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Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia PUERPÉRIO FISIOLÓGICO Definição: divergência na literatura, porém a ideia mais aceita é a de que é um período de tempo que se estende de seis a oito semanas após o parto (vaginal ou cesariana) com a expulsão da placenta. É uma fase em que há o retorno da condição corporal pré-gravidez e pela readaptação do organismo feminino. Fases do puerpério: - Puerpério imediato: 1° ao 10º dia; - Puerpério tardio: 10º ao 45º dia; - Puerpério remoto: além do 45º dia. Relevância clínica: - Modificações involutivas e fisiológicas; - Manifestações clínicas; - Assistência pós natal. MANIFESTAÇÕES INVOLUTIVAS E FISIOLÓGICAS • Útero - Corpo uterino: após o secundamento, o útero possui contrações rítmicas e vigorosas com o objetivo de voltar ao estado pré-gravídico, ocorrendo, assim, redução de volume e de peso (final do parto – 1000g; 30 dias pós parto – 100g); - A cada contração uterina, o miomério, comprime vasos uterinos parietais e contribui para a diminuição do sangramento; - Útero contraído de consistência firme – globo de segurança de Pinard. Ação hemostática da contração miometrial sobre os vasos uterinos parietais é denominada de ligaduras vivas de Pinard. A hemostasia é completa quando há fechamento dos orifícios de vasos abertos no sitio placentário. Colo uterino - Perde suas características gravídicas e tende a se fechar com as contrações pós parto. Após dois dias de parto, há passagem de dois dedos no colo uterino, porém após uma semana isso não ocorre mais; - A recuperação do colo uterino é rápida, pois após 12 horas após o parto, a cérvice uterina perde seu aspecto pregueado que caracteriza o pós parto imediato. À medida que a cérvice diminui, o colo uterino adquire maior espessura e há reconstituição do endocérvice; - Edema do estroma e infiltração celular são alterações ainda encontradas pós 6 semanas do parto e podem persistir até os 3 ou 4 meses. Por isso, a avaliação cervical para analisar perdas fetais no 1º trimestre só tem início após 3 meses do parto; - Orifício puntiforme (A- mulher que nunca pariu) X Orifício em fenda transversa (B). Endométrio - A dequitação leva apenas a camada esponjosa da decídua. Por isso, após dois dias do parto, são encontrados a camada superficial (decídua externa, enfraquecida e irregular, sofre necrose e é eliminada sob as formas de lóquios) e basal (decídua interna, adjacente ao endométrio e é responsável pela regeneração do endométrio que se completa até o final da 3ª semana; lembrando que a regeneração do sitio de inserção placentária se conclui 3 semanas após, gerando um total de 6 semanas para sua completa regeneração). • Vagina e introito vaginal - Mucosa vaginal: pequenas equimoses podem ser identificadas na mucosa vaginal, traumatizada pela descida feta. Além disso, existe a crise vaginal pós parto (o epitélio escamoso estratificado da vagina sofre um processo atrófico de origem hormonal Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia durante 15 dias após o parto, podendo gerar desconforto); - A vagina e o introito vaginal reduzem seu tamanho no puerpério. Nos remanescentes do hímen há formação de pequenas saliências características de mulheres que já pariram → Carúnculas mirtiformes. • Função ovulatória - Retorna 6 a 8 semanas pós parto, caso a paciente não amamente (período pode ser variável); - Ciclos menstruais nas lactantes é, geralmente, anovulatório. • Mamas - A primeira metade da gestação é marcada pela proliferação de células epiteliais alveolares, pela formação de novos ductos e pelo desenvolvimento dos lóbulos - Final da gravidez: diferenciação para fase secretora, com aumento de glândula a custa de hipertrofia dos vasos sanguíneos, hipertrofia das células mioepiteliais e tecido conjuntivo, depósito de gordura e retenção de água e eletrólitos - Presença do colostro e da descida do leite (apojadura – 1 a 3 dias pós parto) - Etapas da produção de leite: mamogênese (crescimento e desenvolvimento mamário – ocorre no início da gravidez), lactogênse (início da secreção láctea. O descolamento da placenta promove diminuição dos hormônios esteroides e bloqueiam a glândula mamária, porém por volta do 3º dia possibilitam a apojadura) e lactopoese ou galactopoese (manutenção da lactação já iniciada sob influência da ocitocina, principalmente) • Trato urinário - Bexiga pós parto: aumento da distensibilidade, em virtude dos efeitos hormonais, em conjunto com a descompressão vesical pelo útero gravídico faz com que o órgão aumente a sua capacidade; - A hipotonia e o relaxamento das paredes da bexiga e dos ureteres regridem em 2 a 8 semanas, mas podem resistir em até 3 meses; - Diurese escassa no 1º dia: anestesia + analgésicos opioides; - Retenção urinaria → infecções e diminuição do débito urinário: aumento da capacidade vesical, dilatação dos ureteres e os traumatismo pós parto; - O fluxo plasmático renal, a TFG e o clearance de creatinina retornam ao normal 5 dias após o parto. • Alterações hemodinâmicas - Débito cardíaco: aumenta no puerpério imediato em função da saída da placenta e da descompressão aortocava. A expulsão da placenta equivale a autotransfusão imediata de 300ml de sangue. O DC volta ao normal após 2 semanas. - Volume plasmático: aumenta no pós parto imediato pela descompressão da aortocava e pela redistribuição dos líquidos corporais, principalmente pela diminuição do edema pré gravídico. Retorna em 2 semanas. - Resistência vascular periférica: aumenta em virtude da eliminação da circulação placentária que funcionava como shunt arteriovenoso. - Pressão venosa nos membros inferiores: retorna ao normal com a involução do útero. • Alterações hematológicas - Série vermelha: [Hb] volta ao normal em 6 semanas; - Série branca: leucocitose (aumento do glóbulo branco – persiste na 1ª semana), linfopenia (redução de linfócitos) e eosinopenia (redução de eosinófilos) - Sistema de coagulação: nas primeiras horas pós parto, ocorre consumo de fatores de coagulação que visa promover o tamponamento do sangramento da cavidade uterina. Volta a normalidade após 2 dias pós parto MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Dor: contrações uterinas vigorosas • Lóquios: exsudatos e transudatos misturados com elementos celulares descamados e sangue; microscopicamente os lóquios se caracterizam por eritrócitos, células epiteliais, fragmentos deciduais e bactérias - Odor forte: vaginose bacteriana. Odor forte desagradável + febre + coloração achocolatada: infecção puerperal; - lóquios rubros duram 3 ou 4 dias, possuem coloração avermelhada e tornam-se lóquios róseos ou serossanguíneos (lochia fusca) e na 2ª semana tornam-se lóquios serosos (lochia serosa ou flava). Progressivamente, Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia esses lóquios tornam-se esbranquiçados ou amarelo-claros e, em torno do 10º dia, tornam-se esbranquiçados, lóquios alvos (loquia alba). • Perda de peso: peso volta ao estado pré gravídico geralmente 6 meses após o parto; • Elevação da temperatura corporal: relacionada a apojadura. Febre do leite e dura até 48h; • Distúrbios de humor: alterações no ciclo circadiano e do humor. - Disforia pós parto (blue syndrome, maternity syndrome): alterações de humor transitórias, benignas e autolimitadas. Apesar do choro fácil e da tristeza, a puérpera possui laços com o RN e quer amamentar, diferente da depressão pós parto. Geralmente dura do 3º dia até o 14º; - Geralmente associada com fatores psicossociais; ASSISTÊNCIA PÓS NATAL • Puerpério imediato - Avaliação dos sinais vitais; - Avaliação das perdas vaginais e palpação uterina: intensidade, alterações de cheiro, fundo uterino (analisar - hipotonia e atonia)- Deambulação precoce: evitar T. Venosa - Higiene - Cuidados com a episiorrafia (gelo para redução da dor, água corrente e sabão) ou com a ferida operatória (água corrente e sabão e analisar fatores de risco – diabetes, anemia, imunossupressão) - Cuidados com as mamas: não precisa de higienização antes ou após as mamadas (aumenta riscos de fissuras) - Profilaxia da aloimunização pelo antígeno Rh (D): a paciente não sensibilizada Rh – deve receber a imunoglobulina anti- Rh (D) na dose de 300 mcg IM, 72 h pós nascimento • Orientações na alta hospitalar - Dieta: hiper proteica, bom teor calórico. Evitar consumo de álcool, café e uso de temperos - Anticoncepção - Atividade Sexual: 30 dias pós parto - Exercícios físicos: 30 dias pós parto - Uso de medicamentos: deve ser advertida sobre os riscos de ingestão de medicamentos durante a fase de lactação. * Classificação dos medicamentos para uso durante a amamentação: SEGUROS: sem efeitos adversos MODERADAMENTE SEGUROS: não há estudos que comprovem malefícios. Deve-se observar a reação do RN USADOS COM CAUTELA: avaliar risco/benefício CONTRAINDICADOS: danoso PATOLÓGICO Definição: complicações que se estendem do terceiro período do parto até as 6 ou 8 semanas após; Principais complicações: hemorragia pós parto, infecções puerperais, alteração na mama das lactantes, doenças tromboembólicas e transtornos psiquiátricos do pós parto. INFECÇÕES PUERPERAIS OU MORBIDADE FEBRIL PUERPERAL - Definição: quadro febril com duração superior a 48h (nas primeiras 24h é comum), dentro dos 10 dias do puerpério, excluindo-se as primeiras 24h; - Causas: causada por infecção no trato genital inferior, infecções no útero e anexos, da ferida operatória, da mama ou em outros sítios (infecções urinárias); - Fatores de risco: Os principais fatores de risco anteparto: baixo nível socioeconômico, anemia materna, obesidade, DM, terapia imunossupressora, higiene pessoal e ausência de pre natal. Os fatores de risco intraparto e pós parto: cesariana, rotura uterina das membranas, corioamnionite, múltiplos exames vaginais, trabalho de parto prolongado, monitorização fetal interna, entre outros. - Condições associadas à via de parto: Vaginal (rotura de membranas superior a 12h, múltiplos toques vaginais, bacteriúria intraparto, traumatismo intraparto) e cesárias (trabalho de parto prolongado, anestesia geral, monitorização intrauterina, anestesia geral, rotura de membranas superior a 12h); Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia MICROBIOLOGIA: * microbiota normal da gravidez: Durante a gravidez a colonização por Lactobacillus aumenta e existe a possibilidade de outros microrganismos diminuírem nesse período. Esse fator ocorre, juntamente com a redução de anaeróbios, principalmente, devido aos elevados índices de estrógeno e progesterona. Essas alterações visam, sobretudo, proteger o concepto. Entretanto, depois do parto vaginal, verificam-se mudanças significativas na microbiota regional, principalmente em espécies anaeróbias que proliferam drasticamente no 3º dia do puerpério. Esse mecanismo pode decorrer do trauma do nascimento, dos lóquios ou da contaminação da vagina durante esse processo. É transitório, pois depois de 6 semanas há normalização da microbiota da vagina. MICRORGANISMOS ENVOLVIDOS NA INFECÇÃO PUERPERAL • Aeróbicos Gram + - Streptococcus beta hemolíticos do grupo A, B (Streptococcus agalactiae, S. mastitidis) e D; - Enterococcus faecalis; - Staphylococcus aureus. • Aeróbios Gram – - E. Coli; - Klebsiella sp.; - Proteus sp.; - Enterobacter sp.; - Pseudomonas aeruginosa; - Neisseria gonorrhoeae. • Anaeróbios Gram + - Peptococcus sp.; - Peptostreptococcus sp.; - Clostridium Welchii. • Anaeróbios Gram - - Bacterioides bivius/ fragilis/ disiens - Fusobacterium sp. • Outras - Mycoplasma hominis; - Chlamydia tracomatis. • S. mastitidis e S. agalactiae: Estreptococos beta hemolíticos do grupo B. S. agalactiae- pode causar sepse neonatal. Tratamento: antibiótico imediato para evitar abcesso e endocardite, penicilina, ampicilina, cefalosporinas e eritromicina. • S. faecalis: Estreptococos beta hemolíticos do grupo D. Não são patogênicos em infecções cirúrgicas, mas é observado um pequeno grupo de mulheres com endometrite pós parto ou bacteremia. Tratamento: combinação de penicilina ou ampicilina mais ceftriaxona. • Streptococcus pyogenes; Estreptococos beta hemolíticos do grupo A. Origem exógena, em geral, da nasofaringe ou de lesões da pele da paciente, do bebê ou do corpo clínico do hospital. Tratamento: penicilina, cefalosporinas e eritromicina. • Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus: Estafilococos aeróbios. - Staphylococcus aureus→ Encontrado em 2% das culturas vaginais em grávidas. Está associado com abscessos vulvovaginais e mastites. Além disso, pode causar infecções superficiais (resultam na formação de pus em tecidos moles superficiais. O inóculo vem do meio externo e leva o crescimento bacteriano localizado em sítios, como feridas cirúrgicas), infecções profundas (incluem a disseminação das células bacterianas e a sua instalação em sítios distantes do local de entrada na via sistêmica) e síndromes toxigênicas (síndromes associadas com a produção de toxinas, como síndrome do choque tóxico e toxinfecção alimentar). Tratamento: ceftobiprole, beta- lactâmicos análogos oxacilina, cloxacilina, dicloxacilina, flucoxacilina e naficilin. - Staphylococcus epidermidis → Estafilococos aeróbios. Normal na microbiota cervical e quando existente no útero faz parte da infecção polimicrobiana. Tratamento: oxacilina, meticilina, cloxacilina e cafalosporinas. • Sscherichia coli, Klebsiella, Enterobacter, Proteus, Pseudomonas → Gram – aeróbios. Infecções urinárias, encontradas nos intestinos e em incidência variável no sistema genital. Causa choque septicêmico. Tratamento: Canamicina, gentamicina e cloranfenicol (95%), cefalosporinas (80-93%) e ampicilina e tetraciclina (80%). • Haemophilus influenzae → sepse. Tratamento: ampicilina, tetraciclinas e clorafenicol Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia • Gardnerella vaginalis → Comum em mulheres com vida sexual ativa, tratamento: maioria dos antibióticos é eficaz, como metronidazol. • Peptococos e peptoestreptococos → Gram + anaeróbios. Não patogênicos da vagina, exceto quando há tecido traumatizado, desvitalizado e de sangue coagulado. Tratamento: penicilina (1ª escolha), cefalosporinas, eritromicina e clindamicina. • Clostridium perfringens → Gram + anaeróbios. Hospedeiro normal da vagina e do colo. Pode gerar gangrena gasosa, hipotensão, insuficiência renal. Tratamento: penicilina • Bacteroides fragilis → Gram - anaeróbios. Agentes importantes na infecção puerperal, anaeróbicos, não patogênicos do canal de parto e dos intestinos. Só se tornam virulentos quando há tecido lesado, lóquios fétidos e quadro clínico prolongado. Tratamento: clindamicina e cloranfenicol. ● Chlamydia trachomatis → Gram - anaeróbios. Infecção puerperal a partir do 3 º dia de puerpério, especialmente nas mulheres portadoras de clamídia. Tratamento: tetraciclina e eritromicina. PROFILAXIA - Investigação e correção de fatores predisponentes; - Manutenção da integridade das membranas; - Toque vaginal parcimonioso; - Assistência do parto com assepsia e antissepsia rigorosas; - Correção de distocias e discinesias uterinas (menor trabalho de parto); - Suturas e lacração no trajeto (menos infecção puerperal); -Uso de antibióticos no perioperatório (sem comprovação cientifica no parto vaginal). PERINEOVULVOVAGINITE E CERVICITE - As infecções do períneo, as vulvovaginais e as do colo uterino decorremdas soluções de continuidade produzidas pela passagem do feto, além das episiotomias; - Aparecimento de dor, rubor, edema e secreção purulenta. Febre moderada. - Tratamento: Pequenas lacerações devem ser suturadas. Antibióticos sistêmicos (cefalosporinas, oxaciclina, meticilina, cloxacilina) e antissépticos locais. Os abcessos devem ser abertos e drenados. Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia ENDOMETRITE/ ENDOMIOMETRITE - Sintomas: útero subinvoluído, hipersensível, amolecido, colo entreaberto, com lóquios piossanguinolentos e fétidos. Isto está ligado com a tríade de Bumm: útero doloroso, pastoso e hipoinvoluído. Não há empastamento dos paramétrios ou massas papáveis. Normalmente, cursa com febre alta; - Causa: polimicrobiana causada por bactérias que atingem o útero por via ascendente e que encontram no endométrio e no sítio de implantação da placenta bons meios de cultura; - Complicações da endometrite: extensão para cavidade pélvica e peritoneal, como a parametrite, a salpingite, peritonite, abscesso pélvico, fascite necrotizante e choque séptico; - A antibioticoterapia deve ser realizada após o diagnóstico e deve ser mantida até a paciente se tornar afebril por 72h e assintomática. Esquema antibiótico é: Clindamicina (900 mg IV 8/8h) e Gentamicina (1,5 mg IV a cada 8h). Nos casos de sepse ou infecção por enterococo, pode-se adicionar ampicilina 2g IV a cada 6h. -Endometrite: se não for vacinada, deve-se fazer a profilaxia antitetânica, 10.000 UI EV. Soro antitetânico; se teste de sensibilidade for positivo, imunoglobulina humana antitetânica 3000 – 6000 UI; se for imunizada a mais de 5 anos, realizar reforço. INFECÇÕES DA EPISIOTOMIA - Dor intensa na região perineal associada a hipertermia, calor e sinais de abscesso em formação; - Infecção simples: limitada à pele e à fáscia superficial adjacente. Local apresenta eritema, edema e deiscência da zona suturada. - Infecção da fáscia superficial: eritema estende-se a parede abdominal, região glútea e pernas, devido a continuidade da fáscia superficial a esta área. - Necrose da fáscia superficial: infecções graves com manifestações cutâneas tardias, inicialmente há eritema e, posteriormente, edema. A pele toma mais tarde coloração azulada/castanha, aspecto gangrenoso, com formação de vesículas e bolhas. Sinais de septicemia. - Mionecrose: afeta os músculos do períne, causada por Clostridium perfringens, dor intensa. - A ferida operatória deve ser lavada diariamente com soro fisiológico a 0,9%; - A antibioticoterapia deve ser mantida por 7 a 10 dias e o esquema recomendado é: Gentamicina (240 mg/dia – até 70 kg. OU 320 mg/ dia – acima de 70 kg) associada a Clindamicina (600mg IV 6/6h ou 900 mg IV 8/8h) INFECÇÃO DA PAREDE ABDOMINAL - Ferida apresenta hipertermia, calor, celulite e secreção purulenta. Tratamento: antibióticos durante 7 a 10 dias. Gentamicina (240 mg/dia – até 70 kg. OU 320 mg/ dia – acima de 70 kg) associada a Oxaciclina (1g IV 4/4h por 24h, depois trocar para cefalexina de 500mg VO de 8/8h ou cefadroxil 500 mg VO 8/8h); - Complicações: + Parametrite: infecção do tecido conectivo fibroareolar, parametrial, decorrentes das lacerações do colo e da vagina. O local é o tecido parametrial laterocervical, gerando o seu espessamento, toque vaginal doloroso (endurecimento de paramétrios), febre alta por mais de 10 dias. Tratamento igual ao da endometrite. + salpingite e ovarite = anexite: inflamação nas tubas uterinas e nos ovários. Na fase AGUDA, as tubas uterinas estão endurecidas, tumefeitas, com acolamento precoce das fímbrias e obliteração tubária, por isso a exsudação purulenta. Já a fase SUBAGUDA, forma-se um tumor inflamatório anexial. E a fase CRÔNICA há sequela de hidrossalpinge ou progride para peritonite. Dor abdominal aguda, defesa abdominal discreta e febre alta, toque: anexos dolorosos, tratamento é igual ao da endometrite. Tratamento: salpingectomia. + Abscesso pélvico: febre persistente, geralmente vespertina, massa pélvica identificável à palpação abdominal ao exame bimanual ou a USG. Tratamento: drenagem + antibioticoterapia. + Peritonite: febre alta, palidez, pulso rápido, dor pélvica intensa, sinal de Blumberg positivo diminuição do peristaltismo, toque vaginal muito sensível, às vezes com abaulamento de saco. A peritonite generalizada intercorre quando o microrganismo é muito virulento, como no caso o estreptococo beta hemolítico. Tratamento: quando o abcesso está no fundo de saco de Douglas, deve-se realizar a colpotomia e a drenagem. Caso a paciente esteja em BEG, realizar laparotomia. Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia + Tromboflebite pélvica séptica: agentes infecciosos, geralmente, anaeróbios, como peptococos, peptoestreptococos e bacteriodes. Diagnóstico de exclusão. Ocorre nas pacientes que possuem remissão parcial dos sintomas, mas permanecem com febre após 48h até 72h. Os picos febris acompanham taquicardia significativa e desproporcional. Na presença de taquipneia, dor torácica e hemoptoicos (tosse + sangue) deve-se suspeitar de embolia pulmonar. Caracteriza-se pela formação de coágulos nos vasos pélvicos relacionadas a infecções. Estão envolvidos os vasos ovarianos, ilíacos comuns, hipogástricos, vaginais e VCI. USG com dopplerfluxometria evidenciou ausência de fluxo da veia ovariana. Tratamento: consiste em uso terapêutico com heparina (heparinização deve ser em doses plenas não fracionada ou de baixo peso molecular, no caso da enoxaparina: 1mg/kg 12/12h OU 1 a 1,5mg/kg 24/24h. quando iniciar enoxaparina, associar com anticoagulante oral varfarina 10mg/dia , devendo ser mantida de 7 a 10 dias) associada a antibióticos (alguns autores recomendam prosseguir entre 48h a 72h); + Sepse e choque séptico: alterações fisiológicas e consequências clínicas da presença de microrganismos ou seus produtos. A paciente apresenta fácies toxêmica, febre alta, taquicardia, mialgia, irritabilidade, letargia, hipotensão e hipotermia (incomum); A maioria é causado por enterobactérias, principalmente E. coli, pois essas bactérias são capazes de produzir endotoxinas capazes de deflagrar reações químicas no organismo afetado, como a ativação da cascata de coagulação, ativação do sistema de complemento e ativação do sistema formador de cininas. A liberação desses mediadores promove vasodilatação seletiva, o que acarreta a distribuição desigual do fluxo sanguíneo. Mulheres com infecção puerperal que mantem o quadro de taquipneia, oligúria, vasodilatação periférica e hipotensão e que não respondem a reposição volêmica e não estão com hemorragia ativa, possivelmente encontram-se em choque séptico. A agregação plaquetária e leucocitária pode obstruir pequenos vasos, levando a isquemia focal com edema intersticial e até necrose tecidual. A presença de gangrena gasosa, hemólise intravascular, icterícia, coagulação intravascular disseminada e insuficiência renal aguda denunciam a maior gravidade do quadro. Essas pacientes devem ser encaminhadas ao centro de terapia intensiva e deve ser avaliada a necessidade de tratamento cirúrgico, como desbridamento da parede abdominal, drenagem ou histerectomia. + Fascite necrotizante: pode acometer episiorrafias, feridas operatórias e lacerações perineais. Infecção grave com extensas áreas de necrose que ocorre entre o 3º e o 5º dia após o parto. Pode ser causada pelo Streptococcus beta- hemolítico A, mas normalmente a flora é polimicrobiana. Tratamento: desbridamenpto cirúrgico agressivo associado ao uso de antibióticos de amplo espectro e monitorização de CTI. ALTERAÇÃO NAS MAMAS DA LACTANTES INGURGITAMENTO MAMÁRIO: caracteriza por estase láctea repentina em mulheres com BEG, acompanhadas pelodesconforto, hiperdistensão mamária, hipertermia local e sistêmica. Geralmente, ocorre entre 48h e 72h pós parto; - Causas: pega mamilar inadequada, sucção ineficiente, dificuldade de ejeção láctea, produção excessiva de leite e obstrução do ducto mamário, resultante da formação intraductal de cristais que decorre da dieta rica em cálcio; - Gênese do ingurgitamento: aumento da vascularização das mamas e congestão vascular secundária a saída da placenta, acúmulo de leite nas mamas, edema secundário à obstrução da drenagem linfática causada pela estagnação do leite e por aumento da vascularização dos alvéolos; - Tratamento: manutenção do aleitamento e apoio psicológico. As mamas devem ser erguidas adequadamente com sutiãs, a frequência das mamadas deve aumentar e a ordenha manual do excesso de leite deve ser feita após a amamentação. O uso de compressas frias entre as mamadas deve diminuir a dor e o edema. A compressa quente aumenta o afluxo de leite, pois estimula o reflexo de Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia ocitocina. Entretanto, o USO DE COMPRESSAS NÃO É RECOMENDADO, pois podem causar o efeito rebote e a mãe pode exagerar na temperatura, ocasionando queimaduras locais. FISSURAS MAMÁRIAS: erosões alongadas e torno dos mamilos resultantes da pega inadequada ou por ingurgitamento mamário. Prevenção: exposição das mamas ao sol e lubrificação antes e após cada mamada. Deve-se orientar quanto à pega ideal e evitar o uso de pomadas ou cremes nos mamilos; - Na presença de lesões, a paciente não deve suspender a lactação e deve se realizar a ordenha frequente para evitar o ingurgitamento mamário. MASTITE PUERPERAL: processo infeccioso, agudo ou crônico que pode acometer todos os tecidos mamários (glandular, subcutâneo ou pele); - A mastite puerperal aguda é a mais comum, na maioria das vezes deriva de germes saprófitas da pele. Em geral, a presença de fissuras quebra o mecanismo de defesa e ocorre a entrada desses agentes pelos linfáticos superficiais; - Principal agente etiológico: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Strepococcus do grupo B. Nas formas graves, com a consequente evolução para ulceração e necrose, associam-se bactérias Gram – aeróbicas ou germes anaeróbios como os bacterioides; Fatores de risco: primíparas, gestante inferior a 25 anos, ingurgitamento mamário e anormalidades mamarias; - Tem início na estase láctea com o surgimento dos sinais clássicos, como calor, rubor, dor, de início súbito associado a febre alta, calafrios, turgência mamária extensa e pode cursar com adenopatia (aumento do volume dos gânglios linfáticos decorrente da proliferação de linfócitos e histiócitos – células derivadas dos monócitos - dos gânglios ou da infiltração por células inflamatórias ou neoplásicas); - Medidas profiláticas;; higiene vigorosa, prevenção do ingurgitamento mamário e fissuras; - Diagnóstico: QUADRO CLÍNICO + ESTASE LACTEA + DOR INTENSA - Tratamento: analgésicos, antitérmicos, sutiãs adequados, esvaziamento completo da mama e antibioticoterapia. Cefalosporinas são as drogas de primeira escolha. O tempo varia de 7 a 14 dias. ABSCESSO MAMÁRIO: coleção purulenta no parênquima mamário. A antibioticoterapia + drenagem cirúrgica com anestesia. A incisão deve ser radial e o mais longe da aréola. Amamentação mantida, exceto nos casos de drenagem purulenta espontânea pela papila e de incisão próxima ao mamilo. DOENÇAS TROMBOEMBÓLICAS - Envolve todos os processos vasculares oclusivos, incluindo tromboflebite superficial, TVP, tromboflebite pélvica e tromboembolismo pulmonar. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS DO PÓS PARTO - Distúrbios de humor - Disforia pós parto - Depressão pós parto
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