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INSTITUTO METROPOLITADO DE ENSINO – IME CENTRO UNIVERSITÁRIO – FAMETRO CURSO DE DIREITO FREDERICO MARTIN EMILIO DA SILVA STEENBUCK ANÁLISE JURÍDICA SOBRE A EFICÁCIA DA DELAÇÃO PREMIADA COMO MECANISMO NO COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. MANAUS 2020 FREDERICO MARTIN EMILIO DA SILVA STEENBUCK ANÁLISE JURÍDICA SOBRE A EFICÁCIA DA DELAÇÃO PREMIADA COMO MECANISMO NO COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. Artigo Científico apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário Fametro, como requisito parcial para obtenção de grau de bacharel em Direito. Orientadora: Roberta Karina Cabral kanzler MANAUS 2020 FICHA CATALOGRÁFICA xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Análise jurídica sobre a eficácia da delação premiada como mecanismo no combate às organizações criminosas./ Frederico Martin Emilio da Silva Steenbuck. – Manaus: FAMETRO, 2020. XXp. Orientadora: Profa. Roberta Karina Cabral kanzler Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito pelo Centro Universitário FAMETRO, 2020. 1. Direito. CDU.: Responsável técnico: Allison Silva de Andrade (CRB11/1102) Biblioteca CEUNI-FAMETRO AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por sua luz e bondade eterna; aos meus familiares, pelo apoio nessa hora decisiva; aos professores, coordenadores e colegas do Curso de Direito, pela convivência proveitosa e amigável ao longo desses anos e, especialmente, a minha Orientadora do trabalho, pelos ensinamentos e indispensável apoio nas pesquisas realizadas. Aprovado em ____ / ____ / ______. BANCA EXAMINADORA: __________________________________________ Orientadora: Roberta Karina Cabral kanzler __________________________________________ Incluir o nome do segundo professor __________________________________________ Incluir o nome do terceiro professor 5 ANÁLISE JURÍDICA SOBRE A EFICÁCIA DA DELAÇÃO PREMIADA COMO MECANISMO NO COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. Frederico Martin Emilio da Silva Steenbuck 1 RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo principal, fazer uma análise dos aspectos jurídicos relevantes e as controvérsias da delação premiada no ordenamento jurídico pátrio, como mecanismo de combate ao crime organizado. O estudo também teve como finalidade o desenvolvimento de uma análise sobre os requisitos à eficácia da Delação Premiada; demonstração da aplicação da Delação Premiada; assim como a explicação sobre as vantagens de fazer o uso da Delação Premiada. Sua elaboração será de forma explicativa, com análise crítica de doutrina e da legislação pertinente, e de forma qualitativa, baseando-se em pesquisa documental bibliográfica. Sendo demonstrados de maneira clara e expositiva, os devidos esclarecimentos das controvérsias sobre este tema. O instituto da delação mostrou- se um bom auxílio para persecução penal. Concluindo pela utilização da delação premiada para a proteção do bem jurídico. Dessa forma, analisam-se as abordagens doutrinárias sobre o tema, havendo argumentos contrários e favoráveis. Palavras-chave: Delação premiada. Análise jurídica. Eficácia. Organização criminosa. INTRODUÇÃO O presente trabalho vem abordar sobre a delação premiada, realizando uma análise jurídica sobre a sua utilização no combate ao crime organizado. A delação premiada estabelece como mecanismo negocial de obtenção de provas, na esfera das investigações que envolvem as organizações criminosas na lei 12.850/13, tem sido amplamente utilizada. Nesse contexto será abordado o conceito de delação premiada conforme a lei 12.850/13, os legitimados para a realização do acordo de colaboração premiada e acerca dos benefícios do colaborador que contribuir eficazmente, para o fornecimento de informações relevantes. A legislação permite que a delação possa ser aplicada a qualquer tipo de crime, uma vez que não é limitada e determinada pelos tipos penais, dessa forma consegue atrair maiores interesses por parte dos participantes da ação criminosa. A delação premiada é um Instituto do Direito Penal que se amplificou diante dos obstáculos enfrentadas, no decorrer do tempo, para que se punissem crimes 1 Graduando do Curso de Direito do Centro Universitário Fametro. E-mail Frederico.steenbuck@hotmail.com 6 cometidos em concurso de pessoas. Considerando que as organizações criminosas se apresentam como verdadeiras empresas voltadas à prática de infrações penais, com estrutura hierárquica e divisão de tarefas é necessário empregar meios especiais de obtenção de prova, capazes de fornecer informações eficazes para o combate do crime organizado. Portanto, tais como a colaboração premiada, a qual se utiliza dos próprios investigados ou acusados para a produção de prova, mediante a concessão de benefícios referentes à pena. Devido à complexidade do Estado em acompanhar a evolução das organizações criminosas houve a necessidade de se desenvolver um aparelhamento para conter essa prática delituosa. Desta forma, a delação premiada se apresenta como solução para suprir a ineficiência estatal e também como uma forma de apresentar resultados práticos à sociedade. É imperativa a verificação da ocorrência de compatibilidade desse meio de aquisição de provas com os preceitos constitucionais e processuais existentes no ordenamento jurídico brasileiro. Tratando-se de um método especial de investigação, de certa forma, novo e, com o objetivo de combater diretamente as organizações criminosas, não está isento de críticas e da suscitação de muitas discussões no âmbito acadêmico e doutrinário quanto a legitimidade do seu valor probatório, uma vez que não há comparação com nenhum outro método investigativo já existente na atual legislação brasileira. A possibilidade de declarações de acusados serem consideradas como provas já existe na legislação brasileira em diversas leis esparsas, sem haver, no entanto, antes da Lei 12.850/2013, nenhuma legislação que fosse específica e regulamentasse o tema, o que contribuía muito para as divergências sobre seu valor probatório. A Lei 12.850/2013 trouxe muitos avanços para o instituto da colaboração premiada e para as latentes discussões em torno da mesma, prevendo uma série de inovações e regulamentando o método de investigação, que até então não possui uma legislação que o tratasse de forma específica. A tese que se pretende defender, por meio de uma pesquisa jurisprudencial, legal e doutrinária, é a da constitucionalidade e plena aplicabilidade do instituto da delação premiada, tendo em vista a contribuição de tal instituto para a resolução dos crimes e diminuição ou repressão da criminalidade. 7 1 DELAÇÃO PREMIADA A delação premiada é considerada uma técnica especial de investigação, consubstanciada em um meio extraordinário de obtenção de provas. Nesse sentido, pode-se dizer que é uma confissão acrescida de alguns elementos de suma importância, na qual, o delator, além de confessar sua participação ou coautoria no crime praticado, fornece informações exclusivas e efetivas para a rápida elucidação do delito, como por exemplo, a localização da vitima e do produto do crime, além da identificação dos demais integrantes envolvidos, auxiliando o Estado para o efetivo desmantelamento da organização criminosa, seu objetivo primordial. O conceito e o significado de colaboração premiada podem ser extraídos das disposições previstas na Lei de Organização Criminosa. Diante do grande avançoda criminalidade e dos sofisticados meios utilizados pelas organizações criminosas, cumulados com o assoberbamento do judiciário, mostra-se necessária uma busca por novas políticas eficazes no combate às ações de grupos organizados. É aí que se destaca e ganha força o instituto da delação premiada, método utilizado pelo Estado para auxiliá-lo na manutenção da ordem e segurança pública, com a finalidade de desestruturar as associações criminosas. Segundo o Minidicionário de Língua Portuguesa de Evanildo Bechara (2009, p. 263), o termo "delação" significa denunciação, acusação ou revelação. No entanto, tal instituto não tem apenas a característica de denunciar ou revelar uma ação delituosa praticada por outrem. Na ciência do direito, delação tem um significado mais complexo. Nessa ótica, delação seria a confissão de uma infração penal somada à denunciação dos demais integrantes do grupo delituoso, isto é, nos delitos praticados em concurso de pessoas, um dos coautores ou partícipes, além de confessar o seu envolvimento, revela a participação de uma ou mais pessoas na prática do mesmo crime. Já a expressão "premiada" deriva do prêmio legal que o Estado fornece em troca das informações prestadas pelo delator. (LIMA, 2014, p. 126). A Lei nº 12.8502013, teve como princípio a definição do que seria uma organização criminosa, a possibilidade de disposição sobre os meios que possibilitariam a investigação criminal, a metodologia aplicada no processo de obtenção das provas, as infrações penais relativas e o procedimento criminal, assegurando em seu art. 4º a previsão legal de que, o magistrado poderá, a 8 requerimento das partes, conferir o perdão judicial, conceder a redução em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos, do agente colaborador que, de forma efetiva e voluntária venha a contribuir com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa voluntária colaboração incidam resultados efetivos que contribuam para a desconstrução do modus operandi das organizações criminosas, a punição de seus agentes e a obtenção da recuperação do produto do crime. 1.1 DELAÇÃO OU COLABORAÇÃO Inicialmente, é fundamental que se faça a diferenciação das expressões que nomeiam o instituto. Há agentes que fazem referência a “colaboração premiada”, ao mesmo tempo em que, no contexto popular, se expõe como “delação premiada”. De acordo com Gomes (2014, p. 23), a delação premiada distingue-se da colaboração premiada, pois “inspirado na doutrina de Vladimir Aras e tendo por base a Lei 12.850/13 (artigo 4º), entende-se que a colaboração premiada (gênero) se subdivide em cinco espécies, que se justificam conforme o resultado pretendido e alcançado”. Dessa forma, Aras define que a primeira espécie é a delação premiada ou chamamento de coacusado. Segundo Gomes (2014, p. 26), ambos institutos possuem como objetivo, tomar conhecimento da participação dos demais partícipes e corréus da pratica criminosa e cada crime respectivamente por eles efetuados na ação penal. Nesta sequencia, a segunda categoria apresentada é a colaboração reveladora do aparelhamento estrutural e o modo de funcionamento da organização criminosa, momento em que se toma conhecimento, por meio da colaboração, da estrutura hierárquica e divisão de tarefas dentro da organização criminosa investigada. A vista disso há a colaboração preventiva, o seguimento da colaboração premiada, pontuado como terceiro ponto, que objetiva a prevenção ao cometimento de novos delitos que possam ser praticados pela organização criminosa que já faz parte da investigação criminal em andamento. Como quarto quesito, a colaboração para localização e recuperação de bens ativos, que também é espécie de colaboração premiada. Esse instituto tem como finalidade a recuperação parcial ou total das receitas e dos produtos advindos de 9 crime obtidos pela organização criminosa. Finalmente, há o processo para a colaboração para determinação da liberdade da pessoa, que objetiva a localização de pessoas, vítimas de sequestro, por exemplo, com sua integridade física preservada. Assim, diante dos conceitos em epigrafe compilados, há o entendimento de que a delação premiada pode ser tratada como espécie da colaboração premiada. Nucci, (2013, p. 38), por sua vez, entende que a distinção entre a colaboração e a delação é outra, haja vista que a colaboração está ligada à cooperação, não sendo essa prevista no ordenamento jurídico brasileiro. 1.2 FUNCIONAMENTO DA DELAÇÃO PREMIADA A delação premiada, cuja conduta ética do delator causa polêmicas, chegando a ser questionada e até criticada, tem suas origens, no direito brasileiro, desde as Ordenações Filipinas. Em função de sua ética questionável, tal procedimento acabou sendo abandonado pelo ordenamento pátrio, ressurgindo em época mais recente, em 1.990, com a Lei de Crimes Hediondos. A partir de 1.990, com a previsão do instituto da delação premiada na Lei de Crimes hediondos, vários outros diplomas passaram a prevê-lo, tais como: a antiga Lei de Crime Organizado1 (Lei 9.034/95), Código Penal2 (no crime de extorsão mediante sequestro), Lei de lavagem de Capitais3 (Lei 9.613/98), Lei de Proteção às Vítimas e testemunhas4 (Lei 9.807/99) e Lei de Drogas5 (Lei 11.343/06). A Lei 9.807 de 13 de julho de 1.999 foi instituída para legislar sobre os programas especiais de proteção às vítimas e testemunhas ameaçadas, sendo uma lei considerada mais abrangente quanto à delação, vindo a estabelecer maiores requisitos para a concessão do benefício. O artigo 13 da referida lei possibilita o perdão judicial como prêmio ao réu que colaborar, o que não havia sido mencionado nas leis anteriores. E o artigo 15 dedica-se à proteção de acusados ou condenados que tenham colaborado nas fases de investigação policial e no processo criminal. Entretanto, as maiores inovações em relação ao referido instituto vieram com a nova Lei de Crime Organizado (lei 12.850/13). A lei em comento prevê a colaboração premiada como um dos meios de obtenção de prova, deixando uma seção inteira para regulamentá-la. 10 Já em seu artigo 4 prevê o perdão judicial e a redução ou substituição de pena para quem haja colaborado efetiva e voluntariamente com as investigações e com o processo criminal, logo em seguida apresentando um rol de resultados alternativos que devem ocorrer para que algum desses benefícios seja concedido. Prevê também no §3 do artigo 4 a suspensão em até 06 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, da denúncia em relação ao réu colaborador, se necessário a finalização das investigações. Observa-se que se suspende também o prazo prescricional. Outra inovação importante foi a do §4 do artigo 4 que prevê a possibilidade de o Ministério Público deixar de oferecer denúncia em relação ao réu delator em algumas hipóteses; bem como a do §6 da Lei que permite apenas que o delegado de polícia ou o membro do Ministério Público ofereçam o acordo de delação, ficando o juiz de fora, que apenas irá homologar o acordo já feito. Adiante, prevê o §10 do artigo 4 que as partes podem se retratar da proposta, caso em que as provas auto-incriminatórias produzidas pelo delator não poderão ser utilizadas contra ele. Por outro lado, dispõe o §14 do artigo 4 da Lei que o réu que decidir colaborar deverá renunciar ao seu direito constitucional de ficar em silêncio. Garante ainda a Lei no §16 do seu artigo 4 que não haverá sentença condenatória proferida apenas com base nas informações prestadas pelo réu delator. Por fim, o artigo 5 da Lei 12.850/13 dispõe quais são os direitos conferidos ao colaborador, dentre eles, a proteção dele e de sua família, nos termos da lei de proteção ás vítimas e testemunhas (Lei 9.807/99). 1.3 PREVISÃO LEGISLATIVA A discussão em torno do tema “delação premiada” induza duas ideias centrais: a primazia do valor da pessoa humana versus interesses do Estado. Na confrontação das ideias, há argumentos favoráveis a ambas. O aumento da criminalidade causa pânico à população, que reclama por mais rigor, mais segurança, e, por outro lado, a imagem do delator causa indignação, sendo o Estado apontado como autoritário e, ao mesmo tempo, benevolente com os criminosos, ficando o instituto da delação premiada apontado como inconstitucional pensamento que não deve prevalecer. A delação premiada, na concepção de alguns segmentos, é um instituto 11 inconstitucional, assim como o delator é considerado um traidor indigno de confiança. Doutrinadores, estudiosos do assunto, advogados e ministros dissertam sobre a inconstitucionalidade, dentre eles o advogado Bruno Baptista, o ministro Gilmar Mendes, Damásio de Jesus, dentre outros. Além da inconstitucionalidade, destacam o caráter antiético e imoral da delação. Na concepção de Helder Silva Santos, a delação premiada, além das questões de natureza axiológica, a aplicação do favor premial importa em um paradoxo jurídico que se manifesta sob variadas formas, como no desvirtuamento dos fins do direito penal, no enfraquecimento do poder normativo da lei e na quebra da noção de ordenamento jurídico Leciona Santos A pena, justamente por ser um mero acessório para o resguardo de bens jurídicos mais valiosos, não pode valer-se de qualquer pretexto para impor ao infrator restrição que extrapole os limites definidos implicitamente pela constituição por conta de sua natureza democrática. (SANTOS, 2012, p. 56) Invocando o artigo 5° da Constituição brasileira, o autor citado enfatiza que a função do Direito Penal é proteger os bens jurídicos valiosos elencados, não poderá o Estado violar frontalmente valores importantes que se dispõe a garantir. Assim, carece de lógica o instituto em questão, pois se o Direito Penal pretende proteger certos valores importantes a sociedade, não seria legítima a instituição da delação premiada, a qual insere no ordenamento jurídico um elemento nocivo que estimula a traição, a desconfiança e o individualismo. Damásio de Jesus, por sua vez, vê a delação premiada como algo antipedagógico, que vai de encontro a preceitos morais irrenunciáveis. Assegura o autor que a lei não é didática e não apresenta princípio cívico decente: ensina que trair é bom porque reduz a consequência do pecado penal. A favor da aplicação do instituto estudado, está a maioria da doutrina e quase que a totalidade da jurisprudência. Pode-se dizer que quanto menos força o Estado empregar para o cumprimento das leis e das penas, mais legitimidade terão suas instituições jurídicas. No contexto citado, a delação premiada se insere, pois ao fazer sua escolha pela delação, que é voluntária, espontânea, o indivíduo que praticou um crime sabe que será penalizado, e também sabe que esta pena poderá ser reduzida. Por outro lado, está contribuindo para que a sociedade esteja sendo retribuída dos males causados por ele e seus cúmplices. Assim, pode se afirmar que a delação é um recurso legítimo do ponto de vista constitucional, já que contribui 12 significativamente para que o Estado faça cumprir suas leis. Não há inconstitucionalidade no instituto da delação premiada à medida que o criminoso não vê seus direitos fundamentais violados, pois ele age de acordo com sua vontade, não há nenhum ato de violência que o obrigue, sendo sua liberdade de escolha respeitada; é somente dele a decisão. Como bem salienta Costa: […] O criminoso não é obrigado a negociar. É um ato de iniciativa pessoal dele. As leis que tratam do favor premial colocam essa característica indispensável para que a delação seja premiada: a voluntariedade e/ou espontaneidade do agente (...). Mesmo sugerido por terceiros, respeita-se a liberdade de escolha do indivíduo e a decisão última é dele. Em se delatando, receberá seu premio, se tornar efetivo Jus Persequedi do Estado. (COSTA, 2015, p. 152) Em relação ao princípio da dignidade humana (art. 1°, inciso III, CF), este confere unidade aos direitos e garantias fundamentais, é um valor moral e espiritual inerente à pessoa humana, se manifestando na autodeterminação responsável de sua própria vida, trazendo consigo a perspectiva do respeito por parte de outras pessoas. Somente em casos excepcionais podem ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais. Esse princípio constitui critério para a integração da ordem constitucional e condiciona a aplicação do direito positivado. Por intermédio desse princípio, deve o Estado garantir o exercício do livre arbítrio e da liberdade pessoal. Sendo um ser único, pode optar por qual caminho, decisão tomar. Portanto, ao optar pela delação premiada, sua dignidade está preservada. Preserva-se também o direito constitucional ao silêncio do preso, previsto no artigo 5°, inciso LXIII da CRFB de 1988, uma vez que a delação premiada não é um instituto imposto, obrigatório. É um ato espontâneo, que parte da vontade do indivíduo criminoso. E é também garantido, através do pacto de São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, o direito que toda pessoa tem de “não ser obrigada a depor contra si mesma, nem declarar-se culpada”. O infrator não é obrigado a confessar, por força de garantia judicial internacional, assim como pela constituição de nosso país. No que tange ao princípio da proporcionalidade, há doutrinadores que alegam que a proporcionalidade da pena nos casos da delação premiada fere tal princípio constitucional. Mas não há inconstitucionalidade em tais casos, tendo em vista que ao colaborar para a elucidação de um crime, o que contribuiu para a investigação e 13 solução de um crime, expondo a si e sua família, tenha pena menor e diferenciada daquele ou daqueles que infringiram a lei. Como destaca Costa: A aplicação da mesma pena aos agentes, (...) representa ofensa a condição humana, atingindo-o, de modo contundente, na sua dignidade de pessoa. Existe uma dificuldade para que esse princípio possa ser viabilizado, ou seja, não há um critério que seja útil como medida de proporcionalidade. Esse critério deve ser buscado em um juízo de adequabilidade entre a gravidade do preceito sancionatório e a danosidade social do comportamento incriminado. E é claro que aquele que colaborou com a justiça por meio da delação causou uma menor danosidade social, razão pela qual deve receber uma redução de sua pena em relação a seus comparsas.(COSTA, 2015, p.162) Assim posto, a figura da delação premiada, criticada por uns e vista como significativa por outros, foi uma resposta aos anseios da população diante da criminalidade cada vez maior e, com o agravante dos crimes praticados estarem cada vez mais sofisticados e mais cruéis, onde também o crime organizado não ameaça somente os cidadãos, mas também as instituições e a própria soberania do Estado. Desse modo, não é inconstitucional, já que não viola a Constituição da República. 2 DELAÇÃO PREMIADA DA LEI Nº 12.850/13 No ordenamento jurídico brasileiro, os primeiros registros da delação premiada podem ser constatados no período do Brasil-colônia, nas Ordenações Filipinas (1603-1867), que trazia um livro específico sobre delação premiada, em se tratando de crimes de falsificação, principalmente, de moeda. Jesus (2016, p. 44) aduz que no ordenamento jurídico pátrio, a delação premiada teve sua origem nas Ordenações Filipinas, que esteve em vigência de 1603 até a entrada em vigor do Código Criminal de 1830. A parte criminal do Código Filipino constava no Livro V, Título CXVI, que tratava da delação premiada, sob o título “Como se perdoará aos malfeitores, que derem outros à prisão”, que outorgava o perdão aos criminosos delatores e tinha um alcance, inclusive, por premiar, com a absolvição, criminosos delatores de delitosalheios. Ainda no período de Ordenações Filipinas é possível ressaltar um movimento histórico-político clássico da história do Brasil, que foi a Inconfidência Mineira, em que o Coronel Joaquim Silvério dos Reis alcançou o perdão de suas dívidas com a 14 Coroa Portuguesa em troca da delação de seus colegas, que foram presos e acoimados do crime de lesa-majestade (traição cometida contra a pessoa do Rei). Dentre os participantes, Joaquim José da Silva Xavier foi apresentado como chefe do movimento e, por conseguinte, condenado à morte por enforcamento. Depois de executado, teve sua cabeça exibida na cidade de Vila Rica, atualmente conhecida como Ouro Preto; a fim de desconvencer outras possíveis conflagrações contra as lideranças governamentais. Outro período que também faz jus a destaque é o do Regime Militar, a partir de 1964, em que a delação premiada era muito empregada para descobrir as pessoas que discordavam com aquele modelo de governo e, deste modo, eram consideradas criminosas. Apesar de todos esses registros, a delação premiada propriamente dita passa a incorporar nosso ordenamento jurídico com a Lei dos Crimes Hediondos (nº 8.072/90), que acarretou como desígnio a efetiva desconstrução da quadrilha ou grupo que tenha sido formada para fins criminosos e considerados hediondos; possibilitando assim uma diminuição de pena. A partir daí a delação premiada sobreveio a agregar outras numerosas legislações, a saber: - Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária (8.137/90), em seu artigo 16º, parágrafo único, in verbis: “Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através da confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços).” - Lei de Lavagem de Dinheiro (12.683/12), artigo 2º que alterou o dispositivo do 1º, § 5º da lei anterior de Lavagem de Capitais (9.613/98), estabelecendo: A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí- la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. - Lei de Extorsão Mediante Sequestro (9.269/96) artigo 4º, in verbis: “Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá a pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois 15 terços)”. Também prevista na antiga Lei do Crime Organizado (9.034/95), que regula os meios de cautela dos crimes cometidos pelas organizações criminosas e as formas de contê-las. Pode-se inferir que a Lei do Crime Organizado não teve o desígnio de restringir a concessão da delação premiada somente para os casos de organização criminosa stricto sensu, mas se inclui também a associação criminosa e a quadrilha ou grupo. Ainda, exige-se que a colaboração seja irrefletida e não apenas voluntária, pois, conforme prescreve Capez (2014, p. 98). Não basta que o ato esteja na esfera de vontade do agente, exigindo-se também que ele tenha partido a iniciativa de colaborar, sem anterior sugestão ou conselho de terceiro. Além disso, a colaboração deve ser eficaz, sendo exigido nexo causal entre ela e o efetivo esclarecimento de infrações penais e sua autoria. (GUIDI, 2006, p. 114/115) Apesar de previsões legais esparsas, é possível estabelecer alguns requisitos específicos da delação premiada que são comuns a todas elas, e que poderiam fundir-se em uma só lei. São eles: colaboração espontânea; participação do delator na pratica da infração; relevância nas declarações; e efetividades das informações. Discute Guidi (2006, p. 117) a existência de duas classificações que distinguem a delação entre sistema aberto fechado. A primeira delas é a forma aberta, em que o delator confessa ter cometido o crime e imputa a conduta a terceiros. Atendidos os requisitos legais, poderá o delator ser beneficiado com a redução da pena até mesmo o perdão judicial. A segunda forma é a fechada, o delator não possui interesse em beneficio algum, e apenas colabora de forma anônima. A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso IV, veda a possibilidade do anonimato: IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Acredita, portanto este autor, que a delação anônima em si não pode dar ensejo a persecução penal do Estado, tendo em vista a dificuldade de punição em caso de informações falsas. (BRASIL, 1988) Não se descarta, porém, que tais informações sirvam para apuração de possível ocorrência do fato ilícito ou como forma de prevenção. 16 2.1 ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA Dentre os diplomas legais que tratam da delação premiada inexiste dispositivo que discipline a etapa processual para sua aplicação ou ocorrência, gerando assim, divergências doutrinárias. Há posicionamentos de que este instituto se dê na fase do interrogatório do acusado (réu- colaborador), por esta fase conter a confissão, ou ocorra em qualquer momento da persecutio criminis, até mesmo após o trânsito em julgado da sentença, quer dizer, até na fase de execução penal. Diante desse entendimento, Damásio de Jesus, explica que ao analisar os dispositivos referentes à delação premiada, tem-se primeiramente, que “o benefício somente poderá ser aplicado até a fase de sentença. No entanto, não se pode excluir a possibilidade de concessão do prêmio após o trânsito em julgado, através da Revisão Criminal, desde que a hipótese ensejadora seja a descoberta de nova prova de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize a diminuição especial da pena, nos termos do artigo 621 inciso III do Código de Processo Penal.”. Sendo, portanto, sustentável que uma colaboração posterior ao trânsito em julgado seja beneficiada com os prêmios da delação premiada. Todavia, a concessão dos benéficos, destaca a jurisprudência em relação ao perdão judicial, que deve possuir aplicação na sentença de mérito, por ser uma causa declaratória da extinção da punibilidade, como dispõe Código Penal em seu artigo107, inciso XIX. Pode-se inferir que o fato de não estar expressamente previsto o momento processual para a delação, não obsta sua aplicação em outras fases da ação penal, principalmente em fase de execução da pena. Uma vez que, este instituto possui procedimentos inerentes ao devido processo legal, não estando, então, limitado à sentença penal. Sobre a aplicação da delação durante a execução da pena, esta decorre da efetiva colaboração nesse momento do processo. Assim, é possível a utilização, por analogia, dos mecanismos que podem modificar a sentença condenatória, denominados de incidentes de execução normatizados na Lei de Execuções Penais nº.7210/84, como fonte subsidiária; ficando a cargo do juízo da execução analisá-los de acordo com artigo 66, inciso III, alínea f, da referida lei, e verificar a existência dos requisitos da Lei nº.9807/99. 17 Dessa forma, verifica-se que não há determinação de momento para que a delação seja aplicada, podendo ocorrer desde o início, com o interrogatório até na fase de execução da pena, isso porque este instituto possui aplicação diferenciada, e baseada na colaboração do delator, então tudo dependerá do caso que está ocorrendo. Cientes de que, se acontecer durante a execução, mesmo com a sentença, esta poderá vir a ser alterada, podendo a pena ser modificada, reduzida ou mesmo extinta. 2.2 BENEFÍCIOS DO COLABORADOR A Lei nº. 9807/99 aborda a delação de forma ampla, estabelecendo dois prêmios para ao delator: o perdão judicial ou a diminuiçãoda pena, desde que estejam presentes os requisitos dos artigos 13 e 14 desta lei. Que para o primeiro dispositivo são a primariedade do réu, colaboração efetiva e voluntária, identificação dos co-autores ou partícipes no crime, localização da vítima com a integridade preservada ou a recuperação total ou parcial do produto do crime. Para o segundo, exclui-se apenas que o réu seja primário. Entendendo-se este requisito como sendo a pessoa que não tenha sido condenada por sentença penal transitada em julgado. A concessão dos benefícios depende da presença dos requisitos anteriormente citados no caso, que serão analisados pelo juiz. Entendendo este, pela não aplicação, mesmo estando presentes os elementos ensejadores da delação, cabe a interposição de recurso de Apelação pelo Ministério Público ou pela defesa, por caracterizar tais benefícios, direito subjetivo do réu-colaborador, conforme a doutrina majoritária. Há de se ressaltar, que o artigo 15 do mesmo diploma legal, disciplina medida de segurança e proteção, se o réu estiver sob ameaça, ou coação eventual ou efetiva. Sendo estas medidas, por interpretação, as constantes no artigo 7º da mesma lei, como local diferenciado se o réu estiver cumprindo prisão cautelar ou cumprindo pena em regime fechado aplicam-se medidas especiais, que melhor se amolde a situação do réu, uma vez que, neste caso, não poderão ser incluídos no sistema estatal de proteção, conforme dispõe o artigo 2º, §2 da Lei 9807/99, abaixo transcrito: Art. 2o A proteção concedida pelos programas e as medidas dela decorrentes levarão em conta a gravidade da coação ou da ameaça à integridade física ou psicológica, a dificuldade de preveni-las ou reprimi-las 18 pelos meios convencionais e a sua importância para a produção da prova. § 2o Estão excluídos da proteção os indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incompatível com as restrições de comportamento exigidas pelo programa, os condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados ou acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades. Tal exclusão não trará prejuízo à eventual prestação de medidas de preservação da integridade física desses indivíduos por parte dos órgãos de segurança pública. Tem-se, portanto, que o delator não ficará desamparado por não preencherem os requisitos para proteção especializada, pois determina a Constituição Federal em seu artigo 144, que os órgãos públicos são responsáveis pela segurança e proteção da incolumidade física dos indivíduos. Portanto, os efeitos serão positivos conforme o delator se adéque aos requisitos dispostos na lei. 2.3 VALOR PROBATÓRIO DA COLABORAÇÃO PREMIADA Apesar da colaboração premiada não possuir previsão no rol das provas constantes no Título VII do Código de Processo Penal, a Lei 12.850/2013, de forma mais explicitada no artigo 3º, inciso I, deu a possibilidade ao instituto a natureza de meio de obtenção de provas por meio de participação voluntária do agente envolvido na denúncia. Ocorre que, a mesma lei, no artigo subsequente, em seu § 16º, ao falar do instituto, sugere que a delação premiada é uma prova, embora não disponha de capacidade legal de embasar, sozinha, uma condenação penal. Ao dispor do instituto da delação premiada como instrumento para obtenção de provas em um processo penal, como auxílio na motivação da condenação de um agente da organização criminosa, o magistrado deve pautar-se pela causa, fazendo a justificativa da escolha e da materialidade da prova, a qual deve estar em conformidade com as demais existentes nos autos do processo. A delação premiada, por si só, é incapaz de ser o elemento unívoco de motivação para a condenação de réus envolvidos em corrupção no ordenamento jurídico pátrio. Havendo a necessidade de um quadro probatório que corrobore com o depoimento do delator, sob a pena de violação ao disposto no artigo 4º, § 16, da Lei 12.850/2013. Não há a possibilidade de expedição de sentença condenatória com a existência de somente a colaboração premiada no processo, de forma isolada, sem 19 que sejam citadas ou sem apresentação de provas substanciais comprobatórias que corroborem com a delação, ou ainda que a contrariem com base na sua improcedência ou não tão somente na delação. Dessa feita, cabe ao magistrado a indicação de elementos outros probatórios com capacidade de confirmação da delação, assim, o juiz do processo estará em atendimento ao que está disposto na Lei, realizando o resumo da delação em prova processual e a valorando no caso concreto. Todavia, quando se faz menção da valoração das provas, faz-se necessário que se tenha em mente que a colaboração premiada possui natureza relativa, conforme Nucci (2016, p. 69) “esse meio de prova baseia-se em uma declaração de um interessado que obterá benefícios delatando terceiros”. A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Se eles se calarem, não vamos descobrir, jamais. Usualmente é ainda levantado outro óbice à delação premiada, qual seja, a sua reduzida confiabilidade. Um investigado ou acusado submetido a uma situação de pressão poderia, para livrar-se dela, mentir a respeito do envolvimento de terceiros em crime. Entretanto, cabível aqui não é a condenação do uso da delação premiada, mas sim tomar-se o devido cuidado para se obter a confirmação dos fatos por ela revelados por meio de fontes independentes de prova (MORO. 2004, p. 59) No entanto, embora possa dispor com tal natureza, vale destacar que é o magistrado que, por meio de livre arbítrio e decisão própria motivada, com amparo em outros elementos probatórios que definirá a valoração dada à delação. No que tange a corroboração da delação premiada por outros meios de captação de provas, não há no ordenamento jurídico pátrio qualquer dispositivo prevendo qual a natureza da prova com capacidade de exercer tal validação, podendo, desse modo, acontecer através do rol de provas previsto no título VII do Código de Processo Penal, anteriormente citado. 2.4 EFICÁCIA DA COLABORAÇÃO PREMIADA COMO MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA NO COMBATE AO CRIME ORGANIZADO A delação premiada, embora tenha seu caráter reprovável socialmente, desempenha com destaque o papel de assistente estatal, cujo objetivo de reduzir a impunidade organizada, ao romper com a Lei do silêncio entre os componentes das organizações criminosas, obtendo com a colaboração do delator elementos probatórios, antes impossíveis, devido ao aspecto mutativo desta rede criminosa. Culminando no fortalecimento do Direito Penal, com a conseqüente proteção dos 20 bens jurídicos sociais, concretizando o Estado o juspuniendi. Portanto, é mister lembrar que quando a delação alcança sua finalidade, seu caráter aético, pejorativo e inconcebível, desaparece, pois mesmo havendo uma concessão de benefício a um criminoso, há o desmantelamento e a punição de uma organização inteira, sendo proveitoso para a segurança da coletividade. Conforme assevera Fabiana Greghi: “O instituto da Delação Premiada propicia inúmeras vantagens à sociedade por ser uma forma eficiente de combate à criminalidade organizada (...) Afinal, a denúncia de um crime deve ser estimulada como obrigação do sujeito que, ao delatar a ação criminosa e levar a punição dos criminosos, estará colaborando para o bem de todos” Assim, constata-se que os efeitos desta lei para a sociedade são bastante benéficos, vez que, retira do convívio social, de modo eficaz, pela própria colaboração voluntária ou espontânea de um integrante do crime, os agentes dos delitos. CONCLUSÃO O instituto da delação premiada é um instrumento que permite ao colaborador a redução de sua pena, mas muito raramente o perdão judicial, tendo em vista que os magistrados demonstram ter receio em oferecer tal benefício, que, na verdade, pode parecer aos olhos dos cidadãos como um privilégio exagerado paraquem também compactuou e participou de um crime. Com a edição da Lei 12.850 de 2013, outros benefícios foram previstos, como a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, bem como a possibilidade de oferecimento do acordo de delação premiada após o trânsito em julgado da condenação, o que ampliou, e muito, o alcance do instituto. Entretanto, apesar da notória presença de tal instituto no ordenamento jurídico brasileiro, que permite, concretamente, a elucidação de vários delitos, prisão de criminosos e a devida punição de indivíduos de alta periculosidade, a delação premiada apresenta algumas polêmicas no que concerne, tanto a sua eficácia, quanto na capacidade do Estado em oferecer proteção efetiva aos delatores. Um aspecto que merece análise diz respeito aos poucos que conseguem o perdão judicial, que, a despeito de ser raro, acontece. O colaborador que consegue o perdão judicial dificilmente voltará a ter uma vida social, familiar, financeira e econômica satisfatória, tendo em vista que tanto ele como seu grupo familiar terão 21 uma mudança radical de vida, passando, por outro lado, a depender de instituições que nem sempre oferecem a devida proteção e nem meios para uma vida segura e digna. É fato que muitos precisam mudar da identidade, de moradia e até de estado, o que pode vir acarretar transtornos psicológicos graves, pois o colaborador tem consciência que os criminosos não admitem a traição e que o Estado, por sua vez, ou não possui condições materiais para garantir sua integridade física e de sua família, ou se omite, negligencia, a proteção necessária. Outro ponto importante a ser analisado se refere à possibilidade de o corréu delatar falsamente os outros acusados, incriminando até mesmo inocentes em troca de benefícios legais. E por tal razão é imprescindível que essa delação seja acompanhada com cautela, considerando-se a verdade da confissão, a inexistência de rixas ou ódios em qualquer de suas manifestações, observação técnica acerca das informações prestadas, a certeza da inexistência da finalidade de se beneficiar ou eliminar a própria culpa em detrimento de um inocente e o mais importante, a preocupação constante da confirmação da delação através de outras provas, provas concretas e não somente através das palavras do colaborador. Assim, tomados todos os cuidados, não se deve considerar a delação e a conduta do delator como antiéticas, tendo em vista que se a colaboração deste vier a trazer resultados satisfatórios para o combate de crimes que causam tanta dor, sofrimento e grandes problemas para inúmeras famílias e para a sociedade que tem seus bens, pais, irmãos, parentes ou amigos ceifados de forma torpe, desumana, sua atitude estará contribuindo para que criminosos insanos sejam penalizados e para que a justiça seja cumprida. As controvérsias que cercam o instituto da delação premiada são muitas, havendo posicionamentos favoráveis e desfavoráveis quanto a sua aplicação. Aqueles que advogam a seu favor não aceitam a tese de ser um instrumento antiético e que atenta contra a confiança. Na verdade, a ética, a confiança, a moralidade e a justiça devem ser visualizadas em prol da sociedade, pois a obrigação é para com os seus membros, os cidadãos do bem. O que justifica substancialmente a delação é o dever de colaborar para a solução de um crime, pois, em ultima análise, esse é o verdadeiro interesse social. 22 LEGAL ANALYSIS ON THE EFFECTIVENESS OF THE AWARDED DELATION AS A MECHANISM TO COMBAT CRIMINAL ORGANIZATIONS. ABSTRACT The present research has as main objective, to make an analysis of the relevant legal aspects and the controversies of the accusation in the national legal system, as a mechanism to fight organized crime. The study also aimed to develop an analysis of the requirements for the effectiveness of the Awarded Statement; demonstration of the application of the Awarded Award; as well as the explanation of the advantages of using the Awarded Letter. Its elaboration will be in an explanatory way, with critical analysis of doctrine and pertinent legislation, and in a qualitative way, based on bibliographic documentary research. Being demonstrated in a clear and expository manner, the due clarification of the controversies on this topic. The whistleblowing institute proved to be a good aid for criminal prosecution. Concluding by the use of the awarded complaint for the protection of the legal good. In this way, the doctrinal approaches on the theme are analyzed, with arguments against and in favor. Keywords: Awarded sentence. Legal analysis. Efficiency. Criminal organization. REFERÊNCIAS BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2009. BRASIL. Lei n.º 12.850/2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Diário Oficial da União, 05 ago. 2013. CAPEZ, Fernando; Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014. FARIAS, Valdoir Bernardi de. Delação Premiada: constitucionalidade, aplicabilidade e valoração. Temas Contemporâneos de Direito, org. por José Carlos Kraemer Bortoloti e Luciane Drago Amaro, 2018, Méritos Editora. GOMES, Antonio Magalhães. O direito à prova no processo penal. In Mendonça, Andrei Borges; Nova Reforma do Código de Processo Penal, 2014. GOMES, Luiz Flávio, CERVINI, Raúl Cit. Por Alline Gonçalves e outros. Crime Organizado. 2014. Disponível em: www.jusnavegandi.com.br. Acesso em: 16/02/2020. GOMES, Luiz Flávio. Há diferença entre colaboração e delação premiada? 02 dez. 2014. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/14756 Acesso em: 13 de fevereiro de 2020. 23 GRINOVER, Ada Pellegrini. As nulidades do processo penal. Ed. Síntese, 2013. GUERRA FILHO, Willis Santiago. Ensaios de teoria constitucional, Fortaleza, Ceará, 1989, p.71. in Raboneze, Ricardo; Provas obtidas por meios ilícitos; Ed. Síntese, 2002. GUIDI, José Alexandre Marson. 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TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. – Salvador: Editora Podivm, 2009. 24 INSTITUTO METROPOLITADO DE ENSINO – IME CENTRO UNIVERSITÁRIO – FAMETRO CURSO DE DIREITO ANEXO Projeto de Pesquisa 25 Curso: Direito Aluno: Frederico Martin Emilio da Silva Steenbuck Área: Direito Penal Atividade: Trabalho de Conclusão de Curso Turma: DIR151V06 Professor/Orientador: Antonio Lucena Disciplina: TCCI INTRODUÇÃO Tema: Delação Premiada. Delimitação: Análise jurídica sobre aeficácia da delação premiada como mecanismo no combate às organizações criminosas. Problematização: A colaboração da delação premiada é um meio eficaz para obtenção de prova no combate ao crime organizado? O presente trabalho vem abordar sobre a delação premiada, realizando uma análise jurídica sobre a sua utilização no combate ao crime organizado. A delação premiada estabelece como mecanismo negocial de obtenção de provas, na esfera das investigações que envolve as organizações criminosas na lei 12.850/13, tem sido amplamente utilizada. Nesse contexto será abordado o conceito de delação premiada conforme a lei 12.850/13, os legitimados para a realização do acordo de colaboração premiada e acerca dos benefícios do colaborador que contribuir eficazmente, para o fornecimento de informações relevantes. A legislação permite que a delação possa ser aplicada a qualquer tipo de crime, uma vez que não é limitada e determinada pelos tipos penais, dessa forma consegue atrair maiores interesses por parte dos participantes da ação criminosa. Considerando que as organizações criminosas se apresentam como verdadeiras empresas voltadas à prática de infrações penais, com estrutura hierárquica e divisão de tarefas é necessário empregar meios especiais de obtenção de prova, capazes de fornecer informações eficazes para o combate do crime organizado. Portanto, tais como a colaboração premiada, a qual se utiliza dos próprios investigados ou acusados para a produção de prova, mediante a concessão de benefícios referentes à pena. JUSTIFICATIVA Essa temática é de extrema relevância, pois houve um aumento de crimes cometidos por organizações criminosas, com um esquema apurado para cometer delitos e movimentar muito dinheiro é um problema que consterna e inquieta os indivíduos em particular o Estado, que tem 26 como desafio elaborar aplicar e promover mecanismos eficazes para reprimir o crime organizado, de maneira a evitar propagar e comprometer a paz social. Com isso se torna necessário a necessidade de reação para combater a criminalidade, dessa forma surge o instituto da delação premiada que suscita divergências em seu significado e repercussão na sociedade, mas que tem aplicação efetiva porque se explora de certa forma, a colaboração como uma medida de política criminal. Essa orientação de política criminal intimamente ligada ao direito premial, consagrada no Direito Positivo de vários países, tem por objetivo descobrir fraquezas na organização criminosa e explorá-la e essas organizações têm o uso da tecnologia, de documentos e informações privilegiadas, para movimentar dinheiro e processar dados trazendo a complexidade por crimes praticados. Esta se constitui no rompimento da “affectio societatis”, um dos elementos importantíssimos presente nas organizações criminosas atualmente e ao enfraquecer este ponto forte o Estado, obtém êxito na persecução criminal através da busca da verdade real e material, que o legislador integrou no sistema legal ao inserir a delação premiada. De modo a discutir sobre a aplicação, bem como sobre os aspectos críticos existentes em relação ao tema. Dando enfoque, ao aspecto eficaz como instrumento que auxilia na investigação e repressão destes crimes e a necessidade de regulamentação específica para que a aplicação deste não seja feita de forma deturpada e banal, mas que se considere o bem-estar social. Para que o Estado e o Poder Judiciário tenham acesso às informações que levam a essas organizações é necessário fazer o uso do mecanismo da delação premiada.Uma das contribuições que esse tema pode trazer é mostrar que a delação premiada ao fornecer informações privilegiadas prestadas por parte do colaborador, cabendo ao magistrado recebê-lo ou não, pode auxiliar o Estado a reduzir à prática desses crimes que trazem inúmeros danos a sociedade. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL: Analisar os aspectos jurídicos relevantes e controvérsias da delação premiada. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Analisar os requisitos à eficácia da Delação Premiada; Demonstrar a aplicação da Delação Premiada; Explicar as vantagens de fazer o uso da Delação Premiada. 27 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Inicialmente é importante apresentar o conceito de delação ou colaboração premiada conforme disposto na presente lei nº 12.850/2013, que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Preliminarmente deve-se pontuar o conceito etimologicamente do termo delação que advêm do latim: delatio, de deferre, portanto tem sua abrangência nas ações: denunciar, deferir, delatar, acusar. Analisando a legislação, lei n° 12.850/2013, tem-se no artigo 4°, a qual dita que o juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados (MOSSIN 2016). O conceito proposto por Frederico Valdez (2016, p. 31): O instituto da colaboração premiada costuma ser inserido no âmbito do chamado direito premial, expressão que sugere uma contradição pelo fato de ligar a ideia de benefício ao ramo do direito que se distingue exatamente pela previsão de ameaça de penas e proteção coativa mediante aplicação de sanções. Não se pode analisar a colaboração premiada com o viés apenas de incriminação de terceiros, verificando todos os elementos que compõe a revelação das notícias e provas, assim surge à necessidade de ampliar essa interpretação, ou seja, deve haver uma valoração da troca de informação versus a elucidação dos fatos para que seja contemplada a amenização da responsabilidade. Nos artigos 4 ° ao 7º, tem-se o conceito do instituto da colaboração premiada, sobre a natureza jurídica e os pressupostos de validez que consistem na oportunidade que o acusado possui de confessar seus crimes, até mesmo no momento da fase de investigação criminal, com o objetivo de prevenir novas infrações, bem como prestar auxílio efetivo às autoridades policiais no recolhimento de provas importantes, inclusive prisões. Desta maneira atinge a efetividade do desenvolvimento das investigações, visando resolução adequada do inquérito ou do processo. Para Prado (2016) as organizações criminosas não têm uma definição que seja comum a todas as legislações referentes à matéria. Todavia, são enumeradas algumas características que podem ser encontradas de forma geral no crime organizado, tais como acumulação de poder econômico, poder de corrupção, intimidação e estrutura piramidal. Com isso, é possível conceituar 28 o crime organizado como uma estrutura estabelecida por um determinado número de integrantes, de maneira duradoura, que tem como principal finalidade a prática de determinados delitos, de forma reiterada e com o mesmo modo de atuação, bem como pelo emprego de alta tecnologia bélica. Destaque-se outro conceito, proposto por (Augusto Pascolati Junior, 2014): De maneira geral, consoante com a disciplina da Lei. 12.850/2013 consiste na efetiva e voluntária colaboração do agente na investigação criminal que propicie de forma útil, e alternativamente, a elucidação dos fatos, a identificação dos autores, coautores e partícipes, a revelação da estrutura hierárquica da organização, a prevenção de novas infrações penais, a recuperação total ou parcial do produto ou proveito do crime ou a localização de eventual prova. No olhar do Procurador da República e Coordenador da Operação lava jato, Deltan Dallagnol: “é uma oportunidade para que o investigador espie por cima do labirinto e descubram quais são os melhores caminhos, isto é, aqueles com maior probabilidade de sucesso na obtençãode provas”. Gilson Dipp leciona que (IDP 2015): A “delação premiada”, é denominação popular da chamada colaboração premiada instituída pela Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, e fruto de progressiva formalização pelos magistrados de competência criminal ao longo de vários anos no trato da criminalidade organizada, tanto na área federal quanto na justiça estadual com inspiração no direito comparado. Para esse efeito, os juízes foram elaborando conceitos e procedimentos a partir das necessidades da prática processual que permitisse a adoção da colaboração negociada entre acusação e defesa a respeito de condutas criminosas ou ilícitas penais de acentuada gravidade, praticadas por organização criminosa ou através dela. O Ministro Haroldo Rodrigues, Desembargador convocado do TJ/CE, na sexta turma do STJ, ao julgar o HC nº 90.962/SP10 informou que “o instituto da delação premiada consiste em ato do acusado que, admitindo a participação no delito, fornece às autoridades informações eficazes, capazes de contribuir para a resolução do crime”. Concluindo que o acusado deve estar inserido no rol dos participantes do delito para que sejam validadas essas informações prestadas. Nesta linha argumentativa, o colegiado entendeu que o investigado teria o reconhecimento e homologação da deleção premiada caso se demonstre todo o detalhamento das ações, a oferta de dados que comprovem a atividade ilícita de forma que seja segura para a incriminação real e efetiva, objetivando a concretização da resolução do caso. Nesse HC específico não se conseguiu atingir todos os requisitos, assim foram apenas reconhecidos a atenuante da confissão espontânea. De acordo com Heloísa Estellita (p. 2-4, 2009): Desafia diversos questionamentos: desde 29 sua conveniência político criminal, passado por sua apreciação sob o ponto de vista da quebra da ética ínsita ao proceder dentro de um Estado Democrático de Direito, ou pelas questões relativas ao seu valor probatório, até sua natureza jurídico-penal, sua função processual penal e as implicações daí decorrentes para o postulado do devido processo legal em nosso direito positivo. É possível perceber que a versão moderna do instituto sempre surge como resposta do Estado para momentos de grave crise democrática, o que acaba por servir de justificativa para adoção da concessão de benesses pessoais em troca da colaboração do acusado. Normalmente, é momentos emergenciais caracterizados pela ineficiência do tradicional sistema de persecução penal para combater todo o tipo de criminalidade, em especial o crime organizado. De acordo com o advogado Gamil Foppel Hireche afirma que o instituto deixa nítido a falta de preparo dos órgãos acusatório e das polícias, no que se refere a investigação criminal. Esclarece: em assim se procedendo, confessou o legislador a incapacidade absoluta de a Polícia, o Ministério Público, a Magistratura, de o Poder, enfim, lutar contra o crime organizado. Este ser, de questionável existência, estaria a impor uma dura derrota ao Poder oficial. Para combater o crime, o Estado junta-se ao criminoso, alia-se a ele, contando com sua colaboração. (Lumem Juris, 2003.) Para Heráclito Antônio Mossin e Júlio César Mossin.(p.27, 2016) Assim esclarecem os advogados: Esse instituto, também está atinente ao caráter de política criminal, além de outros favores legais, contém em seu cerne, a título de prêmio ao delator ou colaborar, a dedução da sanção penal a ele imposta em caráter definitivo. A delação premiada, ao lado de outras situações, também se constitui de causa de diminuição obrigatória da pena, independentemente do inicialmente é importante apresentar o conceito de delação ou colaboração premiada conforme disposto na presente lei nº 12.850/2013, que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Conforme ressalta Gustavo Badaró (p.26-29 2015): Modernamente, Munhoz Conde adverte que dar valor probatório à declaração do corréu implica abrir a porta para a violação do direito fundamental à presunção de inocência e a práticas que podem converter o processo penal em uma autêntica frente de chantagens, acordos interessados entre alguns acusados, entre a Polícia e o Ministério Público, com a consequente retirada das acusações contra uns, para conseguir a condenação de outros. Em sentido oposto, almejando justificar a situação emergencial do instituto é a visão externada por Frederico Valdez Pereira (p.71-72), quando demonstra que: [...] A situação da 30 emergência investigativa manifesta-se atualmente de forma mais provável na criminalidade organizada ou difusa, tendo em vista as reconhecidas dificuldades probatórias dos tradicionais meios de investigação em alcançar alguma eficiência diante do fenômeno criminal organizado, principalmente por terem sido instrumentos apuratórios moldados sob a perspectiva do ilícito penal clássico, caracterizado pela estrutura individual da lesão cometida por sujeito ativo individual a sujeito passivo também individualizado, levando autoridades responsáveis pela investigação e repressão a condicionar a obtenção de resultados positivos no enfrentamento do crime organizado a adoção de métodos especiais de investigação e inteligência. Com o proposto por Pereira, encontra-se o Procurador da República Ricardo Pael Ardenghi (p.1040,2016) Trata-se do que os alemães chamam de Ermittlungsnotstand a situação de perplexidade e paralisia estatal diante da criminalidade moderna, ou ainda impotência dos órgãos de persecução penal em face de métodos utilizados pelas organizações criminosas. De fato, a estrutura “empresarial” do crime organizado, encontrada principalmente da lavagem de dinheiro, torna seus agentes praticamente imunes à justiça criminal . METODOLOGIA-CRONOGRAMA A metodologia é o processo pelo qual se atinge este objetivo. É o caminho a ser trilhado para produzir conhecimento científico, dando as respostas necessárias de como foi realizada a pesquisa, quais métodos e instrumentos utilizados, bem como as justificativas das escolhas. Utilizando-se a classificação de Marconi e Lakatos (2014, p. 116) tem-se que o método de abordagem a ser adotado será o dedutivo, que tem como definição clássica ser aquele que parte do geral para alcançar o particular, ou seja, extrai o conhecimento a partir de premissas gerais aplicáveis a “hipóteses concretas”. Tomando ainda por referência a classificação dos referidos autores será adotada a seguinte técnica de pesquisa neste projeto: documentação indireta – com observação sistemática, abrangendo a pesquisa bibliográfica de fontes primárias e secundárias (doutrinas em geral, artigos científicos, dissertações de mestrado, teses de doutorado, etc.), além de documentação oficial (projetos de lei, mensagens, leis, decretos, súmulas, acórdãos, decisões, etc. CRONOGRAMA Etapa da Pesquisa Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Elaboração e entrega do projeto de pesquisa Levantamento bibliográfico Reuniões semanais com os alunos Revisão bibliográfica 31 complementar Redação do artigo científico e revisão final Entrega do artigo científico encadernado SECÕES PROVISÓRIAS DO ARTIGO CIENTÍFICO ANÁLISE JURÍDICA SOBRE A EFICÁCIA DA DELAÇÃO PREMIADA COMO MECANISMO NO COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. 1 DELAÇÃO PREMIADA 1.1 Delação ou colaboração 1.2 Como funciona a delação premiada 1.3 Previsão Legislativa 2 DELAÇÃO PREMIADA DA LEI Nº 12.850/13 2.1 Acordo de delação premiada 2.2 Benefícios do colaborador 2.3 Valor probatório e eficácia da colaboração premiada como meio de obtenção de prova no combate ao crime organizado REFERÊNCIAS ARDENGHI, Ricardo Pael. Fim do sigilo da delação premiadacom o recebimento da denúncia: necessidade de uma interpretação à luz do garantivismo penal integral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 1040. BADARÓ, Gustavo. O valor probatório da delação premiada: sobre o § 16 do art. 4º da Lei nº 12.850/13. São Paulo.Consulex, n. 443, 2015, p. 26-29. BRASIL.Lei nº 12.850, 2 de agosto de 2013. Que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei n°2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011->. Acesso em 3 maio 2019. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. HC nº 90.962/SP (2007/0221730-9) Min. Relator: Haroldo Rodrigues j. 19/05/2011. DALLAGNOL, Deltan. As luzes da delação premiada. 04/07/2015. Revista Época. 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