está baseado em um único nível de atividade, “o orçamento flexível é ajustado de acordo com mudanças no nível de atividade real” (HORN- GREN; FOSTER; DATAR, 2000, p. 154); ou seja, é refeito para o nível de atividade efetivamente constatado. O orçamento ajustado vem das definições do conceito de forecast, segundo Padovese e Taranto (2009): ■ o orçamento original modificado; ■ uma nova previsão até o fim do período orçado. Ou seja, “a somatória dos valores dos períodos já realizados mais os valores dos períodos ainda a serem realizadas, com um total, tratando das variações ocorridas nos meses realizados” (PADOVESE; TARANTO, 2009, p. 34). É uma projeção, em tese, mais próxima à realidade, já que a proximidade do mês de exercí- cio diminui a incerteza, aumentando a assertividade das projeções. Algumas organizações trabalham com esse tipo de orçamento, fazendo ajustes no horizonte de curto prazo. Mas repare que a empresa poderá trabalhar conjuntamente, realizando tanto o orçamento estático (fixo), quanto o orçamento flexível, ou o orçamento ajustado. Assim, o estático pode ser mantido como referência original, enquanto os orçamentos flexíveis ou ajustados terão outras finalidades, nas quais a assertividade é o elemento mais importante. Cabe observar que a análise das variações entre o resultado efetivo e aquele orçado tem por objetivo conhecer as razões que levaram ao desvio do que foi planejado e replanejar. As variações podem ser causadas por motivos relacionados à quantidade (ou volume), por motivos de preço, por razões de eficiência ou outros. A atividade de análise das variações é desenvolvida na fase de controle e acompanhamento do orçamento. Nos orçamentos flexíveis e ajustados, as demonstrações contábeis são refeitas, principal- mente a demonstração de resultados e o fluxo de caixa, ainda que as alterações de premissas e de condições gerais, ocorridas desde o orçamento estático até o momento, não sejam tão grandes. Como a gestão está mais preocupada, nesse caso, com a precisão do resultado, uma alteração, desde que não fosse imaterial, já justificaria a elaboração do orçamento ajustado. Orçamento contínuo Também conhecido pelo seu nome correspondente em inglês, rolling forecast ou rolling budget. Trata-se de um orçamento móvel: tão logo o mês vigente termina, faz-se o orçamento do perí- odo de 12 meses à frente. Assim, a empresa estará continuamente elaborando o orçamento. Considere, por exemplo, que a empresa elaborou o orçamento para o período dejaneiro a dezembro de determinado ano. Uma vez encerrado o mês de janeiro desse ano, a empresa 17CAPÍTULO 1 então irá, em fevereiro, revisar o período orçado de fevereiro a dezembro, e fazer o orça- mento de janeiro do ano seguinte. Dessa forma, a empresa sempre terá os próximos 12 meses orçados. Conforme Welsch (1979, p. 97), “o planejamento contínuo de lucros é usado quando se acre- dita que planos realísticos somente podem ser feitos para curtos períodos e é desejável ou necessário replanejar e refazer projeções continuamente por força das circunstâncias”. As recomendações, em termos de revisões mais frequentes dos orçamentos, buscam adap- tações mais frequentes às circunstâncias. Hope e Fraser (2003, p. 190) também mencionam o rolling forecast em termos da descentralização dos orçamentos “para garantir que todos tenham acesso à informação que precisam e quando precisam”. Como vantagem desse tipo de orçamento, há autores que destacam que “resulta em um orçamento mais preciso e detalhado” (LUNKES, 2003, p. 90). Por outro lado, há quem argu- mente que este conceito praticamente “descaracteriza o orçamento tradicional, pois o acompanhamento do orçamento e a análise de variações, de certa maneira, perdem o sen- tido. O conceito não vislumbraria o comprometimento dos gestores, ao prescindir da jus- tificação das variações” (PADOVEZE; TARANTO, 2009, p. 38). O diagrama a seguir, ilustra os períodos móveis do orçamento contínuo. A primeira linha temporal representa o período inicialmente coberto pelo orçamento. A segunda linha é o período orçado ao longo do mês de janeiro, e assim por diante. Assim como nos outros tipos de orçamento com foco no curto prazo (em revisões realiza- das ao longo do exercício), o orçamento contínuo também tende a gerar novas versões dos demonstrativos de resultados projetados, com as mudanças. Figura 3 - Diagrama dos meses móveis Jan/13 Dez/13 Fev/13 Jan/14 Mar/13 Fev/14 Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. 18 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Orçamento base zero A forma de elaboração tradicional do orçamento assume como ponto de partida, ainda que implicitamente, a situação atual da organização, no que diz respeito à sua estrutura, seu funcionamento, suas necessidades, enfim, suas atividades operacionais. O orçamento base zero nasce da crença de que o método habitual de elaboração do orça- mento leva em consideração os dados passados e presentes na montagem do orçamento. Entretanto, estar atrelado a uma forma predeterminada de operação pode ser um vício indesejável. Os administradores estariam presos a padrões ou formas de operar que não são, necessariamente, os melhores. E essas formas seriam, em alguma dose, perpetuadas pelo orçamento. Assim sendo, a proposta do orçamento base zero é romper com qualquer vínculo histórico ou presente. É fazer um orçamento sem tomar como referência a estrutura vigente da orga- nização. As bases vigentes são questionadas, repensadas, rediscutidas. Novas bases devem ser justificadas. De acordo com o mentor desse tipo de orçamento, Peter A. Pyhrr (1973), trata-se de um pro- cesso funcional de controle e planejamento operacional, segundo o qual cada gestor deve justificar todas as solicitações de dotações orçamentárias em detalhe, para serem avaliadas por análises sistemáticas. O orçamento base zero acaba tornando-se uma filosofia de trabalho, na qual oportunidades de redução de custos são constantemente perseguidas. Os gerentes também podem esta- belecer se determinada atividade continua a ser uma prioridade, ou se pode ser eliminada ou reduzida, se existem oportunidades para automatizar, simplificar ou padronizar o traba- lho. Todos os departamentos, processos, projetos e atividades passam a ter que se justificar; passam a se sujeitar a uma análise custo-benefício. Com isso, conforme a literatura salienta, diversas vantagens podem ser obtidas, entre elas a identificação e eliminação de ineficiên- cias e a diminuição de redundâncias e atividades paralelas. Por outro lado, haverá limitações ou dificuldades na sua aplicação, uma vez que o orça- mento base zero poderá demandar uma maior dedicação dos profissionais na sua elabora- ção. Isto poderá provocar uma maior resistência a mudanças por parte dos envolvidos no processo (PADOVEZE, 2009). 19CAPÍTULO 1 VOCÊ SABIA? Podemos evidenciar casos de empresas privadas que declaram a adoção do orçamento tipo ‘Base Zero’, para buscar reavaliações dos seus gastos e de seus projetos, em reportagens concedidas a jornais e revistas dedicados à área de negócios. Em um desses casos, a diretoria de operações da empresa afirmou, em novembro de 2015, que, por meio da adoção do orçamento base zero, buscavam renegociar todos os contratos desde o começo; em outra empresa, o diretor financeiro de outra empresa mencionou, em agosto de 2018, que, com a adoção do ‘modelo’ base zero, os gastos eram reavaliados a cada ano. Ou seja, além de poder buscar casos estudados em artigos acadêmicos internacionais sobre os tipos/modelos de orçamento, é possível localizar reportagens sobre essas práticas em sites de revistas confiáveis e de alta reputação. Segundo Padovese e Taranto (2009, p. 46) até mesmo custos estruturados que são variáveis (relacionados com o nível de atividade) podem ser reanalisados, em termos da discussão de suas quantidades necessárias destes, como exemplo: “a quantidade KWh no consumo de energia elétrica”. Orçamento por atividades Como veremos no próximo módulo, o orçamento por atividades é elaborado por meio do método de custeio por absorção, caso venha a ser comparado com as demonstrações emi- tidas pela Contabilidade. Entretanto, sendo o orçamento uma ferramenta gerencial, nada impede que, em vez de compará-lo às demonstrações elaboradas conforme princípios e normas contábeis, a empresa prefira compará-lo a demonstrações gerenciais. Assim, o orça- mento por atividades é preparado segundo o método do custeio por atividades, ou custeio ABC (Activity Based Costing). A opção pelo orçamento por atividades decorre da escolha da empresa pelo método de custeio ABC para apuração de seu resultado realizado. É uma opção necessária para tornar possível esse tipo de orçamento. No custeio por atividades, antes de levar o custo dos departamentos aos produtos, haverá uma nova etapa intermediária: levá-los às atividades. Neste método de custeio, considera-se que as atividades são consumidoras de recursos dos departamentos. Por sua vez, os produ- tos são consumidores de atividades. 20 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Para seguir a mesma metodologia empregada no custeio ABC. De acordo com o emérito professor Eliseu Martins, numa abordagem inicial, as etapas do custeio ABC são as seguintes (MARTINS, 2010): ■ identificação das principais atividades; ■ atribuição de custos às atividades; ■ identificação e seleção dos direcionadores de custo; ■ atribuição do custo das atividades aos produtos. Assim, utilizando-se este método, acredita-se que a apropriação dos custos dos recursos aos produtos gere uma informação mais rica e fidedigna. Ademais, o custeio baseado em atividades favorece que os gestores identifiquem custos que não agregam valor, estimem recursos necessários e podem ser utilizado para que se elabore indicadores chave de performance operacional para controle. Além do Orçamento - Beyond Budgeting Ekholm e Wallin (2011, p. 145) afirmam que existem significativas evidências que o tradicio- nal orçamento anual continua sendo percebido como útil, assim como há uma percepção de complementariedade entre o orçamento anual e os orçamentos com revisão de curto prazo, como o orçamento contínuo [rolling budgets]. No entanto, cabe destacar que, na década de 1990, o tradicional orçamento anual recebeu críticas. Em uma reunião de executivos no Beyond Budgeting Round Table – BBRT, a aborda- gem do Beyond Budgeting foi conceituada como: “um coerente conjunto de processos alter- nativos que apoiam metas e reconhecimento, um planejamentocontínuo [o rolling forecast], uma demanda de recursos, uma coordenação dinâmica e de significativos controles em multiníveis na empresa (HOPE; FRASER, 2003; FREZATTI, 2017; PADOVESE; TARANTO, 2009). Padovese e Taranto (2009, p. 82) alegam que conhecer as discussões do Beyond Budgeting pode ser valioso para que se possa entender possíveis questões indesejáveis que venham a surgir em relação à forma como como os orçamentos são utilizados. Ou seja, “feitos que devem ser removidos do sistema e da cultura orçamentária da empresa”. INFORMAÇÃO EXTRA O artigo ‘Is the annual budget really dead?’ (EKHOLM; WALLIN; 2000, p. 519), trata de uma pesquisa empírica que foi realizada por meio de uma postal survey, na qual evidenciaram, já em 1999, o uso combinado do orçamento anual com as diferentes maneiras de orçar. Esses autores apontaram que “relativamente poucas empresas estão planejando abandonar seus orçamentos anuais completamente”, pois “os comentários feitos por vários entrevistados também indicam que sistemas alternativos, ou melhor, complementares, como o rolling forecast e sistemas de monitoramento semelhantes ao Balanced Scorecard, já existem, funcionando paralelamente ao orçamento anual”. Frezatti (2017) também destaca o alerta feito por Hope e Fraser (2003) sobre o orçamento anual poder ser usado de forma inadequada e gerar um possível risco comportamental, no qual os gestores podem adotar condutas disfuncionais (por exemplo, superestimar ou subestimar previsões), ainda que as revisões orçamentárias venham reduzir esse risco e tratar dessa questão. Sobre as limitações relacionadas com as práticas orçamentárias e o desafio em se avaliar os benefícios relacionados com essas práticas, Frezatti (2017, p.109) aponta que “o benefício é menos tangível e pode ser analisado do ponto de vista tanto de quanto se ganha como o da perspectiva de quanto custaria a inexistência do orçamento”. UNIDADE 3 O CICLO ORÇAMENTÁRIO Conforme Horngren, Foster e Datar (2000), o ciclo orçamentário contempla: ■ o planejamento; ■ o estabelecimento de parâmetros de referência; ■ a análise de variações e ações corretivas; ■ o replanejamento (ou revisão), considerando-se o feedback e a mudança das condições. O planejamento estratégico define uma missão para a empresa – que é sua própria razão de ser. Com base nisso, a administração escolherá uma estratégica específica para que a empresa se posicione no seu ambiente competitivo, traça as metas a serem atingidas e tra- balha para cumprir sua missão. 21CAPÍTULO 1 INFORMAÇÃO EXTRA O artigo ‘Is the annual budget really dead?’ (EKHOLM; WALLIN; 2000, p. 519), trata de uma pesquisa empírica que foi realizada por meio de uma postal survey, na qual evidenciaram, já em 1999, o uso combinado do orçamento anual com as diferentes maneiras de orçar. Esses autores apontaram que “relativamente poucas empresas estão planejando abandonar seus orçamentos anuais completamente”, pois “os comentários feitos por vários entrevistados também indicam que sistemas alternativos, ou melhor, complementares, como o rolling forecast e sistemas de monitoramento semelhantes ao Balanced Scorecard, já existem, funcionando paralelamente ao orçamento anual”. Frezatti (2017) também destaca o alerta feito por Hope e Fraser (2003) sobre o orçamento anual poder ser usado de forma inadequada e gerar um possível risco comportamental, no qual os gestores podem adotar condutas disfuncionais (por exemplo, superestimar ou subestimar previsões), ainda que as revisões orçamentárias venham reduzir esse risco e tratar dessa questão. Sobre as limitações relacionadas com as práticas orçamentárias e o desafio em se avaliar os benefícios relacionados com essas práticas, Frezatti (2017, p.109) aponta que “o benefício é menos tangível e pode ser analisado do ponto de vista tanto de quanto se ganha como o da perspectiva de quanto custaria a inexistência do orçamento”. UNIDADE 3 O CICLO ORÇAMENTÁRIO Conforme Horngren, Foster e Datar (2000), o ciclo orçamentário contempla: ■ o planejamento; ■ o estabelecimento de parâmetros de referência; ■ a análise de variações e ações corretivas; ■ o replanejamento (ou revisão), considerando-se o feedback e a mudança das condições. O planejamento estratégico define uma missão para a empresa – que é sua própria razão de ser. Com base nisso, a administração escolherá uma estratégica específica para que a empresa se posicione no seu ambiente competitivo, traça as metas a serem atingidas e tra- balha para cumprir sua missão. 22 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Em geral, o planejamento orçamentário, alinha-se à revisão do plano estratégico, tendo o orçamento anual (o orçamento estático) como o elemento de ligação entre o horizonte de curto prazo e o planejamento estratégico. O período do planejamento anual, em geral, inclui o período remanescente do ano em curso para garantir a consistência entre os pontos de partida do exercício seguinte que está sendo planejado. As revisões posteriores podem ser de ocorrência mensal, trimestral, semestral, etc. (FREZATTI, 2017), conforme estudamos. Cabe destacar que além do planejamento e execução, o controle das atividades integra a ges- tão das organizações e busca garantir que as decisões tomadas ocorreram (FREZATTI, 2017). Planejamento e Execução ■ No planejamento do processo orçamentário, um cronograma de atividades aprovado e divulgado auxilia muito a controladoria para organizar o orçamento, indicando as etapas do processo, os responsáveis pela sua execução e os prazos a serem cumpridos. ■ Parâmetros antecedentes à montagem do orçamento precisam ser estabelecidos e for- malizados: (1) a alta administração traça as diretrizes para traduzir o plano estratégico no período do orçamento, (2) premissas financeiras e operacionais da empresa devem ser estabelecidas, assumidas e compartilhadas, tornando o plano confiável e exequível; (3) cenários devem ser considerados de forma análoga às diretrizes, podendo ser o cenário econômico, o cenário político e o cenário mercadológico. Assim sendo, no início do processo orçamentário propriamente dito ocorre a “definição de premissas”. Nesta fase, um determinado cenário ambiental é formulado e aprovado pela administração da companhia. Este cenário abrange hipóteses, premissas sobre o compor- tamento de variáveis macroeconômicas, assim como sobre o mercado no qual a empresa realiza suas operações. Com base nessas premissas, o orçamento será construído e as demonstrações contábeis projetadas. Veja alguns exemplos de variáveis contempladas na escolha de um cenário e sua correspon- dente finalidade: ■ taxa de crescimento do mercado: para auxiliar o orçamento de volume de vendas; ■ taxa de crescimento do PIB / renda per capta; ■ taxa de inflação: auxiliar o orçamento das despesas, ou até mesmo do preço de venda; ■ taxa de câmbio: necessária caso a empresa exporte, importe, tenha endividamento em moeda estrangeira, ou elabore demonstrações contábeis em dólar; ■ taxa de juros: caso a empresa possua endividamento pós-fixado ou sobras de caixa; ■ percentual de variação de salários por acordos coletivos. 23CAPÍTULO 1 Uma vez elaborado o orçamento, a empresa irá executar as atividades, conforme o que foi planejado. Na medida em que as atividades forem executadas, surgirá a atividade de con- trole, na qual os resultados obtidos serão comparados àqueles planejados. Controle ■ Normalmente o setor de controladoria e/ou áreas de planejamento financeiro devem efetuar o monitoramento dos orçamentos, bem como apoiar os gestores para isso (PADOVESE; TARANTO, 2009). ■ Para que seja possível comparar os acontecimentos planejados com os reais, todas as peças orçamentárias devem constar de relatórios de acompanhamento para que se possa fazer a análise das variações. ■ Os desvios encontrados devem ser explicados, de modo que os gestores tenham fee- dback sobre a efetividade de suas ações. Segundo Frezatti (2017 p. 17) “seo controle orçamentário é a forma de realimentar o sistema de planejamento, dependendo do grau de satisfação deste último, ele pode ser estruturado de maneira flexível ou rígida, complexa ou simplificada, centralizada ou participativa”. Flexibilidade frente às mudanças do ambiente Ao longo do curso do processo, eventualmente, o ambiente no qual a empresa opera pode ter mudado tanto que a empresa poderá rever o orçamento, adequando-o à nova realidade. Ou seja, pode haver necessidade da introdução de inúmeras mudanças significativas na eco- nomia (troca de moeda, redução da inflação, controle do câmbio, etc.). Um exemplo dessas mudanças macroeconômicas impactantes encontrado na literatura é o Plano Real, plano econômico adotado pelo governo brasileiro, em 1994, para debelar a inflação. O orçamento é integrado As primeiras etapas, relacionadas aos elementos da operação da empresa formam um con- junto denominado orçamento operacional. Compreende o orçamento de vendas, produção, custos e despesas. Já o orçamento das atividades de financiamento e investimento é conhe- cido como orçamento financeiro. O quadro a seguir, ilustra as etapas de elaboração do orçamento, lembrando que as o orça- mento é interativo. Logo, se, por exemplo, se houver a alteração em alguma etapa, todas as etapas posteriores àquela alterada terão que ser refeitas. 24 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Figura 4 - Etapas de elaboração do orçamento Definição de Premissas Orçamento de Vendas Orçamento de Produção Orçamento das Gastos de Fábrica Orçamento de Despesas Demonstração de Resultado Orçada Orçamento de Investimentos Fluxo de Caixa Orçado Balanço Patrimonial Orçado Orçamento de caixa Orçamento dos Custos de Produção e de Vendas Orçamento de Compras Orçamento do Custo de Materiais Diretos Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. 25CAPÍTULO 1 Nesta unidade discutimos as etapas de elaboração do orçamento e suas conexões trazendo uma noção de seu encadeamento e pré-requisitos. Introduzimos também a discussão sobre a importância do orçamento ser integrado, conforme continuaremos estudando a seguir. Já sabemos que cabe ao orçamento, a tarefa de implementar os programas e ações estra- tégicas planejadas pela empresa, assim como mantê-las atualizadas e condizentes com a realidade, tendo em vista que muitos setores de atividade tendem a precisar de certa flexi- bilidade (replanejamentos), frente às mudanças do ambiente. Os tipos de orçamento apresentados na unidade anterior procuram mostrar as diferentes formas de orçar, ou combinar esses modelos ao tradicional orçamento estático, que é feito anualmente. Assim, as revisões integradas do orçamento, decisões acordadas, aprovadas e consolidadas nos demonstrativos, concretizam o ciclo orçamentário não apenas anualmente, como também ao longo do exercício. Dessa forma, propiciarem o alinhamento do orçamento em andamento com os objetivos anuais e com o planejamento estratégico da empresa. UNIDADE 4 MODELO INTEGRADO O modelo de orçamento é integrado na medida em que reproduz, de forma encadeada, as diversas inter-relações entre as variáveis existentes no mundo real (entre vendas, produção, custos, resultado, direitos e obrigações, etc.). Por modelo de orçamento, para os objetivos propostos nesta apostila, estamos definindo um conjunto de planilhas eletrônicas que, a partir, dos planos operacionais, de investimen- tos e financiamentos, produzirão demonstrações contábeis orçadas, em bases mensais. Princípios práticos É muito comum que o ambiente onde o orçamento é preparado seja um conjunto de planilhas eletrônicas ou softwares difundidos no mercado, sendo importante que estas fer- ramentas sejam amigáveis. Para o orçamento aplicam-se os mesmos princípios do funcionamento dos sistemas de informação, que alimentam as transações contábeis, de forma a trazer benefícios ao pro- cesso de sua elaboração, tais como consistência, credibilidade e rapidez no trato das infor- mações planejadas. 26 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Quanto mais integrados forem os sistemas, mais úteis se tornam e trazem mais qualidade das informações, inclusive quanto à redução de erros (FREZATTI, 2017). Sistemas como fatu- ramento, contas a receber, compras, contas a pagar, sistema contábil, sistema fiscal, e tan- tos outros, se alimentam mutuamente das mesmas bases de dados e fornecem informa- ções a diferentes departamentos. Assim, busca-se a integridade ao longo dos processos de comunicação e compartilhamento de informações, assegurando: a precisão; a qualidade do seu gerenciamento; o controle das entradas de informações, do processamento e das saídas das informações (relatórios); a geração das demonstrações de forma consistente e automática, evitando redundâncias indesejáveis de dados. No entanto, o orçamento se distingue da operação contábil, por alguns motivos. 1. O orçamento, em geral, trabalha com as transações, da mesma forma que os sistemas de informação das empresas trabalham, em bases mensais, porém mais consolidadas. 2. Em relação aos aspectos de materialidade e relevância, o orçamento tem maior liberdade para se avaliar a necessidade de projetar determinada transação. 3. A própria apresentação das demonstrações contábeis orçadas poderá ser mais conden- sada que as demonstrações contábeis realizadas. O que estamos demonstrando é que a contabilidade e o orçamento têm naturezas distin- tas. Enquanto a Contabilidade tem funções mais amplas e complexas, o orçamento deverá seguir os princípios contábeis, fazendo uso da mesma linguagem, guardadas as suas dimen- sões e propósitos mais específicos. O orçamento pode ser entendido como um modelo, porque representa uma versão simpli- ficada da realidade. Esse modelo tem como objetivo projetar o comportamento esperado para as variáveis econômicas e financeiras da empresa, mantendo o foco no que causar impacto mais relevante. Resumo Neste primeiro módulo, apresentamos as funções do orçamento, as quais estão ligadas, principalmente, às necessidades de planejamento e controle. Em seguida, apresentamos as conceituações que são condizentes com a prática nas empre- sas, segundo Padovese e Taranto (2009) e outros autores internacionais que apresentam sobre as diferentes formas praticadas de orçar (os ‘tipos de orçamento’). Assim sendo, além do tradicional orçamento anual – o orçamento estático, conhecemos os orçamentos: ajustá- vel, flexível, contínuo, base zero e baseado em atividades. 27CAPÍTULO 1 Também abordamos, brevemente, o movimento chamado de beyond budgeting (que traduzi- mos como o movimento “para além do orçamento”), o qual nos trouxe as discussões pilares sobre a questão das mudanças ambientais e sobre o ponto de vista da descentralização do orçamento. Além disso, esse movimento nos alerta sobre questionamentos indesejá- veis que venham a surgir. Realçamos as particularidades e finalidades de cada tipo de orça- mento. Também tivemos uma visão global das etapas de elaboração do orçamento em si, do seu caráter integrado e de sua relação com o planejamento estratégico da organização. Finalmente, sugerimos alguns cuidados a serem observados quanto à montagem do orçamento. 28 ORÇAMENTO EMPRESARIAL ORÇAMENTO OPERACIONAL Capítulo 2 29CAPÍTULO 2 INTRODUÇÃO Neste capítulo, veremos como estimar e elaborar o orçamento das atividades operacionais da empresa, suas vendas, produção, custos e despesas, entre outras, que alimentarão os demonstrativos contábeis usados no processo orçamentário e refletirão o sistema de planejamento e controle da empresa. Iniciaremos pelo plano de vendas, cujos valores serão uma referência fundamental para todas as outras variáveis do orçamento operacional. Lembrando que o orçamento operacional é integrado ao orçamento de investimentos e financiamentos, conforme será visto mais adiante. A partir deste módulo, trabalharemos um exemplo de elaboração do orçamento, no qual todas essas variáveis serão calculadas e mostram a integração dos planosorçamentários. Assim, dada a relevância desta etapa, cada elemento do orçamento operacional é calculado e projetado de forma interligada com os demais módulos que abordam o orçamento de capital e financeiro da empresa (investimentos e financiamentos), com as respectivas demonstrações contábeis. Portanto, iniciamos este módulo abordando as premissas orçamentárias e, a partir de então, você poderá acompanhar o exemplo prático até o último módulo da apostila, no qual são consolidadas as demonstrações contábeis. 30 ORÇAMENTO EMPRESARIAL OBJETIVOS DO CAPÍTULO Ao completar este capítulo de estudo, você estará apto a: ■ entender que as peças orçamentárias que contemplam as projeções e a mensuração dos objetivos da empresa, em termos de vendas, produção, custos e despesas, são interligadas; ■ calcular esses elementos operacionais relevantes para o exercício seguinte, compre- endendo que serão refletidos nos demonstrativos orçamentários da empresa, assim como seus efeitos nas contas do ativo circulante da empresa; ■ entender que o orçamento de vendas e projeções de crescimento iniciam o orçamento operacional, mas estão sujeitos à aprovação integrada do conjunto de orçamentos do sistema de planejamento e controle da empresa. Para melhor compreensão das questões que envolvem o orçamento operacional, este capítulo está dividido em: Unidade 1 – Orçamento de vendas e deduções Unidade 2 – Orçamento de produção e compras de materiais Unidade 3 – Orçamento dos custos da produção Unidade 4 – Orçamento das despesas, depreciação e tributos sobre o lucro 31CAPÍTULO 2 UNIDADE 1 ORÇAMENTO DE VENDAS E DEDUÇÕES A receita de vendas é um fator determinante da operação, pois a demanda do mercado irá restringir o tamanho da operação da empresa, delimitando sua estrutura e, assim, suas despesas. Segundo Padovese e Taranto (2009, p. 111): “O orçamento de vendas é a base de todo o processo orçamentário”. A grosso modo, por exemplo, em uma empresa industrial, o Diretor Industrial alega que a quantidade a ser produzida “depende do volume de vendas”, assim como os planos e des- pesas de marketing e de vendas serão elaborados para dar sustentação a um determinado orçamento de vendas. Porém, além deles, o conjunto das despesas de toda ordem, acaba limitado pela receita que a empresa será capaz de gerar. O orçamento da receita de vendas é projetado pela multiplicação da quantidade vendida pelo preço de venda, por produto comercializado e pode ser considerado como ponto de partida para as demais etapas do processo orçamentário integrado, pois é pré-requisito para a definição da produção, das compras, da apuração dos custos, além de despesas de vendas e distribuição, dentre outras. O orçamento de vendas é, em geral, realizado pelas Diretorias Comercial e de Marketing da empresa e deve refletir as previsões de vendas realizadas por esta(s) área(s), de modo que exista o compromisso de executá-lo. Por outro lado, a versão final da projeção das receitas, assim como das demais linhas do orçamento operacional, será aprovada mediante o con- junto dos orçamentos operacional e de investimentos. Métodos para o orçamento de vendas A previsão da demanda futura e a estimativa da quantidade de produtos que a empresa irá vender apresenta um certo grau de dificuldade, relacionado com situações conjunturais e com a sazonalidade do tipo de produto que comercializa. Para estabelecer os cenários de vendas, a empresa utiliza as informações que possui em seus sistemas de acompanha- mento do negócio, seu histórico de vendas e informações que devem ser coerentes com o plano estratégico da empresa, como sua participação de mercado, as futuras ações de marketing e vendas. Além disso, o plano estratégico observa as análises de oportunidades/ ameaças do mercado, a conquista de novos mercados, o lançamento de novos produtos ou, ainda, a retenção de clientes. Os métodos de previsão de vendas, indicados a seguir, podem ser usados isoladamente ou combinados: 32 ORÇAMENTO EMPRESARIAL ■ o método estatístico consiste em utilizar modelos estatísticos como a correlação com a previsão do crescimento do setor, ou do PIB, a análise de tendências - regressão linear, ou mínimos quadrados, pesquisa de mercado ou a combinação de métodos; ■ o método de coleta das informações com os centros vendedores, consiste em consul- tar a área comercial, buscando captar suas experiências com o mercado e percepções sobre as tendências e a concorrência; ■ o método do uso final do produto é aplicado no caso de empresas parceiras que tro- cam informações relacionadas a expectativas de vendas e, assim, é possível conhecer o que seus clientes irão vender. Como exemplo, podemos citar os fornecedores de auto- peças para a indústria automobilística e empresas prestadoras de serviços com contra- tos periódicos (PADOVEZE; TARANTO, 2009). PARE PARA PENSAR Ao fazer o orçamento de vendas, além de trabalhar as quantidades a serem vendidas que são projetadas em conjunto pela área comercial (ou feita pela área comercial), incluindo a participação da área da logística, o fator do preço a ser praticado é fundamental para essas análises. Assim, além da previsão, deve-se projetar os preços que serão praticados: qual o preço de cada produto projetado? Haverá alguma alteração nas listas de preço ao longo do ano? Há diferença entre os preços à vista e à prazo? Há influência internacional nos preços? Qual a projeção, em relação aos impostos sobre vendas, para cada produto e mercado? Adicionalmente, apurar as relações entre o nível de demanda e a política de crédito praticada pela empresa. Haverá alguma mudança na política de crédito da empresa? Por fim, devemos observar que o planejamento das empresas incorpora as políticas de preços da empresa e as possíveis influências destes no comportamento das previsões das quantidades a serem vendidas, mês a mês, produto a produto. Criando um exemplo de base Vamos criar um exemplo que nos acompanhará por todas as unidades e módulos daqui por diante. Construiremos, neste módulo e no seguinte, os planos orçamentários a serem consolidados em demonstrações contábeis orçadas. No presente exemplo, os planos e demonstrações contábeis serão elaborados para os dois primeiros meses: janeiro e feve- reiro. Contudo, sabemos que esses planos, assim como as demonstrações orçadas, abran- gem o período de 12 meses. 33CAPÍTULO 2 ■ o método estatístico consiste em utilizar modelos estatísticos como a correlação com a previsão do crescimento do setor, ou do PIB, a análise de tendências - regressão linear, ou mínimos quadrados, pesquisa de mercado ou a combinação de métodos; ■ o método de coleta das informações com os centros vendedores, consiste em consul- tar a área comercial, buscando captar suas experiências com o mercado e percepções sobre as tendências e a concorrência; ■ o método do uso final do produto é aplicado no caso de empresas parceiras que tro- cam informações relacionadas a expectativas de vendas e, assim, é possível conhecer o que seus clientes irão vender. Como exemplo, podemos citar os fornecedores de auto- peças para a indústria automobilística e empresas prestadoras de serviços com contra- tos periódicos (PADOVEZE; TARANTO, 2009). PARE PARA PENSAR Ao fazer o orçamento de vendas, além de trabalhar as quantidades a serem vendidas que são projetadas em conjunto pela área comercial (ou feita pela área comercial), incluindo a participação da área da logística, o fator do preço a ser praticado é fundamental para essas análises. Assim, além da previsão, deve-se projetar os preços que serão praticados: qual o preço de cada produto projetado? Haverá alguma alteração nas listas de preço ao longo do ano? Há diferença entre os preços à vista e à prazo? Há influência internacional nos preços? Qual a projeção, em relação aos impostos sobre vendas, para cada produto e mercado? Adicionalmente, apurar as relações entre o nível de demanda e a política de créditopraticada pela empresa. Haverá alguma mudança na política de crédito da empresa? Por fim, devemos observar que o planejamento das empresas incorpora as políticas de preços da empresa e as possíveis influências destes no comportamento das previsões das quantidades a serem vendidas, mês a mês, produto a produto. Criando um exemplo de base Vamos criar um exemplo que nos acompanhará por todas as unidades e módulos daqui por diante. Construiremos, neste módulo e no seguinte, os planos orçamentários a serem consolidados em demonstrações contábeis orçadas. No presente exemplo, os planos e demonstrações contábeis serão elaborados para os dois primeiros meses: janeiro e feve- reiro. Contudo, sabemos que esses planos, assim como as demonstrações orçadas, abran- gem o período de 12 meses. No exemplo, vamos considerar uma indústria que fabrica dois produtos – o de tamanho médio e o de tamanho grande, designados respectivamente por M e G. Nossa empresa adquire insumos de outra indústria. O produto manufaturado pela empresa será vendido a uma distribuidora. Elaboração do orçamento de vendas Os quadros a seguir ilustram as quantidades vendidas por produto e o preço de venda. Quadro 1 - Previsão de preços e quantidades QUANTIDADE VENDIDA (UNIDADES) Produto Jan Fev M G 10.000 8.000 12.000 11.000 PREÇO DE VENDA (R$/UNIDADE) Produto Jan Fev M G 50,0 70,0 50,0 70,0 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. Multiplicando os preços pelas quantidades, como resultado, teremos a seguinte Receita Bruta de Vendas orçada para cada um dos meses. Quadro 2 - Receita Bruta (R$) PRODUTO JAN FEV M 500.000 600.000 G 560.000 770.000 Total 1.060.000 1.370.000 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. 34 ORÇAMENTO EMPRESARIAL A Receita Líquida de Vendas é obtida pela dedução dos impostos sobre vendas e dos des- contos comerciais. Os descontos comerciais podem ser orçados como um percentual sobre a receita bruta e serem mantidos durante todo o exercício previsto, ou tratados como pro- moções aplicadas em determinados momentos, ou atreladas a alguns produtos específicos. Cabe observar que a empresa pode entender que um certo nível de devolução é inevitável e, por isso, irá considerá-las em seu plano. Os impostos sobre vendas dependerão, naturalmente, do segmento econômico em que a empresa está inserida e do produto, ou serviço, que ela vende. Além disso, dependem da legislação vigente. Como em nosso exemplo tratamos de uma indústria, os tributos a serem considerados são: Quadro 3 – Alíquotas ALÍQUOTA ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicações; 24,0% COFINS: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social; 3,0% PIS: Contribuição para o Programa de Integração Social; 1,0% PI: Imposto sobre Produtos Industrializados. 10,0% Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. Digamos que a empresa concederá 2% de descontos comerciais sobre a Receita Bruta. E não estamos considerando devoluções. No nosso exemplo, os resultados até a Receita Líquida, são apresentados a seguir, conforme tributos colocados à título de exemplos e vigentes. ■ A base de cálculo dos impostos sobre as vendas (ICMS, PIS e COFINS) é a receita bruta deduzida de descontos comerciais e devoluções; ■ o PIS e COFINS são “cumulativos” porque, conforme veremos mais adiante, a empresa adota o regime de lucro presumido (logo compõe a base de cálculo do ICMS); ■ o ICMS é cobrado “por dentro” do preço de venda e sua base de cálculo é constituída considerando-se a Receita Bruta menos as deduções e menos o PIS e Cofins; 35CAPÍTULO 2 ■ Embora o IPI seja um imposto cobrado sobre as saídas do produto industrializado e, portanto, sobre suas vendas, a Receita Bruta orçada já está líquida de IPI (o IPI ser um imposto cobrado “por fora”. A base de cálculo do IPI é a receita bruta, menos devoluções (que não estamos orçando). Quadro 4 – Receita Líquida (R$) JANEIRO PRODUTO M PRODUTO G TOTAL FEVEREIRO JANEIRO FEVEREIRO JANEIRO FEVEREIRO RECEITA BRUTA R$500.000 R$600.000 R$560.000 R$770.000 R$1.060.000 R$1.370.000 (-) DESCONTOS 2% -R$10.000 -R$12.000 -R$11.200 -R$15.400 -R$21.200 -R$27.400 Receita Ajustada Receita Bruta - Descontos R$490.000 R$588.000 R$548.800 R$754.600 R$1.038.800 R$1.342.600 PIS + COFINS 4% (-) Receita Ajustada*4% -R$19.600 -R$23.520 -R$21.952 -R$30.184 -R$41.552 -R$53.704 ICMS (-) Receita Ajustada*24% -R$117.600 -R$141.120 -R$131.712 -R$181.104 -R$249.312 -R$322.224 RECEITA LÍQUIDA Receita Ajustada - ICMS R$372.400 R$446.880 R$417.088 R$573.496 R$789.488 R$1.020.376 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. A questão tributária nas empresas está relacionada com o tipo de atividade, de produto, de local e outros. Além disso, caso a legislação tributária venha a sofrer alterações, é possível entender que será importante que os profissionais saibam interpretar, demonstrar e avaliar as variações da base de informações entre os períodos anterior e posterior a essa possível alteração. Por isso, na prática orçamentária é muito importante que os profissionais envol- vidos com o orçamento busquem alinhar essas previsões nos preceitos da contabilidade tributária da empresa. Observe que a diferença entre a Receita Bruta e a Receita Líquida, é muito relevante. Para o andamento do nosso exemplo, cabe notar que o preço de venda considerado no cálculo da Receita Bruta não inclui o IPI. Este imposto será cobrado ao comprador, que irá pagar preço de venda mais o IPI. Por outro lado, o ICMS é um imposto que já está incluído no preço e, portanto, na Receita Bruta. A forma de orçarmos o pagamento das contribuições PIS e COFINS dependerá do regime de tributação que a empresa tiver adotado, pois caso seja o lucro real, então o PIS e COFINS serão “não cumulativos”. Em cada caso, as alíquotas de PIS e COFINS sobre vendas serão diferentes. 36 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Nesta unidade, discutimos sobre o plano de vendas do orçamento, que deve envolver as áreas comerciais da empresa (e muitas vezes a logística também) e conhecemos diferentes práticas para realizar a previsão das quantidades a serem vendidas. Além disso, para uma boa projeção das receitas, observamos que o orçamento não pode deixar de considerar as questões tributárias da empresa, assim como precisa estar alinhado às políticas de preço e de crédito, antecipando análises e decisões sobre estas. INFORMAÇÃO EXTRA Para se aprofundar no tema das previsões de vendas, a adoção de técnicas estatísticas pode estar inserida em sistemas tecnológicos de informações gerenciais. A respeito dessas técnicas, os coordenadores Corrar, Paulo e Dias Filho, do livro Análise Multivariada para cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia (Ed. Atlas, São Paulo (2009 pág. 133)) apontam que a técnica de análise de regressão pode ser aplicada para estimar vendas de um produto a partir de gastos com propaganda e publicidade – sendo que as vendas do produto são a variável dependente; e os gastos citados, a variável independente. UNIDADE 2 ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO E COMPRAS DE MATERIAIS O orçamento de produção dedica-se ao planejamento dos produtos a serem fabricados. Ele é feito em quantidades e decorre do orçamento de vendas e da política de estoques da empresa. Ele também é a base do orçamento de consumo e compra de materiais diretos e indiretos, além de ser base de trabalho para os planejamentos de capacidade de logística. Em empresas nas quais haja possibilidade de venda imediata de toda a produção, ou ven- dem sob encomenda, o orçamento de vendas é igual ao orçamento de produção. Política de estoques A gestão da empresa pondera fatores, como o tipo e variedade dos produtos, e formula uma política de estoques (por exemplo, se é deteriorável, ou não). Busca-se que não haja falta de disponibilidade de produto acabado em estoque (ruptura nas vendas), mas também evita-se que haja riscos de perda por obsolescência dos produtos. Embora,financeiramente, busque-se o investimento mínimo em capital de giro, em especial em estoques (sejam eles produtos acabados, ou insumos), a gestão do estoque pode ser estratégica para atender ao cliente. Esta política pode ser resumida, para fins de orçamento, na definição de um índice de cober- tura dos estoques. Este índice nos informa quanto tempo de venda futura está coberto pelos estoques, de sorte tal que a venda estaria garantida, em caso de dificuldades de reposição. Padovese e Taranto (2009) chamam essa cobertura de estoque de: Política de Estocagem em Dias de Venda. Admitindo-se que o índice de cobertura fosse, por exemplo de 60 dias, isto significa que o estoque de produtos acabados, ao final do mês, seria igual à venda orçada dos dois meses subsequentes. Ainda como exemplo, digamos que a empresa tenha uma política de cober- tura de 15 dias de venda e a previsão de vendas do mês seguinte seja de 3.000 unidades, o seu estoque final previsto será 3.500 unidades ÷ 30 dias × 15 dias = 1.750 unidades. NA PRÁTICA Para as previsões de vendas, as empresas podem encontrar sistemas corporativos disponíveis no mercado que abordem o aspecto da cadeia de suprimentos, integrando-os. Os autores Laudon e Laudon mencionam (2008, p. 250) que “Sistemas de planejamento de cadeia de suprimentos habilitam a empresa a gerar previsões de demanda para um produto e a desenvolver planos de aquisição de matérias-primas e fabricação para aquele produto”. É importante reforçar que é o planejamento de demanda que determina a quantidade de produtos a ser produzido. Elaboração do orçamento de produção Considerando a política de cobertura de estoque da empresa, o cálculo da quantidade que será produzida em determinado mês considera a previsão de vendas para os meses seguin- tes, o estoque final de produtos acabados (estimado conforme essa política) e o estoque que já possui disponível no início daquele mês. Logo, uma vez formados os estoques ao final do mês, em quantidades físicas, a produção será dada por: Quantidade produzida = quantidade vendida + estoque final – estoque inicial 37CAPÍTULO 2 Nesta unidade, discutimos sobre o plano de vendas do orçamento, que deve envolver as áreas comerciais da empresa (e muitas vezes a logística também) e conhecemos diferentes práticas para realizar a previsão das quantidades a serem vendidas. Além disso, para uma boa projeção das receitas, observamos que o orçamento não pode deixar de considerar as questões tributárias da empresa, assim como precisa estar alinhado às políticas de preço e de crédito, antecipando análises e decisões sobre estas. INFORMAÇÃO EXTRA Para se aprofundar no tema das previsões de vendas, a adoção de técnicas estatísticas pode estar inserida em sistemas tecnológicos de informações gerenciais. A respeito dessas técnicas, os coordenadores Corrar, Paulo e Dias Filho, do livro Análise Multivariada para cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia (Ed. Atlas, São Paulo (2009 pág. 133)) apontam que a técnica de análise de regressão pode ser aplicada para estimar vendas de um produto a partir de gastos com propaganda e publicidade – sendo que as vendas do produto são a variável dependente; e os gastos citados, a variável independente. UNIDADE 2 ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO E COMPRAS DE MATERIAIS O orçamento de produção dedica-se ao planejamento dos produtos a serem fabricados. Ele é feito em quantidades e decorre do orçamento de vendas e da política de estoques da empresa. Ele também é a base do orçamento de consumo e compra de materiais diretos e indiretos, além de ser base de trabalho para os planejamentos de capacidade de logística. Em empresas nas quais haja possibilidade de venda imediata de toda a produção, ou ven- dem sob encomenda, o orçamento de vendas é igual ao orçamento de produção. Política de estoques A gestão da empresa pondera fatores, como o tipo e variedade dos produtos, e formula uma política de estoques (por exemplo, se é deteriorável, ou não). Busca-se que não haja falta de disponibilidade de produto acabado em estoque (ruptura nas vendas), mas também evita-se que haja riscos de perda por obsolescência dos produtos. Embora, financeiramente, busque-se o investimento mínimo em capital de giro, em especial em estoques (sejam eles produtos acabados, ou insumos), a gestão do estoque pode ser estratégica para atender ao cliente. Esta política pode ser resumida, para fins de orçamento, na definição de um índice de cober- tura dos estoques. Este índice nos informa quanto tempo de venda futura está coberto pelos estoques, de sorte tal que a venda estaria garantida, em caso de dificuldades de reposição. Padovese e Taranto (2009) chamam essa cobertura de estoque de: Política de Estocagem em Dias de Venda. Admitindo-se que o índice de cobertura fosse, por exemplo de 60 dias, isto significa que o estoque de produtos acabados, ao final do mês, seria igual à venda orçada dos dois meses subsequentes. Ainda como exemplo, digamos que a empresa tenha uma política de cober- tura de 15 dias de venda e a previsão de vendas do mês seguinte seja de 3.000 unidades, o seu estoque final previsto será 3.500 unidades ÷ 30 dias × 15 dias = 1.750 unidades. NA PRÁTICA Para as previsões de vendas, as empresas podem encontrar sistemas corporativos disponíveis no mercado que abordem o aspecto da cadeia de suprimentos, integrando-os. Os autores Laudon e Laudon mencionam (2008, p. 250) que “Sistemas de planejamento de cadeia de suprimentos habilitam a empresa a gerar previsões de demanda para um produto e a desenvolver planos de aquisição de matérias-primas e fabricação para aquele produto”. É importante reforçar que é o planejamento de demanda que determina a quantidade de produtos a ser produzido. Elaboração do orçamento de produção Considerando a política de cobertura de estoque da empresa, o cálculo da quantidade que será produzida em determinado mês considera a previsão de vendas para os meses seguin- tes, o estoque final de produtos acabados (estimado conforme essa política) e o estoque que já possui disponível no início daquele mês. Logo, uma vez formados os estoques ao final do mês, em quantidades físicas, a produção será dada por: Quantidade produzida = quantidade vendida + estoque final – estoque inicial 38 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Adotando, em nosso exemplo, uma cobertura de 30 dias, teremos o seguinte quadro de volume de produção. Observe que temos que dispor da quantidade vendida do mês de março: Quadro 5 – Volume de Produção Orçado PRODUTO M PRODUTO G JAN FEV MAR JAN FEV MAR Quantidade Vendida 10.000 12.000 11.000 Quantidade Vendida 8.000 11.000 10.000 Estoque final 12.000 11.000 - Estoque final 11.000 10.000 - Estoque inicial 9.000 12.000 - Estoque inicial 10.000 11.000 - Quantidade Produzida 13.000 11.000 - Quantidade Produzida 9.000 10.000 - Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. Com base neste quadro, primeiro calculamos que o estoque final previsto para cada mês é baseado na venda prevista para os 30 dias seguintes em si (visto que a política de cobertura é de 30 dias). Com essa informação, em seguida, calculamos a quantidade a ser produzida. O estoque inicial de janeiro é uma informação conhecida da empresa, ou prevista (igual ao estoque de fechamento de dezembro do exercício anterior). Por exemplo: a quantidade a ser produzida no final do mês de janeiro, do produto M, será: Quantidade Produzida = 10.000 unidades da previsão de venda + 12.000 de estoque final previsto - 9.000 de estoque inicial. Logo, Quantidade Produzida = 13.000 unidades Elaboração do orçamento de compras de materiais Uma vez estabelecida a quantidade produzida, podemos seguir para o próximo passo: encontrar a quantidade a ser comprada de materiais diretos – ou matéria-prima. Compras, em nosso modelo, são os materiais a serem adquiridos, em quantidades físicas. Nessa etapa, o profissional de orçamento deverá obter a composição do produto, junto à área industrial.Isto é, quais materiais, e em que quantidades, entram na fabricação do produto. 39CAPÍTULO 2 Consideremos, neste exercício, a seguinte composição: Quadro 6 – Quantidade de Matéria-Prima PRODUTO M PRODUTO G Quantidade (unid. MP) Quantidade (unid. MP) MP 1 MP 2 2 1 MP 3 MP 4 1 2 MP1: matéria-prima 1 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. A quantidade comprada será de materiais diretos ou matéria-prima. A empresa também adota um índice de cobertura de estoque de materiais, que indica quantos dias de material consumido serão suportados pelo estoque de materiais, ao final do mês. Então calcula a quantidade de matéria-prima a ser comprada, de acordo com a equação (semelhante à que aplicamos no cálculo de produtos acabados): Compras de MP = consumo MP + estoque final MP – estoque inicial MP Vamos, então, seguir no exemplo, considerando uma cobertura de 30 dias e que os estoque iniciais de janeiro são informados. Obteremos as compras orçadas, conforme demonstrado nos próximos quadros (teremos de dispor da quantidade produzida de março). Quadro 7 – Volume de Compras Orçado PRODUTO M PRODUTO G JAN FEV MAR JAN FEV MAR QUANTIDADE PRODUZIDA 13.000 11.000 10.000 QUANTIDADE PRODUZIDA 9.000 10.000 9.000 MP1 Consumo de MP Estoque final Estoque inicial Compras MP 1 26.000 22.000 15.000 33.000 22.000 20.000 22.000 20.000 20.000 MP3 Consumo de MP Entoque final Estoque inicial Compras MP 3 9.000 10.000 8.000 11.000 10.000 9.000 10.000 9.000 9.000 MP2 Consumo de MP Estoque final Estoque inicial Compras MP 2 13.000 11.000 11.000 13.000 11.000 10.000 11.000 10.000 10.000 MP4 Consumo de MP Estoque final Estoque inicial Compras MP 4 18.000 20.000 22.000 16.000 20.000 18.000 20.000 18.000 18.000 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. 40 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Logo, o Consumo de MP é calculado pela quantidade produzida multiplicado por cada item da composição de materiais (quadro acima). No exemplo do mês de janeiro, do produto M, da Matéria-prima 1, o consumo de MP será de 13.000 unidades produzidas * 2 unidades de MP = 26.000. O orçamento de compras de MP é calculado por: MP Compras de MP = consumo de MP + Estoque final de MP – Estoque Inicial de MP Ou seja, Compras de MP = 26.000 + 22.000 – 15.000 Logo, Compras de MP = 33.000 unidades de MP O orçamento de compras de materiais em valores Agora precisamos obter as compras de materiais em valores monetários. Esse valor é utili- zado na elaboração da conta “Fornecedores”, no Balanço Patrimonial. Observe que, na com- pra ao fornecedor industrial, nossa empresa irá pagar o preço de compra, mais o IPI. Já para a formação da conta “Estoques” não são incluídos, nem o ICMS, nem o IPI, uma vez que, por serem recuperáveis, eles não integram o custo do produto. Estes dois impostos formarão as contas de “Impostos a Recuperar”. Com relação às compras de materiais, agora que já calculamos seu efeito no custo da pro- dução, precisamos obter os valores monetários com os respectivos impactos em contas do Balanço Patrimonial (que será estruturado mais adiante, no módulo 4). Supondo-se que a alíquota de ICMS seja de 20% sobre preço de compra, e que a do IPI seja de 8%, observe o quadro com o preço de custo de cada Matéria-Prima. Quadro 8 – Compra de Materiais Orçados em Valores COMPRAS (QUANTIDADE) PREÇO DE CUSTO ($) PREÇO DE CUSTO C/ IPI 8% ($) VALOR DO IPI ($) VALOR DAS COMPRAS C/ IPI ($) PREÇO DO CUSTO S/ ICMS 20% VALOR DO ICMS 20% ($) VALOR DAS COMPRAS S/ ICMS ($) JANEIRO MP1 33.000 1,50 1,62 3.960 53.460 1,20 9.900 39.600 MP2 13.000 2,50 2,70 2.600 35.100 2,00 6.500 26.000 MP3 11.000 2,00 2,16 1.760 23.760 1,60 4.400 17.600 MP4 16.000 3,50 3,78 4.480 60.480 2,80 11.200 44.800 Total 12.800 172.800 32.000 128.000 41CAPÍTULO 2 COMPRAS (QUANTIDADE) PREÇO DE CUSTO ($) PREÇO DE CUSTO C/ IPI 8% ($) VALOR DO IPI ($) VALOR DAS COMPRAS C/ IPI ($) PREÇO DO CUSTO S/ ICMS 20% VALOR DO ICMS 20% ($) VALOR DAS COMPRAS S/ ICMS ($) FEVEREIRO MP1 20.000 1,50 1,62 2.400 32.400 1,20 6.000 24.000 MP2 10.000 2,50 2,70 2.000 27.000 2,00 5.000 20.000 MP3 9.000 2,00 2,16 1.440 19.440 1,60 3.600 14.400 MP4 18.000 3,50 3,78 5.040 68.040 2,80 12.600 50.400 Total 10.880 146.880 27.200 108.800 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. Lembre-se de que o preço de custo do insumo não inclui IPI, mas inclui ICMS. Em resumo, o valor de Compras, mais o IPI, alimentará a conta “Fornecedores”. O valor de Compras sem ICMS, alimentará a conta “Estoques”. Por fim, os valores de IPI das Compras e o ICMS das Compras alimentarão a conta “Impostos a Recuperar”. Veremos isso na elabo- ração do Balanço Patrimonial. UNIDADE 3 ORÇAMENTO DOS CUSTOS DA PRODUÇÃO Geralmente, o custeio por absorção é o sistema de custeio adotado para fins de orçamento, por ser aquele utilizado na Contabilidade para produção das demonstrações contábeis. Assim, este será o método que empregaremos em nosso exemplo. Quanto ao método de valorização dos estoques, adotaremos o custo médio. Vale lembrar que “os gastos relativos a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens são custos” (MARTINS, 2010, p. 25). Este é o caso dos gastos dos departamentos da fábrica. Como são custos, serão acumulados na conta “Estoques”, até que o produto seja vendido. 42 ORÇAMENTO EMPRESARIAL Encontrando o custo de produção no exemplo Encontraremos o custo de produção pela soma do custo de materiais diretos, ou matéria- -prima (MP), do custo de mão de obra direta e dos custos indiretos de produção. Custo de matéria-prima O preço da matéria-prima é constante para fins de nosso exemplo, é quantificado pela quantidade consumida no mês. O preço de custo, usado nesta quantificação, é sem ICMS (alíquota de 20%), pois assim como a entrada na conta “Estoques” se dá sem ICMS, a saída também deverá ocorrer nas mesmas bases. Quadro 9 – Custo da Matéria-Prima Orçada JANEIRO FEVEREIRO PREÇO DE CUSTO ($) PREÇO DE CUSTO S/ ICMS ($) CONSUMO MP (QUANTIDADE) CUSTO MP (S/ ICMS) ($) CONSUMO MP (QUANTIDADE) CUSTO MP (S/ ICMS) ($) PRODUTO M MP1 1,50 1,20 26.000 31.200 22.000 26.400 MP2 2,50 2,00 13.000 26.000 11.000 22.000 Total 57.200 48.400 PRODUTO G MP3 2,00 1,60 9.000 14.400 10.000 16.000 MP4 3,50 2,80 18.000 50.400 20.000 56.000 Total 64.800 72.000 Total M+G 122.000 120.400 Fonte: Elaborado pelos autores, 2018. O custo de mão de obra Os gastos da parte da folha de pagamentos das empresas (salários, encargos, 13º salário, férias e benefícios) relacionados com empregados que trabalham na parte da produção / fábrica, são tratados como custo. Os custos de mão de obra direta referem-se aos gastos com profissionais cujo trabalho é identificável por produto (por exemplo: manuseiam os 43CAPÍTULO 2 produtos/tem contato físico com o produto). Os custos de mão de obra indireta, serão alo- cados junto aos custos indiretos de fabricação (LINS; SILVA, 2005). Ao tratarmos do custo de mão de obra direta, estamos falando de um custo direto/variável e, portanto, também está atrelado aos orçamentos de produção. Assim, tem sua base quan- titativa – número de funcionários por centro de custo e número de horas trabalhadas. Já empresas que adotam o orçamento por atividades (ABC – Activity Based Costs), providenciam, também, os direcionadores de custos. No nosso exemplo, os quadros apresentados, a seguir, sintetizam o que seria o custo de mão de obra direta resultante da soma de todos os departamentos produtivos, pois esses custos são plenamente identificáveis. Quadro 10 – Custo de Mão de Obra Direta Orçada JANEIRO FEVEREIRO PRODUTO M PRODUTO G TOTAL MÊS PRODUTO M PRODUTO G TOTAL MÊS Salários $ 40.000 $ 60.000 $ 100.000 $ 42.000 $ 63.000 $ 105.000 Obrigações Trabalhistas $ 9.200 $ 13.800 $ 23.000 $ 10.000 $ 15.000 $ 25.000 INSS e FGTS $ 11.200 $ 16.800 $ 28.000 $ 12.000 $ 18.000 $ 30.000 Benefícios $ 7.600 $ 11.400 $ 19.000 $ 8.000 $ 12.000 $ 20.000 Mão de Obra Direta $ 68.000 $ 102.000 $ 170.000