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Psicologia do Trabalho Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Gisele L. Fernandes Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Cultura e Clima Organizacional • Introdução • Mudança e Revaloração da Cultura Organizacional • Clima Organizacional • Pesquisa de Clima Organizacional · Distinguir as características da cultura e do clima organizacional. · Pretende-se ainda que reconheça a possibilidade e as dificuldades na mudança e na revaloração da cultura organizacional, além dos fatores que influenciam o clima organizacional. OBJETIVO DE APRENDIZADO Cultura e Clima Organizacional Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Cultura e Clima Organizacional Introdução Robbins define Cultura Organizacional como “um sistema de valores comparti- lhado pelos membros que diferencia uma organização das demais” (2005, p. 375) e Johann complementa a definição ao afirmar que a Cultura Organizacional é o “compartilhamento de costumes, crenças, ideias preestabelecidas, regras e tabus que se cristalizam na forma de modelos mentais que fornecem um modo de enca- rar, interpretar e se adaptar ao mundo” (2006, p. 22). Mais do que um sistema de valores, costumes, crenças e ideias compartilhadas, a Cultura Organizacional, de acordo com Johan, confere identidade à organização, uma vez que essa é única. Mas, como identificar a cultura de uma empresa? Dois enfoques podem contribuir para que detalhes da Cultura Organizacional se- jam identificados: um se refere ao que é denominado cultura material e o outro, cultu- ra não material. O Quadro 1 apresenta a síntese da distinção entre os dois enfoques. Quadro 1 – Cultura material e cultura não material Cultura Material Cultura não material Elementos comportamentais Personalidade coletiva da organização. Fonte: elaborada pela autora A cultura material refere-se aos elementos comportamentais, ou seja, aqueles que ajudam a materializar a cultura. Esses elementos estão presentes nos móveis, na distribuição dos espaços, em como as pessoas se vestem e, até mesmo, na estrutura do prédio. A comparação entre o tamanho e o estilo da sala do chefe e dos demais fun- cionários pode nos dar boas dicas sobre os elementos materiais da cultura de uma organização. No refeitório, há divisões de espaço entre os funcionários operacionais e os da diretoria ou não, todos se reúnem de forma igual no mesmo espaço? Na resposta, pode-se encontrar uma dica de como é a cultura dessa organização, e a forma como as pessoas se vestem também nos fornece informações sobre a empresa. Já a cultura não material se refere à personalidade da organização, ou seja, como as pessoas se relacionam com seus pares, subordinados ou superiores, como planejam o desenvolvimento de carreira ou, ainda, como tomam decisões. Em relação ao segundo enfoque, cultura não material, um bom indício pode ser avaliar como é o tratamento entre os funcionários da empresa. Há diferenciação no tratamento de acordo com o nível hierárquico? O gestor cumprimenta todos os funcionários ou é do tipo que sequer diz “bom dia”? Enfim, a Cultura Organizacional está nos detalhes. É importante que o gestor preste atenção aos detalhes e vá registrando suas percepções para assim poder descrever a cultura da empresa. 8 9 Você consegue descrever detalhes da Cultura Organizacional da empresa na qual trabalha ou trabalhou?Ex pl or Outros fatores que merecem destaques quando se fala de Cultura Organizacional estão relacionados à sua força. Uma cultura densa é aquela em que há alto grau de valores, crenças e costumes compartilhados entre os colaboradores da organização, resultando, assim, em pouca discórdia ou falta de clareza. Há associação direta entre valores, crenças e costumes e as decisões e ações adotadas na empresa. Contudo, em uma cultura organizacional fraca, é comum que várias subculturas se constituam, fragmentando a cultura central. Quando subculturas começam a surgir, podem gerar, inclusive, o que se denomi- na contracultura, ou seja, grupos ou subgrupos que rejeitam a cultura da organiza- ção. Ainda que dificilmente os subgrupos mostrem-se escancaradamente, mantêm resistência ou mesmo boicote à Cultura Organizacional. A importância da Cultura Organiza- cional é que ela está diretamente vincula- da ao sucesso ou ao fracasso de uma or- ganização. A cultura pode agir de forma favorável para o êxito da organização e seu bom desempenho, mas pode, tam- bém, levá-la ao fracasso total, inclusive à falência. Um exemplo de sucesso organizacio- nal, citado por Robbins (2005, p.) é o da empresa Bubba Gump Shrimp Co.: o au- tor ressalta que a alta rotatividade é bas- tante comum no setor de restaurantes, mas a Bubba Gump não perdeu nenhum de seus gerentes durante o ano de 2002, fato atribuído por seu presidente à sua forte cultura organizacional. Destaca-se que a Cultura Organizacional é conside- rada desde a seleção dos colaboradores. Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images Por outro lado, um exemplo de fracasso devido à Cultura Organizacional ocorreu numa empresa do ramo alimentício: a empresa, com cultura fortemente familiar, manteve durante muitos anos em seu quadro de gerentes e supervisores pessoas que não procuravam qualquer tipo de qualificação. Mantendo salários acima do mercado e profissionais desqualificados, acabou entrando em Concordata. Embora o nome da empresa não seja revelado aqui, trata-se de exemplo real. 9 UNIDADE Cultura e Clima Organizacional Divulgar e fortalecer a cultura de uma empresa é também papel da Gestão de Recursos Humanos. Os cuidados com questões referentes à Cultura Organizacional devem ser adotados desde os processos de recrutamento e seleção. Cabe ao gestor, portanto, buscar pessoas que tenham o “jeitão” da empresa, vindo a fortalecer a Cultura Organizacional, ou caso a intenção seja mudar a Cultura Organizacional, o que veremos mais adiante, cabe também ao gestor selecionar pessoas que possam contribuir para este plano de mudança organizacional. Processos de integração de novos funcionários também podem ser poderosos na divulgação da Cultura Organizacional. Muitas empresas adotam ações de endomarketing divulgando suas crenças,valores e costumes por meio da intranet, de murais, de eventos internos e de concursos, entre outros. Fortalecer a cultura organizacional é muito importante, uma vez que evita que subgrupos sejam constituídos. Endomarketing: Refere-se ao marketing institucional, aquele voltado para as ações inter- nas da empresa.Ex pl or Embora ações de fortalecimento da cultura organizacional sejam importantes e devam ser partilhados por todas as áreas, algumas vezes serão necessárias ações opostas, buscando mudar a Cultura Organizacional. Contudo, esta mudança não é uma tarefa fácil. Mudança e Revaloração da Cultura Organizacional A mudança da Cultura Organizacional não é algo simples ou natural. Robbins (2005) afirma inclusive que se trata de um processo tão longo, que deve ser medido em anos e não em meses, mas que a despeito das dificuldades, as culturas podem ser mudadas. Um caso de sucesso na mudança de Cultural Organizacional é o da empresa IBM: após uma crise nunca antes vivida pela empresa, seus dirigentes passaram a propostas de mudanças organizacionais, desde o início da década de 1990. O ano de 1991 foi o primeiro em que, desde 1946, a IBM não havia crescido, ao contrário, suas vendas caíram 5% no período. Empresa detentora de uma cultura bastante forte e enraizada, fez com que a IBM revisse, entre outros aspectos, a cultura organizacional (VASCONCELOS, 1993). A criação de uma proposta oficial de mudança, a chamada “Nova IBM”, fez com que a companhia incorporasse novos hábitos e valores. O reconhecimento 10 11 do fato de ser uma empresa “fechada em si própria”, com problemas internos cristalizados e resistente à mudança, corroborou para a assunção e reconhecimento da necessidade de buscar contínuo aprendizado, desenvolver novas habilidades e conhecimento e, especialmente, criar valores para seus clientes. A difusão da cultura organizacional na IBM é feita por meio de ações de endo- marketing, como já apontado como uma estratégia eficaz, bem como da criação de prêmios e de símbolos de qualidade. Ainda que as mudanças da cultura da IBM seja um exemplo de sucesso, como já dito, esse processo não é simples. A mudança pode estar no discurso, e mesmo nas intenções, como explica Johann, mas na maioria das corporações essas mudanças se arrastam “penosamente, pois exige que as pessoas saiam dos seus casulos, absorvam as novas ideias, exponham-se, comprometam-se, entrem em ação” (JOHANN, 2006, p. 102). Nesse sentido o “manter e mudar” é considerado por alguns estudiosos, entre eles Johann, como o mais viável e menos doloroso. O autor afirma que a troca do “ou” – manter ou mudar – pelo “e” – manter e mudar –, a chamada revaloração da cultura, permite desempenhos mais significativos. A revaloração significa revitalizar as organizações por meio do manter e mudar sua cultura. Johann afirma que revalorar a cultura de uma organização significa trabalhar em duas dimensões: ressignificação dos valores culturais; e obsolescência planejada de valores culturais, ou seja, o gestor deve trabalhar com valores antigos a partir de uma nova ótica, resignificando-os, e, ao mesmo tempo, trabalhar no convencimento coletivo de que determinados valores já não são mais modernos. Quer mudança quer revalorização da cultura organizacional, é evidente que desfazer crenças e certezas não é algo fácil. Embora, muitas vezes a mudança seja inevitável e muito necessária, mudanças ou revaloração da cultura organizacional deve ser planejada e preparada, ou resultará em fragmentação da cultura, gerando diversos subgrupos. Um modelo conceitual de mudança ou revaloração da cultura organizacional deve contemplar as seguintes fases: sensibilização; diagnóstico/formação dos modelos sociais; ativação dos mecanismos de revalorização; e modelagem da nova cultura. A primeira fase – sensibilização – deve focar alta gestão, pois esses é que contribuirão para a sensibilização dos demais colaboradores. Se a alta gestão não incorporar a necessidade de modificação da cultura organizacional, dificilmente os demais a assumirão como necessária. Vale o investimento em workshops e seminários de formação de gestores multiplicadores da nova cultura organizacional. A fase dois – Diagnóstico – deve também partir da alta gestão, realizado por meio da coleta de informações que servirá de base para a complementação de informações em uma pesquisa-ação com os demais colaboradores. A pesquisa- ação se dará por meio de fóruns e debates seguidos de análise dos dados. 11 UNIDADE Cultura e Clima Organizacional A terceira fase – a ativação dos mecanismos de revaloração – feita por meio de endomarketing focando aspectos relacionados aos chamados valores simbólicos, tais como: história, visão e valores da empresa, jargão compartilhado, ambiente físico e artefatos, tabus, entre outros. Robbins (2005) lista também algumas ações gerenciais que podem favorecer a mudança organizacional. São elas: histórias e rituais novos, critérios de seleção e de promoção que beneficiem aqueles que compartilham os novos valores, o sistema de recompensa deve ser modificado de forma a também refletir os novos valores e as subculturas devem ser desmobilizadas, ainda que demissões sejam necessárias. Por fim, a última fase – modelagem da nova cultura – que visa fortalecer e man- ter as mudanças na cultura organizacional. De todo modo, como destaca Johan, a gestão dos chamados valores simbólicos requer “um carácter educativo”, visto que está muito além de “treinar pessoas para que adquiram as competências exigidas pelos novos valores adjacentes”, mas sim em fazê-las internalizar tais mudanças, incorporando-as. Clima Organizacional Se a Cultura Organizacional é definida como “um sistema de valores compar- tilhado pelos membros que diferencia uma organização das demais” (ROBBINS, 2005, p. 375) ou como o “compartilhamento de costumes, crenças, ideias prees- tabelecidas, regras e tabus que se cristalizam na forma de modelos mentais que for- necem um modo de encarar, interpretar e se adaptar ao mundo” (JOHANN, 2006, p. 22), o Clima Organizacional “diz respeito ao que as pessoas acham que existe e que está acontecendo no ambiente da organização em determinado momento (...) a caracterização da imagem que essas pessoas têm dos principais aspectos ou tra- ços vigentes na organização” (CODA, 1998, p. 6) ou a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e que influencia o seu comportamento (CHIAVENATO, 2008). O Clima Organizacional está relacionado à atmosfera psicológica da organiza- ção, o que influencia nossa percepção acerca da empresa e, consequentemente, interfere em nosso desempenho. Quando o funcionário percebe a empresa como um local de clima agradável e ameno, tende a trabalhar melhor e mais motivado. Mas se o ambiente organizacional for denso e hostil, interferirá negativamente no desempenho das pessoas, bem como nos relacionamentos na empresa, ou seja, o Clima Organizacional reflete diretamente no Comportamento Organizacional e a eficiência da Organização está diretamente relacionada a ambos. Além do comportamento organizacional, o clima organizacional pode inclusive interferir na atração e retenção de novos talentos, ou seja, o clima organizacional, 12 13 embora uma atmosfera psicológica, interferirá na imagem da organização no mercado de recursos humanos. “O clima organizacional é favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantes, produzindo elevação do moral interno. É desfavorável quando proporciona frustração daquelas necessi- dades” (CHIAVENATO). Daí a importância de o gestor entender muito bem o funcionamento do Clima Organizacional e, neste sentido, a Pesquisa de Clima Organizacional passa a ser uma importante ferramenta de gestão. Pesquisa de Clima Organizacional O Clima Organizacional sofre influência de diversos fatores dentro de uma Or- ganização. Entender estes fatores e conseguiridentificá-los no ambiente organiza- cional é essencial para manter o bom andamento da Organização. São dimensões do Clima Organizacional: • clareza organizacional: entendimento dos objetivos da organização e da estrutura hierárquica, de forma clara e racional; • ritmo de trabalho e desempenho: julgamento do grau mínimo e máximo de aceitação de desempenho, envolvendo padrões de qualidade, recursos, esforços e dedicação; • motivação: pré-disposição para realizar as tarefas, encarar desafios e oportu- nidades; • desenvolvimento profissional: análise da possibilidade de crescimento na organização; • normas e valores da empresa: aceitação das normas embasadas na disciplina e em suas interferências no serviço; • recompensa: avaliação da remuneração total compatível ao mercado; • segurança e estabilidade: julgamento quanto ao vínculo empregatício e à permanência na empresa; • liderança: grau de avaliação da relação superior e subordinado; • respeito profissional: julgamento da autonomia e respeito concedidos ao colaborador na exposição de ideias; • relacionamento: identificação e/ou empatia dos funcionários enquanto grupo; • tomada de decisão: análise das ações das chefias para deliberar, autorizar e aprovar medidas; • respeito à empresa e orgulho: admiração e identificação com a empresa e sua imagem, bem como apoio e consideração desta pelos funcionários; 13 UNIDADE Cultura e Clima Organizacional • local de trabalho: análise da adequação e adaptação do funcionário quanto ao espaço físico de trabalho, quanto à infraestrutura da empresa. Certamente, não estão listadas aqui todas as dimensões do Clima Organizacional, mas a análise destas dimensões nos possibilita entender bem como elas influenciam a atmosfera psicológica da Organização. Existem diversos sites nos quais você pode ter acesso a modelos de questionários pes- quisa de clima. Os questionários podem ser aplicados por meio de formulário impresso ou eletrônico. Isso dependerá da realidade da organização. Faça uma busca! A partir dos mo- delos encontrados, você poderá desenvolver um formulário de pesquisa de clima organiza- cional, adequando a realidade da empresa que deseja avaliar. Ex pl or Normalmente feita de forma a garantir a confiden- cialidade ao respondente, a pesquisa de clima organiza- cional permite ao gestor mapear e mensurar o nível de satisfação dos funcionários acerca das dimensões que a empresa deseja avaliar, identificando fatores críticos da motivação dos colaboradores da empresa. Não existe um modelo ideal de formulário de pesquisa de clima orga- nizacional. O formulário deve atender a necessi- dade da organização. O resultado da pesquisa deve servir para guiar as ações da empresa de forma a favorecer o Clima Organizacional e, consequentemente, o desenvolvimento da empresa. Vamos a um exemplo! Imagine uma empresa na qual os funcionários reconhecem que há bom relacio- namento interpessoal, liderança confiável e justa, além de estabilidade profissional. Podemos dizer que há um Clima Organizacional positivo nessa empresa. Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images 14 15 Por outro lado, pense agora que os funcionários reconhecem que a remuneração na organização não é justa e nem há capacidade para desenvolvimento. Embora em alguns fatores o clima seja bastante agradável, a falta de perspectivas de desenvolvimento e de remuneração, sem dúvida, prejudica a percepção do que é a empresa. E, sendo assim, pouco a pouco estes pontos negativos ficarão mais evidentes, prejudicando o clima organizacional e, possivelmente, haverá maior rotatividade de funcionários ou aqueles que permanecerem estarão frustrados. Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images A pesquisa de Clima Organizacional, quando feita com periodicidade, permite aos gestores identificarem quais fatores estão sendo bem avaliados, mas, princi- palmente, quais fatores estão sendo percebidos como insatisfatórios. Estes dados permitem que medidas sejam adotadas a fim de evitar desmotivação. No exemplo citado, caso a empresa pudesse perceber que fatores como remuneração e desenvolvimento profissional estavam sendo avaliados como fatores de insatisfação pelos funcionários, os gestores poderiam planejar e implantar ações para evitar que a desmotivação se propagasse. Não necessariamente precisariam aumentar o salário de todos os funcionários, até porque tal medida possivelmente prejudicaria a saúde econômica da empresa, mas poderiam promover ações que permitissem aos funcionários perceber a possibilidade de desenvolvimento profissional e de evolução na empresa que, se forem reais, já poderiam beneficiar o Clima Organizacional. A pesquisa de Clima Organizacional é, sem dúvida, uma grande ferramenta estratégica da Organização, mas pior do que não a realizar, é satisfazer a pesquisa e, frente ao resultado, não efetivar nenhuma ação de melhoria. Quando pedimos para alguém realizar uma avaliação qualquer e a pessoa se predispõe a responder, o que é o caso da pesquisa de Clima Organizacional, cria-se expectativa no colaborador em relação ao resultado daquilo que foi apresentado. 15 UNIDADE Cultura e Clima Organizacional Os colaboradores esperam, então, que sejam adotadas medidas para melhorar aquilo que apontaram como motivo de descontentamento. E se nenhuma medida for tomada, maior frustração será gerada. Há empresas que ano após ano realizam pesquisa de Clima Organizacional apenas pró-forma, e não adotam nenhuma ação, o que faz com que as pessoas se envolvam cada vez menos no processo de avaliação, tornando o resultado completamente inválido. Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images Ou seja, se você como gestor decidir fazer uma pesquisa de Clima Organizacional, faça-a sabendo que, diante do resultado, ações deverão ser tomadas. Como se mencionou, a ideia não é resolver todos os problemas, até porque nem sempre isso é possível, mas traçar metas de melhoria e agir em prol de conquistá-las. Você já respondeu alguma pesquisa de Clima Organizacional ou conhece alguém que já a tenha feito? Você sabe dizer como foram trabalhados os resultados obtidos na pesquisa?Ex pl or Filmes como “Vida de Inseto” e “Monstros S.A.” apresentam culturas e climas organizacionais bem distintos. Assista a cada um deles, buscando identificar quais as características marcantes da Cultura Organizacional de cada uma destas “empresas”, bem como de seus climas. “Vida de inseto” Estados Unidos, 1998, e “Monstros S.A.” Estados Unidos, 2001 Ex pl or Enfim, uma cultura organizacional sadia e um clima organizacional agradável contribui para o desenvolvimento da organização à medida que resulta em melhor desempenho, retenção de talentos e aumento de produtividade. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Cultura Organizacional e Liderança: Uma Relação Possível? BARRETO, LEILIANE Michelle Trindade a Silva; KISHORE, Angeli; REIS, Germano Glufke; BAPTISTA; Luciene Lopes; e MEDEIROS, Carlos Alberto Freire. (2012). Cultura organizacional e liderança: uma relação possível? Revista de Administração. São Paulo. Vol. 48. Nº 1, p. 34-52. https://goo.gl/rgVpOl O Impacto do Clima Organizacional na Produtividade: Um Estudo de Caso numa Agência Bancária CAMPOS, Frederico Augusto Ferreira Goduardo; e SOUZA, Maria Alves de Souza. (2011). O impacto do clima organizacional na produtividade: um estudo de caso numa agência bancária. Revista científica do Departamento de Ciências Jurídicas, Políticas e Gerenciais do Uni-BH. Vol. IV. Nº 1. Jul. 2011. https://goo.gl/pHO1Bw Cultura Organizacional Brasileira Pós-Globalização: Global ou Local? CHU, Rebeca Alves; e WOOD JÚNIOR, Thomaz. (2008). Cultura organizacional bra- sileira pós-globalização: global ou local? Rev. Adm. Pública v.42 n.5 Rio de Janeiro set./out. 2008. https://goo.gl/Aecikw As Carreiras Inteligentes e sua Percepção pelo Clima Organizacional DUTRA, Joel Souza; VELOSO, Elza Fátima Rosa; FISCHER, André Luiz; e NAKATO, Lina Eiko.(2009). As carreiras inteligentes e sua percepção pelo clima organizacional. Revista Brasileira de Orientação Profissional. Vol. 10. Nº 1. São Paulo, jun. 2009. https://goo.gl/XzqJDe IBM: O Desafio da Mudança VASCONCELOS, Isabella Francisca Freitas Gouveia de. (1993). IBM: o desafio da mudança. Revista de Administração de Empresas. EAESP. FGV. São Paulo. https://goo.gl/twzYbu 17 UNIDADE Cultura e Clima Organizacional Referências CODA, R. (1998). Como está o Clima? In Fascículo n. 15, Programa de Profis- sionalização do Banco do Brasil. Brasília CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. JOHANN, Silvio Luiz. (2006). Gestão da cultura corporativa: como as organiza- ções de alto desempenho gerencial sua cultura organizacional. São Paulo: Saraiva. ROBBINS, Strephen P. (2005). Comportamento Organizacional. 11º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. VASCONCELOS, Isabella Francisca Freitas Gouveia de. (1993). IBM: o desafio da mudança. Revista de Administração de Empresas. EAESP. FGV. São Pau- lo. Disponível on-line em: http://www.scielo.br/pdf/rae/v33n3/a08v33n3.pdf, acessado em março de 2017. 18