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Puerpério - Fisiológico e Patológico

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Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
PUERPÉRIO
 
FISIOLÓGICO 
Definição: divergência na literatura, porém a ideia 
mais aceita é a de que é um período de tempo que 
se estende de seis a oito semanas após o parto 
(vaginal ou cesariana) com a expulsão da placenta. 
É uma fase em que há o retorno da condição 
corporal pré-gravidez e pela readaptação do 
organismo feminino. 
Fases do puerpério: 
 - Puerpério imediato: 1° ao 10º dia; 
 - Puerpério tardio: 10º ao 45º dia; 
 - Puerpério remoto: além do 45º dia. 
Relevância clínica: 
 - Modificações involutivas e fisiológicas; 
 - Manifestações clínicas; 
 - Assistência pós natal. 
MANIFESTAÇÕES INVOLUTIVAS E FISIOLÓGICAS 
• Útero 
- Corpo uterino: após o secundamento, o útero 
possui contrações rítmicas e vigorosas com o 
objetivo de voltar ao estado pré-gravídico, 
ocorrendo, assim, redução de volume e de peso 
(final do parto – 1000g; 30 dias pós parto – 100g); 
 
- A cada contração uterina, o miomério, comprime 
vasos uterinos parietais e contribui para a 
diminuição do sangramento; 
- Útero contraído de consistência firme – globo de 
segurança de Pinard. Ação hemostática da 
contração miometrial sobre os vasos uterinos 
parietais é denominada de ligaduras vivas de 
Pinard. A hemostasia é completa quando há 
fechamento dos orifícios de vasos abertos no sitio 
placentário. 
 
Colo uterino 
- Perde suas características gravídicas e tende a se 
fechar com as contrações pós parto. Após dois dias 
de parto, há passagem de dois dedos no colo 
uterino, porém após uma semana isso não ocorre 
mais; 
- A recuperação do colo uterino é rápida, pois após 
12 horas após o parto, a cérvice uterina perde seu 
aspecto pregueado que caracteriza o pós parto 
imediato. À medida que a cérvice diminui, o colo 
uterino adquire maior espessura e há reconstituição 
do endocérvice; 
- Edema do estroma e infiltração celular são 
alterações ainda encontradas pós 6 semanas do 
parto e podem persistir até os 3 ou 4 meses. Por 
isso, a avaliação cervical para analisar perdas fetais 
no 1º trimestre só tem início após 3 meses do parto; 
- Orifício puntiforme (A- mulher que nunca pariu) 
X Orifício em fenda transversa (B). 
Endométrio 
- A dequitação leva apenas a camada esponjosa da 
decídua. Por isso, após dois dias do parto, são 
encontrados a camada superficial (decídua externa, 
enfraquecida e irregular, sofre necrose e é eliminada 
sob as formas de lóquios) e basal (decídua interna, 
adjacente ao endométrio e é responsável pela 
regeneração do endométrio que se completa até o 
final da 3ª semana; lembrando que a regeneração do 
sitio de inserção placentária se conclui 3 semanas 
após, gerando um total de 6 semanas para sua 
completa regeneração). 
• Vagina e introito vaginal 
- Mucosa vaginal: pequenas equimoses podem ser 
identificadas na mucosa vaginal, traumatizada pela 
descida feta. Além disso, existe a crise vaginal pós 
parto (o epitélio escamoso estratificado da vagina 
sofre um processo atrófico de origem hormonal 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
durante 15 dias após o parto, podendo gerar 
desconforto); 
- A vagina e o introito vaginal reduzem seu 
tamanho no puerpério. Nos remanescentes do hímen 
há formação de pequenas saliências características 
de mulheres que já pariram → Carúnculas 
mirtiformes. 
• Função ovulatória 
- Retorna 6 a 8 semanas pós parto, caso a paciente 
não amamente (período pode ser variável); 
- Ciclos menstruais nas lactantes é, geralmente, 
anovulatório. 
• Mamas 
- A primeira metade da gestação é marcada pela 
proliferação de células epiteliais alveolares, pela 
formação de novos ductos e pelo desenvolvimento 
dos lóbulos 
- Final da gravidez: diferenciação para fase 
secretora, com aumento de glândula a custa de 
hipertrofia dos vasos sanguíneos, hipertrofia das 
células mioepiteliais e tecido conjuntivo, depósito 
de gordura e retenção de água e eletrólitos 
- Presença do colostro e da descida do leite 
(apojadura – 1 a 3 dias pós parto) 
- Etapas da produção de leite: mamogênese 
(crescimento e desenvolvimento mamário – ocorre 
no início da gravidez), lactogênse (início da 
secreção láctea. O descolamento da placenta 
promove diminuição dos hormônios esteroides e 
bloqueiam a glândula mamária, porém por volta do 
3º dia possibilitam a apojadura) e lactopoese ou 
galactopoese (manutenção da lactação já iniciada 
sob influência da ocitocina, principalmente) 
• Trato urinário 
- Bexiga pós parto: aumento da distensibilidade, em 
virtude dos efeitos hormonais, em conjunto com a 
descompressão vesical pelo útero gravídico faz com 
que o órgão aumente a sua capacidade; 
- A hipotonia e o relaxamento das paredes da bexiga 
e dos ureteres regridem em 2 a 8 semanas, mas 
podem resistir em até 3 meses; 
- Diurese escassa no 1º dia: anestesia + analgésicos 
opioides; 
- Retenção urinaria → infecções e diminuição do 
débito urinário: aumento da capacidade vesical, 
dilatação dos ureteres e os traumatismo pós parto; 
- O fluxo plasmático renal, a TFG e o clearance de 
creatinina retornam ao normal 5 dias após o parto. 
• Alterações hemodinâmicas 
- Débito cardíaco: aumenta no puerpério imediato 
em função da saída da placenta e da descompressão 
aortocava. A expulsão da placenta equivale a 
autotransfusão imediata de 300ml de sangue. O DC 
volta ao normal após 2 semanas. 
- Volume plasmático: aumenta no pós parto 
imediato pela descompressão da aortocava e pela 
redistribuição dos líquidos corporais, 
principalmente pela diminuição do edema pré 
gravídico. Retorna em 2 semanas. 
- Resistência vascular periférica: aumenta em 
virtude da eliminação da circulação placentária que 
funcionava como shunt arteriovenoso. 
- Pressão venosa nos membros inferiores: retorna ao 
normal com a involução do útero. 
• Alterações hematológicas 
- Série vermelha: [Hb] volta ao normal em 6 
semanas; 
- Série branca: leucocitose (aumento do glóbulo 
branco – persiste na 1ª semana), linfopenia (redução 
de linfócitos) e eosinopenia (redução de eosinófilos) 
- Sistema de coagulação: nas primeiras horas pós 
parto, ocorre consumo de fatores de coagulação que 
visa promover o tamponamento do sangramento da 
cavidade uterina. Volta a normalidade após 2 dias 
pós parto 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• Dor: contrações uterinas vigorosas 
• Lóquios: exsudatos e transudatos misturados 
com elementos celulares descamados e 
sangue; microscopicamente os lóquios se 
caracterizam por eritrócitos, células 
epiteliais, fragmentos deciduais e bactérias 
- Odor forte: vaginose bacteriana. Odor forte 
desagradável + febre + coloração 
achocolatada: infecção puerperal; 
- lóquios rubros duram 3 ou 4 dias, possuem 
coloração avermelhada e tornam-se lóquios 
róseos ou serossanguíneos (lochia fusca) e 
na 2ª semana tornam-se lóquios serosos 
(lochia serosa ou flava). Progressivamente, 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
esses lóquios tornam-se esbranquiçados ou 
amarelo-claros e, em torno do 10º dia, 
tornam-se esbranquiçados, lóquios alvos 
(loquia alba). 
• Perda de peso: peso volta ao estado pré 
gravídico geralmente 6 meses após o parto; 
• Elevação da temperatura corporal: 
relacionada a apojadura. Febre do leite e 
dura até 48h; 
• Distúrbios de humor: alterações no ciclo 
circadiano e do humor. 
- Disforia pós parto (blue syndrome, 
maternity syndrome): alterações de humor 
transitórias, benignas e autolimitadas. 
Apesar do choro fácil e da tristeza, a 
puérpera possui laços com o RN e quer 
amamentar, diferente da depressão pós 
parto. Geralmente dura do 3º dia até o 14º; 
- Geralmente associada com fatores 
psicossociais; 
ASSISTÊNCIA PÓS NATAL 
• Puerpério imediato 
- Avaliação dos sinais vitais; 
- Avaliação das perdas vaginais e palpação 
uterina: intensidade, alterações de cheiro, 
fundo uterino (analisar - hipotonia e atonia)- Deambulação precoce: evitar T. Venosa 
- Higiene 
- Cuidados com a episiorrafia (gelo para 
redução da dor, água corrente e sabão) ou 
com a ferida operatória (água corrente e 
sabão e analisar fatores de risco – diabetes, 
anemia, imunossupressão) 
- Cuidados com as mamas: não precisa de 
higienização antes ou após as mamadas 
(aumenta riscos de fissuras) 
- Profilaxia da aloimunização pelo antígeno 
Rh (D): a paciente não sensibilizada Rh – 
deve receber a imunoglobulina anti- Rh (D) 
na dose de 300 mcg IM, 72 h pós 
nascimento 
• Orientações na alta hospitalar 
- Dieta: hiper proteica, bom teor calórico. 
Evitar consumo de álcool, café e uso de 
temperos 
- Anticoncepção 
- Atividade Sexual: 30 dias pós parto 
- Exercícios físicos: 30 dias pós parto 
- Uso de medicamentos: deve ser advertida 
sobre os riscos de ingestão de medicamentos 
durante a fase de lactação. 
* Classificação dos medicamentos para uso 
durante a amamentação: 
 SEGUROS: sem efeitos adversos 
 MODERADAMENTE SEGUROS: 
não há estudos que comprovem 
malefícios. Deve-se observar a 
reação do RN 
 USADOS COM CAUTELA: 
avaliar risco/benefício 
 CONTRAINDICADOS: danoso 
PATOLÓGICO 
Definição: complicações que se estendem do 
terceiro período do parto até as 6 ou 8 semanas 
após; 
Principais complicações: hemorragia pós parto, 
infecções puerperais, alteração na mama das 
lactantes, doenças tromboembólicas e transtornos 
psiquiátricos do pós parto. 
INFECÇÕES PUERPERAIS OU MORBIDADE 
FEBRIL PUERPERAL 
- Definição: quadro febril com duração superior a 
48h (nas primeiras 24h é comum), dentro dos 10 
dias do puerpério, excluindo-se as primeiras 24h; 
- Causas: causada por infecção no trato genital 
inferior, infecções no útero e anexos, da ferida 
operatória, da mama ou em outros sítios (infecções 
urinárias); 
- Fatores de risco: Os principais fatores de risco 
anteparto: baixo nível socioeconômico, anemia 
materna, obesidade, DM, terapia imunossupressora, 
higiene pessoal e ausência de pre natal. Os fatores 
de risco intraparto e pós parto: cesariana, rotura 
uterina das membranas, corioamnionite, múltiplos 
exames vaginais, trabalho de parto prolongado, 
monitorização fetal interna, entre outros. 
- Condições associadas à via de parto: Vaginal 
(rotura de membranas superior a 12h, múltiplos 
toques vaginais, bacteriúria intraparto, traumatismo 
intraparto) e cesárias (trabalho de parto prolongado, 
anestesia geral, monitorização intrauterina, 
anestesia geral, rotura de membranas superior a 
12h); 
 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
 
MICROBIOLOGIA: 
* microbiota normal da gravidez: Durante a 
gravidez a colonização por Lactobacillus aumenta e 
existe a possibilidade de outros microrganismos 
diminuírem nesse período. Esse fator ocorre, 
juntamente com a redução de anaeróbios, 
principalmente, devido aos elevados índices de 
estrógeno e progesterona. Essas alterações visam, 
sobretudo, proteger o concepto. Entretanto, depois 
do parto vaginal, verificam-se mudanças 
significativas na microbiota regional, 
principalmente em espécies anaeróbias que 
proliferam drasticamente no 3º dia do puerpério. 
Esse mecanismo pode decorrer do trauma do 
nascimento, dos lóquios ou da contaminação da 
vagina durante esse processo. É transitório, pois 
depois de 6 semanas há normalização da microbiota 
da vagina. 
MICRORGANISMOS ENVOLVIDOS NA 
INFECÇÃO PUERPERAL 
• Aeróbicos Gram + 
- Streptococcus beta hemolíticos do 
grupo A, B (Streptococcus agalactiae, 
S. mastitidis) e D; 
- Enterococcus faecalis; 
- Staphylococcus aureus. 
• Aeróbios Gram – 
- E. Coli; 
- Klebsiella sp.; 
- Proteus sp.; 
- Enterobacter sp.; 
- Pseudomonas aeruginosa; 
- Neisseria gonorrhoeae. 
• Anaeróbios Gram + 
- Peptococcus sp.; 
- Peptostreptococcus sp.; 
- Clostridium Welchii. 
• Anaeróbios Gram - 
- Bacterioides bivius/ fragilis/ disiens 
- Fusobacterium sp. 
• Outras 
- Mycoplasma hominis; 
- Chlamydia tracomatis. 
• S. mastitidis e S. agalactiae: Estreptococos beta 
hemolíticos do grupo B. S. agalactiae- pode 
causar sepse neonatal. Tratamento: antibiótico 
imediato para evitar abcesso e endocardite, 
penicilina, ampicilina, cefalosporinas e 
eritromicina. 
• S. faecalis: Estreptococos beta hemolíticos do 
grupo D. Não são patogênicos em infecções 
cirúrgicas, mas é observado um pequeno grupo de 
mulheres com endometrite pós parto ou 
bacteremia. Tratamento: combinação de penicilina 
ou ampicilina mais ceftriaxona. 
• Streptococcus pyogenes; Estreptococos beta 
hemolíticos do grupo A. Origem exógena, em 
geral, da nasofaringe ou de lesões da pele da 
paciente, do bebê ou do corpo clínico do hospital. 
Tratamento: penicilina, cefalosporinas e 
eritromicina. 
• Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus 
aureus: Estafilococos aeróbios. 
- Staphylococcus aureus→ Encontrado em 2% das 
culturas vaginais em grávidas. Está associado com 
abscessos vulvovaginais e mastites. Além disso, 
pode causar infecções superficiais (resultam na 
formação de pus em tecidos moles superficiais. O 
inóculo vem do meio externo e leva o crescimento 
bacteriano localizado em sítios, como feridas 
cirúrgicas), infecções profundas (incluem a 
disseminação das células bacterianas e a sua 
instalação em sítios distantes do local de entrada 
na via sistêmica) e síndromes toxigênicas 
(síndromes associadas com a produção de toxinas, 
como síndrome do choque tóxico e toxinfecção 
alimentar). Tratamento: ceftobiprole, beta-
lactâmicos análogos oxacilina, cloxacilina, 
dicloxacilina, flucoxacilina e naficilin. 
- Staphylococcus epidermidis → Estafilococos 
aeróbios. Normal na microbiota cervical e quando 
existente no útero faz parte da infecção 
polimicrobiana. Tratamento: oxacilina, meticilina, 
cloxacilina e cafalosporinas. 
• Sscherichia coli, Klebsiella, Enterobacter, 
Proteus, Pseudomonas → Gram – aeróbios. 
Infecções urinárias, encontradas nos intestinos e 
em incidência variável no sistema genital. Causa 
choque septicêmico. Tratamento: Canamicina, 
gentamicina e cloranfenicol (95%), cefalosporinas 
(80-93%) e ampicilina e tetraciclina (80%). 
• Haemophilus influenzae → sepse. Tratamento: 
ampicilina, tetraciclinas e clorafenicol 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
• Gardnerella vaginalis → Comum em mulheres 
com vida sexual ativa, tratamento: maioria dos 
antibióticos é eficaz, como metronidazol. 
• Peptococos e peptoestreptococos → Gram + 
anaeróbios. Não patogênicos da vagina, exceto 
quando há tecido traumatizado, desvitalizado e de 
sangue coagulado. Tratamento: penicilina (1ª 
escolha), cefalosporinas, eritromicina e 
clindamicina. 
• Clostridium perfringens → Gram + anaeróbios. 
Hospedeiro normal da vagina e do colo. Pode 
gerar gangrena gasosa, hipotensão, insuficiência 
renal. Tratamento: penicilina 
• Bacteroides fragilis → Gram - anaeróbios. 
Agentes importantes na infecção puerperal, 
anaeróbicos, não patogênicos do canal de parto e 
dos intestinos. Só se tornam virulentos quando há 
tecido lesado, lóquios fétidos e quadro clínico 
prolongado. Tratamento: clindamicina e 
cloranfenicol. 
● Chlamydia trachomatis → Gram - anaeróbios. 
Infecção puerperal a partir do 3 º dia de puerpério, 
especialmente nas mulheres portadoras de 
clamídia. Tratamento: tetraciclina e eritromicina. 
PROFILAXIA 
- Investigação e correção de fatores predisponentes; 
- Manutenção da integridade das membranas; 
- Toque vaginal parcimonioso; 
- Assistência do parto com assepsia e antissepsia 
rigorosas; 
- Correção de distocias e discinesias uterinas 
(menor trabalho de parto); 
- Suturas e lacração no trajeto (menos infecção 
puerperal); 
-Uso de antibióticos no perioperatório (sem 
comprovação cientifica no parto vaginal). 
 
 
 
 
PERINEOVULVOVAGINITE E CERVICITE 
- As infecções do períneo, as vulvovaginais e as do 
colo uterino decorremdas soluções de continuidade 
produzidas pela passagem do feto, além das 
episiotomias; 
- Aparecimento de dor, rubor, edema e secreção 
purulenta. Febre moderada. 
- Tratamento: Pequenas lacerações devem ser 
suturadas. Antibióticos sistêmicos (cefalosporinas, 
oxaciclina, meticilina, cloxacilina) e antissépticos 
locais. Os abcessos devem ser abertos e drenados. 
 
 
 
 
 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
ENDOMETRITE/ ENDOMIOMETRITE 
- Sintomas: útero subinvoluído, hipersensível, 
amolecido, colo entreaberto, com lóquios 
piossanguinolentos e fétidos. Isto está ligado com a 
tríade de Bumm: útero doloroso, pastoso e 
hipoinvoluído. Não há empastamento dos 
paramétrios ou massas papáveis. Normalmente, 
cursa com febre alta; 
- Causa: polimicrobiana causada por bactérias que 
atingem o útero por via ascendente e que encontram 
no endométrio e no sítio de implantação da placenta 
bons meios de cultura; 
- Complicações da endometrite: extensão para 
cavidade pélvica e peritoneal, como a parametrite, a 
salpingite, peritonite, abscesso pélvico, fascite 
necrotizante e choque séptico; 
- A antibioticoterapia deve ser realizada após o 
diagnóstico e deve ser mantida até a paciente se 
tornar afebril por 72h e assintomática. Esquema 
antibiótico é: Clindamicina (900 mg IV 8/8h) e 
Gentamicina (1,5 mg IV a cada 8h). Nos casos de 
sepse ou infecção por enterococo, pode-se adicionar 
ampicilina 2g IV a cada 6h. 
-Endometrite: se não for vacinada, deve-se fazer a 
profilaxia antitetânica, 10.000 UI EV. Soro 
antitetânico; se teste de sensibilidade for positivo, 
imunoglobulina humana antitetânica 3000 – 6000 
UI; se for imunizada a mais de 5 anos, realizar 
reforço. 
INFECÇÕES DA EPISIOTOMIA 
- Dor intensa na região perineal associada a 
hipertermia, calor e sinais de abscesso em 
formação; 
- Infecção simples: limitada à pele e à fáscia 
superficial adjacente. Local apresenta eritema, 
edema e deiscência da zona suturada. 
- Infecção da fáscia superficial: eritema estende-se a 
parede abdominal, região glútea e pernas, devido a 
continuidade da fáscia superficial a esta área. 
- Necrose da fáscia superficial: infecções graves 
com manifestações cutâneas tardias, inicialmente há 
eritema e, posteriormente, edema. A pele toma mais 
tarde coloração azulada/castanha, aspecto 
gangrenoso, com formação de vesículas e bolhas. 
Sinais de septicemia. 
- Mionecrose: afeta os músculos do períne, causada 
por Clostridium perfringens, dor intensa. 
- A ferida operatória deve ser lavada diariamente 
com soro fisiológico a 0,9%; 
- A antibioticoterapia deve ser mantida por 7 a 10 
dias e o esquema recomendado é: Gentamicina (240 
mg/dia – até 70 kg. OU 320 mg/ dia – acima de 70 
kg) associada a Clindamicina (600mg IV 6/6h ou 
900 mg IV 8/8h) 
INFECÇÃO DA PAREDE ABDOMINAL 
- Ferida apresenta hipertermia, calor, celulite e 
secreção purulenta. Tratamento: antibióticos 
durante 7 a 10 dias. Gentamicina (240 mg/dia – até 
70 kg. OU 320 mg/ dia – acima de 70 kg) associada 
a Oxaciclina (1g IV 4/4h por 24h, depois trocar para 
cefalexina de 500mg VO de 8/8h ou cefadroxil 500 
mg VO 8/8h); 
- Complicações: 
+ Parametrite: infecção do tecido conectivo 
fibroareolar, parametrial, decorrentes das lacerações 
do colo e da vagina. O local é o tecido parametrial 
laterocervical, gerando o seu espessamento, toque 
vaginal doloroso (endurecimento de paramétrios), 
febre alta por mais de 10 dias. Tratamento igual ao 
da endometrite. 
+ salpingite e ovarite = anexite: inflamação nas 
tubas uterinas e nos ovários. Na fase AGUDA, as 
tubas uterinas estão endurecidas, tumefeitas, com 
acolamento precoce das fímbrias e obliteração 
tubária, por isso a exsudação purulenta. Já a fase 
SUBAGUDA, forma-se um tumor inflamatório 
anexial. E a fase CRÔNICA há sequela de 
hidrossalpinge ou progride para peritonite. Dor 
abdominal aguda, defesa abdominal discreta e febre 
alta, toque: anexos dolorosos, tratamento é igual ao 
da endometrite. Tratamento: salpingectomia. 
+ Abscesso pélvico: febre persistente, geralmente 
vespertina, massa pélvica identificável à palpação 
abdominal ao exame bimanual ou a USG. 
Tratamento: drenagem + antibioticoterapia. 
+ Peritonite: febre alta, palidez, pulso rápido, dor 
pélvica intensa, sinal de Blumberg positivo 
diminuição do peristaltismo, toque vaginal muito 
sensível, às vezes com abaulamento de saco. A 
peritonite generalizada intercorre quando o 
microrganismo é muito virulento, como no caso o 
estreptococo beta hemolítico. Tratamento: quando o 
abcesso está no fundo de saco de Douglas, deve-se 
realizar a colpotomia e a drenagem. Caso a paciente 
esteja em BEG, realizar laparotomia. 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
 
+ Tromboflebite pélvica séptica: agentes 
infecciosos, geralmente, anaeróbios, como 
peptococos, peptoestreptococos e bacteriodes. 
Diagnóstico de exclusão. Ocorre nas pacientes que 
possuem remissão parcial dos sintomas, mas 
permanecem com febre após 48h até 72h. Os picos 
febris acompanham taquicardia significativa e 
desproporcional. Na presença de taquipneia, dor 
torácica e hemoptoicos (tosse + sangue) deve-se 
suspeitar de embolia pulmonar. Caracteriza-se pela 
formação de coágulos nos vasos pélvicos 
relacionadas a infecções. Estão envolvidos os vasos 
ovarianos, ilíacos comuns, hipogástricos, vaginais e 
VCI. USG com dopplerfluxometria evidenciou 
ausência de fluxo da veia ovariana. Tratamento: 
consiste em uso terapêutico com heparina 
(heparinização deve ser em doses plenas não 
fracionada ou de baixo peso molecular, no caso da 
enoxaparina: 1mg/kg 12/12h OU 1 a 1,5mg/kg 
24/24h. quando iniciar enoxaparina, associar com 
anticoagulante oral varfarina 10mg/dia , devendo 
ser mantida de 7 a 10 dias) associada a antibióticos 
(alguns autores recomendam prosseguir entre 48h a 
72h); 
+ Sepse e choque séptico: alterações fisiológicas e 
consequências clínicas da presença de 
microrganismos ou seus produtos. A paciente 
apresenta fácies toxêmica, febre alta, taquicardia, 
mialgia, irritabilidade, letargia, hipotensão e 
hipotermia (incomum); A maioria é causado por 
enterobactérias, principalmente E. coli, pois essas 
bactérias são capazes de produzir endotoxinas 
capazes de deflagrar reações químicas no 
organismo afetado, como a ativação da cascata de 
coagulação, ativação do sistema de complemento e 
ativação do sistema formador de cininas. A 
liberação desses mediadores promove vasodilatação 
seletiva, o que acarreta a distribuição desigual do 
fluxo sanguíneo. Mulheres com infecção puerperal 
que mantem o quadro de taquipneia, oligúria, 
vasodilatação periférica e hipotensão e que não 
respondem a reposição volêmica e não estão com 
hemorragia ativa, possivelmente encontram-se em 
choque séptico. A agregação plaquetária e 
leucocitária pode obstruir pequenos vasos, levando 
a isquemia focal com edema intersticial e até 
necrose tecidual. A presença de gangrena gasosa, 
hemólise intravascular, icterícia, coagulação 
intravascular disseminada e insuficiência renal 
aguda denunciam a maior gravidade do quadro. 
Essas pacientes devem ser encaminhadas ao centro 
de terapia intensiva e deve ser avaliada a 
necessidade de tratamento cirúrgico, como 
desbridamento da parede abdominal, drenagem ou 
histerectomia. 
+ Fascite necrotizante: pode acometer 
episiorrafias, feridas operatórias e lacerações 
perineais. Infecção grave com extensas áreas de 
necrose que ocorre entre o 3º e o 5º dia após o 
parto. Pode ser causada pelo Streptococcus beta-
hemolítico A, mas normalmente a flora é 
polimicrobiana. Tratamento: desbridamenpto 
cirúrgico agressivo associado ao uso de antibióticos 
de amplo espectro e monitorização de CTI. 
ALTERAÇÃO NAS MAMAS DA LACTANTES 
 INGURGITAMENTO MAMÁRIO: caracteriza 
por estase láctea repentina em mulheres com BEG, 
acompanhadas pelodesconforto, hiperdistensão 
mamária, hipertermia local e sistêmica. Geralmente, 
ocorre entre 48h e 72h pós parto; 
- Causas: pega mamilar inadequada, sucção 
ineficiente, dificuldade de ejeção láctea, produção 
excessiva de leite e obstrução do ducto mamário, 
resultante da formação intraductal de cristais que 
decorre da dieta rica em cálcio; 
- Gênese do ingurgitamento: aumento da 
vascularização das mamas e congestão vascular 
secundária a saída da placenta, acúmulo de leite nas 
mamas, edema secundário à obstrução da drenagem 
linfática causada pela estagnação do leite e por 
aumento da vascularização dos alvéolos; 
- Tratamento: manutenção do aleitamento e apoio 
psicológico. As mamas devem ser erguidas 
adequadamente com sutiãs, a frequência das 
mamadas deve aumentar e a ordenha manual do 
excesso de leite deve ser feita após a amamentação. 
O uso de compressas frias entre as mamadas deve 
diminuir a dor e o edema. A compressa quente 
aumenta o afluxo de leite, pois estimula o reflexo de 
Larissa Sodré Coutinho Ginecologia e obstetrícia 
ocitocina. Entretanto, o USO DE COMPRESSAS 
NÃO É RECOMENDADO, pois podem causar o 
efeito rebote e a mãe pode exagerar na temperatura, 
ocasionando queimaduras locais. 
FISSURAS MAMÁRIAS: erosões alongadas e 
torno dos mamilos resultantes da pega inadequada 
ou por ingurgitamento mamário. Prevenção: 
exposição das mamas ao sol e lubrificação antes e 
após cada mamada. Deve-se orientar quanto à pega 
ideal e evitar o uso de pomadas ou cremes nos 
mamilos; 
- Na presença de lesões, a paciente não deve 
suspender a lactação e deve se realizar a ordenha 
frequente para evitar o ingurgitamento mamário. 
MASTITE PUERPERAL: processo infeccioso, 
agudo ou crônico que pode acometer todos os 
tecidos mamários (glandular, subcutâneo ou pele); 
- A mastite puerperal aguda é a mais comum, na 
maioria das vezes deriva de germes saprófitas da 
pele. Em geral, a presença de fissuras quebra o 
mecanismo de defesa e ocorre a entrada desses 
agentes pelos linfáticos superficiais; 
- Principal agente etiológico: Staphylococcus 
aureus, Staphylococcus epidermidis e Strepococcus 
do grupo B. Nas formas graves, com a consequente 
evolução para ulceração e necrose, associam-se 
bactérias Gram – aeróbicas ou germes anaeróbios 
como os bacterioides; 
Fatores de risco: primíparas, gestante inferior a 25 
anos, ingurgitamento mamário e anormalidades 
mamarias; 
- Tem início na estase láctea com o surgimento dos 
sinais clássicos, como calor, rubor, dor, de início 
súbito associado a febre alta, calafrios, turgência 
mamária extensa e pode cursar com adenopatia 
(aumento do volume dos gânglios linfáticos 
decorrente da proliferação de linfócitos e histiócitos 
– células derivadas dos monócitos - dos gânglios ou 
da infiltração por células inflamatórias ou 
neoplásicas); 
- Medidas profiláticas;; higiene vigorosa, prevenção 
do ingurgitamento mamário e fissuras; 
- Diagnóstico: QUADRO CLÍNICO + ESTASE 
LACTEA + DOR INTENSA 
- Tratamento: analgésicos, antitérmicos, sutiãs 
adequados, esvaziamento completo da mama e 
antibioticoterapia. Cefalosporinas são as drogas de 
primeira escolha. O tempo varia de 7 a 14 dias. 
ABSCESSO MAMÁRIO: coleção purulenta no 
parênquima mamário. A antibioticoterapia + 
drenagem cirúrgica com anestesia. A incisão deve 
ser radial e o mais longe da aréola. Amamentação 
mantida, exceto nos casos de drenagem purulenta 
espontânea pela papila e de incisão próxima ao 
mamilo. 
DOENÇAS TROMBOEMBÓLICAS 
- Envolve todos os processos vasculares oclusivos, 
incluindo tromboflebite superficial, TVP, 
tromboflebite pélvica e tromboembolismo 
pulmonar. 
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS DO PÓS 
PARTO 
- Distúrbios de humor 
 - Disforia pós parto 
 - Depressão pós parto

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