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atividade prática - a4

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ATIVIDADE PRÁTICA - A4
CURSO DE DIREITO
ALUNA: 
DISCIPLINA: Estágio de Prática Supervisionada Penal 
ANO/SEM: 2023/2
___________________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIRETO DA (...) VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (...).
Processo nº (...)
(...), já devidamente qualificado nos autos da ação em epígrafe, que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio do seu advogado, dentro do prazo de 5 (cinco) dias, com fundamento no artigo 593, inciso I do Código de Processo Penal, interpor 
RECURSO DE APELAÇÃO
contra a r. sentença de fls. (...), requerendo, desde já, seja o recurso conhecido por este Juízo e, consequentemente remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça de (...), para que dele conheça, dando-lhe provimento.
Requer, ainda, a concessão dos benefícios da Justiça gratuita, tendo em vista ser o Apelante pobre no sentido legal, não podendo arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Cidade (...), dia (...) de mês (...) de ano (...).
ADVOGADO (...)
OAB nº (...)
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO 
Processo nº (...)
Apelante: (...)
Apelada: (...)
Colendo Tribunal de Justiça do Estado de (...),
Distinta Câmara,
Ilustres Desembargadores Relator e Revisor,
Douta Procuradoria de Justiça:
Em que pese o notório saber jurídico do Magistrado sentenciante, merece reforma a sentença condenatória encartada nos autos às fls. (...), conclusão a que chegará esta colenda câmara criminal após análise das razões fáticas e jurídicas enumeradas a seguir:
I. DOS FATOS: 
Conforme narrado nos autos, o acusado, foi condenado pelo crime de estupro, com pena de seis anos de reclusão a ser cumprida em regime fechado. Entretanto, há elementos que demonstram a existência de falhas na condução do processo e violação de direitos fundamentais do recorrente.
II. DAS PRELIMINARES DE NULIDADE:
A) DA CITAÇÃO IRREGULAR: 
A citação é um ato processual fundamental para garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório do acusado. No entanto, no caso em questão, a citação por edital do acusado, Nome do Cantor (...), foi determinada pelo DELEGADO DE POLÍCIA atuante no caso. Nota-se que o Delegado de Polícia não possui atribuição para determinar a citação por edital em processos judiciais. Assim, é indiscutível a nulidade do ação. 
Ademais, a citação por edital sem a prévia tentativa de localização do réu fere os direitos fundamentais do acusado, em especial o direito à ampla defesa, à presunção de inocência e ao contraditório. Conforme disposto em nosso ordenamento jurídico, a citação no processo penal deve se dar por meio de mandado, sendo determinado a citação por edital quando já esgotadas TODOS OS MEIOS POSSÍVEIS para citar o acusado, conforme determinado nos Art. 351, 361 e 564, inc. III, e, do CPP e na Súmula nº 414, do STJ. 
B) DO CERCEAMENTO DE DEFESA: 
O cerceamento de defesa é uma violação grave aos princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. No caso em análise, a não oitiva de testemunhas essenciais para a elucidação dos fatos configura um cerceamento de defesa ao acusado, comprometendo a busca pela verdade real e afetando a regularidade do processo. Ademais, houve afronta direta ao Art. 366, do CPP, uma vez que após a citação por edital e o não comparecimento do acusado, o Juiz nomeou defensor dativo para apresentar a resposta à acusação e prosseguiu no feito. 
A ampla defesa, prevista no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, assegura ao acusado o direito de produzir todas as provas e realizar todos os atos necessários à sua defesa. Isso inclui o direito de apresentar e ouvir testemunhas, cujo depoimento pode ser essencial para a construção de sua tese defensiva.
A não oitiva das testemunhas essenciais configura um cerceamento de defesa ao acusado, pois limita sua possibilidade de apresentar provas e argumentos que pudessem favorecê-lo. Além disso, o prejuízo se estende à busca pela verdade real, uma vez que as testemunhas poderiam trazer informações relevantes e contribuir para a formação de um juízo justo e imparcial.
Sendo assim, requer a nulidade da ação penal, com fundamento no Art. 564, IV do CPP. 
C) AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE:
A materialidade do crime é um elemento essencial para a condenação de um acusado. No caso em análise, a falta de comprovação da materialidade do crime de estupro compromete a sustentação da acusação contra o réu, Cantor XXX, tornando sua condenação inviável.
O princípio da presunção de inocência estabelece que toda pessoa é considerada inocente até que se prove sua culpa de forma irrefutável. Além disso, o ônus probatório recai sobre a acusação, cabendo-lhe a responsabilidade de apresentar provas suficientes para comprovar a materialidade e a autoria do delito.
No presente caso, a acusação não conseguiu comprovar de forma inequívoca a prática do crime de estupro pelo réu. O exame de corpo de delito realizado na vítima foi inconclusivo quanto ao crime sexual, não fornecendo elementos suficientes para embasar a acusação.
Sendo assim, requer a nulidade da ação penal, com fundamento no Art. 564, III, b do CPP. 
III. DO DIREITO: 
A) ABSOLVIÇÃO POR INEXISTÊNCIA DO FATO E POR FALTA DE PROVA: 
A acusação apresentou um vídeo captado pelo celular da vítima como prova do crime. No entanto, o referido vídeo registra apenas o momento em que ocorre uma briga entre as partes, não fornecendo qualquer indício conclusivo de que tenha ocorrido o estupro alegado. A falta de provas visuais ou testemunhais que comprovem a prática do fato imputado fragiliza a sustentação da acusação.
Diante da ausência de provas consistentes e irrefutáveis da existência do fato imputado, há a presença de uma dúvida razoável sobre a veracidade das alegações da acusação. A insuficiência probatória torna inviável uma condenação, uma vez que é necessário um grau de certeza robusto para impor uma pena a um indivíduo. 
Sendo assim, requer a absolvição, uma vez que não há prova da existência do fato, com fundamento no Art. 386, I e II, do CPP, e por não existir prova suficiente para a condenação do acusado, com fundamento no art. 386, inc. VII, do CPP.
B) DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE LESÕES CORPORAIS LEVES:
Para a configuração do crime de estupro, é necessário comprovar, de forma clara e inequívoca, a presença dos elementos essenciais, como a conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso mediante violência ou grave ameaça. No presente caso, as provas produzidas não demonstram a existência de tais elementos.
Durante a instrução processual, não houve prova concreta de que tenha ocorrido a conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso entre o réu e a vítima. O vídeo apresentado pela acusação captou apenas o momento em que houve uma briga entre as partes, não havendo registro visual ou testemunhal da prática de qualquer ato sexual forçado.
As provas produzidas, no entanto, demonstraram a ocorrência de lesões corporais leves na vítima, conforme atestado pelo exame de corpo de delito. É inegável que houve um episódio de violência física entre as partes, mas não há elementos suficientes para caracterizar o estupro. 
Considerando os fatos expostos acima, requer-se a desclassificação do crime de estupro para o delito de lesões corporais leves com fundamento no Art. 129, CP. 
C) DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA:
A fundamentação utilizada pelo juiz para determinar o regime fechado de cumprimento da pena, com base na ausência do acusado no momento do julgamento, é desarrazoada. A não localização do réu para comparecimento ao julgamento não pode ser utilizada como fator determinante para a imposição de um regime mais gravoso, principalmente considerando que não houve a oportunidade de sua defesa apresentar seus argumentos perante o Tribunal. Ademais, nota-se que o apelante preencheu todos os requisitos do regime semiaberto, conforme dispõe o art. 33, § 1º, b, do CP. 
IV. DOS PEDIDOS:Requer-se, portanto, que as preliminares expostas sejam acolhidas havendo a reforma da decisão e que o presente recurso seja CONHECIDO e PROVIDO pelo colendo Tribunal. 
Nesses termos,
Pede deferimento. 
Cidade (...), dia (...) de mês (...) de ano (...).
ADVOGADO (...)
OAB nº (...)
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