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- Apresentação Disciplina, Bibliografia e Métodos de Avaliação - Origem e Formação dos Solos e Índices Físicos Professor: Giuliano BordinTrindade São José dos Campos, 06 de Outubro de 2016 Mecânica dos Solos Aula 01 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” Definições do Curso: Pendentes para Validação com Alunos Cronograma: Geral e Reposição de Aulas (?) Aula 01: Teórica (06/10/2016) Origem e Formação dos Solos Índices Físicos Aula 01: Prática (07/10/2016) Verificar Grupos (até 4 pessoas) e Turmas A e B (~20 alunos por turma) Descrição e Armazenamento das Amostras Determinação dos Índices Físicos Conteúdo 2 CAPUTO, H. P. Mecânica dos Solos e suas aplicações. 6ª. Ed., Rio de Janeiro, LTC Editora, 1998. PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos. 2ª. Ed. São Paulo, Oficina de Textos, 2002. VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos solos. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil EDUSP, 1978 OLIVEIRA, A. M ; BRITO, S. N. A. Geologia de Engenharia. São Paulo, Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1998. Bibliografia 3 Duas avaliações escritas e relatório das aulas de laboratório Média Final: 20% Nrelatório + 80% M provas escritas Nrelatório = média (relatório 1; relatório 2; relatório n...) M provas escritas = (2x Prova 1 + 3x Prova 2)/5 Critérios de Avaliação 4 O que é Solo? Segundo Vargas (1977), “Solo” é todo material da crosta terrestre que pode ser escavado por meio de ferramentas e que, além disso, desagrega perante longa exposição à água. O que é Rocha? Também segundo Vargas (1977), “Rocha” é todo material que necessita de explosivos para o seu desmonte. O que é a Mecânica dos Solos? “...é a aplicação das leis da mecânica e da hidráulica aos problemas de engenharia relacionados com os sedimentos e outros depósitos não consolidados de partículas sólidas produzidas pela desintegração mecânica ou química das rochas, prescindindo do fato de conterem ou não elementos constituídos por substâncias orgânicas.” (Terzaghi, TheoreticalSoil Mechanics, 1942). Objetivo da Mecânica dos Solos? “... substituir, por métodos científicos, os métodos empíricos de projeto, aplicados no passado, na engenharia de fundações e obras de terra.” (Caputo, 1967). Origem e Formação dos Solos 5 ORIGEM DOS SOLOS Resultam do intemperismo ou meteorização das rochas, por dois mecanismos: desintegração mecânica ou decomposição química. Em geral, esses processos ocorrem simultaneamente, sendo que em determinados locais ou condições climáticas, um pode ter predominância sobre o outro. 1. Por desintegração mecânica: através de agentes como água, temperatura, vegetação e vento, formam-se pedregulhos e areias (solos de partículas grossas), siltes (intermediárias) e em condições especiais apenas, as argilas. 2. Por decomposição química: processo onde há modificação química ou mineralógica das rochas de origem, sendo o principal agente a água e os mais importantes mecanismos de ataque a oxidação, hidratação, carbonatação e efeitos químicos da vegetação. Argilas apresentam o último produto do processo de decomposição. Origem e Formação dos Solos 6 Solo apresenta-se como uma ‘função’ da rochamáter e dos diferentes agentes de alteração. Solos que mantém uma nítida macroestrutura herdada da rocha de origem são designados como solos saprolíticos. Solos que, por sua vez, apresentam aglomerações de partículas envoltas por deposições de sais de ferro ou alumínio, decorrentes da laterização*, são designados solos lateríticos. A maior ou menor concentração de cada tipo de partícula num solo depende da composição química da rocha que lhe deu origem. Origem e Formação dos Solos 7 TIPOS MAIS COMUNS DE SOLOS Solos Residuais: são os que permanecem no local da rocha de origem, observando-se uma gradual transição do solo até a rocha (ex: lateríticos, expansivos, porosos também chamados de ‘colapsíveis’). Solos Sedimentares: são os que sofrem a ação de agentes transportadores, podendo ser aluvionares, eólicos, coluvionares (gravidade) e glaciares. Solos Orgânicos: são os de origem essencialmente orgânica, seja de natureza vegetal (plantas, raízes), seja animal (conchas). Origem e Formação dos Solos 8 CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS SOLOS BRASILEIROS Estado de SP: “terra roxa”, solo laterítico, de cor marrom- avermelhada, de grande importância para cultura do café. Recôncavo Baiano: “massapê”, solo residual não laterítico, de cor escura, muito fértil, apresentando comportamento geotécnico peculiar. (solo expansivo, exemplo da montmorilonita). Trabalho da ABGE: Geologia de Engenharia (1998): livro de consulta com caracterização do estágio atual da geologia de engenharia brasileira. Origem e Formação dos Solos 9 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DOS SOLOS Os minerais encontrados nos solos são os mesmos das rochas de origem (minerais primários), além de outros que se formam na decomposição (minerais secundários). Principais minerais componentes dos solos grossos: o Silicatos: feldspato, mica, quartzo, serpentina, clorita, talco; o Óxidos: hematita, magnetita, limonita; o Carbonatos: calcita, dolomita; o Sulfatos: gesso, anidrita. Principais componentes dos solos finos: o Sílica (SiO2), em forma coloidal, e sesquióxidos metálicos da forma geral R2O3, onde R se refere a Al e Fe. * Razão de seisquióxidos (em peso): SiO2/R2O3 = SiO2/(Al2O3+Fe2O3), varia de 1,33 a 2,0 para solos lateríticos e é maior que 2,0 para os não leteríticos. Origem e Formação dos Solos 10 MINERAIS ARGÍLICOS Argilas são constituídas de pequeníssimos minerais cristalinos, chamados minerais argílicos. Compõem-se do agrupamento de duas unidades cristalográficas fundamentais: o Configuração tetraedro (Figura 1), formado por um átomo de silício equidistante de quatro de oxigênio. o Configuração octaedro (Figura 2), com um átomo de alumínio no centro envolvido por seis de oxigênio, ou grupos de oxidrilas OH. Figura 1 (Fonte: Caputo,2015) Figura 2 (Fonte: Caputo,2015) Origem e Formação dos Solos 11 A associação entre si desses elementos forma diversas espécies de minerais argílicos, dentre os quais se distinguem três grupos principais: Caulinitas: formadas por unidades de silício e alumínio que se unem alternadamente, conferindo-lhes uma estrutura rígida (Figura 3). Com isso, as caulinitas são relativamente estáveis em presença de água. Fórmula: H4Al2Si2O9 ou Al2O3 • 2SiO2 • 2H20 Origem e Formação dos Solos 12 Figura 3: Estrutura de uma camada de caulinita: (a) atômica, (b) Simbólica. Fonte: Pinto, 2003. Montmorilonitas: estruturalmente formadas por uma unidade de alumínio entre duas unidades de silício (Figura 4). A ligação entre essas unidades, por não ser suficientemente firme para impedir a passagem de moléculas de água, torna essas argilas muito expansivas e instáveis em presença de água. Fórmula: [(OH)4Si8Al4O20nH2O)](a) (b) Origem e Formação dos Solos 13 Figura 4: Estrutura de uma camada de montmorilonita: (a) atômica, (b) Simbólica. Fonte: Caputo, 2015. Ilitas: estruturalmente análogas às montorilonitas, porém menos expansivas. Em sua formula química, ‘y’ é geralmente 1,5. Para micas, 2,0. Fórmula: [(OH)4Ky(Si8-y • Aly)(Al4Fe4Mg4Mg6)O20] Origem e Formação dos Solos 14 Figura 5: Estrutura simbólica de minerais com camadas 2:1: (a) esmectita com duas camadas de moléculas de água, (b) ilita. Fonte: Pinto, 2003. Origem e Formação dos Solos 15 Tamanho das partículas (valores adotados pela ABNT) Tabela 1 - Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos (modificado de Pinto, 2003). • Diferente da ABNT, a separação entre as frações silte e areia é frequentemente tomada como 0,075 mm, correspondente à abertura da peneira n° 200, que é a mais fina peneira correntemente usada nos laboratórios. • O conjunto de silte e argila é denominado como a fração de finos do solo, enquanto o conjunto areia e pedregulho é denominado fração grossa ou grosseira do solo.• Por outro lado, a fração argila é considerada, com frequência, como a fração abaixo do diâmetro de 0,002 mm, que corresponde ao tamanho mais próximo das partículas de constituição mineralógica dos minerais-argila. Fração grossa do solo Fração de finos do solo FIGURA 6 - Exemplo de curva de distribuição granulométrica do solo (Pinto, 2003) Origem e Formação dos Solos 16 “Existem grãos de areia com dimensões de 1 a 2 mm, e existem partículas de argila com espessura da ordem de 10 Angstrons (0,000001 mm). Isto significa que, se uma partícula de argila fosse ampliada de forma a ficar com o tamanho de uma folha de papel, o grão de areia acima citado ficaria com diâmetros da ordem de 100 a 200 m.” (Pinto, 2003). FIGURA 7 - Curvas granulométricas de alguns solos brasileiros (Pinto, 2003) Origem e Formação dos Solos 17 Superfície Específica Pode ser definida como “a superfície total de um conjunto de partículas dividida pelo seu peso” (Pinto, 2003). Caputo (1969), define como “A soma das superfícies de todas as partículas contidas na unidade de volume (ou peso) do solo.” Exemplificando: Imagine um cubo de pedregulho aresta igual a 1 cm. Sua área, portanto, é de 6 cm2, e seu volume de 1 cm3. Agora imagine um conjunto de cubos com arestas de 0,05 mm (siltes), sua área seria 125 cm2 para cada cm3 de volume (ou 125 cm²/cm³). Fazendo esta analogia agora com uma superfície esférica, chegaríamos à mesma lógica, que seria: quanto mais fino for o solo, maior será a sua superfície específica. Origem e Formação dos Solos 18 Certos tipos de argilas chegam a apresentar 300 m2de área por cm3 (1 cm3 ésuficiente para cobrir uma sala de aula!). Por que isto é importante? Algumas conclusões: A diferença de superfície específica é uma indicação da diferença de comportamento entre solos com distintos minerais-argila, principalmente no que diz respeito à sua estrutura e comportamento perante à água (retenção ou não, expansão, etc.). Exemplos: Caulinita 10m²/g ; Ilita 80m²/g ; Montmorilonita 800m²/g. Para a mesma porcentagem de fração argila, o solo pode ter comportamento muito diferente, dependendo das características dos minerais presentes. Todos esses fatores interferem no comportamento do solo. Origem e Formação dos Solos 19 Origem e Formação dos Solos 20 Exercício 1.1 Calcule a superfície específica dos seguintes sistemas de partículas, expressando-as em m2/g. Admita que a massa específica das partículas seja de 2,65 g/cm3: (a) areia fina: cubos com 0,1 mm de aresta; (b) silte: esferas com 0,01 mm de diâmetro; (c) argila caulinita: placas em forma de prismas quadrados com 1μ de aresta e 0,1μ de altura; (d) argila esmectita: placas em forma de prismas quadrados com 0,1μ de aresta e 0,001μ de altura. Solução: Os cálculos estão na tabela abaixo: Origem e Formação dos Solos 21 Exercício 1.2 Considerando que uma molécula de água tem cerca de 2,5 Å (= 2,5 × 10-8 cm) e que, envolvendo as partículas, a camada de água tem pelo menos a espessura de 2 moléculas, portanto 5 Å, estime a umidade de solos constituídos de grãos como os referidos no Exercício 1.1, quando eles estiverem envoltos por uma película de água de 5 Å. Que conclusões vc pode tirar a partir dos resultados? Solução: Multiplicando-se a superfície específica pela espessura da película de água, tem-se o volume de água. Para o caso da areia fina, 1 g de solo será envolvido por 230 × 5 × 10-8 = 1,15 × 10-5 cm3 de água. A massa dessa água é de 1,15 × 10-5 g. Sendo de 1 g a massa do solo, a umidade é de 0,00115%. Análise semelhante para os outros solos dão os seguintes resultados: - silte: w = 0,0113%; - argila caulinita: w = 0,38%; e - argila esmectida: w = 38%. Conclusões? A “finura” (ou tamanho!) das partículas é importante no relacionamento com a água. Índices Físicos 22 FIGURA 8: As fases no solo: (a) no estado natural, (b) separada em volume (Pinto, 2003). 1) Teor de Umidade – Relação entre o peso da água e o peso dos sólidos. Os teores de umidade dependem do tipo de solo e situam-se geralmente entre 10 e 40%, podendo ocorrer valores muito baixos (solos secos) ou muito altos (150% ou mais). – DETERMINADO DIRETAMENTE EM LABORATÓRIO PARTIR DA AMOSTRA DE SOLO. Índices Físicos 23 2) Índice de vazios – Relação entre o volume de vazios e o volume das partículas sólidas. Costuma se situar entre 0,5 e 1,5, mas argilas orgânicas podem ocorrer com índices de vazios superiores a 3 (volume de vazios, no caso com água, superior a 3 vezes o volume de partículas sólidas). 3) Porosidade – Relação entre o volume de vazios e o volume total. Indica a mesma coisa que o índice de vazios. Valores geralmente entre 30 e 70%. 4) Grau de Saturação – Relação entre o volume de água e o volume de vazios. Varia de zero (solo seco) a 100% (solo saturado). Índices Físicos 24 5) Peso específico dos sólidos (ou dos grãos) – É uma característica dos sólidos. Relação entre o peso das partículas sólidas e o seu volume. É expresso pelo símbolo γs e determinado diretamente em laboratório para cada solo (Método do Picnômetro). Varia pouco de solo para solo e os valores situam-se em torno de 27 kN/m3 . FIGURA 9 Esquema da determinação do volume dos sólidos pelo peso de água deslocada, no ensaio de peso específico dos grãos (Pinto, 2003). Índices Físicos 25 6) Peso específico da água – Embora varie um pouco com a temperatura, adota-se sempre como igual a 10 kN/m3, a não ser em certos procedimentos de laboratório. É expresso pelo símbolo γw. 7) Peso específico natural – Relação entre o peso total do solo e seu volume total. A expressão “peso específico natural” é, algumas vezes, substituída por “peso específico” do solo. No caso de compactação do solo, o peso específico natural é denominado peso específico úmido. DETERMINADO DIRETAMENTE EM LABORATÓRIO. Situa-se em torno de 19 a 20 kN/m3 . 8) Peso específico aparente seco – Relação entre o peso dos sólidos e o volume total. Corresponde ao peso específico que o solo teria se ficasse seco, se isso pudesse ocorrer sem variação de volume. Situa-se entre 13 e 19 kN/m3 (5 a 7 kN/m3 no caso de argilas orgânicas moles). 9) Peso específico aparente saturado – Peso específico do solo se ficasse saturado e se isso ocorresse sem variação de volume. Da ordem de 20 kN/m3. 10) Peso específico submerso – É o peso específico efetivo do solo quando submerso. Serve para cálculos de tensões efetivas. Com valores da ordem de 10 kN/m3 . Índices Físicos 26 CÁLCULO DOS ÍNDICES DE ESTADO Dos índices vistos, só três são determinados diretamente em laboratório: a umidade, o peso específico dos grãos e o peso específico natural. O peso específico da água é adotado; os outros são calculados a partir dos determinados. Como? Adota-se o volume de sólidos igual a 1 (uma unidade de volume), como na Figura 10. Com esse esquema, correlações são facilmente obtidas. FIGURA 10 As fases no solo: (c) em função do volume de sólidos (Pinto, 2003). Índices Físicos 27 CÁLCULO DOS ÍNDICES DE ESTADO Algumas relações entre índices físicos (mais importantes e mais comumente utilizadas). Algumas resultam diretamente da definição dos índices: Outras resultam de deduções. A sequência natural dos cálculos, a partir de valores determinados em laboratório, ou estimados, é a seguinte: Aula Laboratorial Tema: Descrição e Armazenamento das amostras e determinação dos índices físicos. Capítulo 2 Livro “Mecânica dos Solos Experimental” (Faiçal Massad, 2015). LER MATERIAL previamente à ida ao laboratório. Levar material na aula laboratorial. 28 FIM AULA 01 "Se você traçar metas absurdamente altas e falhar, seu fracasso será muito melhor que o sucesso de todos." – James Cameron, cineasta Obrigado! 29
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